12 junho 2014

LIÇÃO 11 - 15/06/14 - " O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO"

TEXTO ÁUREO

“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros [...]” (Tt 1.5).


VERDADE PRÁTICA

O presbitério deve ser constituído por pessoas idôneas para auxiliar na administração da igreja local.



INTRODUÇÃO

A origem do Presbítero

O termo hebraico Zaqên, que no Antigo Testamento significa ancião, teve, no Novo Testamento, o termo equivalente, em grego presbuteros. O presbítero não é mera honraria. É um oficio que atua na vida espiritual e administrativa da Igreja, como esteve integrado na vida da primitiva comunidade cristã, julgando e presidindo. O oficio de presbítero deixa raízes no Antigo Testamento, e é possível encontrá-lo até mesmo entre os povos pagãos.

No Egito havia uma Ordem Presbiteral. Um conselho de anciãos que gozava da confiança de Faraó e assistia na sua presença: Gn 50.7; SI 105.22. Os midianitas e moabitas tinham seus anciãos, que formavam um presbitério e, provavelmente, exerciam autoridade sobre as comunidades, visto que assistiam diante dos reis e eram por estes convocados nas situações difíceis: Nm 22.4-7, Do texto se infere que essa dignidade não lhes provinha de um estado de senectude, mas de qualificações morais, intelectuais e espirituais.

Em Esparta, a famosa cidade grega, o governo era formado por um Senado composto por vinte e oito anciãos (presbíteros), cuja importância era semelhante à do Areópago ateniense, e que serviam ao mesmo tempo como legisladores, juizes, magistrados, administradores. Eram os chamados gerontes,

Entre os israelitas o oficio de presbítero não foi uma criação acidental, mas estava no propósito de Deus. Desde o início Deus dignificou, com honras, a pessoa do presbítero. Homens idosos eram escolhidos para o ofício presbiteral. Melhor seria dizer: homens amadurecidos, porque é importante sabermos que a idade não era a condição principal para o exercício do presbitério. Todo presbítero deveria ser um homem de idade madura, mas nem todo homem velho poderia ser um presbítero. O presbítero é homem de cargo e ofício, e não meramente um velho.

Ao lermos a Bíblia, vamos encontrar o presbítero, desde o início da História Sagrada, exercendo o ofício em funções diversas: como conselheiro, magistrado, juiz, cabeça de família, chefe tribal, condutor de massas, chefe militar, embaixador, e, por fim, como pastor e bispo da igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.

Sempre respeitado, honrado e acatado em suas decisões. Nada se lhe devia ocultar, e o destino político-religioso da nação lhe era confiado, O que Deus falava a Moisés e a Arão, ambos deveriam, de imediato e por ordem de Jeová, comunicar aos anciãos de Israel. Como no caso dos presbíteros de Éfeso, chamados por Paulo a Mileto At 20.17, eles eram responsáveis pelo governo espiritual do povo.

O PRESBITÉRIO DA IGREJA DE DEUS

Assim como o tabernáculo do Velho Testamento teria de ser feito conforme a planta que, no monte o Senhor dera a Moisés, x 25.9, também a Igreja deve em tudo ser edificada conforme a Palavra de Deus. Paulo adverte a Timóteo: “Conserva o modelo...”, 2Tm 1.13. Neste estudo da Palavra veremos algo do que Deus diz a respeito do presbitério na Igreja.

O PRESBITERIO, COMO FORMA DE GOVERNO, JÁ EXISTIA NAS SINAGOGAS DOS JUDEUS.

Encontramos na Bíblia que Israel, desde seus primórdios, era dirigido por um conselho de anciãos, Nm 11.16,17; estes, juntamente com o sumo sacerdote e os demais sacerdotes, regiam espiritualmente o povo, até no tempo do Novo Testamento, Mt 26.57; At 4.5; 5.21. Os anciãos representavam o povo, nos sacrifícios, Lv 4.15; e a cidade perante o profeta, 1Sm 16.4, etc. Eram a “Cabeça” do povo, Is 9.15.

Era, pois, natural que a Igreja Cristã, que procede do judaísmo, se entrosasse na forma de governo já existente, o que se harmonizava com o seu espírito e caráter.

O PRESBÍTERO DIRIGIA A IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA.

Não encontramos no Novo Testamento outra forma de governo. Na igreja de Jerusalém achamos na direção “os apóstolos e os anciãos”, At 15.2; 16.4. O mesmo encontramos em Efeso, At 20.17.

Em lugar nenhum do Novo Testamento encontramos os diáconos fazendo parte do ministério da igreja. Sempre os vemos servindo em funções materiais, a fim de que os dirigentes espirituais pudessem dedicar maior tempo à oração e à Palavra, At 6.1-5. O diaconato não é contado entre os ministérios espirituais, Ef 4.11.

O Novo Testamento não relata forma alguma de “Diretoria” como direção de Igreja. E lógico e correto que uma igreja constituída de pessoa jurídica tenha uma diretoria que a represente perante a lei e as autoridades. A direção espiritual, porém, é do presbitério. E é apenas prudência escolher para membros da diretoria, enquanto isto for possível, componentes do presbitério.

A PALAVRA PRESBÍTERO, RELACIONADA COM A IGREJA, APARECE SEMPRE NA FORMA PLURAL

Em At 11.30; 20.28; 21.18; Fp 1.1; Tt 1.5, etc., às vezes é usada a palavra “anciãos”, outras vezes “presbíteros” ou “bispos” — três expressões para urna só coisa. Vide At 20. 17,28; Tt 1.5,7. Fica claro que o governo da igreja não estava nas mãos de um só indivíduo.
Iniciado o trabalho pentecostal no Brasil, a questão presbitério se atualizou. Tanto os primeiros missionários, como os primeiros crentes, vinham do meio batista e, por isso, organizavam igrejas como as dessa denominação. Tendo, porém, examinado as Escrituras, perceberam que a palavra “ancião” em relação à igreja, sempre aparece na Bíblia, na forma plural. Resolveram, após jejum e oração, consagrar diversos presbíteros. Esta prática dura até hoje por todo país. Logo, o presbítero não é uma “importação do estrangeiro”, nem cópia de outras denominações, mas uma conseqüência da direção do Espírito Santo: guiar para toda verdade, J0 16.13.

A PALAVRA DE DEUS INDICA DUAS CATEGORIAS DE PRESBÍTEROS.

Em primeiro lugar temos os presbíteros que trabalham na Palavra e na doutrina, 1Tm 5.17. Estes possuem alguns dos ministérios de que lemos em Ef 4.11, isto é, apóstolo, profeta, evangelista, pastores ou doutores. São anciãos em função de sua tarefa de apascentar, dirigir, alimentar e servir à Igreja do Senhor; eles têm, além de seu presbiterato, um ministério espiritual, pelo qual servem ao reino de Deus. Lemos que tanto Pedro como João se chamavam “presbítero”, 1Pe 5.1; 2 Jo 1; 3 Jo 1. São presbíteros chamados a pregar o Evangelho, vivendo portanto do Evangelho, 1 Co 9.14.



Encontramos na Palavra de Deus presbíteros que não se ocupam com a palavra, 1Tm 5.17. Por vocação divina, têm sido consagrados para servir como anciãos na Igreja de Deus, mas não têm o ministério de apóstolo, profeta, evangelista, pastor ou doutor. Servem à igreja, mas vivem de sua ocupação material. De uma ou de outra categoria de presbíteros (vivendo ou não do Evangelho), a Palavra de Deus exige o mesmo, tanto em qualidades espirituais como morais, 1Tm 3.1-7, e todostêm participação na direção espiritual da igreja.

Dentre os presbíteros anteriormente citados, Deus escolhe o que deve dirigir. Isto vemos em 1Tm 5.17, quando lemos que são dignos de duplicada honra os que “trabalham com a Palavra de Deus”. Todos os presbíteros têm a mesma responsabilidade como presbíteros, mas aqueles a quem Deus destinou um ministério espiritual, Ef 4.11, exercem uma influência maior, através da sua vocação mais ampla.

Notamos sempre que os apóstolos eram citados antes dos anciãos, At 15.2, e que estes eram separados por aqueles, At 15.13; 21.18. Vemos que era Tiago que presidia a Igreja de Jerusalém e, em 1Tm 1.3, notamos que Timóteo tinha idêntica função em Éfeso.Em Gl 2.9 vemos Pedro, Tiago e João considerados como “colunas” e, em Ap 2.1 se registra que apesar da pluralidade de presbíteros emEfeso, At 20.17, Jesus se dirige ao “anjo da igreja”, isto é, ao presbítero líder.

Nisto há grande sabedoria divina. Para dirigir a igreja, Deus escolheu presbíteros que vivem do Evangelho, bem como aqueles que servem à igreja sem que esta por eles se responsabilize economicamente. Seria mais que pesado ter a igreja de sustentar a todos os presbíteros. A sabedoria de Deus é sempre perfeita!

COMO CONSEGUIR COOPERAÇÃO PERFEITAMENTE HARMONIOSA EM UM PRESBITÉRIO

Cada presbítero deve ser de espírito humilde e saber cooperar, 1Pe 5.5. Ë sinal de ótimo desenvolvimento espiritual saber sujeitar-se aos outros e considerar os outros superiores a si próprio, Fl 2.1,8. Então cada um respeita o outro na vocação que este tem de Deus. Este é o fundamento invariável da força espiritual do presbítero. E não é demais comparar-seuma boa cooperação no presbitério a um matrimônio feliz.

Todo presbítero deve zelar, primeiramente por si próprio e, depois, por todo trabalho que
Deus lhe confiou, At 20.28. Todo presbítero deve buscar o bem da Igreja. É um grande perigo para o presbítero defender seu próprio interesse e descuidar-se da união da igreja ou atrair simpatia de algum grupo para sua própria pessoa. A este tipo de presbíteros Paulo denomina “lobos”, advertindo os crentes contra eles e os exortando a vigiar, At 20.29,30.

É importante que cada ancião, ainda que responsável por alguma congregação, pugne sempre pela união e pela coesão, sem se apresentar como líder autônomo, mas como enviado ou representando todo presbitério. Não aparecerão assim grupinhos isolados em torno de algum presbítero, 1Co 1.11-13; 3.3,5, não surgirão os ‘Diótrefes”, 3 Jo 9,10, evitar- se-ão divisões carnais e as desnecessárias “proclamações de independência”, que tanto prejudicam a obra de Deus. Que todos trabalhem para edificação e não para destruição, 2 Co 10.8; 13.10. Todos devem promover o progresso do trabalho, At 4.31, para que a Igreja avance unida, coesa e forte. Aleluia!

COMO ERAM CONSTITUÍDOS OS PRESBÍTEROS

Constituíam-se com oração e jejum, e pela imposição das mãos, At 14.23. Ospresbíteros já consagrados indicavam e escolhiam os novos anciãos, Tt 1.5; At 14.23, e nada faziam senão confirmar o que o Espírito Santo já houvesse determinado. Por isso Paulo podia dizer aos anciãos de Éfeso que o Espírito Santo os constituíra bispos, At 20.28.

Quantas decepções teriam sido evitadas por consagrações de presbíteros se antes se tivesse buscado a vontade do Espírito Santo, através de oração e jejum!

O presbítero local destina-se somente à igreja local. “Havendo-lhes eleito... anciãos em cada igreja”, At 14.23 e, “de cidade em cidade, estabelecessem presbíteros”, Tt 1.5. Nenhum presbítero, viva ele da palavra ou não, é ancião de outra igreja, senão daquela pela qual for responsável.

Quem, além de seu presbitério, tiver um ministério como por exemplo de evangelista ou doutor, leva-o consigo, a qualquer parte, mas não é ancião senão na igreja na qual serve.

Oportunamente veremos as qualificações e as funções dos anciãos. Fica, porém, claro, desde já, que a Igreja de Deus, agraciada com um presbitério bom e unido, tem infinitas razões de dar graças a Deus. Tal presbitério é digno do amor e da consideração de todos os membros da igreja. Que Deus abençoe a todos os presbíteros que servem às milhares de igrejas existentes em todo território nacional! Amém.

Qualificações dos Presbíteros= (1 Tm 3.1-7)

Até este ponto Paulo falou de algumas preocupações concernentes à comunidade, no culto, e corrigiu alguns abusos gerados pelas atividades dos presbíteros heréticos. Agora, ele se volta para os próprios presbíteros e estabelece algumas qualificações para o "ofício".

Ele começa, nos VV. 1-7, com um grupo chamado episkopoi("supervisores" ); a seguir, nos vv. 8-13, passa para um grupo chamado diakonoi(" servos"," diáconos"), com uma nota também sobre algumas mulheres no v. 11. É de todo provável que ambos os ofícios, o de presbítero (supervisor) e o de "diácono" estejam sob a categoria mais ampla presbyteroi ("anciãos", ou "presbíteros"). Em qualquer caso, a evidên­cia que temos de Atos 20:17 e 28, e de Tito 1:5 e 7 indica que os termos episkopoi, "supervisores" (At 20:28; Tt 1:7), e presbyteroi, "pres­bíteros", "anciãos" (At 20:17; Tt 1:5), são parcialmente intercambiáveis. Assim, pelo menos os supervisores (episkopoi) deste primeiro parágrafo são presbíteros da igreja.

Convém notar que em contraste com Tito (1:5), Timóteo não foi deixado em Éfeso para designar presbíteros. Em verdade, tudo em Timóteo, bem como a evidência de Atos 20, indica que já havia presbí­teros nessa igreja. Por que, pois, esta instrução? Novamente, a evidência aponta para o caráter e para as atividades dos falsos mestres. Quanto a isto, duas coisas devem ser notadas: Primeira, muitos dos itens constantes da lista estão em nítido contraste com o que está escrito algures na carta acerca dos falsos mestres.

Segunda, a lista em si tem três aspectos notáveis:

 (1) Ela dá as qualificações, e não os deveres;
(2) a maioria dos itens reflete o comportamento exterior, observável; e
(3) nenhum dos itens é distintamente cristão (p.e., amor, fé, pureza, perseverança; cp. 4:12; 6:12); antes, refletem os mais elevados ideais da filosofia moral helenística. Uma vez que a passagem toda aponta para o v. 7, com o qual conclui, isto é, concerne à reputação da igreja entre os estranhos, isto sugere que os falsos mestres traziam, por seu comportamento, infâmia ao evangelho. Portanto, Paulo está preocupado não somente em que os presbíteros tenham virtudes cristãs (estas são presumidas), mas que também reflitam os mais elevados ideais da cultura.

Se estivermos corretos em identificar os falsos mestres como sendo presbíteros, o motivo por que Paulo estabelece este conjunto de instru­ções é que Timóteo deve cuidar de que os presbíteros vivam à altura de sua designação, isto é, por esses padrões. Ao mesmo tempo, é claro, a igreja toda estará ouvindo e, desse modo, recebendo as bases para disciplina dos presbíteros transviados, bem como para a substituição deles (cp. 5:22, 24-25).

3:1 A seção começa com nossa segunda palavra fiel (ditado, 1:15).Visto que a palavra em si pareceria um tanto pedante e porque o verbo "salvar" (cp. 1:15) surge em 2:15, alguns têm alegado que o versículo precedente é a palavra fiel digna de toda a aceitação. Porém, 2:15 não temas características de "ditado", enquanto 3:1 tem, a despeito de seu conteúdo nada ter que ver com o credo. Talvez se tenha exagerado o conceito de "ditado", como se todos os "ditados" ou palavras dignas "de toda aceitação" estivessem circulando abertamente na igreja (como 1:15 talvez circulasse). Mais provável é que tais palavras se tenham tornado para Paulo uma espécie de fórmula de reforço: "O que vou dizer tem importância especial", ou, "pode ser aceito em geral como verda­deiro".

A palavra fiel em si é: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja. Parece emprestar algum crédito ao ponto de vista comumente aceito de que as pessoas estavam "candidatando-se ao cargo". Mas não existe nenhuma outra evidência no NT de que as pessoas "aspirassem a" posições de liderança na igreja. A pouca evidência que temos implica que os chefes de famílias dentre os mais antigos conver­tidos eram normalmente designados para tais posições (At 14:23; cp. 1 Co 1:16 e 16:15-16).

A palavra fiel, com efeito, concentra-se menos na pessoa e mais no cargo. Portanto, Paulo não está elogiando as pessoas que têm grande desejo de tornar-se líderes; ao contrário, ele está dizendo que o cargo de presbítero (episcopado) é questão sobremodo significativa, uma exce­lente obra, que deveria ser, na verdade, o tipo de tarefa à qual uma pessoa podia aspirar. Assim, a despeito das atividades de alguns, não é por essa razão que ele vai negar o cargo em si.

3:2-3 Considerando-se que aspirar ao episcopado é aspirar excelente obra, Paulo está interessado em que os presbíteros em Éfeso manifestem vidas verdadeiramente exemplares. 

O bispo, portanto, deve ser irre­preensível. Isso pareceria excluir qualquer aspirante ao cargo! A expres­são irrepreensível, porém, que se repete com referência às viúvas em 5:7 e ao próprio Timóteo em 6:14 (num contexto escatológico), relacio­na-se com a conduta observável irrepreensível. Parece que o termo foi criado de modo que cobrisse a seguinte lista de onze virtudes ou quali­dades (na maioria, palavras no singular, no grego), que deveriam caracterizar um bispo.

O primeiro item da lista, marido de uma só mulher, é uma das frases verdadeiramente difíceis das Epístolas Paulinas(cp. 3:12; 5:9, sobre as "verdadeiras" viúvas, e Tt 1:6). Há, pelo menos, quatro opções:

Primeira, poderia exigir que o supervisor fosse casado. O apoio encontra-se no fato de que os falsos mestres proíbem o casamento, e Paulo insiste no casamento para as viúvas desviadas (5:14; cp. 2:15). Mas contra esta interpretação verifica-se que ela enfatiza o termo é necessário e a palavra mulher, enquanto o texto enfatiza a palavra uma. Talvez Paulo e Timóteo não fossem casados, e tal interpretação estaria em contradição com 1 Coríntios 7:25-38. Ademais, havia um pressuposto cultural segundo o qual as pessoas, em sua maioria, deveriam ser casadas.

Segunda, talvez o texto esteja proibindo a poligamia. Isto se acentua de modo correto pela expressão uma só mulher; contudo, a poligamia era característica tão rara na sociedade pagã que tal proibição seria insignificância inaplicável. De mais a mais, não pareceria ajustar-se à frase idêntica usada com referência às viúvas em 5:9.

Terceira, poderia estar proibindo um segundo casamento. Tal inter­pretação conta com o apoio de muitos dados: Ajustar-se-ia às viúvas de modo especial. Todos os tipos de evidência louvam as mulheres (a elas de modo especial e às vezes também os homens) que " se casaram uma única vez" e permaneceram "fiéis" a esse casamento, depois que seus parceiros morreram. Esta perspectiva proibiria, pois, o segundo casa­mento após a morte do cônjuge, mas também proibiria, é óbvio — talvez de modo especial — o divórcio e o novo casamento.

Alguns eruditos (p.e., Hanson) tratam do texto como referindo-se somente a esta última interpretação.

Quarta, talvez o texto esteja exigindo fidelidade marital a uma só mulher (cp. GNB:" fiel à sua única esposa"). Neste caso, exige-se do bispo que viva uma vida matrimonial exemplar (o casamento fica implícito), fiel a uma só mulher numa cultura em que a infidelidade marital era comum e, às vezes, implícita. Seria, é natural, um meio de se eliminar a poligamia e o divórcio e novo casamento, mas não eliminaria, necessariamente, o novo casamento de um viúvo (embora esse ainda não fosse o ideal paulino; cp. 1 Co 7:8-9, 39-40). Embora ainda haja muito que ser dito a favor de uma ou de outro entendimento da terceira opção, a preocupação de que os líderes da igreja vivam vida matrimonial exemplar parece ajustar-se melhor ao contexto — dada a aparente desvalorização do casamento e da família apregoada pelos falsos mestres (4:3; cp. 3:4-5).

A próxima palavra, vigilante, muitas vezes se relaciona, no grego, ao uso de bebidas alcoólicas. Contudo, uma vez que está dito de modo específico no v. 3, não dado ao vinho, o termo vigilante talvez esteja sendo usado de maneira figurada, significando: "livre de todas as formas de excesso, paixão ou temeridade" (cp. 2 Tm 4:5). O bispo deve também ser sóbrio e honesto, palavras que muitas vezes ocorrem juntas nos escritos pagãos como elevados ideais de comportamento. Portanto, um líder cristão deve estar acima, e não abaixo, desses ideais.

É necessário que ...o líder da igreja seja ... tambémhospitaleiro. Esta era, de igual modo, uma virtude grega, mas constituía a expectação extrema de todos os cristãos da igreja primitiva (cp. 5:10; Rm 12:13; 1 Pe 4:9; Aristides, Apology15). De igual modo... é necessá­rio... que ele também seja apto para ensinar. Este é o único item da lista que também implica deveres, assunto que se tornará claro em 5:17. Este adjetivo se repete em 2 Timóteo 2:24 e Tito 1:9, cujos contextos sugerem que apto para ensinar significa capacidade tanto para ensinar a verdade como para refutar o erro.

Ao acrescentar:... é necessário, pois, que o bispo seja não dado ao vinho, está Paulo também estabelecendo um contraste com os falsos mestres? Talvez não, em face do ascetismo observado em 4:3. Todavia, pode ser que tenham sido ascetas acerca de determinados alimentos, mas beberrões de vinho bastante indulgentes. Em qualquer caso, a embria­guez era um dos vícios comuns da Antiguidade, e poucos autores pagãos a verberam de modo aberto — somente contra outros "pecados" que pudessem acompanhá-la (violência, repreensão e xingação pública dos escravos, etc. ). O bispo não tem de ser, necessariamente, abstêmio (5:23), mas tampouco deve ser dado ao vinho (cp. 3:8; Tt 1:7); o alcoolismo é condenado nas Escrituras de modo insistente.

As próximas três qualidades talvez andem juntas e, deveras, parecem refletir o comportamento dos falsos mestres....É necessário, pois, que o bispo seja... não espancador, mas moderado, inimigo de contendas. A descrição dos falsos mestres em 6:3-5, bem como em 2 Timóteo 2:22-26 (cp. Tt 3:9), dá a entender queesses homens são dados a dissensões e a brigas. O verdadeiro presbítero deve ser moderado, mesmo quando corrige os oponentes (2Tm 2:23-25).

 A lista conclui com não ganancioso. De acordo com 6:5-10, a ganância se revela um dos "pecados mortais" dos falsos mestres, dire­tamente responsável pela ruína deles. Assim, uma advertência contra a avareza aparece em todas as listas de qualificações para liderança (3:8; Tt 1:7; cp. At 20:33).

3:4-5 Paulo agora passa, nos vv. 4-7, a falar sobre três outras preocupações. O líder da igreja deve ter família exemplar (vv. 4-5), não deve ser recém-convertido (v. 6), mas deve ser pessoa de boa reputação entre os de fora (v. 7). Estes qualificativos talvez também reflitam a situação em Éfeso.

Esta passagem apenas supõe, também, que o episkoposserá casado (mas não o exige; cp. v. 2). Não somente isso, mas a sociologia do primeiro século também torna muitíssimo provável que os que eram designados "supervisores" nas igrejas primitivas, levando-se em conta, de modo especial, que estamos tratando com igrejas em lares, eram, com efeito, os chefes das "casas" onde as igrejas se reuniam. Desse modo, como está implícito no v. 5, prevalece o mais estreito relacionamento entre família e igreja. O homem que fracassa no primeiro caso (família) é, por isso mesmo, desqualificado para o outro (igreja). Em verdade, conforme 3:15 e 5:1-2 indicam, a palavra oikos"lar"; NIV, família; ECA, casa) para Paulo é metáfora rica que subentende "igreja".

Portanto, o bispo que governe bem sua própria casa, porque ele também cuidará da igreja de Deus. O verbo governar é usado de novo com referência aos presbíteros em 5:17 (NIV, "dirigir" [como foi usado anteriormente em 1 Ts 5:12, onde é traduzido "presidir"; NIV," estão sobre" ]), verbo que tem o sentido de " comandar, governar", ou "estar preocupado com, cuidar de" (cp. "devotar-se a" em Tt 3:8). A pista para seu significado aqui está em entender o verbo acompanhante com referência à igreja, no v. 5, "cuidar de", que carrega a força total da expressão idiomática em inglês. Em outras palavras, "cuidar de" implica. tanto a liderança (orientação) como o interesse atencioso. No lar e na igreja, a orientação e o interesse atencioso não têm validade se um não estiver ligado ao outro.

O bom presbítero será conhecido por exercer uma liderança tal, no lar, que tem seus filhos sob disciplina, com todo o respeito (lit., "tem filhos em submissão", como 2:11). A força da frase com todo o respeito talvez signifique não tanto que eles obedecerão com respeito, mas que eles serão conhecidos tanto por sua obediência como por seu bom comportamento.

Em Tito 1:6 a idéia é mais esmerada ainda, de modo que sugere serem esses filhos bons crentes, ao lado da preocupação pela reputação entre os de fora. Há tênue linha entre exigir obediência e obtê-la. O líder de igreja, que na verdade deve exortar as pessoas à obediência, não "governa" a família de Deus por essa razão. Ele "cuida dela" de tal modo que seus "filhos", isto é, os filhos da igreja, serão conhecidos por sua obediência e bom comportamento.

3:6 / Portanto, o líder da igreja, também não deve ser neófito, metáfora que no grego significa literalmente "uma pessoa plantada há pouco tempo". Conforme se repetirá de modo diferente em 5:22, o episkoposdeve ser maduro na fé. O motivo para que assim seja é o grande perigo de envaidecimento: para que não se ensoberbeça. Uma vez que é precisamente isto que se diz dos falsos mestres em 6:4 (cp. 2 Tm 3:4), perguntamo-nos se alguns deles eram neófitos (convertidos recen­tes), cujos "pecados... são manifestos antes... os de outros, manifestam-se depois" (5:24).

Em qualquer caso, para que não se ensoberbeça significa também não cair na condenação do diabo. Embora o grego de Paulo seja um tanto ambíguo (lit., "cair no julgamento do diabo"), talvez a linguagem esteja refletindo o tema comum de que no ministério de Cristo, de modo especial na sua morte e ressurreição, Satanás sofreu sua derrota decisiva, que será finalizada plenamente no fim (cp. Ap 12:7-17 e 20:7-10).

3:7 Finalmente, Paulo chega à questão de que o líder da igreja deve ser pessoa que tenha bom testemunho dos que estão de fora. Conforme foi notado na discussão de 2:2, esta é uma preocupação genuinamente paulina no NT. Em verdade, esta preocupação é que coloca em perspec­tiva essa lista de atributos.Tal lista tem que ver com o comportamento observável, constituindo testemunho para os de fora. Como no v. 6, O grego de Paulo não é bem claro, mas parece que a ênfase está em que uma reputação má junto ao mundo pagão fará que o episkoposcaia em opróbrio, isto é, será difamado e, com ele, a igreja; e isso seria equiva­lente a cair no laço do diabo. É laço armado pelo diabo o mau comportamento dos líderes da igreja, de tal modo que os de fora não se motivarão a ouvir o evangelho. Perguntamo-nos de novo se a ganância e a conduta abusiva dos falsos mestres não estão trazendo opróbrio à casa de Deus em Éfeso, especialmente quando se considera que Paulo havia sido acusado assim em Tessalônica (1Ts 2:1-10) e que os moralistas pagãos em particular condenavam tais atividades entre os "falsos" filósofos.

Subsídio para o Professor

INTRODUÇÃO

Na acepção do Novo Testamento, os presbíteros são cristãos maduros, de excelente caráter e que detêm liderança espiritual em uma igreja local. Os vocábulos: presbítero, ancião e bispo, são usados no compêndio neotestamentário com o mesmo significado (ler 1Pedro 5:1-9). Ao longo da história da igreja, a atividade do presbítero, ou bispo, caracterizou-se pelo ministério de apascentador do rebanho do Senhor e governo da igreja local, e pela dedicação ao ensino da Palavra de Deus. É o obreiro que colabora com o pastor titular da igreja, ajudando-o no cuidado e zelo do rebanho do Senhor Jesus Cristo.

I.  A ESCOLHA DOS PRESBÍTEROS

1. Significado da função. O nome “presbítero“, que se refere à maturidade espiritual do homem, deriva da palavra grega presbyteros. O vocábulo grego episkopos, traduzido por “bispo”, “supervisor” ou “ancião”, é também usado em referência aos presbíteros, e descreve sua função como “pastores” do rebanho do Senhor Jesus. Os nomes “presbítero” e “bispo” são geralmente interpretados como referindo-se às mesmas pessoas pelas seguintes razões: em Atos 20:27, Paulo mandou chamar os presbíteros de Éfeso; no versículo 28, ele se dirigiu a eles comoepiskopoi(anciãos). Pedro, de igual modo, em 1Pedro 5:1,2, usa ambos os termos sem os distinguir. As qualificações para os bispos (episkopoi), em 1Timóteo 3, e para os presbíteros(presbyteroi), em Tito 1, são essencialmente as mesmas.
Na igreja contemporânea, há uma diversidade de interpretações acerca da função do presbítero:
- Na Igreja Presbiteriana, o presbítero é um clérigo ordenado (governante) ou um leigo (educador), com o conjunto desses presbíteros formando o corpo governante.
- As Igrejas Batistas denominam como presbitério, o Ministério Pastoral.
- Na Igreja Congregacional, os presbíteros formam o segundo nível administrativo.
- A Igreja Assembleia de Deus, na Convenção Geral de 1937 os convencionais estabeleceram a hierarquia eclesiástica, que até hoje prevalece, assim: diácono, presbítero, evangelista e pastor. Portanto, na Assembléia de Deus o presbítero compõe o terceiro nível de liderança eclesiástica.
2. A liderança local. ”Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros…”(Tt 1:5). Paulo deixou Tito em Creta para colocar em ordem as coisas restantes nas igrejas e constituir nessas igrejas presbíteros. O texto da carta indica que havia graves faltas na vida individual e conjunta das igrejas de Creta, como: - falta de liderança espiritual (Tt 1:5); - falsos mestres (1:10,11); - conduta imoral entre os membros da família de Deus, tanto jovens quanto velhos (2:1-10). A ilha de Creta era uma região altamente marcada pela devassidão moral e pela disseminação de muitas heresias. As igrejas, ainda incipientes, corriam sérios riscos de ser atacadas por esses perigos morais e espirituais. Somente sob uma liderança bíblica e moralmente sadia a igreja poderia resistir a esse cerco ameaçador. A maneira mais adequada de combater o erro é espalhar a verdade; a forma mais eficaz de combater os falsos mestres é multiplicar os verdadeiros mestres. Assim como a igreja de Jerusalém tinha uma pluralidade de presbíteros (At 11:30), Paulo também constituiu presbíteros nas igrejas (At 14:23). Essa mesma prática deveria ser repetida em todas as igrejas da ilha de Creta (Tt 1:5). Desta feita, torna-se claro o aspecto pastoral da função de presbíteros nas comunidades cristãs antigas.
3. As qualificações. A missão do presbítero é de tanta importância que o Novo Testamento dedica vários textos a respeito das qualificações que se devem exigir dos obreiros que são escolhidos para essa função ministerial. Na escolha do presbítero, segundo a Palavra de Deus, devem ser observadas algumas qualidades ou qualificações, com base no texto de Tito 1:6-9, que equipara o presbítero ao ”bispo” :
6. aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.
7. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
8. mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante,
9. retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes”.
As características do presbítero exaradas neste texto têm mais a ver com a sua vida do que com o seu desempenho. A vida do líder é a vida da sua liderança. A vida precede o ministério e é sua base. Portanto, ele precisa ser:
Irrepreensível. O retrato que Paulo traça do presbítero (Tt 1:6) ou bispo (1:7) é emoldurado pela irrepreensibilidade. John Stott corretamente diz que isso não quer dizer que os candidatos teriam de ser totalmente isentos  de falhas e defeitos, pois nesse caso todos seriam desqualificados. A palavra empregada é anenkletos - ”sem culpa, não passível de acusação” - e não anômos - ”sem mácula“. O presbítero não pode deixar brechas no seu escudo moral. Seu ofício é público e sua reputação pública precisa ser inquestionável.
Pelo texto, o presbítero precisa ser irrepreensível em três áreas distintas:

A) IRREPREENSÍVEL COMO LÍDER DE SUA FAMÍLIA- Tt 1:6
Nesta área, ele precisa ser irrepreensível em dois pontos vitais:
1) Como marido de uma mulher. Marido de uma só mulher quer dizer marido fiel à sua esposa, ou seja, um homem livre de qualquer suspeita quanto à sua relação matrimonial, íntegro em sua conduta conjugal. Ele não pode ser um homem adúltero, mantendo relacionamentos extraconjugais; nem polígamo, casando-se com várias mulheres. Observação: Paulo não exclui do presbiterato o homem solteiro, ou viúvo que se casou novamente. Antes, ele está instruindo a igreja que os polígamos e os que se divorciam e se casam novamente, por razões não amparados nas Escrituras, estão desqualificados para esse ofício (Mt 19:9; 1Co 7:15).
2) Irrepreensível como pai. O presbítero precisa ser o sacerdote do seu lar, o líder espiritual da sua família. Deve criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor. Embora um pai não possa determinar a salvação de seus filhos, pode preparar o caminho do Senhor por intermédio da instrução da Palavra, da amorosa disciplina. Se o presbítero não sabe governar a própria casa, como poderá governar a igreja de Deus? Pergunta o apóstolo Paulo (1Tm 3:4,5). Obviamente isso se aplica aos filhos que vivem com a família sob a autoridade do pai.
B) IRREPREENSÍVEL COMO DESPENSEIRO DE DEUS - Tt 1:7,8
Neste aspecto, Paulo aborda o assunto sob duas perspectivas; Primeiro, ele trata do aspecto negativo, isto é, o que um presbítero não deve ser; Segundo, do aspecto positivo, isto é, o que o presbítero deve ser e ter. Vejamos, em resumo, estes aspectos.
B1) ASPECTOS NEGATIVOS - defeitos que o presbítero não deve ter. O presbítero nãodeve ser:
1) Soberbo. Soberba é aquela pessoa que exalta a si mesma, que só se preocupa consigo mesma e olha para os outros com discriminação e desprezo. É aquela pessoa que obstinadamente mantém a própria opinião, ou assevera os próprios direitos e não considera os direitos, sentimentos e interesses de outras pessoas.
2) Iracundo. A Bíblia não classifica toda ira como pecado (Ef 4:26); o que ela condena é o homem genioso, esquentado, de estopim curto, que, além de irar-se com facilidade, também fica remoendo por longo tempo a sua ira. Um homem que nutre mágoas e ressentimentos em seu coração definitivamente não está preparado pra exercer o presbiterato.
3) Dado ao vinho. O apóstolo Paulo é claro quando escreve aos efésios: “Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18). O abuso do vinho é condenado nas Escrituras (Pv 20:1; 23:29-35; Ef 5:18). Mesmo que a total abstinência não seja exigida nas Escrituras (cf João 2:1-11; 1Tm 5:23), há uma situação em que Paulo recomenda a abstinência, ou seja, quando o beber vinho só torna motivo de escândalo para o irmão fraco (Rm 14:21). Talvez seja por essa razão que muitos crentes contemporâneos optaram pela abstinência.
4) Violento. Trata da violência tanto verbal quanto física. Aquele que abandona o amor e recorre à violência em palavras e ações não está preparado para exercer o presbiterato. Aquele que governa os outros precisa governar primeiro suas emoções, ações e reações.
5) Cobiçoso de torpe ganância. Os cretenses eram conhecidos como indivíduos inveteradamente gananciosos (Tt 1:10-13). Alguém disse que eles se apegavam ao dinheiro como as abelhas ao mel. Os presbíteros precisam ser homens despojados dessa torpe ganância (Tt 1:7). Veja a recomendação do apóstolo Pedro: ”Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que também sou presbítero… apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele...não por torpe ganância…” (1Pe 5:1,2).
B2) ASPECTO POSITIVO - o que o presbítero deve ser e ter.  
O presbítero deve ser conhecido pelo que ele é e faz. Ele deve ornar o seu caráter como despenseiro de Deus com as seguintes virtudes:
1) Deve ser hospitaleiro. A hospitalidade na igreja primitiva era uma necessidade vital para o avanço missionário da igreja. As  hospedarias eram excessivamente caras, sofrivelmente sujas e notoriamente imorais. Sem hospitalidade os missionários itinerantes teriam sua atividade estancada. E mais, nos primeiros dois séculos da era cristã não havia templos, por isso, as igrejas reuniam-se em casas (Rm 16:5; 1Co 16:19; Fm 2).
Hoje, está prática  está em desuso. As circunstâncias exigem que os pregadores itinerantes hospedem-se em pousadas ou hotéis, e não mais em residências. Não por falta da liberalidade de irmãos, mas porque as circunstâncias favorecem a essa práxis. Todavia, quando a hospitalidade for estritamente necessária, a recomendação é clara: “Seja constante o amor fraternal. Não negligencieis a hospitalidade” (Hb 13:1,2).
2) Deve ser amigo do bem. O presbítero precisa ser um homem amante das boas ações. Precisa ver o que existe de melhor nas pessoas. Ele não tem prazer mórbido de falar mal dos outros, mas tem grande deleite em dizer o bem das pessoas. Ele não apenas chora com os que choram, mas também se alegra com os que se alegam.
3) Deve ser moderado. O presbítero deve ter o domínio completo sobre suas paixões e desejos, o que impede de ir além do que a lei e a razão lhe permitem e aprovam. Explicando melhor, o presbítero precisa ter equilíbrio, domínio próprio, autocontrole. Só se consegue ser assim com a unção do Espírito sobre sua vida (ler Ec 9:8).
4) Deve ser justo. O presbítero é um homem que não usa dois pesos e duas medidas. Ele não faz acepção de pessoas nem tolera preconceitos. Ele é justo no falar e no agir.
5) Deve ser piedoso, santo. Deus não usa grandes talentos, mas homens piedosos. Nós estamos à procura de melhores métodos, e Deus está à procura de melhores homens. Deus não unge métodos, unge homens piedosos.
6) Deve ter domínio próprio. Ninguém está apto para liderar os outros se não tem domínio de si mesmo. Aquele que domina a si mesmo é mais forte do que aquele que domina uma cidade.
C) IRREPREENSÍVEL COMO MESTRE DA PALAVRA - Tt 1:9.
Nesta etapa é tratada a relação do presbítero com a igreja local. Refere-se ao ministério de ensino da Palavra de Deus. O presbítero precisa ser um obreiro aprovado e manejar bem a Palavra da verdade. Paulo menciona três coisas importantes:
1) O presbítero precisa demonstrar fidelidade doutrinária. ”retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina...” . O presbítero não pode ser um neófito (1Tm 3:6); deve ser um mestre na Palavra. Ele precisa ser um estudioso das Escrituras. Ele precisa afadigar-se na Palavra (1Tm 5:17). Paulo diz que os presbíteros têm dois ministérios com respeito à Palavra de Deus: (a) edificar a igreja pela sã doutrina; (b) rejeitar os falsos mestres que espalham doutrinas perniciosas
2) O presbítero precisa demonstrar capacidade para o ensino. Paulo prossegue: “para que seja poderoso…para admoestar com a sã doutrina…”. A capacidade para exortar não vem da força, das técnicas da psicologia nem mesmo do ofício que o presbítero ocupa, mas do conhecimento da verdade para aplicar corretamente as Escrituras. A exortação não é fruto de capricho ou opinião pessoal do presbítero, mas do reto ensino das Escrituras. Sua exortação está fundamentada no reto ensino da verdade.
3) O presbítero precisa demonstrar habilidade na apologética. Paulo diz que o presbítero precisa ser  “[…] poderoso […] para convencer os contradizentes”. Somente um indivíduo que tem destreza na verdade pode confrontar os falsos mestres, combater os falsos ensinos e convencer aqueles que contradizem a Palavra de Deus.
Portanto, “a árvore é vetusta, mas é preciso ver onde se firmaram suas raízes, que seiva a alimenta, que sombra oferece e que benefícios comunicam seus frutos”.

II. A IMPORTÂNCIA DO PRESBITÉRIO

1. Significado do termo. O termo “presbítero” é a tradução literal do vocábulo grego presbyteros(sénior, no latim), que é o com­parativo de superioridade de présbys, velho ou an­cião. Portanto, preliminarmente, o presbítero é um homem menos moço, com mais ida­de do que o comum dos de um grupo ou congrega­ção; idade, no sentido de vida mental, vida moral, vida espiritual eexperiência.
No Antigo Testamento, o primeiro elemento chamado, entre o povo judeu escravo, pa­ra representá-lo perante uma autoridade foi o ancião, ou seja, o presbítero, ao qual Deus determinou a Moisés que convocasse para gestões de libertação peran­te faraó do Egito. No deserto, 70 anciãos foram chamados para ajudar Moisés a governar o povo (Nm 11:16,17).
O apóstolo Paulo aconselhou o jovem obreiro Timóteo a não desprezar o Dom que havia nele, reconhecido pelo conselho de obreiros, formado por anciãos (presbíteros) da igreja cristã - “Não desprezes do dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério” (1Tm 4:14). Este texto exalta a grande importância que tem o presbitério na liderança espiritual da igreja.
2. A atuação do presbitério. Segundo o compêndio doutrinário da igreja - o Novo Testamento -, a atuação do presbitério dá-se em duas áreas principais: ministério da Palavra e governo da igreja. Misturam-se nestas duas áreas todas as tarefas suficientes para satisfazerem os requisitos necessários de ordem espiritual e de ordem material, que ocorrem na vida da comunidade cristã que está sob a responsabilidade do presbítero.
“No Concilio de Jerusalém, em relação às sérias questões étnicas e eclesiásticas que podiam comprometer a expansão da igreja, os apóstolos e os anciãos (presbíteros) foram chamados para debater e legislar sobre o assunto (At 15:2,69-11). Em seguida, os presbíteros foram enviados à Antioquia para orientar os irmãos sobre a resolução dos problemas que perturbavam os novos convertidos: ‘E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém’ (At 16:4)” (LBM).
3. A valorização do presbitério. O presbitério é  uma força a serviço do Reino, para auxiliar o ministério no pastoreio do rebanho de Cristo. O ofício do presbítero é dignificado pelas Escrituras Sagrdas. O próprio compêndio doutrinário da Igreja - Novo Testamento - mostra a sua importância ao desenvolvimento das igrejas locais e ao bom ordenamento do Corpo de Cristo (cf. Atos 14:23; 20:17; 1Tm 4:14; 1Pe 5:1,2; Hb 13:17).
No princípio da igreja, o presbítero fazia parte de um grupo de obreiros, responsáveis pelo cuidado e ordenação das novas igrejas que surgiam em decorrência da evangelização intensa; ele era o pastor local. O apóstolo Paulo, que era um líder responsável e zeloso com o rebanho do Senhor, teve o superlativo cuidado de organizar a administração das igrejas por ele abertas em suas viagens missionarias, pondo à frente delas presbíteros de caráter ilibado. Para as igrejas de Creta, orientou a Tito que de cidade em cidade estabelecesse presbíteros (Tt 1:8), mostrando assim o elevado valor que esses obreiros exibem no desempenho de suas funções: governo da igreja e ministério de ensino. É o próprio Paulo quem diz: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicata honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina“ (1Tm 5:17).
Portanto, o panorama dos textos pertinentes mostra que os presbíteros era o principal grupo de liderança das igrejas neotestamentárias. Os líderes das Assembleias de Deus precisam valorizar mais as Escrituras do que os seus estatutos efêmeros; só assim podem perceber a valorização do presbitério.

III. OS DEVERES DO PRESBITÉRIO

1. Apascentar a Igreja. O apóstolo Pedro após colocar-se como copresbítero, ou seja, na mesma posição dos presbíteros das igrejas dispersas, dá a eles uma ordem expressa: “apascentai o rebanho de Deus que está entre vós…”(1Pe 5:2a). Com respeito ao apascentamento do rebanho, Pedro dá três orientações práticas:
a) ”…não por força, mas voluntariamente…”. (1Pe 5:2a). O Presbítero é um pastor de ovelhas, e a igreja é o rebanho de Deus. O presbítero não é o dono do rebanho. Deus nunca passou aos presbíteros(pastores) o direito de posse das ovelhas. Cabe ao presbítero alimentar, proteger e conduzir as ovelhas de Deus. Pedro diz que a liderança da igreja não é algo imposto pela coerção, mas algo voluntário.
b) “… nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto…” (5:2b). Na igreja do primeiro século havia exploradores itinerantes que saíam percorrendo as igrejas, buscando os bens dos cristãos, em vez de cuidar do povo; daí esta exortação de Pedro. A liderança da igreja não é um posto de privilégio, mas de serviço. O presbitério deve visar a glória de Deus e o bem das ovelhas de Cristo, em vez de fazer a obra visando lucro. A igreja não é uma empresa cuja finalidade é o enriquecimento de seus líderes. A recompensa financeira jamais deve ser a motivação para alguém exercer o pastorado. Um espírito mercenário é incompatível com o exercício desse nobre ofício.
c) “…nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”(1Pe 5:3). Os  presbíteros recebem autoridade diretamente do Supremo Pastor (1Pe 5:4) por meio do Espírito Santo (At 20:28). Porém, não devem fazer mau uso dessa autoridade. O presbítero deve ser um exemplo para a igreja, e não um ditador na igreja. Deve andar na frente do rebanho como paradigma, e não atrás do rebanho para fustigá-lo  e ameaçá-lo. Jesus ensinou que liderança é serviço (ler Mc 10:45; João 13:4,5). Na igreja de Deus, ser grande é ser servo de todos.
2. Liderar a igreja local. Um dos principais deveres dos presbíteros é liderar as igrejas do Novo Testamento. Em 1Timóteo 5:17 lemos: “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem”. Antes, na mesma epístola, Paulo diz que o bispo (ou presbítero) “deve governar bem a sua própria casa […] pois, como cuidará da igreja de Deus?” (1Tm 3:4,5). Pedro também indica uma função de liderança para presbíteros quando os exorta em 1Pedro 5:2-5. O fato de que eles devem atuar como pastores do rebanho de Deus e de que não devem dominar pela força (isto é, liderar de modo ríspido ou opressor) sugere que os presbíteros têm função de liderança e de governo nas igrejas para as quais Pedro está escrevendo.
Além das responsabilidades de liderança, parece que os presbíteros também tinham responsabilidade de ensino nas igrejas do Novo Testamento. Em 1Tm 3:2, um bispo (presbítero) “deve ser apto para ensinar”. Ademais, em 1Tm 5:17 (ARA), Paulo diz: “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino”.
Conclui-se que no Novo Testamento, os presbíteros tinham a responsabilidade de dirigir e ensinar nas igrejas. Como bem diz o pr. Elinaldo Renovato, “ensinar e governar com equidade e seriedade é o maior compromisso de todo homem de Deus chamado para tão nobre tarefa”.
3. Ungir os enfermos. Tiago instrui quanto à atuação dos presbíteros da igreja nesse importante ministério - ”Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor” (Tg 5:14). Tais obreiros foram separados por Jesus e pela igreja para atender a essas demandas.

CONCLUSÃO

No Novo Testamento, a referência a presbíteros sempre é feita no plural - “presbíteros”, “bispos” ou “anciãos” -, dando a entender que, em geral, o presbítero não agia isoladamente, mas como um corpo de ministros, ou de líderes, que cuidava da igreja local. Não é mencionada uma só igreja onde houvesse apenas um presbítero, por isso sempre são citados no plural (At 11:30; 15:2,4,6; 20.17; Tg 5:34 : 1Pe 5:1). Isto denota o subido valor que este grupo tinha no início da igreja.
O crescimento das igrejas, como fruto da evangelização e do discipulado, exige a delegação de atividades a pessoas que tenham condições de liderar o rebanho do Senhor Jesus (Tt 1:5,7). Os supervisores ou o pastor titular não podem abarcar tudo para si, sob pena de não darem conta das inúmeras responsabilidades que a igreja local requer.

Abraços.

Tirem o máximo proveito da Lição.

Vivam vencendo!!!

Seu irmão menor.

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