24 julho 2017

FOGE TAMBÉM DAS PAIXÕES DO FACEBOOK E DO WHATSAPP

O facebook deu voz ao coração. As redes sociais democratizaram a opinião do anonimato. Agora não somente ouvimos, mas também somos ouvidos. O verbo veio a público. Gente de todas as religiões (até mesmo pessoas que consideravam, até então, internet coisa do capeta, agora estão online). Militantes de todos os partidos políticos; os extremos estão guerreando; direita versus esquerda. Todos estão lá querendo ser ouvidos. Tudo na santa paz! O respeito reina! Só que não, né?
Minha impressão é que o mundo vai explodir a qualquer momento. Sério mesmo! Sem sensacionalismo. As pessoas não querem aprender e nem escutar. Elas anseiam ser ouvidas (talvez seja por uma demanda reprimida de notoriedade). Raiva, ansiedade, frustração, decepção, inveja etc. Tudo na mesma panela. Imagine o resultado da receita.
Alguém posta algo com um intuito. Outra pessoa, num espírito totalmente diferente, comenta ou compartilha. Chega um terceiro, com outro ânimo, emite a opinião. Ninguém mais ouve ninguém. Vira diálogo de surdo. Cada qual na sua indignação emite o desabafo na sua página. Outros, porém, incomodados (que pensaram ser uma indireta a eles), comentam. Geraram-se mais tretas! E assim é desde o dia que foi dado voz aos escondidos (como eu).
Nem o futebol tem gerado tanta confusão como política e religião. E por falar em religião, como crente, preciso admitir: nós somos os mais chatos. Divergirmos em TODOS os assuntos. Mas isso não é novo. A “história da teologia” denuncia isso1. É sábio admitir que não exista teologia perfeita. Somente a Escritura é pura e cristalina. Teologia nada mais é que o esforço (legítimo) do ser humano para compreender o divino.
Suas várias vertentes de interpretações passaram por longas discussões e, muitas vezes, acaloradas. Pessoas morreram no afã de defender seu ponto de vista teológico. Coisas que afirmamos ser inerrantes foram formuladas no calor da paixão através de respostas e refutações.  Cada teologia  sistemática defende o seu ponto de vista, muitas vezes, diferente das Escrituras. Ainda que contenha refutações (principalmente nas cartas), a Bíblia toda, diferente da teologia, foi inspirada por Deus de forma livre e perfeita, sem paixão humana, para ensinar, para repreender, para corrigir e para instruir na justiça o homem de Deus, preparando-o para toda boa obra (2Timóteo 3.16, 17).
Não me entenda mal, por favor. Eu amo teologia mais do que qualquer outra coisa na academia. Mas entendo que ela é um sistema imperfeito para entender o que é perfeito. Isso me ajuda muito, pois quando sou tentado a ensoberbecer-me na minha refutação – este pensamento coloca-me no devido lugar.
Discutir teologia ao vivo já é complicado. Imagine fazer isso pela internet. Poucos são os que sabem usar a ferramenta do diálogo e do debate para a glória de Deus. É desanimador acompanhar certos debates (a maioria deles). Há mais calor do que luz. Será que vale a pena ser afligido pelo o que os outros dizem? Até onde Deus está envolvido nessa gritaria?
Eu mesmo tenho sido mais polido e criterioso em assuntos polêmicos. Não me acovardei (até onde sei). Apenas tornei-me seleto sobre o que debater (se precisar). Digo isso porque já errei bastante. Perdi amigos de bobeira. Através da minha beligerância, levantei muros. Lamento muito, de verdade. Sei da importância das “vozes” cristãs a despeito de todos os assuntos. Só não caia na tentação de querer ser um messias cibernético. Quem fala muito traz perturbações (Provérbios 13.3). Portanto, com sabedoria, escolha a sua treta!
O cristão não pode ser superficial. Nós temos a mente de Cristo. Discernimos o mundo sem por ele sermos discernidos. As pessoas nos escutarão de fato se falarmos com propriedade. Aquele que possui fundamento não grita – argumenta.
Evitaremos muito sofrimento (para nós e para os outros) se tivermos mais cuidado com o que iremos publicar, compartilhar e comentar (Provérbios 21.23). Foge, igualmente, das paixões do facebook e do whatsApp. O conselho bíblico é para seguirmos a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor (2timóteo 2.22). Faça isso para o bem da sua alma.
Antes de postar algo – pare, pense, reflita, ore. Se for necessário, então escreva. Se não, fuja! Lembre-se que Nosso Senhor, em seu sofrimento, triunfou sobre seus adversários com a boca calada, como está escrito: “… ele não abriu a boca” (Isaías 53.7). Isso demonstra que não é a persuasão do homem quem faz as coisas, mas o poder de Deus.
Fuja, portanto, das paixões do Facebook e do WhatsApp. 
Você vai ser mais feliz e menos depressivo. 
É serio mesmo!
Fabio Campos

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