TEXTO ÁUREO
“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa
ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses
presbíteros [...]” (Tt 1.5).
VERDADE PRÁTICA
O presbitério deve ser constituído por pessoas idôneas para
auxiliar na administração da igreja local.
INTRODUÇÃO
A origem do Presbítero
O termo hebraico Zaqên, que no Antigo Testamento significa
ancião, teve, no Novo Testamento, o termo equivalente, em grego presbuteros. O
presbítero não é mera honraria. É um oficio que atua na vida espiritual e
administrativa da Igreja, como esteve integrado na vida da primitiva comunidade
cristã, julgando e presidindo. O oficio de presbítero deixa raízes no Antigo
Testamento, e é possível encontrá-lo até mesmo entre os povos pagãos.
No Egito havia uma Ordem Presbiteral. Um conselho de anciãos
que gozava da confiança de Faraó e assistia na sua presença: Gn 50.7; SI
105.22. Os midianitas e moabitas tinham seus anciãos, que formavam um
presbitério e, provavelmente, exerciam autoridade sobre as comunidades, visto
que assistiam diante dos reis e eram por estes convocados nas situações
difíceis: Nm 22.4-7, Do texto se infere que essa dignidade não lhes provinha de
um estado de senectude, mas de qualificações morais, intelectuais e
espirituais.
Em Esparta, a famosa cidade grega, o governo era formado por
um Senado composto por vinte e oito anciãos (presbíteros), cuja importância era
semelhante à do Areópago ateniense, e que serviam ao mesmo tempo como
legisladores, juizes, magistrados, administradores. Eram os chamados gerontes,
Entre os israelitas o oficio de presbítero não foi uma
criação acidental, mas estava no propósito de Deus. Desde o início Deus
dignificou, com honras, a pessoa do presbítero. Homens idosos eram escolhidos
para o ofício presbiteral. Melhor seria dizer: homens amadurecidos, porque é
importante sabermos que a idade não era a condição principal para o exercício
do presbitério. Todo presbítero deveria ser um homem de idade madura, mas nem
todo homem velho poderia ser um presbítero. O presbítero é homem de cargo e
ofício, e não meramente um velho.
Ao lermos a Bíblia, vamos encontrar o presbítero, desde o
início da História Sagrada, exercendo o ofício em funções diversas: como
conselheiro, magistrado, juiz, cabeça de família, chefe tribal, condutor de
massas, chefe militar, embaixador, e, por fim, como pastor e bispo da igreja de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Sempre respeitado, honrado e acatado em suas decisões. Nada
se lhe devia ocultar, e o destino político-religioso da nação lhe era confiado,
O que Deus falava a Moisés e a Arão, ambos deveriam, de imediato e por ordem de
Jeová, comunicar aos anciãos de Israel. Como no caso dos presbíteros de Éfeso,
chamados por Paulo a Mileto At 20.17, eles eram responsáveis pelo governo
espiritual do povo.
O PRESBITÉRIO DA IGREJA DE DEUS
Assim como o tabernáculo do Velho Testamento teria de ser
feito conforme a planta que, no monte o Senhor dera a Moisés, x 25.9, também a
Igreja deve em tudo ser edificada conforme a Palavra de Deus. Paulo adverte a
Timóteo: “Conserva o modelo...”, 2Tm 1.13. Neste estudo da Palavra veremos algo
do que Deus diz a respeito do presbitério na Igreja.
O PRESBITERIO, COMO FORMA DE GOVERNO, JÁ EXISTIA NAS
SINAGOGAS DOS JUDEUS.
Encontramos na Bíblia que Israel, desde seus primórdios, era
dirigido por um conselho de anciãos, Nm 11.16,17; estes, juntamente com o sumo
sacerdote e os demais sacerdotes, regiam espiritualmente o povo, até no tempo
do Novo Testamento, Mt 26.57; At 4.5; 5.21. Os anciãos representavam o povo,
nos sacrifícios, Lv 4.15; e a cidade perante o profeta, 1Sm 16.4, etc. Eram a
“Cabeça” do povo, Is 9.15.
Era, pois, natural que a Igreja Cristã, que procede do
judaísmo, se entrosasse na forma de governo já existente, o que se harmonizava
com o seu espírito e caráter.
O PRESBÍTERO DIRIGIA A IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA.
Não encontramos no Novo Testamento outra forma de governo.
Na igreja de Jerusalém achamos na direção “os apóstolos e os anciãos”, At 15.2;
16.4. O mesmo encontramos em Efeso, At 20.17.
Em lugar nenhum do Novo Testamento encontramos os diáconos
fazendo parte do ministério da igreja. Sempre os vemos servindo em funções
materiais, a fim de que os dirigentes espirituais pudessem dedicar maior tempo
à oração e à Palavra, At 6.1-5. O diaconato não é contado entre os ministérios
espirituais, Ef 4.11.
O Novo Testamento não relata forma alguma de “Diretoria”
como direção de Igreja. E lógico e correto que uma igreja constituída de pessoa
jurídica tenha uma diretoria que a represente perante a lei e as autoridades. A
direção espiritual, porém, é do presbitério. E é apenas prudência escolher para
membros da diretoria, enquanto isto for possível, componentes do presbitério.
A PALAVRA PRESBÍTERO, RELACIONADA COM A IGREJA, APARECE
SEMPRE NA FORMA PLURAL
Em At 11.30; 20.28; 21.18; Fp 1.1; Tt 1.5, etc., às vezes é
usada a palavra “anciãos”, outras vezes “presbíteros” ou “bispos” — três
expressões para urna só coisa. Vide At 20. 17,28; Tt 1.5,7. Fica claro que o
governo da igreja não estava nas mãos de um só indivíduo.
Iniciado o trabalho pentecostal no Brasil, a questão
presbitério se atualizou. Tanto os primeiros missionários, como os primeiros
crentes, vinham do meio batista e, por isso, organizavam igrejas como as dessa
denominação. Tendo, porém, examinado as Escrituras, perceberam que a palavra
“ancião” em relação à igreja, sempre aparece na Bíblia, na forma plural.
Resolveram, após jejum e oração, consagrar diversos presbíteros. Esta prática
dura até hoje por todo país. Logo, o presbítero não é uma “importação do
estrangeiro”, nem cópia de outras denominações, mas uma conseqüência da direção
do Espírito Santo: guiar para toda verdade, J0 16.13.
A PALAVRA DE DEUS INDICA DUAS CATEGORIAS DE PRESBÍTEROS.
Em primeiro lugar temos os presbíteros que trabalham na
Palavra e na doutrina, 1Tm 5.17. Estes possuem alguns dos ministérios de que
lemos em Ef 4.11, isto é, apóstolo, profeta, evangelista, pastores ou doutores.
São anciãos em função de sua tarefa de apascentar, dirigir, alimentar e servir
à Igreja do Senhor; eles têm, além de seu presbiterato, um ministério
espiritual, pelo qual servem ao reino de Deus. Lemos que tanto Pedro como João
se chamavam “presbítero”, 1Pe 5.1; 2 Jo 1; 3 Jo 1. São presbíteros chamados a
pregar o Evangelho, vivendo portanto do Evangelho, 1 Co 9.14.
Encontramos na Palavra de Deus presbíteros que não se ocupam
com a palavra, 1Tm 5.17. Por vocação divina, têm sido consagrados para servir
como anciãos na Igreja de Deus, mas não têm o ministério de apóstolo, profeta,
evangelista, pastor ou doutor. Servem à igreja, mas vivem de sua ocupação
material. De uma ou de outra categoria de presbíteros (vivendo ou não do
Evangelho), a Palavra de Deus exige o mesmo, tanto em qualidades espirituais
como morais, 1Tm 3.1-7, e todostêm participação na direção espiritual da
igreja.
Dentre os presbíteros anteriormente citados, Deus escolhe o
que deve dirigir. Isto vemos em 1Tm 5.17, quando lemos que são dignos de
duplicada honra os que “trabalham com a Palavra de Deus”. Todos os presbíteros
têm a mesma responsabilidade como presbíteros, mas aqueles a quem Deus destinou
um ministério espiritual, Ef 4.11, exercem uma influência maior, através da sua
vocação mais ampla.
Notamos sempre que os apóstolos eram citados antes dos
anciãos, At 15.2, e que estes eram separados por aqueles, At 15.13; 21.18.
Vemos que era Tiago que presidia a Igreja de Jerusalém e, em 1Tm 1.3, notamos
que Timóteo tinha idêntica função em Éfeso.Em Gl 2.9 vemos Pedro, Tiago e João
considerados como “colunas” e, em Ap 2.1 se registra que apesar da pluralidade
de presbíteros emEfeso, At 20.17, Jesus se dirige ao “anjo da igreja”, isto é,
ao presbítero líder.
Nisto há grande sabedoria divina. Para dirigir a igreja,
Deus escolheu presbíteros que vivem do Evangelho, bem como aqueles que servem à
igreja sem que esta por eles se responsabilize economicamente. Seria mais que
pesado ter a igreja de sustentar a todos os presbíteros. A sabedoria de Deus é
sempre perfeita!
COMO CONSEGUIR COOPERAÇÃO PERFEITAMENTE HARMONIOSA EM UM
PRESBITÉRIO
Cada presbítero deve ser de espírito humilde e saber
cooperar, 1Pe 5.5. Ë sinal de ótimo desenvolvimento espiritual saber sujeitar-se
aos outros e considerar os outros superiores a si próprio, Fl 2.1,8. Então cada
um respeita o outro na vocação que este tem de Deus. Este é o fundamento
invariável da força espiritual do presbítero. E não é demais comparar-seuma boa
cooperação no presbitério a um matrimônio feliz.
Todo presbítero deve zelar, primeiramente por si próprio e,
depois, por todo trabalho que
Deus lhe confiou, At 20.28. Todo presbítero deve buscar o
bem da Igreja. É um grande perigo para o presbítero defender seu próprio interesse
e descuidar-se da união da igreja ou atrair simpatia de algum grupo para sua
própria pessoa. A este tipo de presbíteros Paulo denomina “lobos”, advertindo
os crentes contra eles e os exortando a vigiar, At 20.29,30.
É importante que cada ancião, ainda que responsável por
alguma congregação, pugne sempre pela união e pela coesão, sem se apresentar
como líder autônomo, mas como enviado ou representando todo presbitério. Não
aparecerão assim grupinhos isolados em torno de algum presbítero, 1Co 1.11-13;
3.3,5, não surgirão os ‘Diótrefes”, 3 Jo 9,10, evitar- se-ão divisões carnais e
as desnecessárias “proclamações de independência”, que tanto prejudicam a obra
de Deus. Que todos trabalhem para edificação e não para destruição, 2 Co 10.8;
13.10. Todos devem promover o progresso do trabalho, At 4.31, para que a Igreja
avance unida, coesa e forte. Aleluia!
COMO ERAM CONSTITUÍDOS OS PRESBÍTEROS
Constituíam-se com oração e jejum, e pela imposição das
mãos, At 14.23. Ospresbíteros já consagrados indicavam e escolhiam os novos
anciãos, Tt 1.5; At 14.23, e nada faziam senão confirmar o que o Espírito Santo
já houvesse determinado. Por isso Paulo podia dizer aos anciãos de Éfeso que o
Espírito Santo os constituíra bispos, At 20.28.
Quantas decepções teriam sido evitadas por consagrações de
presbíteros se antes se tivesse buscado a vontade do Espírito Santo, através de
oração e jejum!
O presbítero local destina-se somente à igreja local.
“Havendo-lhes eleito... anciãos em cada igreja”, At 14.23 e, “de cidade em cidade,
estabelecessem presbíteros”, Tt 1.5. Nenhum presbítero, viva ele da palavra ou
não, é ancião de outra igreja, senão daquela pela qual for responsável.
Quem, além de seu presbitério, tiver um ministério como por
exemplo de evangelista ou doutor, leva-o consigo, a qualquer parte, mas não é
ancião senão na igreja na qual serve.
Oportunamente veremos as qualificações e as funções dos
anciãos. Fica, porém, claro, desde já, que a Igreja de Deus, agraciada com um
presbitério bom e unido, tem infinitas razões de dar graças a Deus. Tal
presbitério é digno do amor e da consideração de todos os membros da igreja.
Que Deus abençoe a todos os presbíteros que servem às milhares de igrejas
existentes em todo território nacional! Amém.
Qualificações dos Presbíteros= (1 Tm 3.1-7)
Até este ponto Paulo falou de algumas preocupações
concernentes à comunidade, no culto, e corrigiu alguns abusos gerados pelas
atividades dos presbíteros heréticos. Agora, ele se volta para os próprios
presbíteros e estabelece algumas qualificações para o "ofício".
Ele começa, nos VV. 1-7, com um grupo chamado
episkopoi("supervisores" ); a seguir, nos vv. 8-13, passa para um
grupo chamado diakonoi(" servos"," diáconos"), com uma nota
também sobre algumas mulheres no v. 11. É de todo provável que ambos os
ofícios, o de presbítero (supervisor) e o de "diácono" estejam sob a
categoria mais ampla presbyteroi ("anciãos", ou
"presbíteros"). Em qualquer caso, a evidência que temos de Atos
20:17 e 28, e de Tito 1:5 e 7 indica que os termos episkopoi,
"supervisores" (At 20:28; Tt 1:7), e presbyteroi,
"presbíteros", "anciãos" (At 20:17; Tt 1:5), são
parcialmente intercambiáveis. Assim, pelo menos os supervisores (episkopoi)
deste primeiro parágrafo são presbíteros da igreja.
Convém notar que em contraste com Tito (1:5), Timóteo não
foi deixado em Éfeso para designar presbíteros. Em verdade, tudo em Timóteo,
bem como a evidência de Atos 20, indica que já havia presbíteros nessa igreja.
Por que, pois, esta instrução? Novamente, a evidência aponta para o caráter e
para as atividades dos falsos mestres. Quanto a isto, duas coisas devem ser
notadas: Primeira, muitos dos itens constantes da lista estão em nítido
contraste com o que está escrito algures na carta acerca dos falsos mestres.
Segunda, a lista em si tem três aspectos notáveis:
(1) Ela dá as
qualificações, e não os deveres;
(2) a maioria dos itens reflete o comportamento exterior,
observável; e
(3) nenhum dos itens é distintamente cristão (p.e., amor,
fé, pureza, perseverança; cp. 4:12; 6:12); antes, refletem os mais elevados
ideais da filosofia moral helenística. Uma vez que a passagem toda aponta para
o v. 7, com o qual conclui, isto é, concerne à reputação da igreja entre os
estranhos, isto sugere que os falsos mestres traziam, por seu comportamento,
infâmia ao evangelho. Portanto, Paulo está preocupado não somente em que os
presbíteros tenham virtudes cristãs (estas são presumidas), mas que também
reflitam os mais elevados ideais da cultura.
Se estivermos corretos em identificar os falsos mestres como
sendo presbíteros, o motivo por que Paulo estabelece este conjunto de
instruções é que Timóteo deve cuidar de que os presbíteros vivam à altura de
sua designação, isto é, por esses padrões. Ao mesmo tempo, é claro, a igreja
toda estará ouvindo e, desse modo, recebendo as bases para disciplina dos
presbíteros transviados, bem como para a substituição deles (cp. 5:22, 24-25).
3:1 A seção começa com nossa segunda palavra fiel (ditado,
1:15).Visto que a palavra em si pareceria um tanto pedante e porque o verbo
"salvar" (cp. 1:15) surge em 2:15, alguns têm alegado que o versículo
precedente é a palavra fiel digna de toda a aceitação. Porém, 2:15 não temas
características de "ditado", enquanto 3:1 tem, a despeito de seu
conteúdo nada ter que ver com o credo. Talvez se tenha exagerado o conceito de
"ditado", como se todos os "ditados" ou palavras dignas
"de toda aceitação" estivessem circulando abertamente na igreja (como
1:15 talvez circulasse). Mais provável é que tais palavras se tenham tornado
para Paulo uma espécie de fórmula de reforço: "O que vou dizer tem
importância especial", ou, "pode ser aceito em geral como
verdadeiro".
A palavra fiel em si é: se alguém aspira ao episcopado,
excelente obra deseja. Parece emprestar algum crédito ao ponto de vista
comumente aceito de que as pessoas estavam "candidatando-se ao
cargo". Mas não existe nenhuma outra evidência no NT de que as pessoas
"aspirassem a" posições de liderança na igreja. A pouca evidência que
temos implica que os chefes de famílias dentre os mais antigos convertidos
eram normalmente designados para tais posições (At 14:23; cp. 1 Co 1:16 e
16:15-16).
A palavra fiel, com efeito, concentra-se menos na pessoa e
mais no cargo. Portanto, Paulo não está elogiando as pessoas que têm grande
desejo de tornar-se líderes; ao contrário, ele está dizendo que o cargo de
presbítero (episcopado) é questão sobremodo significativa, uma excelente obra,
que deveria ser, na verdade, o tipo de tarefa à qual uma pessoa podia aspirar.
Assim, a despeito das atividades de alguns, não é por essa razão que ele vai
negar o cargo em si.
3:2-3 Considerando-se que aspirar ao episcopado é aspirar
excelente obra, Paulo está interessado em que os presbíteros em Éfeso manifestem
vidas verdadeiramente exemplares.
O bispo, portanto, deve ser irrepreensível. Isso pareceria
excluir qualquer aspirante ao cargo! A expressão irrepreensível, porém, que se
repete com referência às viúvas em 5:7 e ao próprio Timóteo em 6:14 (num
contexto escatológico), relaciona-se com a conduta observável irrepreensível.
Parece que o termo foi criado de modo que cobrisse a seguinte lista de onze
virtudes ou qualidades (na maioria, palavras no singular, no grego), que
deveriam caracterizar um bispo.
O primeiro item da lista, marido de uma só mulher, é uma das
frases verdadeiramente difíceis das Epístolas Paulinas(cp. 3:12; 5:9, sobre as
"verdadeiras" viúvas, e Tt 1:6). Há, pelo menos, quatro opções:
Primeira, poderia exigir que o supervisor fosse casado. O
apoio encontra-se no fato de que os falsos mestres proíbem o casamento, e Paulo
insiste no casamento para as viúvas desviadas (5:14; cp. 2:15). Mas contra esta
interpretação verifica-se que ela enfatiza o termo é necessário e a palavra
mulher, enquanto o texto enfatiza a palavra uma. Talvez Paulo e Timóteo não
fossem casados, e tal interpretação estaria em contradição com 1 Coríntios
7:25-38. Ademais, havia um pressuposto cultural segundo o qual as pessoas, em
sua maioria, deveriam ser casadas.
Segunda, talvez o texto esteja proibindo a poligamia. Isto
se acentua de modo correto pela expressão uma só mulher; contudo, a poligamia
era característica tão rara na sociedade pagã que tal proibição seria
insignificância inaplicável. De mais a mais, não pareceria ajustar-se à frase
idêntica usada com referência às viúvas em 5:9.
Terceira, poderia estar proibindo um segundo casamento. Tal
interpretação conta com o apoio de muitos dados: Ajustar-se-ia às viúvas de
modo especial. Todos os tipos de evidência louvam as mulheres (a elas de modo
especial e às vezes também os homens) que " se casaram uma única vez"
e permaneceram "fiéis" a esse casamento, depois que seus parceiros
morreram. Esta perspectiva proibiria, pois, o segundo casamento após a morte
do cônjuge, mas também proibiria, é óbvio — talvez de modo especial — o
divórcio e o novo casamento.
Alguns eruditos (p.e., Hanson) tratam do texto como
referindo-se somente a esta última interpretação.
Quarta, talvez o texto esteja exigindo fidelidade marital a
uma só mulher (cp. GNB:" fiel à sua única esposa"). Neste caso,
exige-se do bispo que viva uma vida matrimonial exemplar (o casamento fica
implícito), fiel a uma só mulher numa cultura em que a infidelidade marital era
comum e, às vezes, implícita. Seria, é natural, um meio de se eliminar a
poligamia e o divórcio e novo casamento, mas não eliminaria, necessariamente, o
novo casamento de um viúvo (embora esse ainda não fosse o ideal paulino; cp. 1 Co
7:8-9, 39-40). Embora ainda haja muito que ser dito a favor de uma ou de outro
entendimento da terceira opção, a preocupação de que os líderes da igreja vivam
vida matrimonial exemplar parece ajustar-se melhor ao contexto — dada a
aparente desvalorização do casamento e da família apregoada pelos falsos
mestres (4:3; cp. 3:4-5).
A próxima palavra, vigilante, muitas vezes se relaciona, no
grego, ao uso de bebidas alcoólicas. Contudo, uma vez que está dito de modo
específico no v. 3, não dado ao vinho, o termo vigilante talvez esteja sendo
usado de maneira figurada, significando: "livre de todas as formas de
excesso, paixão ou temeridade" (cp. 2 Tm 4:5). O bispo deve também ser
sóbrio e honesto, palavras que muitas vezes ocorrem juntas nos escritos pagãos
como elevados ideais de comportamento. Portanto, um líder cristão deve estar
acima, e não abaixo, desses ideais.
É necessário que ...o líder da igreja seja ...
tambémhospitaleiro. Esta era, de igual modo, uma virtude grega, mas constituía
a expectação extrema de todos os cristãos da igreja primitiva (cp. 5:10; Rm
12:13; 1 Pe 4:9; Aristides, Apology15). De igual modo... é necessário... que
ele também seja apto para ensinar. Este é o único item da lista que também
implica deveres, assunto que se tornará claro em 5:17. Este adjetivo se repete
em 2 Timóteo 2:24 e Tito 1:9, cujos contextos sugerem que apto para ensinar
significa capacidade tanto para ensinar a verdade como para refutar o erro.
Ao acrescentar:... é necessário, pois, que o bispo seja não
dado ao vinho, está Paulo também estabelecendo um contraste com os falsos
mestres? Talvez não, em face do ascetismo observado em 4:3. Todavia, pode ser
que tenham sido ascetas acerca de determinados alimentos, mas beberrões de
vinho bastante indulgentes. Em qualquer caso, a embriaguez era um dos vícios
comuns da Antiguidade, e poucos autores pagãos a verberam de modo aberto —
somente contra outros "pecados" que pudessem acompanhá-la (violência,
repreensão e xingação pública dos escravos, etc. ). O bispo não tem de ser,
necessariamente, abstêmio (5:23), mas tampouco deve ser dado ao vinho (cp. 3:8;
Tt 1:7); o alcoolismo é condenado nas Escrituras de modo insistente.
As próximas três qualidades talvez andem juntas e, deveras,
parecem refletir o comportamento dos falsos mestres....É necessário, pois, que o
bispo seja... não espancador, mas moderado, inimigo de contendas. A descrição
dos falsos mestres em 6:3-5, bem como em 2 Timóteo 2:22-26 (cp. Tt 3:9), dá a
entender queesses homens são dados a dissensões e a brigas. O verdadeiro
presbítero deve ser moderado, mesmo quando corrige os oponentes (2Tm 2:23-25).
A lista conclui com
não ganancioso. De acordo com 6:5-10, a ganância se revela um dos "pecados
mortais" dos falsos mestres, diretamente responsável pela ruína deles.
Assim, uma advertência contra a avareza aparece em todas as listas de
qualificações para liderança (3:8; Tt 1:7; cp. At 20:33).
3:4-5 Paulo agora passa, nos vv. 4-7, a falar sobre três
outras preocupações. O líder da igreja deve ter família exemplar (vv. 4-5), não
deve ser recém-convertido (v. 6), mas deve ser pessoa de boa reputação entre os
de fora (v. 7). Estes qualificativos talvez também reflitam a situação em
Éfeso.
Esta passagem apenas supõe, também, que o episkoposserá
casado (mas não o exige; cp. v. 2). Não somente isso, mas a sociologia do
primeiro século também torna muitíssimo provável que os que eram designados
"supervisores" nas igrejas primitivas, levando-se em conta, de modo
especial, que estamos tratando com igrejas em lares, eram, com efeito, os
chefes das "casas" onde as igrejas se reuniam. Desse modo, como está
implícito no v. 5, prevalece o mais estreito relacionamento entre família e
igreja. O homem que fracassa no primeiro caso (família) é, por isso mesmo,
desqualificado para o outro (igreja). Em verdade, conforme 3:15 e 5:1-2
indicam, a palavra oikos"lar"; NIV, família; ECA, casa) para Paulo é
metáfora rica que subentende "igreja".
Portanto, o bispo que governe bem sua própria casa, porque
ele também cuidará da igreja de Deus. O verbo governar é usado de novo com
referência aos presbíteros em 5:17 (NIV, "dirigir" [como foi usado
anteriormente em 1 Ts 5:12, onde é traduzido "presidir"; NIV,"
estão sobre" ]), verbo que tem o sentido de " comandar, governar",
ou "estar preocupado com, cuidar de" (cp. "devotar-se a" em
Tt 3:8). A pista para seu significado aqui está em entender o verbo
acompanhante com referência à igreja, no v. 5, "cuidar de", que
carrega a força total da expressão idiomática em inglês. Em outras palavras,
"cuidar de" implica. tanto a liderança (orientação) como o interesse
atencioso. No lar e na igreja, a orientação e o interesse atencioso não têm
validade se um não estiver ligado ao outro.
O bom presbítero será conhecido por exercer uma liderança
tal, no lar, que tem seus filhos sob disciplina, com todo o respeito (lit.,
"tem filhos em submissão", como 2:11). A força da frase com todo o
respeito talvez signifique não tanto que eles obedecerão com respeito, mas que
eles serão conhecidos tanto por sua obediência como por seu bom comportamento.
Em Tito 1:6 a idéia é mais esmerada ainda, de modo que
sugere serem esses filhos bons crentes, ao lado da preocupação pela reputação
entre os de fora. Há tênue linha entre exigir obediência e obtê-la. O líder de
igreja, que na verdade deve exortar as pessoas à obediência, não
"governa" a família de Deus por essa razão. Ele "cuida
dela" de tal modo que seus "filhos", isto é, os filhos da
igreja, serão conhecidos por sua obediência e bom comportamento.
3:6 / Portanto, o líder da igreja, também não deve ser
neófito, metáfora que no grego significa literalmente "uma pessoa plantada
há pouco tempo". Conforme se repetirá de modo diferente em 5:22, o
episkoposdeve ser maduro na fé. O motivo para que assim seja é o grande perigo
de envaidecimento: para que não se ensoberbeça. Uma vez que é precisamente isto
que se diz dos falsos mestres em 6:4 (cp. 2 Tm 3:4), perguntamo-nos se alguns
deles eram neófitos (convertidos recentes), cujos "pecados... são
manifestos antes... os de outros, manifestam-se depois" (5:24).
Em qualquer caso, para que não se ensoberbeça significa
também não cair na condenação do diabo. Embora o grego de Paulo seja um tanto
ambíguo (lit., "cair no julgamento do diabo"), talvez a linguagem
esteja refletindo o tema comum de que no ministério de Cristo, de modo especial
na sua morte e ressurreição, Satanás sofreu sua derrota decisiva, que será
finalizada plenamente no fim (cp. Ap 12:7-17 e 20:7-10).
3:7 Finalmente, Paulo chega à questão de que o líder da
igreja deve ser pessoa que tenha bom testemunho dos que estão de fora. Conforme
foi notado na discussão de 2:2, esta é uma preocupação genuinamente paulina no
NT. Em verdade, esta preocupação é que coloca em perspectiva essa lista de
atributos.Tal lista tem que ver com o comportamento observável, constituindo
testemunho para os de fora. Como no v. 6, O grego de Paulo não é bem claro, mas
parece que a ênfase está em que uma reputação má junto ao mundo pagão fará que
o episkoposcaia em opróbrio, isto é, será difamado e, com ele, a igreja; e isso
seria equivalente a cair no laço do diabo. É laço armado pelo diabo o mau
comportamento dos líderes da igreja, de tal modo que os de fora não se
motivarão a ouvir o evangelho. Perguntamo-nos de novo se a ganância e a conduta
abusiva dos falsos mestres não estão trazendo opróbrio à casa de Deus em Éfeso,
especialmente quando se considera que Paulo havia sido acusado assim em
Tessalônica (1Ts 2:1-10) e que os moralistas pagãos em particular condenavam
tais atividades entre os "falsos" filósofos.
Subsídio para o Professor
INTRODUÇÃO
Na acepção do Novo Testamento, os presbíteros são cristãos
maduros, de excelente caráter e que detêm liderança espiritual em uma igreja
local. Os vocábulos: presbítero, ancião e bispo, são usados no compêndio
neotestamentário com o mesmo significado (ler 1Pedro 5:1-9). Ao longo da história
da igreja, a atividade do presbítero, ou bispo, caracterizou-se pelo ministério
de apascentador do rebanho do Senhor e governo da igreja local, e pela
dedicação ao ensino da Palavra de Deus. É o obreiro que colabora com o pastor
titular da igreja, ajudando-o no cuidado e zelo do rebanho do Senhor Jesus
Cristo.
I. A ESCOLHA DOS
PRESBÍTEROS
1. Significado da função. O nome “presbítero“, que se refere
à maturidade espiritual do homem, deriva da palavra grega presbyteros. O
vocábulo grego episkopos, traduzido por “bispo”, “supervisor” ou “ancião”, é
também usado em referência aos presbíteros, e descreve sua função como
“pastores” do rebanho do Senhor Jesus. Os nomes “presbítero” e “bispo” são
geralmente interpretados como referindo-se às mesmas pessoas pelas seguintes
razões: em Atos 20:27, Paulo mandou chamar os presbíteros de Éfeso; no
versículo 28, ele se dirigiu a eles comoepiskopoi(anciãos). Pedro, de igual
modo, em 1Pedro 5:1,2, usa ambos os termos sem os distinguir. As qualificações
para os bispos (episkopoi), em 1Timóteo 3, e para os presbíteros(presbyteroi),
em Tito 1, são essencialmente as mesmas.
Na igreja contemporânea, há uma diversidade de
interpretações acerca da função do presbítero:
- Na Igreja Presbiteriana, o presbítero é um clérigo ordenado
(governante) ou um leigo (educador), com o conjunto desses presbíteros formando
o corpo governante.
- As Igrejas Batistas denominam como presbitério, o
Ministério Pastoral.
- Na Igreja Congregacional, os presbíteros formam o segundo
nível administrativo.
- A Igreja Assembleia de Deus, na Convenção Geral de 1937 os
convencionais estabeleceram a hierarquia eclesiástica, que até hoje prevalece,
assim: diácono, presbítero, evangelista e pastor. Portanto, na Assembléia de
Deus o presbítero compõe o terceiro nível de liderança eclesiástica.
2. A liderança local. ”Por esta causa te deixei em Creta,
para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em
cidade, estabelecesses presbíteros…”(Tt 1:5). Paulo deixou Tito em Creta para
colocar em ordem as coisas restantes nas igrejas e constituir nessas igrejas
presbíteros. O texto da carta indica que havia graves faltas na vida individual
e conjunta das igrejas de Creta, como: - falta de liderança espiritual (Tt
1:5); - falsos mestres (1:10,11); - conduta imoral entre os membros da família
de Deus, tanto jovens quanto velhos (2:1-10). A ilha de Creta era uma região
altamente marcada pela devassidão moral e pela disseminação de muitas heresias.
As igrejas, ainda incipientes, corriam sérios riscos de ser atacadas por esses
perigos morais e espirituais. Somente sob uma liderança bíblica e moralmente
sadia a igreja poderia resistir a esse cerco ameaçador. A maneira mais adequada
de combater o erro é espalhar a verdade; a forma mais eficaz de combater os falsos
mestres é multiplicar os verdadeiros mestres. Assim como a igreja de Jerusalém
tinha uma pluralidade de presbíteros (At 11:30), Paulo também constituiu
presbíteros nas igrejas (At 14:23). Essa mesma prática deveria ser repetida em
todas as igrejas da ilha de Creta (Tt 1:5). Desta feita, torna-se claro o
aspecto pastoral da função de presbíteros nas comunidades cristãs antigas.
3. As qualificações. A missão do presbítero é de tanta
importância que o Novo Testamento dedica vários textos a respeito das qualificações
que se devem exigir dos obreiros que são escolhidos para essa função
ministerial. Na escolha do presbítero, segundo a Palavra de Deus, devem ser
observadas algumas qualidades ou qualificações, com base no texto de Tito
1:6-9, que equipara o presbítero ao ”bispo” :
6. aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que
tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são
desobedientes.
7. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem
espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
8. mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo,
santo, temperante,
9. retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina,
para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para
convencer os contradizentes”.
As características do presbítero exaradas neste texto têm
mais a ver com a sua vida do que com o seu desempenho. A vida do líder é a vida
da sua liderança. A vida precede o ministério e é sua base. Portanto, ele
precisa ser:
Irrepreensível. O retrato que Paulo traça do presbítero (Tt
1:6) ou bispo (1:7) é emoldurado pela irrepreensibilidade. John Stott
corretamente diz que isso não quer dizer que os candidatos teriam de ser
totalmente isentos de falhas e defeitos,
pois nesse caso todos seriam desqualificados. A palavra empregada é anenkletos
- ”sem culpa, não passível de acusação” - e não anômos - ”sem mácula“. O
presbítero não pode deixar brechas no seu escudo moral. Seu ofício é público e
sua reputação pública precisa ser inquestionável.
Pelo texto, o presbítero precisa ser irrepreensível em três
áreas distintas:
A) IRREPREENSÍVEL COMO LÍDER DE SUA FAMÍLIA- Tt 1:6
Nesta área, ele precisa ser irrepreensível em dois pontos
vitais:
1) Como marido de uma mulher. Marido de uma só mulher quer
dizer marido fiel à sua esposa, ou seja, um homem livre de qualquer suspeita
quanto à sua relação matrimonial, íntegro em sua conduta conjugal. Ele não pode
ser um homem adúltero, mantendo relacionamentos extraconjugais; nem polígamo,
casando-se com várias mulheres. Observação: Paulo não exclui do presbiterato o
homem solteiro, ou viúvo que se casou novamente. Antes, ele está instruindo a
igreja que os polígamos e os que se divorciam e se casam novamente, por razões
não amparados nas Escrituras, estão desqualificados para esse ofício (Mt 19:9;
1Co 7:15).
2) Irrepreensível como pai. O presbítero precisa ser o
sacerdote do seu lar, o líder espiritual da sua família. Deve criar seus filhos
na disciplina e admoestação do Senhor. Embora um pai não possa determinar a
salvação de seus filhos, pode preparar o caminho do Senhor por intermédio da
instrução da Palavra, da amorosa disciplina. Se o presbítero não sabe governar
a própria casa, como poderá governar a igreja de Deus? Pergunta o apóstolo
Paulo (1Tm 3:4,5). Obviamente isso se aplica aos filhos que vivem com a família
sob a autoridade do pai.
B) IRREPREENSÍVEL COMO DESPENSEIRO DE DEUS - Tt 1:7,8
Neste aspecto, Paulo aborda o assunto sob duas perspectivas;
Primeiro, ele trata do aspecto negativo, isto é, o que um presbítero não deve
ser; Segundo, do aspecto positivo, isto é, o que o presbítero deve ser e ter.
Vejamos, em resumo, estes aspectos.
B1) ASPECTOS NEGATIVOS - defeitos que o presbítero não deve
ter. O presbítero nãodeve ser:
1) Soberbo. Soberba é aquela pessoa que exalta a si mesma,
que só se preocupa consigo mesma e olha para os outros com discriminação e
desprezo. É aquela pessoa que obstinadamente mantém a própria opinião, ou
assevera os próprios direitos e não considera os direitos, sentimentos e
interesses de outras pessoas.
2) Iracundo. A Bíblia não classifica toda ira como pecado
(Ef 4:26); o que ela condena é o homem genioso, esquentado, de estopim curto,
que, além de irar-se com facilidade, também fica remoendo por longo tempo a sua
ira. Um homem que nutre mágoas e ressentimentos em seu coração definitivamente
não está preparado pra exercer o presbiterato.
3) Dado ao vinho. O apóstolo Paulo é claro quando escreve
aos efésios: “Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas
enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18). O abuso do vinho é condenado nas Escrituras
(Pv 20:1; 23:29-35; Ef 5:18). Mesmo que a total abstinência não seja exigida
nas Escrituras (cf João 2:1-11; 1Tm 5:23), há uma situação em que Paulo
recomenda a abstinência, ou seja, quando o beber vinho só torna motivo de
escândalo para o irmão fraco (Rm 14:21). Talvez seja por essa razão que muitos crentes
contemporâneos optaram pela abstinência.
4) Violento. Trata da violência tanto verbal quanto física.
Aquele que abandona o amor e recorre à violência em palavras e ações não está
preparado para exercer o presbiterato. Aquele que governa os outros precisa
governar primeiro suas emoções, ações e reações.
5) Cobiçoso de torpe ganância. Os cretenses eram conhecidos
como indivíduos inveteradamente gananciosos (Tt 1:10-13). Alguém disse que eles
se apegavam ao dinheiro como as abelhas ao mel. Os presbíteros precisam ser
homens despojados dessa torpe ganância (Tt 1:7). Veja a recomendação do
apóstolo Pedro: ”Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que também
sou presbítero… apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado
dele...não por torpe ganância…” (1Pe 5:1,2).
B2) ASPECTO POSITIVO - o que o presbítero deve ser e
ter.
O presbítero deve ser conhecido
pelo que ele é e faz. Ele deve ornar o seu caráter como despenseiro de Deus com
as seguintes virtudes:
1) Deve ser hospitaleiro. A hospitalidade na igreja
primitiva era uma necessidade vital para o avanço missionário da igreja.
As hospedarias eram excessivamente
caras, sofrivelmente sujas e notoriamente imorais. Sem hospitalidade os
missionários itinerantes teriam sua atividade estancada. E mais, nos primeiros
dois séculos da era cristã não havia templos, por isso, as igrejas reuniam-se
em casas (Rm 16:5; 1Co 16:19; Fm 2).
Hoje, está prática
está em desuso. As circunstâncias exigem que os pregadores itinerantes
hospedem-se em pousadas ou hotéis, e não mais em residências. Não por falta da
liberalidade de irmãos, mas porque as circunstâncias favorecem a essa práxis.
Todavia, quando a hospitalidade for estritamente necessária, a recomendação é
clara: “Seja constante o amor fraternal. Não negligencieis a hospitalidade” (Hb
13:1,2).
2) Deve ser amigo do bem. O presbítero precisa ser um homem
amante das boas ações. Precisa ver o que existe de melhor nas pessoas. Ele não
tem prazer mórbido de falar mal dos outros, mas tem grande deleite em dizer o
bem das pessoas. Ele não apenas chora com os que choram, mas também se alegra
com os que se alegam.
3) Deve ser moderado. O presbítero deve ter o domínio
completo sobre suas paixões e desejos, o que impede de ir além do que a lei e a
razão lhe permitem e aprovam. Explicando melhor, o presbítero precisa ter
equilíbrio, domínio próprio, autocontrole. Só se consegue ser assim com a unção
do Espírito sobre sua vida (ler Ec 9:8).
4) Deve ser justo. O presbítero é um homem que não usa dois
pesos e duas medidas. Ele não faz acepção de pessoas nem tolera preconceitos.
Ele é justo no falar e no agir.
5) Deve ser piedoso, santo. Deus não usa grandes talentos,
mas homens piedosos. Nós estamos à procura de melhores métodos, e Deus está à
procura de melhores homens. Deus não unge métodos, unge homens piedosos.
6) Deve ter domínio próprio. Ninguém está apto para liderar
os outros se não tem domínio de si mesmo. Aquele que domina a si mesmo é mais
forte do que aquele que domina uma cidade.
C) IRREPREENSÍVEL COMO MESTRE DA PALAVRA - Tt 1:9.
Nesta etapa é tratada a relação do presbítero com a igreja
local. Refere-se ao ministério de ensino da Palavra de Deus. O presbítero
precisa ser um obreiro aprovado e manejar bem a Palavra da verdade. Paulo
menciona três coisas importantes:
1) O presbítero precisa demonstrar fidelidade doutrinária.
”retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina...” . O presbítero não
pode ser um neófito (1Tm 3:6); deve ser um mestre na Palavra. Ele precisa ser
um estudioso das Escrituras. Ele precisa afadigar-se na Palavra (1Tm 5:17).
Paulo diz que os presbíteros têm dois ministérios com respeito à Palavra de
Deus: (a) edificar a igreja pela sã doutrina; (b) rejeitar os falsos mestres
que espalham doutrinas perniciosas
2) O presbítero precisa demonstrar capacidade para o ensino.
Paulo prossegue: “para que seja poderoso…para admoestar com a sã doutrina…”. A
capacidade para exortar não vem da força, das técnicas da psicologia nem mesmo
do ofício que o presbítero ocupa, mas do conhecimento da verdade para aplicar
corretamente as Escrituras. A exortação não é fruto de capricho ou opinião
pessoal do presbítero, mas do reto ensino das Escrituras. Sua exortação está
fundamentada no reto ensino da verdade.
3) O presbítero precisa demonstrar habilidade na apologética.
Paulo diz que o presbítero precisa ser
“[…] poderoso […] para convencer os contradizentes”. Somente um
indivíduo que tem destreza na verdade pode confrontar os falsos mestres,
combater os falsos ensinos e convencer aqueles que contradizem a Palavra de
Deus.
Portanto, “a árvore é vetusta, mas é preciso ver onde se
firmaram suas raízes, que seiva a alimenta, que sombra oferece e que benefícios
comunicam seus frutos”.
II. A IMPORTÂNCIA DO PRESBITÉRIO
1. Significado do termo. O termo “presbítero” é a tradução
literal do vocábulo grego presbyteros(sénior, no latim), que é o comparativo
de superioridade de présbys, velho ou ancião. Portanto, preliminarmente, o
presbítero é um homem menos moço, com mais idade do que o comum dos de um
grupo ou congregação; idade, no sentido de vida mental, vida moral, vida
espiritual eexperiência.
No Antigo Testamento, o primeiro elemento chamado, entre o
povo judeu escravo, para representá-lo perante uma autoridade foi o ancião, ou
seja, o presbítero, ao qual Deus determinou a Moisés que convocasse para
gestões de libertação perante faraó do Egito. No deserto, 70 anciãos foram
chamados para ajudar Moisés a governar o povo (Nm 11:16,17).
O apóstolo Paulo aconselhou o jovem obreiro Timóteo a não
desprezar o Dom que havia nele, reconhecido pelo conselho de obreiros, formado
por anciãos (presbíteros) da igreja cristã - “Não desprezes do dom que há em
ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério”
(1Tm 4:14). Este texto exalta a grande importância que tem o presbitério na
liderança espiritual da igreja.
2. A atuação do presbitério. Segundo o compêndio doutrinário
da igreja - o Novo Testamento -, a atuação do presbitério dá-se em duas áreas
principais: ministério da Palavra e governo da igreja. Misturam-se nestas duas
áreas todas as tarefas suficientes para satisfazerem os requisitos necessários
de ordem espiritual e de ordem material, que ocorrem na vida da comunidade
cristã que está sob a responsabilidade do presbítero.
“No Concilio de Jerusalém, em relação às sérias questões
étnicas e eclesiásticas que podiam comprometer a expansão da igreja, os
apóstolos e os anciãos (presbíteros) foram chamados para debater e legislar
sobre o assunto (At 15:2,69-11). Em seguida, os presbíteros foram enviados à
Antioquia para orientar os irmãos sobre a resolução dos problemas que
perturbavam os novos convertidos: ‘E, quando iam passando pelas cidades, lhes
entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos
pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém’ (At 16:4)” (LBM).
3. A valorização do presbitério. O presbitério é uma força a serviço do Reino, para auxiliar o
ministério no pastoreio do rebanho de Cristo. O ofício do presbítero é
dignificado pelas Escrituras Sagrdas. O próprio compêndio doutrinário da Igreja
- Novo Testamento - mostra a sua importância ao desenvolvimento das igrejas
locais e ao bom ordenamento do Corpo de Cristo (cf. Atos 14:23; 20:17; 1Tm
4:14; 1Pe 5:1,2; Hb 13:17).
No princípio da igreja, o presbítero fazia parte de um grupo
de obreiros, responsáveis pelo cuidado e ordenação das novas igrejas que
surgiam em decorrência da evangelização intensa; ele era o pastor local. O
apóstolo Paulo, que era um líder responsável e zeloso com o rebanho do Senhor,
teve o superlativo cuidado de organizar a administração das igrejas por ele
abertas em suas viagens missionarias, pondo à frente delas presbíteros de
caráter ilibado. Para as igrejas de Creta, orientou a Tito que de cidade em
cidade estabelecesse presbíteros (Tt 1:8), mostrando assim o elevado valor que
esses obreiros exibem no desempenho de suas funções: governo da igreja e
ministério de ensino. É o próprio Paulo quem diz: “Os presbíteros que governam
bem sejam estimados por dignos de duplicata honra, principalmente os que trabalham
na palavra e na doutrina“ (1Tm 5:17).
Portanto, o panorama dos textos pertinentes mostra que os
presbíteros era o principal grupo de liderança das igrejas neotestamentárias.
Os líderes das Assembleias de Deus precisam valorizar mais as Escrituras do que
os seus estatutos efêmeros; só assim podem perceber a valorização do
presbitério.
III. OS DEVERES DO PRESBITÉRIO
1. Apascentar a Igreja. O apóstolo Pedro após colocar-se
como copresbítero, ou seja, na mesma posição dos presbíteros das igrejas
dispersas, dá a eles uma ordem expressa: “apascentai o rebanho de Deus que está
entre vós…”(1Pe 5:2a). Com respeito ao apascentamento do rebanho, Pedro dá três
orientações práticas:
a) ”…não por força, mas voluntariamente…”. (1Pe 5:2a). O
Presbítero é um pastor de ovelhas, e a igreja é o rebanho de Deus. O presbítero
não é o dono do rebanho. Deus nunca passou aos presbíteros(pastores) o direito
de posse das ovelhas. Cabe ao presbítero alimentar, proteger e conduzir as
ovelhas de Deus. Pedro diz que a liderança da igreja não é algo imposto pela
coerção, mas algo voluntário.
b) “… nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto…” (5:2b).
Na igreja do primeiro século havia exploradores itinerantes que saíam
percorrendo as igrejas, buscando os bens dos cristãos, em vez de cuidar do
povo; daí esta exortação de Pedro. A liderança da igreja não é um posto de
privilégio, mas de serviço. O presbitério deve visar a glória de Deus e o bem
das ovelhas de Cristo, em vez de fazer a obra visando lucro. A igreja não é uma
empresa cuja finalidade é o enriquecimento de seus líderes. A recompensa
financeira jamais deve ser a motivação para alguém exercer o pastorado. Um
espírito mercenário é incompatível com o exercício desse nobre ofício.
c) “…nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas
servindo de exemplo ao rebanho”(1Pe 5:3). Os
presbíteros recebem autoridade diretamente do Supremo Pastor (1Pe 5:4)
por meio do Espírito Santo (At 20:28). Porém, não devem fazer mau uso dessa
autoridade. O presbítero deve ser um exemplo para a igreja, e não um ditador na
igreja. Deve andar na frente do rebanho como paradigma, e não atrás do rebanho
para fustigá-lo e ameaçá-lo. Jesus
ensinou que liderança é serviço (ler Mc 10:45; João 13:4,5). Na igreja de Deus,
ser grande é ser servo de todos.
2. Liderar a igreja local. Um dos principais deveres dos
presbíteros é liderar as igrejas do Novo Testamento. Em 1Timóteo 5:17 lemos:
“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que
presidem bem”. Antes, na mesma epístola, Paulo diz que o bispo (ou presbítero)
“deve governar bem a sua própria casa […] pois, como cuidará da igreja de
Deus?” (1Tm 3:4,5). Pedro também indica uma função de liderança para
presbíteros quando os exorta em 1Pedro 5:2-5. O fato de que eles devem atuar
como pastores do rebanho de Deus e de que não devem dominar pela força (isto é,
liderar de modo ríspido ou opressor) sugere que os presbíteros têm função de
liderança e de governo nas igrejas para as quais Pedro está escrevendo.
Além das responsabilidades de liderança, parece que os
presbíteros também tinham responsabilidade de ensino nas igrejas do Novo
Testamento. Em 1Tm 3:2, um bispo (presbítero) “deve ser apto para ensinar”.
Ademais, em 1Tm 5:17 (ARA), Paulo diz: “Devem ser considerados merecedores de
dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que
se afadigam na palavra e no ensino”.
Conclui-se que no Novo Testamento, os presbíteros tinham a
responsabilidade de dirigir e ensinar nas igrejas. Como bem diz o pr. Elinaldo
Renovato, “ensinar e governar com equidade e seriedade é o maior compromisso de
todo homem de Deus chamado para tão nobre tarefa”.
3. Ungir os enfermos. Tiago instrui quanto à atuação dos
presbíteros da igreja nesse importante ministério - ”Está alguém entre vós doente?
Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome
do Senhor” (Tg 5:14). Tais obreiros foram separados por Jesus e pela igreja
para atender a essas demandas.
CONCLUSÃO
No Novo Testamento, a referência a presbíteros sempre é
feita no plural - “presbíteros”, “bispos” ou “anciãos” -, dando a entender que,
em geral, o presbítero não agia isoladamente, mas como um corpo de ministros,
ou de líderes, que cuidava da igreja local. Não é mencionada uma só igreja onde
houvesse apenas um presbítero, por isso sempre são citados no plural (At 11:30;
15:2,4,6; 20.17; Tg 5:34 : 1Pe 5:1). Isto denota o subido valor que este grupo
tinha no início da igreja.
O crescimento das igrejas, como fruto da evangelização e do
discipulado, exige a delegação de atividades a pessoas que tenham condições de
liderar o rebanho do Senhor Jesus (Tt 1:5,7). Os supervisores ou o pastor
titular não podem abarcar tudo para si, sob pena de não darem conta das inúmeras
responsabilidades que a igreja local requer.
Abraços.
Tirem o máximo proveito da Lição.
Vivam vencendo!!!
Seu irmão menor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário