13 abril 2017

LIÇÃO 03 - 16/04/2017 - "MELQUISEDEQUE, O REI DE JUSTIÇA"

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TEXTO ÁUREO
 “Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.” Hb7:17

VERDADE PRÁTICA
O sacerdócio de Cristo é superior a todos os sacerdócios, pois Ele é o Sumo Sacerdote perfeito e eterno.

Leitura Bíblica
 Gn. 14:18-19; Hebreus 7: 1-7,17

INTRODUÇÃO
Melquisedeque Rei da antiga Salém e “sacerdote do Deus Altíssimo”, Yehowah. (Gên14:18, 22) Ele é o primeiro sacerdote mencionado nas Escrituras; ocupava esta posição algum tempo antes de 1933 AEC. Sendo o rei de Salém, que significa “Paz”, Melquisedeque é identificado pelo apóstolo Paulo como “Rei da Paz”, e, à base do seu nome, como “Rei da Justiça”. (He 7:1, 2) Entende-se que a antiga Salém tenha sido o núcleo da posterior cidade de Jerusalém, e seu nome foi incorporado no de Jerusalém, que às vezes é chamada de “Salém”. — Sal 76:2.

Depois de Abrão (Abraão) derrotar Quedorlaomer e seus reis confederados, o patriarca veio à Baixada de Savé, ou “à Baixada do rei”. Ali, Melquisedeque “trouxe para fora pão e vinho”, e abençoou Abraão, dizendo: “Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, Produtor do céu e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus opressores na tua mão!” Abraão entregou então ao rei-sacerdote “um décimo de tudo”, isto é, “dos principais despojos” que conseguira na sua guerra bem-sucedida contra os reis aliados. — Gên14:17-20; He 7:4.

I – QUEM ERA MELQUISEDEQUE
Já vimos que Jesus Cristo é o Mediador entre Deus e a humanidade. O Seu sacrifício consentido pelas nossas faltas qualificou-O de modo único para essa crucial função. Mas o Verbo também exerceu esse ofício sagrado durante o tempo do patriarca Abraão.
E Ele o fez na pessoa de Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo. O livro de Gênesis menciona apenas brevemente esse misterioso personagem. Mas o Rei Davi, e muito especialmente a Epístola aos Hebreus no Novo Testamento, não deixam passar o Seu profundo significado.
Para entendermos a identidade de Melquisedeque, devemos deixar a Bíblia interpretar a Bíblia. A nossa capacidade de entendimento é enormemente aumentada quando juntamos esses três registros e os consideramos como um todo.

Primeiro vamos dar uma olhada no registo em Gênesis. Abraão encontrou-se com Melquisedeque depois de resgatar o seu sobrinho Ló do cativeiro onde estava. “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus Altíssimo.
E abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de tudo” (Gn. 14:18-20).
É interessante notar que Melquisedeque recebeu Abraão com pão e vinho, coisas que mais tarde seriam símbolos do sacrifício da Páscoa de Cristo em representação do Seu corpo e do Seu sangue. Melquisedeque também se dirige a Deus e O trata como “o Possuidor dos céus e da terra”. Depois, passados uns dois mil anos, Jesus Cristo também se dirigiria ao Pai chamando-Lhe “Senhor dos céus e da terra”.
O Salmo 110, um dos Salmos de Davi, tem grande significado teológico. Como já referido anteriormente, ele apresenta o Pai e o Verbo no versículo de abertura: “Disse o Senhor ao meu Senhor [de Davi]: Assenta-te à minha mão direita . . . ” É Cristo quem agora está à mão direita do Pai (Hebreus 8:1; 10:12; 12:2).
Conservando em mente o contexto do Salmo 110:1, observemos o versículo 4: “Jurou o Senhor e não se arrependerá: ‘Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque’” (Salmos 110:4). Este é o mesmo Senhor que falou com o Senhor de Davi (o Verbo preexistente), no versículo 1, ainda falando do mesmo Ser. Certamente que isto ajuda a identificar esse misterioso personagem do Antigo Testamento. Contudo, é o livro de Hebreus que nos dá a evidência mais forte.

ONDE ELE APARECE NA BÍBLIA
Um estudo cuidadoso deste personagem bíblico nos esclarecerá que nada existe de misterioso a seu respeito, a despeito da interpretação de alguns quanto a Hebreus 7:3.
A palavra em hebraico Malkicedeq, significa rei de justiça, ou ainda de acordo com Heb. 7:2 rei de Salém, isto é, rei de paz. Para melhor compreensão deste tema duas coisas são necessárias:
1º) Estudo do contexto das passagens onde seu nome aparece.
2º) Alguns conceitos sobre o sacerdócio levítico e o de Cristo.

1º) O nome Melquisedeque aparece dez vezes na Bíblia, sendo duas no Velho Testamento (Gên. 14:18; Sal. 110:4); e oito no livro de Hebreus (5:6, 10; 6:20; 7:1, 10, 11, 15, 17). Especialmente o capítulo sete de Hebreus precisa ser bem estudado.
2º) Após a entrada do pecado o indivíduo tornou-se sacerdote de si mesmo. Depois este encargo coube ao primogênito. Posteriormente a tribo de Levi foi escolhida para este mister. Quem não fosse da Tribo de Levi era indigno para este mister como vemos em Esdras 2:62. O relato desta passagem deve ser lembrado para melhor compreensão deste assunto.
O sacerdote devia ser tirado dentre os homens, com suas fraquezas, para que pudesse entender as fraquezas dos homens (Heb. 4:14-16).
Sacerdote é a pessoa que atua como mediador ou intermediário entre duas partes. Aquele que está encarregado de uma missão respeitável, o intercessor perante Deus a favor dos homens.
O Novo Comentário da Bíblia, editado em português por Russell P. Shedd, vol. III, pág. 1357 afirma o seguinte:
“Sumo sacerdote é aquele que é nomeado para agir em prol dos homens naquilo que diz referência a Deus, especialmente para apresentar ofertas a Deus. O sumo sacerdote deve ser escolhido dentre os homens e ser capaz de, na qualidade de verdadeiro homem, simpatizar com as fraquezas humanas. Além disso, ele não deve presumir em tomar sobre si mesmo tal ofício; deve ter sido chamado para tal tarefa por nomeação de Deus. Tudo isso (em ordem reversa) é declarado como cumprido na pessoa de Cristo; conforme o escritor sagrado considera Sua nomeação divina, Sua perfeita humanidade e conseqüente habilidade de simpatizar conosco, e Seus ofício e obra. Pois foi Deus quem ao ressuscitá-Lo de entre os mortos reconheceu-O, como Seu Filho, declarando abertamente a Sua nomeação para um sacerdócio eterno, segundo uma classificação diferente daquela de Arão, a ordem de Melquisedeque”.

Do exposto, esta declaração deve ser guardada: o sacerdote deve ser escolhido dentre os homens para poder simpatizar com as fraquezas humanas. Está é a razão pela qual Cristo só passou a exercer a função sacerdotal após ter tomado a natureza humana.

As Escrituras nos informam que há dois tipos de sacerdócio:
1º) Levítico – hereditário e extinto com a morte de Cristo.
2º)Melquisediano – prefigurando o sacerdócio de Cristo, caracterizado por Sua superioridade e eternidade.

Cristo apresenta um contraste com os sumos sacerdotes segundo a ordem levítica, que eram instalados no ofício para posteriormente serem removidos por motivo de falecimento. Por isso é que Ele se tornou sumo sacerdote para sempre. É justamente essa qualidade eterna que distingue a ordem sacerdotal de Melquisedeque da ordem levítica de Arão.

CARACTERISTICAS DE MELQUIDESEDEQUE
Um sacerdócio imperfeito. (Hebreus 7:3)… "Sem pai, sem mãe, sem descendência, não tendo nem começo nem fim de dias...o qual recebeu o ofício do sacerdócio"
(Hebreus 7:11-12)… "se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois debaixo dele o povo recebeu a lei), que necessidade haveria que outro sacerdote se levantasse segundo a ordem de Melquisedeque e não ser chamado segundo a ordem de Aarão? Pois o sacerdócio sendo mudado, também é necessária a mudança da lei".
Esses textos deixam claro que Melquisedeque foi o sumo-sacerdote de um sacerdócio imperfeito, o que no caso se aplica ao Velho Concerto, baseado na lei do Velho Testamento. O Novo Concerto estabelecido através de Jesus Cristo refere-se ao sacerdócio perfeito, que veio suprir as incapacidades e limitações do Velho Concerto.

Similaridades entre Melquisedeque e Jeová: Há uma grande similaridade entre as características de Melquisedeque e de Jeová, o que prova que eles têem muito em comum. A seguir, estão relacionadas algumas das coisas que Jeová e Melquisedeque parecem se identificar:
O padrão usado por Jeová é o da justiça, prevalecendo inclusive sobre a misericórdia (Êxodo 21:12-25; Levítico 24:20; Deuteronômio 19:21).  Por sua vez, o nome Melquisedeque significa "rei de justiça" (Hebreus 7:2).

Melquisedeque era rei de Salém (Hebreus 7:2), a qual para muitos estudiosos corresponde à atual cidade de Jerusalém. Por sua vez, Jeová é chamado "deus de Israel", cuja capital é a Jerusalém atual, terrena, que não tem nada a ver com a Jerusalém celestial, também chamada de "Jerusalém do alto" (1 Crônicas 17:24; Êxodo 3:16; Gálatas 4:26).

Melquisedeque tomou dízimos do despojo tomado por Abraão e o abençoou (Hebreus 7:1-6).  Similarmente, Jeová recebeu o dízimo dos descendentes de Abraão e abençoou o povo (2 Crônicas 31:10).

Melquisedeque não tem começo nem fim de dias, ou em outras palavras - é eterno. Ele também não tem genealogia (Hebreus 7:3).  Jeová também é eterno e não tem pai, nem mãe, nem genealogia (Neemias.9:5).  Esse fato caracteriza ambos como seres divinos e sobrenaturais, como os anjos.

Melquisedeque é o sumo-sacerdote vitalício do Velho Testamento (Gênesis 14:18; Hebreus  12:22).  Por sua vez, Jeová foi também o mentor da base sacerdotal do Velho Testamento, o qual orientou pessoalmente todos os serviços religiosos no templo, através de regras e exigências ritualísticas criteriosas.

Um detalhe curioso nessa descrição do modelo sacerdotal do Velho Testamento é que as pedras que adornavam o éfode (peitoral) do sacerdote (Êx.28:6 a 21) são do mesmo tipo das pedras que adornavam o anjo que era o modelo de perfeição no Éden, o qual veio posteriormente a se ensoberbecer e rebelou-se contra o Deus Altíssimo (Ezequiel 28:13).

É difícil interpretar o papel e o caráter do personagem Melquisedeque, como lemos em Hebreus 5:11, e da mesma forma é difícil compreender o caráter e os reais intentos de Jeová, o qual ora abençoava e ora castigava sem qualquer compaixão.

Melquisedeque assumiu forma humana quando apareceu a Abraão (Gênesis 14:18-20). Por sua vez, Jeová também tomou forma humana quando apareceu a Abraão (Gênesis 18:1-7) e anunciou que Sara teria um filho.

Alguns teólogos entendem que Melquisedeque era o próprio Cristo no Velho Testamento e chamam esse tipo de ocorrência "Parousia" ou "Cristofania". Contudo, o fato do texto deixar claro que Melquisedeque era uma figura (tipo) de Cristo prova que ele não era o próprio Cristo.

O fato de Melquisedeque ter oferecido pão e vinho a Abraão não significam tampouco que Melquisedeque e o Filho de Deus sejam a mesma pessoa, da mesma forma como Adão não era Cristo, embora Cristo fosse chamado o "último Adão" (1 Co. 15:45).
Além disso, em outra parte é relacionado o fato de que através de uma única ofensa (de Adão), entrou o pecado no mundo e atingiu toda a humanidade. De forma análoga, através de um único ato de justiça (de Cristo), a graça de Deus veio a ser derramada sobre todos os homens (Romanos 5:16-18).
Portanto, quando lemos que Cristo é sumo-sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque, devemos entender essa relação como uma antítese, em que o reprovável e falível veio a ser substituído pelo aprovado e irrepreensível.
Melquisedeque é o sumo-sacerdote do Velho Testamento (ou do Velho Concerto), o qual se tornou obsoleto por causa de sua fraqueza e inutilidade, como diz Hebreus 7:18 e foi definitivamente abolido por Cristo (2 Corintios 3:16).

Melquisedeque, rei de justiça. A relação entre a justiça (a qual é associada com o nome de Melquisedeque) e a condenação está baseada no fato de que a lei aplica tanto a justiça como a condenação. A justiça implacável, porem, não leva em consideração a misericórdia nem a compaixão, que são atributos peculiares do verdadeiro Deus e Pai.

Por todas as evidências já relacionadas, poderíamos supor que Jeová e Melquisedeque são a mesma pessoa, embora isso não esteja totalmente claro nas Escrituras. Porém, ainda que não houvessem subsídios suficientes para associarmos Jeová com Melquisedeque, uma coisa é certa - ambos parecem estar intimamente relacionados, a começar pelo nome de Melquisedeque, que significa "rei de justiça".

Em Gênesis 18:25, Jeová é reconhecido pela sua justiça, porém não é a justiça que leva em consideração a misericórdia e a compaixão, a qual é um atributo peculiar e distintivo do verdadeiro Deus e Pai.
Uma coisa é certa - a índole violenta que Jeová revela em várias ocasiões no Velho Testamento ao destruir implacavelmente exércitos e cidades, combina perfeitamente com a personalidade de Melquisedeque, o qual veio ao encontro de Abraão para abençoá-lo logo após a matança dos reis inimigos (Hebreus 7:1; Gênesis 14:17-18)… "Pois esse Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, o qual encontrou Abraão retornando da matança dos reis, e o abençoou".

Portanto, aquela justiça que é atribuída ao nome de Melqueisedeque parece estar associada à justiça implacável, que não hesita em aplicar a condenação de forma radical e fulminante.

Se Jesus fosse Melquisedeque, como dizem alguns teólogos, Ele jamais iria abençoar Abraão logo após a matança dos reis, quando Abraão saiu vitorioso, porque o Filho de Deus não recompensa assassinos nem homicidas, nem iria estimular qualquer atitude dessa natureza.
Pelo contrário, quando Jesus foi preso, seu discípulo Pedro cortou a orelha de um daqueles que o vinham prender, mas Jesus restaurou-a milagrosamente (João 18:10), para provar que Ele jamais foi à favor da violência, sob qualquer pretexto.

Da mesma forma, se Jesus fosse Melquisedeque, Ele jamais receberia dízimo de um despojo que teve o preço de sangue daqueles reis. No entanto, Melquisedeque não teve qualquer escrúpulo para tomar parte do fruto do saque (Hebreus 7:4), o que confirma que são sacerdócios completamente diferentes.
O perfeito e eterno sacerdócio de Cristo. Quanto ao aspecto sacerdotal, lemos em Hebreus 7:11-12 o seguinte: "Se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois debaixo dele o povo recebeu a lei), que necessidade haveria que outro sacerdote se levantasse segundo a ordem de Melquisedeque e não ser chamado segundo a ordem de Aarão? Pois o sacerdócio sendo mudado, também é necessária a mudança da lei".

Esse texto deixa claro que Melquisedeque foi o sumo-sacerdote de um sacerdócio imperfeito, que teve de ser mudado juntamente com a mudança da lei que o regia, e isso se aplica ao Velho Concerto. A imperfeição está no fato de que houve necessidade de ser estabelecido um novo sacerdócio perfeito e eficaz.
Isto significa que o sacerdócio do Velho Concerto foi mudado por um outro, cujo sumo-sacerdote é Jesus Cristo, o Filho de Deus, e por isso que o texto de Hebreus 7:12 diz que houve MUDANÇA de sacerdócio. Embora tendo sido executado de uma só vez, o sacerdócio de Cristo tem um alcance universal e eterno.

Melquisedeque estava incapacitado de prover salvação e redenção para quem quer que fosse, pois seu ministério era imperfeito e semelhante aos dos sacerdotes do Velho Testamento, que tinham que estar continuamente oferecendo sacrifícios por si mesmos e pelo povo.
O sacerdócio levítico, assim como o sacerdócio de Melquisedeque, tinha caráter temporário e era exercido através de ministrações contínuas, com o sacrifício de animais e oferendas da alimentos (Hebreus 7:28), enquanto que o sacerdócio de Cristo é perfeito, eterno e único, realizado às custas de seu próprio sangue, como diz Hebreus 9:24 e 25.

O ofício sacerdotal iniciado por Melquisedeque não teve êxito porque era fundamentado apenas em oferendas religiosas e no sacrifício ritualístico de animais. Por causa disso, ele teve de ser substituído pelo sacerdócio de Jesus (Hebreus 7:11), o que significa que o sacerdócio do Velho Testamento deu lugar definitivamente ao sacerdócio do Novo Testamento.
Por extensão, o Velho Concerto se tornou repreensível e porisso foi rejeitado, havendo sido ABOLIDO por Cristo, como diz 2Corintios 3:14-16. E assim, o ministério de Melquisedeque representa o ministério do Velho Testamento, o qual foi invalidado por Cristo por causa de sua FRAQUEZA e INUTILIDADE (Hb. 7:18).

Por outro lado, o Novo Concerto foi aprovado, exaltado e glorificado, e por isso é chamado em Hebreus 7:22 de “um MELHOR concerto”. Após a ressurreição, Jesus foi constituído "autor de uma eterna salvação", como diz Hebreus 5:7-9… "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu, e sendo consumado veio a ser a causa da ETERNA SALVAÇÃO para todos os que lhe obedecem".

O fato do sacerdócio de Jesus Cristo ter sido “segundo a ordem de Melquisedeque”, como diz Hebreus 5:6, 7:17 e 7:21, não significa que os dois ministérios estavam relacionados entre si, como se um fosse uma continuidade do outro, visto que as diferenças entre eles são muito grandes, a saber:
O sacerdócio de Melquisedeque foi temporal enquanto que o de Cristo foi eterno (Hebreus 7:25); no sacerdócio de Melquisedeque e de todos os sacerdotes do Velho Testamento, o sangue usado para expiação era de animais (bodes, bezerros, touros e novilhas), enquanto que o sacerdócio de Cristo foi exercido com o derramamento de seu próprio sangue (Hebreus 9:12-14);
Cristo é ministro do santuário do VERDADEIRO tabernáculo estabelecido por Deus (Hebreus 8:2), e não do VIRTUAL, que foi exercido por Melquisedeque e por todos os sacerdotes do Velho Testamento; com a mudança do sacerdócio houve também a mudança da lei (Hebreus 7:12) e assim, todo aquele arcabouço ritualístico de religiosidade aparente, que regia o ministério do Velho Testamento, deu lugar ao ministério eficaz e autêntico de Jesus no Novo Testamento (Hebreus 8:6; 8:13; 2 Corintios 3:6).

II – LIÇÕES DO CARÁTER DE MELQUISEDEQUE
Melquisedeque (Gn 14.18), o honorável sacerdote-rei de Salém (Jerusalém), deu comida e bebida aos vencedores e pronunciou uma bênção a Abrão (Gn 14.19). O nome Deus Altíssimo (Gn 14.18) era, naqueles dias, designação comum da divindade no país da Palestina. Em atenção aos atos do sacerdote-rei, Abrão deu o dízimo de tudo (Gn 14.20) a Melquisedeque. O rei de Sodoma (Gn 14.21) tinha menos inclinação religiosa. Pediu seu povo de volta, contudo foi bastante generoso em oferecer a Abrão todo saque procedente do combate. Abrão tinha pouco respeito por este homem e respondeu que fizera o voto de não ficar com nenhum bem que pertencesse ao rei de Sodoma, para que, depois, isso não fosse usado contra ele por aquele indivíduo repulsivo. Abrão também deixou claro que o seu Deus tinha o título de SENHOR (Gn 14.22) e não era apenas outra deidade cananéia. A única coisa que Abrão pediu foi que os soldados fossem recompensados pelos serviços prestados e que seus aliados, Aner, Escol e Manre (Gn 14.24), tivessem participação no saque.

O caráter robusto de Melquisedeque e seu status como respeitado sacerdote-rei tornaram-se significativo em posteriores pronunciamentos sobre o esperado Messias. O Salmo 110.4 relaciona o Messias na "ordem de Melquisedeque" e o escritor da Epístola aos Hebreus cita esta porção dos Salmos para mostrar que Cristo é este tipo de ordem sacerdotal no lugar da ordem arônica (Hb 5.6,10; 6.20; 7.1-21).

O escritor de Hebreus enfatiza o significado do nome e status de Melquisedeque para sinalar que ele e Cristo eram homens de justiça e paz (Hb 7.1,2). A próxima correlação é um destaque na força e valor pessoal e não na linhagem. Seu ofício não passou automaticamente a outro. Cristo é o Sumo Sacerdote e não somente sacerdote, e em vez de dar somente uma bênção, Cristo salva "perfeitamente" (Hb 7.25,26).

Pontos fortes e êxitos:

(a) Primeiro sacerdote/rei das Escrituras - um líder com o coração voltado para Deus; 
(b) Hábil para encorajar as pessoas a servir a Deus de todo o coração; 
(c) Um homem cujo caráter refletia seu amor por Deus; e 
(d) Uma pessoa no Antigo Testamento que nos lembra Jesus, e a qual alguns realmente acreditam que era Jesus.

III – SEGUNDO A ORDEM DE MELQUISEDEQUE
Davi profetizou, mil anos antes do nascimento de Jesus, que o Messias seria “sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque” (Salmo 110:4). O autor de Hebreus cita esta profecia várias vezes, e explica o seu significado em relação à superioridade total de Jesus.

A “ordem de Melquisedeque” não se refere a algum tipo de sociedade secreta ou mística como a Rosa Cruz, os Maçons ou os Templários. Não é alguma organização preservada desde a antiguidade, nem uma classe de sacerdotes na igreja do Senhor. A expressão “segundo a ordem de Melquisedeque” significa que o sacerdócio de Jesus é do mesmo tipo, ou parecido com, o sacerdócio de Melquisedeque.

Melquisedeque aparece na história bíblica, e some logo em seguida. Ele era rei de Salém e sacerdote de Deus (Gênesis 14:18). Abençoou Abraão e recebeu o dízimo dele depois da vitória do patriarca contra Quedorlaomer.

As Escrituras não relatam nada sobre antepassados nem descendentes de Melquisedeque (o ponto de Hebreus 7:3). Ele servia como sacerdote antes do nascimento de Isaque, então não era descendente da tribo de Levi (um dos netos de Isaque). Era sacerdote aprovado por Deus, independente de linhagem.
Deus fez algumas coisas no Velho Testamento pensando na vinda de Jesus, e assim ajudando o povo a entender a missão de Cristo. Os comentários em Gênesis e Salmos sobre Melquisedeque mostraram a possibilidade de ter um sacerdote que não era sujeito à Lei dada aos israelitas no Monte Sinai. É exatamente isso que o autor de Hebreus nos mostra, usando Melquisedeque como tipo de Cristo.

Jesus não podia ser sacerdote no sistema dado no Monte Sinai (Hebreus 8:4). O fato de Deus ter declarado Jesus sacerdote eterno serve de prova de mudança de lei: “Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei” (Hebreus 7:14). “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas” (Hebreus 8:6).

Salmo 110, como o autor de Hebreus bem explica, aponta para o perfeito Rei e eterno Sacerdote, Jesus Cristo. Qualquer ensinamento que procura preservar algum sacerdócio humano segundo a ordem de Melquisedeque (como fazem, por exemplo, os mórmons), age por autoridade humana, e não divina (cf. Gálatas 1:10; 2 João 9), e diminui a importância de Jesus Cristo como o eterno e suficiente Sumo Sacerdote.

CONCLUSÃO

Se a função do personagem Melquisedeque era ilustrar ou apontar para Cristo, então seu papel foi realizado com êxito. Mas se a passagem ou aparição de Melquisedeque era a própria pessoa de Cristo, nada impediria que o Verbo Vivo fizesse isso, visto que sempre existiu como Senhor de tudo (João 1.1). O importante é saber que Jesus é o Rei dos reis que traz o Reino de Deus para nossas vidas (Mateus 6.10), também é o nosso Sacerdote que intercede por nós (II Tm 2.5) e o verdadeiro Profeta que sabe tudo a nosso respeito.

Subsídio para o Professor

Lições do Caráter de Melquisedeque

Na Epístola aos Hebreus lemos sobre a grandeza de Melquisedeque, a quem até o patriarca Abraão deu-lhe o dízimo. Isso aponta para a verdade de que ele era um homem de caráter.

Na antiguidade normalmente o nome dizia muito sobre alguém, era uma representação clara de sua identidade, muito mais do que uma simples designação. Com base nisso, o nome desse sacerdote reflete sua integridade. Melquisedeque, o rei de justiça, era um homem reto, com caráter justo.

Além de rei de justiça, Melquisedeque também era rei de paz, isto é, rei de Salém. Quando comparamos essa informação com o fato de ele ter sido sacerdote do Deus Altíssimo, é possível que isso signifique que ele promovia o verdadeiro culto a Deus em sua cidade, e esta, por sua vez, era uma cidade de paz.

Segundo a Ordem de Melquisedeque
Quando o escritor de Hebreus escreveu sua epístola, seus destinatários eram judeus cristãos que estavam enfrentando grandes perseguições em todos os sentidos. Portanto, eles estavam sendo tentados a recuar em sua fé em Cristo e retornar ao judaísmo.

Então o escritor utilizou o Antigo Testamento, a Bíblia dos judeus, para mostrar para eles que recuar não era uma opção, pois as Escrituras desde o princípio apontam para o Cristo. A promessa feita em Gênesis 3:15 após a Queda do Homem é um exemplo claro disto. Após receberem Jesus, o Filho de Deus do qual as Escrituras testificam, voltar ao judaísmo significaria retornar ao que era inferior e temporário.

Na primeira vinda de Cristo, o sacerdócio judaico deveria ter cessado, pois Ele mesmo, como Sumo Sacerdote, Se entregou a Si mesmo como sacrifício vivo fazendo a mediação entre o pecador e Deus. A maioria dos judeus não compreendeu isso. Na verdade, o próprio Jesus muitas vezes os repreendeu por tal erro, como por exemplo, quando Ele criticou os religiosos dizendo que eles examinavam as Escrituras, mas não percebiam que elas testificam sobre Ele.

No capítulo 7 de sua epístola, o escritor fala exatamente sobre o caráter temporário do sacerdócio judaico. Ele mostra que apesar daquele sacerdócio ter sido instituído pelo próprio Deus, ele já havia cumprido sua finalidade e deveria ter sido extinto.

Ele fundamentou sua argumentação no episódio envolvendo Melquisedeque e Abraão descrito no livro de Gênesis, mostrando que Melquisedeque não era um levita, isto é, não pertencia à tribo de Levi e pela Lei não poderia ser sacerdote, mas ele foi um sacerdote legítimo o qual o grande patriarca Abraão reconheceu sua autoridade ao dar-lhe o dízimo.
Além disso, o maior abençoa o menor, e Abraão foi abençoado por Melquisedeque. Portanto, antes que o sacerdócio da casa de Arão existisse, já havia um homem que exercia o sacerdócio diante do Deus Altíssimo.

Por isso que, Melquisedeque é um tipo de Cristo, ou seja, o sacerdócio exercido por ele tipificou o sacerdócio perfeito de Cristo que também não pertencia à tribo de Levi, e por isso não poderia ser sacerdote pela Lei. Mais do que isso, o sacerdócio de Melquisedeque aponta para a verdade de que desde o princípio, antes da Lei ter sido dada no Sinai, Cristo, o Filho de Deus, já era o verdadeiro Mediador entre Deus e os homens, e o Seu sacerdócio é perfeito e eterno, ou seja, enquanto os sacerdotes da Lei eram imperfeitos e mortais, precisando ser substituídos de tempos em tempos, o sacerdócio de Cristo dura para sempre, e nunca precisará ser substituído.

Para exemplificar esse ensino, o escritor apelou para o salmo messiânico de Davi a qual ele declara que sobre o Messias: “Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110:4).

Conclusão – Melquisedeque, o Rei de Justiça
Embora não saibamos nada a respeito, Melquisedeque em determinado momento também morreu. A Bíblia fala apenas de dois homens que não experimentaram a morte: Enoque e o profeta Elias.

Apesar disso, o sacerdócio exercido por esse importante, e ao mesmo tempo desconhecido, personagem bíblico, pré-figurou o sacerdócio de Cristo. Se Melquisedeque, o rei de justiça, morreu, Jesus também morreu, porém Ele ressuscitou, e assim podemos descansar na certeza de que nosso Sumo Sacerdote vive para sempre, e Seu sacrifício no Calvário foi perfeito e definitivo, resgatando para Si um povo eleito, sacerdócio real, conforme o apóstolo Pedro declarou em sua epístola (1Pe 2:9).

Viva vencendo, fazendo com que sua vida, seja uma cópia da vida de Cristo!!!

Abraços.

Seu irmão menor.

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