19 junho 2014

LIÇÃO 12 - 22/06/14 - "O DIACONATO"



TEXTO ÁUREO
                
“Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus” (1Tm 3.13).
 
               
VERDADE PRÁTICA
                
Embora o diaconato seja um ministério específico, a diaconia é uma missão de todo o crente.



LEITURA EM CLASSE = ATOS 6.1-7


INTRODUÇÃO



Deve-se observar, com base nessas palavras dos apóstolos, que à congregação é que cabia o privilégio de fazer a seleção, embora os escolhidos devessem ser aprovados e consagrados pelos apóstolos. Trata-se de uma ação democrática bem definida e clara.

O códex B diz «escolhamos», neste ponto, o que indicaria que os apóstolos também participariam da escolha; e talvez assim o tivessem feito. Entretanto, o texto original diz «...escolhei..,», conforme aparece em quase todos os manuscritos.

I. Diáconos Originais

Por que sete diáconos? Por que foi escolhido tal número de diáconos? As seguintes sugestões têm sido apresentadas como explicação desse fato:

1. Por ser esse o número dos dons do Espírito Santo (ver Is 11:2 e Ap 1:4).

2. Porque sete talvez fosse a representação equitativa dos diversos grupos de que se compunha a comunidade cristã, isto é, três representantes do grupo hebraico, três representantes do grupo helenista e um representante dos prosélitos. Contudo, essa explicação não justifica o número «sete», porque a representação poderia ser feita de outro modo, em que se chegasse a um total bem diferente.

3. Alguns têm suposto que tal número foi regulado pela circunstância de que a cidade de Jerusalém, naquela época, estava dividida em sete distritos. Porém, acerca disso não há qualquer evidência comprobatória.

4. Talvez esse número tenha sido escolhido por ser considerado um número sagrado segundo o pensa­mento dos hebreus.

5. Alguns pensam que se tratou de uma cópia da corporação distinta ou «collegium», também conheci­da como «Septemviri Epulones» ou «Sete Despensei­ros» (ver Lucan. 1602), cuja responsabilidade era de cuidar dos arranjos dos banquetes efetuados em honra aos deuses, festas essas mais ou menos análogas ao «ágape» cristão ou festas de «amor», isto é, a «Ceia do Senhor» do cristianismo primitivo, que era muito mais elaborada do que modernamente.

A origem desse ofício pagão foi similar ao que se verificou no caso dos diáconos cristãos, pois os líderes pagãos não tinham tempo para dirigir tais funções. (Essa é a interpretação dada por E.H. Plumptre, em Atos 6:3, embora não tenha sido acolhida com muito entusias­mo pelos expositores, porquanto é bastante difícil que os apóstolos se tenham deixado guiar por um exemplo pagão para a escolha dos diáconos).

Os diáconos, que aparecem no sexto capítulo do livro de Atos, apesar de serem um grupo distinto de indivíduos, com distintas responsabilidades, não equivalentes aos «anciãos», em suas tarefas, e nem equivalentes às responsabilidades mais tarde distri­buídas entre os «anciãos» e os «diáconos», servem de exemplos antecipatórios da organização eclesiástica, excetuando tão-somente o ofício apostólico, que jamais esteve sujeito a alterações, em face mesmo das condições exigidas para tal oficio, que era as de terem visto ao Senhor Jesus ressurreto e de terem sido pessoalmente nomeados por ele. Uma prova disso é que as qualificações para qualquer oficial eclesiástico subordinado eram praticamente idênticas, como também muitas de suas funções eram parecidas, pois quase tudo quanto uns podiam fazer, os outros também podiam.

Posto que Paulo considerava a igreja cristã como o verdadeiro 'Israel de Deus', é perfeitamente natural que ele tenha planejado a organização embriônica das igrejas cristãs segundo as normas da congregação judaica, caso em que os anciãos da igreja cristã podem ser comparados, em termos latos, com os 'líderes' das sinagogas judaicas. A palavra ancião é comumente utilizada para descrever a terceira seção... dos conciliadores, os quais, juntamente com os sumos sacerdotes e com os escribas, compunham o sinédrio, e, de conformidade com o parecer de algumas autoridades sobre o assunto, eram os membros não-legais desse concílio. Finalmente, a mesma palavra parece ter sido usada, na Ásia Menor, como título dos chefes de diversas corporações, ao passo que, no Egito, era usada para indicar tanto oficiais religiosos como civis. (Ver Deissmann, Bible Studies, págs. 154-157; 233-235)». (G.H.C. Macgregor, in loc).

II. Qualificações em Atos

1. Boa reputação. Isso tanto no aspecto positivo como no negativo. Não deveriam ter-se envolvido em qualquer escândalo que lançasse qualquer reflexo adverso sobre sua moralidade ou honestidade. Deveriam ser conhecidos como homens de interesses humanitários, que promovessem o seu ofício e apresentassem soluções equitativas aos muitíssimos problemas.

A palavra «...reputação...» dá-nos a entender que teriam de ser indivíduos testados, ou, segundo o que o seu sentido original entende, que lhes «tivesse sido dado testemunho».
Outras pessoas precisam conhecê-los em seus negócios e em seu caráter passado, testificando favoravelmente acerca deles.

2. Cheios do Espirito Santo. Alguns manuscritos unciais, A e E, além de algumas versões e muitos manuscritos minúsculos posteriores, dizem apenas «santo»; porém, os melhores manuscritos, como P(8), Aleph, BD e muitas versões, dizem tão somente «Espírito», que é o texto correto neste caso. A palavra «santo» representa pequena expansão feita por escribas posteriores, a exemplo de muitíssimas passagens onde «Espírito Santo» é o título dado ao Espírito de Deus. Aqueles «diáconos», pois, deveriam ter sido partici­pantes da experiência pentecostal não menos que os apóstolos. Devem ter experimentado pessoalmente a promessa feita pelo Senhor Jesus de que aos seus seguidores seria dado o divino «paracleto» ou Consolador.

É bem provável que os dons espirituais também estivessem em foco. — Os diáconos precisavam ser homens dotados de habilidade, sendo homens destacados na comunidade cristã, como homens de Deus, ativos e poderosos no ministério. Deve-se notar que um dos indivíduos assim selecionado foi Estêvão, homem cheio de graça e poder (At 6:8), — que «fazia prodígios e grandes sinais entre o povo». Visto que tais dons espirituais eram tão comuns na igreja primitiva, não somente entre os apóstolos, mas também no caso de outros lideres da segunda linha, é bem provável que a igreja primitiva tenha encarado esses sinais visíveis dos dons espirituais como característica necessária para alguém ser nomeado a qualquer ofício mais elevado, como deve ter sido inicialmente considerado o diaconato. Além disso, o Espírito Santo, que neles estava, sem dúvida instilava-lhes graças cristãs especiais de fé, de amor, de bondade, de paciência, de longanimidade, de mansidão, as quais seriam úteis para o correto exercício de suas funções, porquanto essas qualidades não são menos operações do Espírito Santo, no íntimo do crente, do que os sinais dos dons miraculosos.

3. Cheios de sabedoria. Obviamente, essa qualidade era resultado direto do poder habitador do Espírito Santo. Trata-se de uma qualidade ao mesmo tempo negativa e positiva, terrena e celestial. Era mister que soubessem como rejeitar as murmurações e como cuidar delas, sabendo também cuidar dos que eram dados à fraude, à calúnia e à traição por palavras; pois, em seu trabalho de administração do dinheiro, naturalmente se encontravam com muitas pessoas dessa natureza, especialmente visto que tinham de tratar com pessoas mais idosas, nas quais, com frequência, talvez por motivos físicos, se encontra um espírito de partidarismo radical, além de ideais fechadas e preconcebidas. Á sabedoria dos diáconos precisava ser terrena e prática, dando eles exemplos de discrição e poupança, além da aptidão pelas coisas e soluções práticas.
 

Contudo, essa sabedoria também teria de ter um aspecto espiritual, fazendo com que olhassem para seus semelhantes com espírito de amor, de ternura e de bondade, sempre considerando seu destino espiritual e eterno, visando o avanço e o desenvolvimento espiritual de suas almas.

Falando de maneira geral, teriam de ser homens que cuidassem tanto das necessidades físicas como das necessidades espirituais de muitíssimas pessoas, motivo pelo qual teriam de ser indivíduos altamente qualificados.

É perfeitamente possível que o ofício diaconal, especialmente criado neste ponto da narrativa histórica, não seja idêntico ao ofício mencionado no trecho de I Tm 3:1-13, onde aparecem, dadas pelo apóstolo Paulo, as qualificações necessárias dos pastores e diáconos, porquanto diversas modificações podem ter sido efetuadas no decorrer dos anos. Não obstante, o ofício diaconal no livro de Atos, foi o precursor dos ofícios inferiores ao apostolado, na igreja cristã; e, originalmente, sem dúvida muito se assemelhava aos ofícios pastoral e diaconal dos anos posteriores.

III. Qualificações em I Timóteo

I Tm 3:8: Da mesma forma os diáconos sejam sérios, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância.

O termo «...Semelhante...» é tradução do grego «osautos», que significa exatamente isso. Desde o começo pois, o autor sagrado diz-nos que não dirá algo muito diferente acerca das qualificações dos diáconos. Espera-se que tenham eles as mesmas virtudes dos pastores, pois apesar de que o ofício diaconal talvez seja menos importante, com um pouco menos de prestígio, é mister que os diáconos sejam homens espirituais, para que seu ofício seja um sucesso, o que é importante para o bem-estar da igreja local. Ver At 9:15; 9:19 e Ap 2:17.

Clemente de Roma na sua epístola aos Coríntios, xlii, xliv, assevera que a nomeação dos diáconos era originalmente apostólica. O ofício e a função dos diáconos teve começo no tempo dos apóstolos, conforme a descrição do sexto capítulo do livro de Atos; mas a passagem do tempo, tal como sucede a tudo o mais, ampliou o escopo e a natureza desse ofício, até que o mesmo se tornou uma posição eclesiástica, tal como ocorreu no caso do ofício dos «supervisores», ou pastores, que se desenvolveu para além de sua função simples original. A própria palavra diácono é usada de várias maneiras, nas páginas do N.T., subentendendo «serviço» de qualquer espécie, espiritual ou material. Paulo a aplica a si mesmo, em I Co 3:5; a Jesus Cristo, em Gl 2:17 e Rm 15:8; aos governantes civis, em Rm 13:4; e aos «ministros de Satanás», em II Co 11:15.

1. Respeitáveis. No grego é «semnos», que significa «digno de respeito», «nobre», «digno», «sério». Tal vocábulo é usado acerca dos homens idosos, em Tt 2:2. Indica igualmente a «reverência» que alguém deve ter pelos seres sobrenaturais, em Sb. 4094. É termo usado em Fp 4:8; Tt 2:2 e novamente em I Tm 3:11. «A palavra que ora consideramos combina o senso de seriedade e dignidade com a ideia de reverência». (Trench, in loc). Sim, os diáconos devem ser homens de aspecto digno, mostrando-se intensos nessa qualidade.

2. De uma só palavra. Estas palavras representam o grego dilogos, que pode significar «de língua dupla», isto é, insincero, no sentido de alguém dizer uma coisa mas querer dar a entender outra, ou de dizer algo para alguém e dizer algo diferente para outrem, sobre a mesma questão. Os líderes da igreja com frequência agem como mediadores entre partes em conflito. E por muitas vezes são tentados a falar de diferentes modos e tons para pessoas diversas, ocultando informes para alguns e revelando-os para outros. Um diácono deve manter total honestidade e franqueza ao tratar com todos, sem qualquer favoritismo.

3. Não inclinados a muito vinho. As pressões do serviço, os hábitos e costumes antigos, as tendências biológicas pessoais, podem fazer um líder da igreja inclinar-se para o excesso de ingestão de bebidas alcoólicas, o que pode suceder a qualquer outra pessoa. Se alguém não pode controlar essa tendência, não pode estar qualificado para liderança na igreja, pois não tardará a fazer seu ofício naufragar, trazendo desgraça à igreja. Outro tanto pode ser dito acerca de qualquer droga ou estimulante artificial que destrua o bom senso do indivíduo, e que o coloque na categoria daqueles que têm um caráter débil. A abstinência total não é imposta no caso dos diáconos.

Porém, devido a associação do álcool a outros vícios é bom que um líder cristão seja total abstêmio. O termo grego usado é prosecho, que significa «voltar a mente para», «dar atenção a», «dedicar-se a». Um líder cristão não pode demonstrar tendência para com o vício do alcoolismo, ver I Tm 3:3 e Ef 5:18.

4. Não cobiçosos de sórdida ganância. Esse defeito é igualmente repreendido, embora com palavras diferentes, no caso dos supervisores (ver o terceiro versículo deste capítulo na ajuda 3). O termo grego aqui usado é «aischrokerdes», a adição textual àquele versículo, usado novamente em Tt 1:7. Pode significar «ganho desonesto» ou, simplesmente, cobiça pelo ganho. Um líder da igreja não pode fazer de seu ofício um meio de enriquecer-se, conforme muitos têm feito através da história. O seu propósito deve ser antes a dedicação a seu trabalho; e ele deveria investir o máximo de volta no seu trabalho, para enriquecer a este, e não a si mesmo. Isso será sinal de um servo de Cristo verdadeiramente dedicado, que não é um mercenário.

Aristófanes, em sua obra Paz, 622, alista dois vícios em que mais se destacavam os espartanos, isto é, a «sórdida cobiça pelo lucro» (a mesma palavra aqui utilizada) e a traição, mascarada de hospitalidade. Ora, essa «sórdida cobiça pelo lucro» é algo que jamais deve caracterizar aquele que serve a Cristo na igreja; embora isso não seja fenómeno desconhecido entre os líderes cristãos. Tal pecado é especialmente tentador para um diácono, que tem a responsabilida­de de manusear o dinheiro na igreja. Pode ser tentado a furtar parte do mesmo, ou então devido a seu contato constante com o mesmo, pode ser encorajado a pensar sobre modos e meios de enriquecer-se através da administração de seu ofício.

I Tm 3:9: guardando o mistério da fé numa consciência pura.

5. Fidelidade. No grego a ideia de «guardar» vem do verbo echo, que significa «ter», «possuir», indicando o caráter da pessoa. O diácono é o guardião do mistério.

Mistério, ver Rm 11:25. Normalmente, no contexto neotestamentário, essa palavra indica alguma verdade divina, antes oculta, mas agora revelada, de forma a tornar-se uma «verdade franqueada». Os gnósticos davam grande importância aos seus próprios supostos «mistérios», ao seu «conhecimento secreto», que eles revelavam exclusivamente a alguns poucos iniciados; e a escolha dessa palavra, neste caso, provavelmente é reprimenda indireta contra a doutrina gnóstica, a heresia tão frequentemente combatida nas epistolas pastorais.

Ver o artigo sobre Gnosticismo. O único outro lugar, nestas epístolas, onde esse vocábulo é empregado, é no décimo sexto versículo deste mesmo capítulo, onde é apresentado um dos principais mistérios do N.T.

Da fé. Neste caso devemos pensar na fé «objetiva», isto é, a revelação ou doutrina cristã. (Ver I Tm 1:2 quanto a esse sentido «objetivo» da palavra «fé»). Mas tal termo também pode ser empregado em sentido subjetivo, indicando a confiança pessoal e a outorga da própria alma aos cuidados de Cristo. Além disso, essa palavra pode indicar uma «virtude», paralelamente a muitas outras virtudes cristãs, que são aspectos diversos do «fruto do Espírito» (ver Gl 5:22,23). Porém, quando a «fé» é uma virtude, então deve ser reputada como mera extensão da fé subjetiva, ou seja, a fé subjetiva em operação.

O mistério da fé significa que a doutrina cristã contém muitas revelações admiráveis, «segredos abertos» para beneficio da humanidade. Há o Cristo, o Salvador, e suas boas-novas de redenção; há as boas-novas da glorificação e da vida eterna. E todos esses elementos são «segredos franqueados», são verdades divinas que antes estavam ocultas, mas que agora nos foram desvendadas. Conforme diz Vincent (in loc): «O mistério da fé é o tema da fé; é a verdade que serve como sua base, que fora mantida oculta desde a fundação do mundo, até ter sido revelada no tempo determinado, que é um segredo para os olhos comuns, mas que a revelação divina torna conhecida».

Pode-se notar, em Rm 16:25, que há uma revelação do mistério, que fora mantido em segredo desde que o mundo começou. Ora, tudo isso está envolvido no «evangelho» e na «pregação de Jesus Cristo», conforme aquele mesmo versículo o declara. O líder cristão deve conhecer essas verdades, deve honrá-las e deve propagá-las. Ele é o guardião das mesmas, bem como seu representante. Outrossim, deve confiar pessoalmente nesses mistérios, tornando-os conhecidos de outros mediante sua pregação e ensino. Também deve «defendê-las» contra os falsos mestres, o que é uma das ênfases constantes das epístolas pastorais. (Ver I Tm 1:18,19).

O décimo nono versículo dessa passagem usa a expressão «...mantendo fé...», que é expressão sinônima àquela usada no presente versículo.

Com a consciência limpa. (Comparar novamente com I Tm 1:19). O autêntico ministro de Cristo deve ser dotado de «boa consciência». O trecho de II Tm 1:3 contém a expressão «consciência pura», embora no grego apareça exatamente a mesma expressão, «kathara suneidesei». O adjetivo grego é katharos, que quer dizer «puro», «limpo», e que tem inúmeras aplicações. Pode significar fisicamente limpo, cerimonialmente puro, mas, tal como aqui, pode exibir o sentido de «pureza moral». Um líder cristão deve ser isento de vícios degradantes, como os pecados sexuais, a desonestidade e a cobiça. Tudo isso, naturalmente, fala sobre a sua «santificação». (Ver I Ts 4:3). É necessário, pois, que o líder cristão não apenas creia nos mistérios do evangelho mas os aceite. É preciso que esses mistérios operem nele, transfor­mando-o conforme a imagem moral de Cristo, que deve ser o modelo de todo o homem de Deus, pois, do contrário, dificilmente estará apto para ser um dos líderes da igreja.

Além disso, é mister que seja um exemplo de santidade para os outros crentes, porque, do contrário, ter-se-á desqualificado automatica­mente. Deve possuir ele a realidade daquilo que prega, em sua própria vida; de outra maneira, sua pregação será inútil e sem vida.

«É como se a consciência pura fosse o vaso onde é preservado o mistério da fé». (Weiss, in loc). Notemos que, em II Ts 2:13, a «santificação» é um dos elos imprescindíveis da salvação. Ninguém tem realmente a Jesus, como seu Salvador, se igualmente não o tiver como seu Senhor, se o senhorio de Cristo não estiver operando nele. E assim, todo o líder cristão deve ter mais que mera atitude intelectual para com o mistério; é necessário que esse mistério se tenha apossado de todo o seu ser e o esteja transformando, porquanto, em caso contrário, na realidade não estará «conservando o mistério da fé». Sem a santificação, ninguém jamais verá a Deus. (Ver Hb 12:14). É preciso que um líder cristão, portanto, seja ortodoxo em suas doutrinas, mas também é necessário que seja ortodoxo em sua conduta diária. Caso essa conduta não seja ortodoxa, então será ele um «herege prático», ainda que suas opiniões doutrinárias sejam perfeitas. Ora, um herege prático não pode ser líder na igreja de Cristo, tal como não pode sê-lo um herege doutrinário.

«Ê óbvio que não entendo a fé como mera credulidade cega e sem criticas... Não, a fé é antes a 'razão em atitude corajosa', conforme L.P. Jacks a definiu em algum lugar. Consiste em apostamos a própria vida que Deus existe', usando as palavras de Donald Hankey, o 'amado capitão'. Ou então, conforme Josiah Royce declarou de certa feifa: A fé é o discernimento da alma, ao descobrir alguma realidade, e que capacita o homem a tolerar qualquer coisa que lhe aconteça no universo». (Albert W. Palmer, Treasury of Christian Faith, pág. 273).

Consciência. Temos aqui alusão às faculdades intelectuais e morais do «homem interior», da «alma» ou ser essencial, e que dita para nós o que é certo e o que é errado.

I Tm 3:10: E também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis.

6. Experimentados (provados) é tradução do termo grego dokimadzo, que significa «provar por meio de teste», palavra usada para indicar o teste das moedas, quanto à qualidade de seu metal. E também indica experimento. Mui provavelmente temos aqui uma alusão ao que já fora dito acerca dos supervisores, no sentido de que não devem ser «novos convertidos». Nenhuma regra é baixada acerca de como esse teste deve ter lugar. Mas certamente isso indica que não podiam ser novos convertidos, e, sim, homens dotados de profunda experiência cristã, de notável desenvolvi­mento espiritual, levantados pelo Espírito Santo dentre os irmãos, distinguidos pelas boas obras e pela fé firme.

No contexto do N.T., isso deve significar também aqueles que tinham dotes espirituais, e que já haviam demonstrado a capacidade de usar dos mesmos corretamente.

Mui provavelmente não há aqui qualquer alusão a algum «período de prova», costume esse surgido em outra época, como meio de aprovar líderes eclesiásticos. Também deve ter uma boa reputação entre os de fora (conforme se vê no sétimo versículo). Segundo comenta Vincent (in loc): «Não fica aqui implícito algum exame formal, e, sim, referência ao julgamento geral da comunidade cristã, para averiguar se cumprem as condições detalhadas no oitavo versículo deste capítulo. Comparar com os trechos de I Tm 5:22 e II Tm 2:2».

Também sejam estes. Estas palavras podem significar: 1. Em adição àquilo que Paulo já dissera, como as qualidades que devem caracterizar os diáconos; 2. ou então «tanto os diáconos», como os supervisores, devem ser homens «provados», uma alusão de volta ao sétimo versículo, acerca de não serem eles «recém-convertidos».

7. Irrepreensíveis. No grego é «anegkletos», palavra muito bem traduzida aqui, usada por cinco vezes nas páginas do N.T., isto é, em I Co 1:8; Cl 1:22 e Tt 1:6,7. Um diácono deve ser alguém de tão boa reputação que, ninguém, pertencente aos «de fora» (ver o sétimo versículo), ou do seio da igreja, possa fazer acusação contra ele. Deve ser homem liberto de todos os vícios. Essa palavra é forma privativa de «egkaleo», que quer dizer «acusar», «convocar para acusação». O diácono deve ser livre de toda a «acusação justa», contra qualquer defeito em sua vida que poderia servir de obstáculo ao seu serviço. Deve ser homem dotado de elevado grau de santificação.

IV. O Oficio dos Diáconos

1. Teve por origem a controvérsia que surgiu em torno do cuidado pelas viúvas da igreja de Jerusalém, tendo surgido para providenciar os problemas materiais mais essenciais da comunidade cristã; porém, o fato de que era exigido daqueles homens que fossem dotados de elevadas qualificações espirituais, mostra-nos que o trabalho material não era única responsabilidade e labor de que estavam investidos.

2. O ofício diaconal desenvolveu-se e expandiu-se e os indivíduos nomeados para o mesmo tornaram-se líderes da igreja cristã de muitos outros modos, além de cuidarem do recolhimento das esmolas, embora isso fizesse parte mais importante da vida piedosa, na igreja primitiva, do que estamos acostumados a ver nas modernas igrejas evangélicas. (Quanto a essa questão ver At 3:2). Por isso é que no N.T. aparecem as histórias relativas a Estêvão e Filipe, os quais não ficaram muito atrás dos próprios apóstolos no tocante ao poder espiritual e à eficácia de seu ministério de evangelismo.

3. Com base no trecho de I Tm 3:8, além do Didache, e dos escritos de Clemente, vemos que o ofício diaconal era reputado quase paralelo ao ofício dos «bispos» ou anciãos. Parece mesmo que os diáconos eram os assistentes mais diretos dos anciãos ou pastores, especialmente por ocasião da celebração da Ceia do Senhor e da consagração de discípulos.

4. Porém, no livro de Atos, não devemos procurar encontrar tais distinções, porquanto, neste livro histórico, os diáconos se assemelhavam mais a «anciãos» espiritualmente poderosos, que ocupavam a primeira posição de autoridade e poder, depois dos apóstolos. As palavras «apóstolos e anciãos», que se referem aos doze apóstolos e aos sete diáconos, além de outros elementos investidos de grande autoridade, não fazem ainda a distinção a uma terceira classe, a dos «diáconos», que, mais tarde, vieram a ocupar ainda um terceiro lugar, após os anciãos e os apóstolos. Portanto, por esta altura dos acontecimen­tos, segundo a narrativa do livro de Atos, o ministério ainda não havia atingido o desenvolvimento que atingiu anos mais tarde, segundo se depreende especialmente pelas epístolas pastorais, escritas por Paulo.

5. No livro de Atos, os sete se conduziam muito mais como administradores e anciãos da igreja local; porém, também mostraram ser missionários de elevada categoria. Por essa razão é que Crisóstomo acreditava que os «sete» não eram «nem presbíteros e nem diáconos», mas antes, ocuparam um oficio sem igual, quase paralelo ao do apostolado. Essa observação de Crisóstomo é parcialmente válida, apesar de que não há ainda razão em supormos que, com base nessa ação tomada pela igreja primitiva, no começo de sua história, — consagrando aos «sete», as sementes dos ofícios de «ancião» e «diácono» tivessem sido semeadas, e que ambos esses ofícios tenham resultado dessa consagração especial dos «sete».

No que diz respeito à origem do ofício de diáconos. Adam Clarke (em At 6:6) apresenta-nos o seguinte comentário: «O ofício de diácono (no grego, diakonos) chegou ao meio cristão através da congregação judaica. Toda a sinagoga tinha ao menos três diáconos, os quais eram chamados parnasim, palavra essa derivada do vocábulo parnes, que significa alimentar, nutrir, sustentar, governar. O parnas, ou diácono, era uma espécie de juiz na sinagoga; e de cada um deles se requeria doutrina e sabedoria, a fim de que pudessem discernir e passar julgamento justo, tanto nas questões sagradas como nas questões civis. O chzan e o chamash, eram também ofícios parecidos com o do diaconato. O primeiro era o delegado do sacerdote, e o outro, pelo menos em alguns casos, era o deputado desse delegado, isto é, uma espécie de 'subdiácono'. No N.T. os apóstolos são intitulados igualmente como diáconos (ver II Co 6:4; 9:19; Ef 3:7 e Cl 1:23). — O próprio Cristo, Pastor e Bispo das almas, é chamado diácono da circuncisão (ver Rm 15:8).

Visto que essa palavra implica ministrar ou servir, ela é variegadâmente aplicada para todos aqueles que eram empregados na tarefa de ajudar os corpos ou as almas dos homens; sem importar se fossem apóstolos, pastores, ou até mesmo aqueles a quem chamamos de diáconos.

SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR 



INTRODUÇÃO

Assim como Deus instituiu os levitas para as atividades sagradas no culto auxiliando os sacerdotes da mesma forma a Igreja crescente precisava dos que pudessem ajudar os apóstolos.

1. DOIS GRUPOS DE JUDEUS.

1. Origem dos dois grupos. Desde o cativeiro babih5nico (605 a C) quando Nabucodonosor levou cativa a primeira leva de judeus para a Caldéia, muitos deles nunca mais retornaram à sua terra, exceto um pequeno grupo com Zorobabel, para a reconstrução do Templo, e depois outras levas com Esdras e Neemias (Ed 2.1; 7.1-7; Ne 2.9). A maior parte continuou pelas nações, onde eles já estavam.

2. Quem eram os gregos e hebreus? (v. 1). Eram dois grupos de judeus que se converteram e estavam no seio da Igreja. A palavra heienistikoi é uma referência aos judeus de fala grega, ou da diáspora. Muitos preferem chamá-los de “judeus gregos”, diferentes dos hebraioi, “judeus palestinenses” ou “aramaicos”.

3. Tensão cultural (v. 1). Havia uma antiga rivalidade entre esses grupos Os judeus aramaicos olhavam com suspeita os seus compatriotas, helenistas, por terem habitado fora de Éretz Israel, “Terra de Israel”. Agora, pertenciam a uma nova comunidade, onde Jesus havia abolido a parede da separação (Ef 2.14- 17). Mas ainda havia certa tensão cultural entre eles, O termo helënistikoi aparece apenas três vezes em Atos: 9.29; 11.19,20, além da passagem em foco. Até então o Evangelho ainda não havia sido pregado aos gentios (At 11.17,18).

4. Discriminação e preconceito. “Porque ás suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano” (v.1). A discriminação e o preconceito não devem ter lugar no meio dos discípulos de Jesus. Esta praga precisa ser eliminada do nosso meio, pois isso entristece o Espírito Santo e torna-se uma barreira que impede o Senhor de operar. Isso divide o povo de Deus e o Diabo se aproveita da ocasião, para suscitar discórdias entre os que professam a fé em Cristo.

II. A OBRA DOS DOZE E A DOS SETE

1. Começo da estrutura hierárquica. O texto não diz explicitamente que esses sete foram escolhidos para o diaconato, mas, como o substantivo grego diakonia, “serviço, ministério”, e o verbo diakonein, “servir”, são o tema do texto, desde o terceiro século d.C. todos os expositores admitem que eles exerceram o cargo que o apóstolo Paulo mais tarde chama de diácono.

Com o passar do tempo a Igreja foi se estruturando hierarquicamente, de modo que a comunidade cristã em Filipos, ainda nos dias do apóstolo Paulo, já apresentava “bispos e diáconos” (Fp 1.1). O apóstolo dos gentios, no entanto, estabelece regras para a consagração destes obreiros (1 Tm 3.1-14). Um estudo sobre este assunto mostra que isso depende muito da época e lugar. Não era uma estrutura inflexível e dogmática.

2. Convocando uma Assembléia Geral Extraordinária (v. 2). É a primeira vez que os termos “os doze”, para designar os apóstolos, e “discípulos”, os seguidores de Cristo, aparecem no livro de Atos. A convocação da multidão pelos apóstolos revela que há decisões na Igreja que precisam ser tomadas em assembléias, juntamente com os crentes. Foi uma reunião democrática, mas na direção do Espírito Santo, diferente da democracia política. Era uma questão interna, um problema entre irmãos, mas muito sério. Os líderes seguiram o modelo determinado por Jesus, convocando os cristãos (Mt 18-15-17).

III. FUNÇÃO DOS DIÁCONOS

Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, o apóstolo Paulo apresenta 10 qualificações para o diaconato e 16 para o presbiterato (1 Tm 3.1-13; Tt 1.5-9). A função dos diáconos não ficou muito clara nas epístolas paulinas. O texto de Atos 6.1-6 mostra qual o dever dos sete escolhidos:
“servir às mesas” (v.2).

1. O sentido de servir. O verbo grego para servir é diakonein, de onde vem o termo diácono, que significa servo ou mensageiro. A função diz respeito não somente ao alimento posto para as viúvas, mas também à administração financeira em geral. O próprio Jesus aplicou esse termo a si mesmo (Mt 20.28; Mc 10.45; Lc 22.27). É, pois, uma função importante. Geralmente, os pastores começam ministerialmente como diáconos. Por isso, acumulam também este cargo, pois a sua chamada é a de servir ao povo de Deus. Jesus é o nosso maior exemplo.

2. Atividade diaconal. A diakonia, “ministério” ou “serviço”, palavra usada tanto no versículo 1,- “ministério cotidiano”, como no 4, “ministério da palavra”, mostra que os dois serviços têm o mesmo valor. Ambos são compromissos cristãos para servir a Deus e ao seu povo. A diferença residia na vocação dos doze. Há os que têm chamada para ministrar a Palavra (v. 4).
E comum ouvir em nosso meio falar de “ministério” como sinônimo de pastor ou evangelista. Seria bom acrescentar sempre o termo “pastoral”, pois a atividade dos diáconos não deixa de ser um ministério.

3. Alimento ou dinheiro? “Mesas” significa servir refeição e também a distribuição de fundos aos necessitados. A “boa reputação” refere-se às qualificações exigidas pelos apóstolos, para o exercício desse trabalho. Parece que a tarefa dos sete era a última, mas não é uma interpretação unânime dos expositores da Bíblia.

4. A função do diácono, hoje. O Diabo estava armando outra estratégia: desviar os apóstolos das obrigações a que eram vocacionados. Pela expressão “mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (v. 4) mostra que a função dos diáconos se assemelha à dos levitas no Antigo Testamento, ou seja, auxiliar todas as atividades ligadas ao culto (Nm 3.6-10). Se os apóstolos deviam se dedicar à oração e ao ministério de palavra, obviamente, os sete estavam sendo separados para os trabalhos auxiliares e não meramente as funções filantrópicas, de caráter social. Por isso, a atividade dos diáconos é justamente a de auxiliar nos cultos e nas demais atividades da Igreja. Manter a ordem, recepcionar os visitantes, recolher as contribuições, servir a Ceia do Senhor e cuidar do ambiente, para o bem-estar do povo de Deus.

IV. A ESCOLHA DOS SETE

1. A igreja escolhe seus diáconos (v 3). O termo “escolhei” mostra que os sete foram eleitos pela igreja. Os apóstolos apresentaram as qualificações para o exercício dessa importante tarefa: “varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (v. 3). Depois, Paulo apresentou uma lista de requisitos necessários para o exercício desse ministério. “Boa reputação”, pois teriam de trabalhar na distribuição de dinheiro. Portanto, era necessário que tivessem conduta comprovada pelos irmãos. “Cheios do Espírito Santo e de sabedoria “, porque o trabalho era também espiritual. Só o batismo no Espírito Santo não basta. É necessário vivermos na plenitude do Espírito. Esses requisitos são necessários até hoje na Igreja de Cristo, para que o diácono tenha condições de cumprir o seu ministério. Não se trata de meras exigências, mas de preparo para tão importante tarefa.

2. Os sete nomes (v. 5). O parecer dos apóstolos deixou toda a igreja satisfeita. Todos viam nessa sábia atitude a solução dos problemas. Não houve imposição, mas sugestão. Quando a obra é dirigida pelo Espírito Santo, geralmente, o parecer da liderança é acatado, como se fosse uma determinação divina, e deixa a Igreja regozijante. Isso prova que Deus estava nesse negócio.

A igreja elegeu os que preencheram os requisitos apresentados pelos doze. São eles: “Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia” (v. 5).
Os sete tinham nomes gregos. Será que eram todos helenistikoi? Se assim for, isso mostrava que o direito dessas viúvas estava assegurado, além de revelar a idoneidade deles nessa administração que agora se tornava transparente.

3. O destino dos sete. Pouco se sabe do destino de cada um deles. Pelo discurso de Estevão, registrado em Atos 7, podemos afirmar que ele era de considerável estatura espiritual, pois logo revelou seus talentos. Portanto, o diácono pode ser um grande pregador (1 Tm 3. 13) Nada mais sabemos sobre os demais, exceto Filipe, que pregou em Samaria e para o eunuco da rainha Candace, da Etiópia (At8) e, depois de muitos anos, aparece como evangelista residindo em Cesareia Marítima (At 2 1.8). A tradição diz que Nicolau, prosélito de Antioquia, se desviou e tornou-se o líder do grupo herético os “nicolaitas”, mencionado em Apocalipse 2.6,15.

4. Imposição de mãos (v. 6). Os sete, escolhidos pela igreja, foram levados à presença dos apóstolos para a imposição de mãos e, dessa forma, receberem a oração. A imposição de mãos é o rito que representa a consagração para um determinado oficio e significa a transferência de bênçãos e dons.

CONCLUSÃO

A lição mostra que os apóstolos sabiam delegar as tarefas Infelizmente, na atualidade, há os que controlam tudo, pois não deixam que outros façam algo, para ajudá-los. Por causa disso, a obra de Deus sofre. Certos líderes ficam sobrecarregados, com atividades que poderiam ser encargo dos diáconos, e não têm tempo para a oração e meditação na Palavra de Deus. A noite, no culto, não possuem mensagem, pois não têm alimento para o povo e nem entendem a necessidade das ovelhas. Quando se segue o padrão dos apóstolos, o crescimento é de grandes proporções (v. 7).

Utiliize com sabedoria o material que está á sua disposição. Ore também ao Senhor para que Ele te dê sabedoria para se conduzir diante da Classe.

Grande abraço.

Viva vencendo!!!

Seu irmão menor.




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