Paulo nasceu por volta do ano 1 a 3 d.C. Seu pai pertencia a
tribo de Benjamin. O primeiro rei de Israel, Saul, foi benjamita. Daí
veio o nome de Saulo. Para os negócios ele usava seu nome latino: Paulo.
Jerônimo cita uma tradição que afirma que os antepassados de Paulo eram
de Giscala, na Galiléia e, em algum momento, migraram para Tarso por
razões desconhecidas.
Paulo era natural de Tarso. Tarso era a capital e a
principal cidade da Cilícia. A Cilícia foi conquistada por Roma, mas o
idioma que se falava nas ruas continuava sendo o grego. Era uma das
maiores cidades do império romano. O general Marco Antônio declarou-a Libera Ciuitas
(“Cidade livre”) em 42 a.C. Assim sendo, embora fizesse parte de uma
província romana, não estava sujeita a pagar tributo a Roma. Atualmente é
uma pequena cidadezinha turca.
Tarso não se destacava por sua antiguidade, embora tenha sido fundada
antes de Roma e de Atenas, mas era muito mais nova do que Jerusalém.
As metáforas de Paulo, contrastando com as de Jesus, têm um caráter
mais citadino, muito provavelmente por toda cosmopolitização de Tarso.
Tarso era famosa por seus tecelões. O cilicium, tipo especial
de tecido era considerado o melhor material para tendas. De tão duro
tornava-se quase impermeável. Seu pai o ensinou o ofício de fazer
tendas, pois segundo o ditado rabínico: “o homem que não ensina um
ofício ao seu filho quer que ele se torne ladrão”.
Estudiosos advogam que seus pais usufruíam de posição preeminente, pelo
investimento em seus estudos e pelo acesso de seu sobrinho entre os
líderes de Jerusalém (At 23.16, 20). Em uma reforma romana, próxima aos
dias de Jesus, o status de “cidadão” fora removido de todas as
famílias de Tarso que não tivessem certa fortuna ou propriedades
consideráveis. A família de Paulo tinha cidadania romana, e isto só era
concedido por serviços prestados ou por grande quantia de dinheiro. A
cidadania era hereditária, quando adquirida. Este fato foi importante
para Paulo que, quando necessário, lembrava deste privilégio, como
quando o queriam açoitar (At 22.25-28). Um cidadão romano não poderia
sofrer certos castigos, como ser açoitado ou ser crucificado.
Não há indicações bíblicas sobre a aparência física de Paulo, apenas a
crítica que ele menciona à igreja de Corinto de que sua aparência não
impressionava (1Co 2.3, 2Co 10.10). Deveria usar barba, pois os judeus
desprezavam o costume romano de se barbear. O livro apócrifo Atos de Paulo e Tecla
trazem a seguinte informação: “E viu Paulo se aproximando, um homem
pequeno de estatura, com cabelos ralos na cabeça, torto de perna, o
corpo em bom estado, com sobrancelhas ligadas, e nariz um tanto convexo,
cheio de graça: Pois algumas vezes ele se assemelha a um homem e,
algumas vezes, tem o rosto de um anjo”.
PAULO, O ESTUDIOSO
As lições de casa deveriam iniciar aos cinco anos. Grande parte da
educação resumia-se em decorar textos. Os judeus não usavam outros
livros didáticos, mas apenas o Antigo Testamento. Aceitavam todo o
Antigo Testamento e mais a lei oral dos judeus. Guardava o Mezuzah
(caixa que contém os rolos da lei), pois seu pai era fariseu. Aos seis
anos, certamente, Paulo passou a frequentar a escola dos rabinos. O
hebraico era falado e lido nas sinagogas. Na rua falava-se o grego.
As escolas de Tarso atraíam filósofos e professores de renome
internacional. Os filósofos de Tarso eram quase todos estoicos. César
Augusto foi educado por Atenodoro, de Tarso (m. 7 d.C.). César ainda
escolheu Nestor de Tarso, para educar seu filho. Marco Antônio morara em
Tarso. Gostou tanto da cidade que lhe deu autonomia, isto é, permitiu
que seus cidadãos fizessem suas próprias leis sem qualquer interferência
de Roma e sem lhes cobrar impostos, conforme supracitado. Tarso era um
grande centro financeiro e esportivo. Dos 16 aos 18 anos os rapazes nada
aprendiam além de atletismo. Saulo provavelmente nunca pode participar
dos jogos por ser coisa de gentios.
Quando Atenodoro morreu, Paulo ainda era um menino, mas certamente
ouviu muito falar dele. A tradição cultural de sua cidade era muito
forte, a tal ponto de Paulo conhecer as benesses e as contrariedades da
Filosofia, futuramente, lembrando aos colossenses que “ninguém vos venha
enredar com sua filosofia e vãs sutilezas...” (Cl 2.8).
PAULO, O RELIGIOSO
“Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia”
(At 21.39). “Da linhagem de Israel, da tribo de Benjamin, hebreu de
hebreus, quanto à lei, fariseu” (Fp 3.5). Paulo era “israelita, da
descendência de Abraão, da tribo de Benjamin” (Rm 11.1). Estas são
autodescrições que Paulo faz de si.
Apesar de Tarso, praticamente ser uma cidade helênico-oriental e a
perspectiva da vida grega influenciasse muitos judeus por todo o
Mediterrâneo, essa influência parecia remota na juventude de Paulo, pelo
fato de seus pais serem fariseus. Os fariseus procuravam proteger seus
filhos da “contaminação” gentia desestimulando toda amizade com crianças
gentias, desprezando ideias gregas.
Começando a estudar aos cinco anos, aos dez o menino estaria estudando a Mishnah, com
suas diversas interpretações da Lei, aprofundando-se, assim, na
história, nos costumes, Escrituras e língua de seu povo. Repetia-se, em
coro, na sinagoga, tudo o que o Hazzam eninava: vogais, acento e ritmo.
Aos treze anos Paulo passou pelo Bar Mitzsvá. Passou da
infância para a fase adulta aos olhos de seu povo. Pela primeira vez em
público procedeu a leitura da Torá. Ele estava treinado para a escola
superior. Ipso Facto ele deveria estudar em Jerusalém. Desta forma, ele vai estudar “aos pés de Gamaliel” (At 22.3).
Gamaliel morava em Jerusalém, era “acatado por todo o povo” (At 5.34).
Era filho de Simeão e neto de Hillel. Hillel foi o rabino mais culto que
houve em Israel. Falecera com mais de cem anos, alguns anos antes da
chegada de Paulo. O povo chamava “Gamaliel de Raban”. Seu avô Hillel era
bastante tolerante opondo-se a escola de Shammai, que era inflexível.
Exigia-se que o aluno estudasse cerca de dez anos antes de ensinar.
Paulo aprendeu a debater no estilo pergunta-resposta (diatribe). Também
aprendeu a fazer exposições, pois além de advogado de defesa, o rabino
também seria pregador. Aprendeu ainda a dissecar um texto até revelar
dezenas de possíveis significados.
Os pais de Paulo queriam que ele fosse rabino. Não era comum o rabino
aceitar dinheiro por seus ensinamentos, por isso ele deveria ter a sua
própria profissão. “Não use a lei como enxada para cavar” era dito
rabínico. Assim, Paulo regressou para sua casa entre os vinte e vinte e
cinco anos, certamente não encontrando com Jesus no exercício de Seu
ministério. Ele teria que aprender uma profissão antes de ensinar. É
provável que, ao retornar a Tarso, tenha trabalhado no negócio da
família, a fabricação de tendas.
Provavelmente, saiu de Jerusalém no ano 26 d. C. e, posteriormente,
passou a dedicar todas as suas forças à perseguição dos judeus que
seguiam os ensinos de Jesus. Ele mesmo testemunha de seu empenho atroz
(At 8.3; 1Co 15.9; Fp 3.6; Gl 1.13). Mais tarde, a Timóteo, Paulo afirma
que, mesmo sendo um indivíduo tão culto, fez isso na ignorância (1Tm
1.13).
Dentre os grupos político-religiosos existentes nos dias de Jesus
(fariseus, saduceus, escribas, essênios, herodianos e zelotes), os
fariseus eram os mais estritos. Queriam resistir a qualquer custo a
tentativa dos romanos de impingirem seus costumes e crenças. Paulo era
“fariseu, filho de fariseus” (At 23.6). Como membro de uma sinagoga ou
concílio do sinédrio, conforme ele mesmo descreve: “dava o meu voto
quando matavam os santos” (At 26.10), talvez como fez com Estevão (At
7.58).
PAULO, O CONVERTIDO
Paulo estava transtornado: respirava “ameaças e morte
contra os discípulos do Senhor” (At 9.1). Lucas registra três relatos
acerca da conversão de Paulo em Atos (9.1-18, 22.4-16 e 26.10-18). Paulo
converteu-se no caminho para Damasco (240 km de Jerusalém), em meio a
uma perseguição deflagrada contra os crentes em Jerusalém, após decidir
que era hora de estender fronteiras daquela perseguição. A amplitude da
extensão do poder do sinédrio poderia ser sentida além fronteiras de
Jerusalém.
Jesus se autorrevela a Paulo no Caminho de Damasco (At 9.5-9). Fica
cego por um período, sendo conduzido à casa de Judas, em Damasco.
Enquanto isso, Ananias recebeu uma mensagem de Deus de que deveria ir
até onde Paulo estava para impor sobre ele as mãos e sará-lo. Ananias
obedeceu (At 9.10-18).
Como pensador, ele precisava de tempo para refletir. Após breve tempo
em Damasco (At 9.19), foi para Arábia onde ficou algum tempo. Após isso,
voltou a Damasco, onde pregou um bom tempo (At 9.20-25). Este período
entre Arábia e Damasco foi de três anos (Gl 1.17, 18). Neste regresso a
Damasco, após pregar ininterruptamente, os judeus armaram-lhe ciladas
(At 9.23-25). Fugiu da cidade à noite, descido por um cesto.
Regressou a Jerusalém (At 9.26). Ficou duas semanas (Gl 1.18-20). Estas
duas semanas também foram de contato com Pedro que, provavelmente,
muitas coisas lhe esclareceu. Em Jerusalém, Paulo enfrentou o receio dos
irmãos que o conheciam e, por causa de suas ameaças contra os cristãos,
“todos o temiam” e não acreditavam que tivesse se tornado discípulo (At
9.26).
Um dos líderes da igreja de Jerusalém estendeu-lhe a mão. Seu nome era
Barnabé, cipriota (At 9.27). Com o dom de aconselhamento e com uma
receptividade calorosa, Barnabé acolheu Paulo. Aprendendo com Pedro e
acolhido por Barnabé, Paulo continua a pregar ousadamente, por toda
Jerusalém (At 9.28), o que causa ira aos judeus, que planejam
assassiná-lo (At 9.29). Assim Paulo vai para Cesaréia e, de lá, segue,
imediatamente, para Tarso, cidade da Cilícia, na Síria (At 9.30; Gl
1.21) onde fica cerca de dez anos em um “período de silêncio”.
Durante este período, em cerca de 41 d.C., Paulo tem a
visão de 2Co 12.1-4. Segundo alguns afirmam, na região dos Montes do
Tauro, naquilo que, mais tarde, ficou chamada de “Caverna de São Paulo”.
Lá, Paulo teria tido visões que apenas quatorze anos mais tarde (c. 55.
d.C.), mencionaria.
Após muito tempo a igreja de Jerusalém, onde Barnabé
estava, enviou-o para Antioquia (At 11.22-24). De lá, Barnabé prolongou
um pouco sua viagem até Tarso, para buscar Paulo, pois ouviu muito de
sua obra ali (At 11.25a). Buscando Paulo, regressou para Antioquia,
capital da Síria, terceira maior cidade do mundo romano e permaneceram
lá um ano (At 11.25b-26).
Ágabo chegou em Antioquia, junto com um grupo de profetas, e profetizou
fome na terra (At 11.27-28). Os irmãos de Antioquia recolheram uma
oferta para os irmãos da Judéia, que mandaram por mão de Paulo e Barnabé
(At 11.29-30). Alguns apontam que este envio ocorreu cerca do ano 46
d.C.
A partir deste ponto, identificar se a viagem de Jerusalém de Gl 2.1 é a
mesma de At 11.30 é que gera algumas dúvidas. Entretanto, enxergar
estas duas viagens como a mesma, mostram que o texto pode ser conjugado
perfeitamente.
Paulo e Barnabé teriam levado também Tito com eles (Gl 2.1). Lá em
Jerusalém, Tito é criticado por ser incircunciso e Paulo não cede às
críticas (Gl 2.2-6).
Em Jerusalém, Paulo reúne-se com Pedro, Tiago e João (Gl 2.7-9) para
considerar a questão da circuncisão. Pedro, Tiago e João compreenderam
que o ministério de Paulo, especificamente, era com os gentios. Talvez o
assunto da companhia de Tito, incircunciso, grego, tenha sido colocado
em questão. Os apóstolos apenas fazem a recomendação de que Paulo e
Barnabé lembrem-se dos pobres (Gl 2.10).
Em Jerusalém, Paulo e Barnabé também descansaram na casa de Maria,
certamente irmã de Barnabé, e resolveram levar o jovem João Marcos com
eles de volta a Antioquia quando concluíram sua missão de entregar a
oferta à igreja de Jerusalém (At 12.25). Quando Paulo e Barnabé
retornaram, a igreja de Antioquia entendeu que Deus estava separando
Paulo e Barnabé para missões (At 13.1-2).
Pedro visita Antioquia (Gl 2.11). Não há como se identificar se esta
visita é logo após a visita de Paulo e Barnabé a Jerusalém ou após a
primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. A favor da visita de
Pedro a Antioquia antes da primeira viagem missionária de Paulo é o
argumento dos fatos conformes discorridos em Gl 2.11 que são descritos
como que subsequenciando-se. A favor da visita de Pedro a Antioquia
depois da primeira viagem missionária de Paulo está a possibilidade de
Gálatas estar sendo escrita imediatamente anterior ao Concílio em
Jerusalém, como que em uma resposta de Paulo à visita de Pedro. Não há
como haver certeza plena de qualquer das teorias.
Desta perspectiva, o Concílio de Jerusalém ainda não teria ocorrido, pois Paulo nada menciona sobre ele.
PAULO, O MISSIONÁRIO
Paulo efetua três grandes empreitadas missionárias e outras
viagens menores. Sua primeira viagem missionária parte de Antioquia, da
Síria, rumo a Chipre e termina de Atália de volta para Antioquia (At
13.1-14.28). Esta viagem ocorre de 47 a 48 d.C. e parte da Síria para
Chipre e desenvolve-se, principalmente, na Turquia, ou seja, sua
primeira viagem desenvolve-se predominantemente na Ásia.
De Antioquia (At 15.1-2), Paulo e Barnabé seguem para
Fenícia e Samaria (At 15.3) e vão para Jerusalém (15.4-35) onde recebem
as boas-vindas da igreja e participam do Concílio de Jerusalém para
resolver a questão respeitante à circuncisão.
Após isso, inicia-se a segunda grande empreitada
missionária no ano 49 d.C. No início, Paulo e Barnabé discordam sobre a
presença de João Marcos na dupla para seguir na viagem. Barnabé segue
com João Marcos e Paulo parte com Silas para Síria e Cilícia. Após
diversas localidades, voltam de Cesaréia para Antioquia (At 15.36-18.23)
no ano 52 d.C. A segunda viagem tem seu início na Síria e vai para a
Turquia e, de lá, para a Grécia, voltando por Israel (Cesaréia) e
voltando para a Síria. Esta viagem alterna-se entre Ásia e Europa.
A terceira viagem missionária sai de Antioquia para
Galácia, iniciando-se ainda no ano 52 d.C. Esta viagem termina em
Jerusalém, em 56 d.C., com a prisão de Paulo (At 18.23-21.26). Esta
terceira viagem atravessa os mesmos países da anterior (com seus
correlatos modernos): começa na Síria, vai para a Turquia, para a Grécia
e regressa por Israel, onde ele é preso.
A partir de sua prisão (At 21.27-36), no ano 56 d.C., Paulo vai para
Cesaréia (At 23.31-25.12), Roma (At 27.1-12), Malta (At 28.1-10) e
regressa para Roma (At 28.11-31), onde prega sobre a salvação, sem
impedimento.
PAULO, O ESCRITOR
Paulo era poliglota. Falava o grego, hebraico, latim e
aramaico. Paulo era um homem amante da cultura e das letras, apesar de
seu grego não ser o melhor do Novo Testamento (Lucas e Hebreus estão a
frente).
São treze as cartas do Novo Testamento que nos são
conhecidas, saídas da pena de Paulo, além de diversas outras que não
conhecemos. Em suas obras percebe-se o que, hodiernamente, poderia ser
chamado de interdisciplinaridade. Além de perpassar por todos os
principais temas teológicos, há elementos de Antropologia, Psicologia,
Filosofia e Sociologia.
Paulo menciona o Talmude, de forma indireta, em 1Coríntios
10.4, ao afirmar que a pedra espiritual que seguia os israelitas no
deserto era Cristo. Os rabinos comparavam Êxodo 14 com Números 20
chegando a conclusão de que a rocha que fornecia a água tinha seguido os
israelitas no deserto em sua viagem. O Judaísmo, porém, desconhece
qualquer interpretação messiânica acerca da passagem. Paulo é o primeiro
a fazer esta interpretação.
Paulo cita o comediógrafo Menandro (IV a.C.), ao citar que
“As más companhias corrompem os bons costumes” (1Co 15.33).
Sua comparação das coisas que aqui existem com as “sombras”
platônicas evidencia seu conhecimento também acerca desta filosofia (Cl
2.17), apesar de alguns estudiosos serem contrários ao pensamento de
que Paulo tivesse o conhecimento da doutrina platônica das ideias.
Paulo menciona também Janes e Jambres (2Tm 3.8), que
constam em diversas literaturas relacionadas aos judeus, principalmente,
no Talmude Babilônico. A lenda judaica atribuía a paternidade de Balaão
a um deles. Janes e Jambres seriam os magos da corte de Faraó que
resistiram a Moisés.
Escrevendo a Tito, sobre a necessidade de colocar em ordem
as questões da igreja de Creta, Paulo fala que sobre os cretenses pesa a
acusação verdadeira de que eles são preguiçosos e mentirosos (Ti 1.12).
Paulo cita Epimênedes, filósofo grego.
Lucas registra ainda que Paulo tinha conhecimento
filosófico. Ele discute com filósofos estoicos e epicureus (At 17.18) em
Atenas. Ainda em Atenas, Paulo cita “alguns de seus filósofos” (At
17.28), citando Epimênedes (c. 600 a.C.), Cleanto (331-233 a.C.) e Arato
(315-240 a.C.) fazendo alusões, de forma modificada, adaptando-as.
Alguns entendem que quando ele menciona que Deus “dá a todos vida, e
respiração e todas as coisas” (At 17.25b), ele está citando o livro dez,
da República, de Platão, parafraseando-o. Alguns entendem que
durante os dez anos de silêncio, na Síria (Gl 2.1), Paulo teve contato
helênico mais intenso.
Paulo faz ainda utilização de diversos gêneros literários menores em suas cartas, tais como:
- Relatos sobre a ceia (1Co 11.23-25);
- Hinos (Rm 11.33-36);
- Homologias (Rm 10.9);
- Doxologias (2Tm 4.18);
- Eulogias (Ef 1.3-14; 2Co 1.3-4);
- Tradição Parenética – Com Catálogos de vícios e virtudes (Gálatas 5.19-22), Tábuas domésticas (Cl 3.18-4.1; Ef 5.22-33); Catálogos de deveres para líderes comunitários (1Tm 3.1-7);
- Alegorias (Gl 4.21-31).
PAULO, O MÁRTIR
É provável que Paulo tenha sido solto da prisão em 63 d.C. e tenha
visitado a Espanha e a área do Mar Egeu, antes de ser novamente
aprisionado e morto, por Nero (67 d.C.). A Epístola de Clemente (v. 5-7,
em cerca de 95 d.C.), o Cânon Muratoriano (170 d.C) e os Atos de Pedro (I, 3, de cerca de 200 d.C.) falam que Paulo foi a Espanha.
Segundo Eusébio, de Cesaréia (Livro II, cap. XXI, 5): “De,
fato, diz-se que sob o império de Nero, Paulo foi decaptado na própria
Roma, e que Pedro foi crucificado. E disto dá fé o título de Pedro e
Paulo que predominou para os cemitérios daquele lugar até o presente”.
Paulo teria sido decaptado por ser cidadão romano, não podendo, assim,
morrer crucificado. A data de seu martírio, sob a acusação de traição
contra o divino imperador, é de 29 de Junho de 67.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Manual Bíblico. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.
BALL, Charles Ferguson. A Vida e os tempos do Apóstolo Paulo. 2ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
DOUGLAS, J. D. (org. em inglês). SHEDD, Russel P. (org. em português). O Novo Dicionário da Bíblia. V. II: M a Z. São Paulo: Vida Nova, 1993.
DUNS, James D. G. A Teologia do Apóstolo Paulo. São Paulo: Paulus, 2003.
EUSÉBIO DE CESARÉIA. História Eclesiástica. São Paulo: Novo Século, 1999.
HOUSE, Wayne. O Novo Testamento em Quadros. SãoPaulo: Vida, 1999.
POLLOCK, John. O Apóstolo. São Paulo: Vida, 1989.
RIBLA. Paulo de Tarso, Militante da Fé. Petrópolis: Vozes, 1995/1, no 20.
WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. 2ª Ed. São Leopoldo: Sinodal, 1998.
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