04 julho 2013

Lição 01 - 07/07/2013

PAULO E A IGREJA EM FILIPOS


Texto Áureo: Fp. 1.9 - Leitura Bíblica: Fp. 1.1-11


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Paulo escreveu a carta aos filipenses, ainda preso. Não há consenso sobre o local onde se encontrava, mas há grande probabilidade de que estivesse em Roma. Os argumentos a esse favor são retirados do próprio texto, principalmente as citações que se referem à guarda pretoriana e aos da “casa de César.” Guarda pretoriana era um tipo de tropa de elite. Eram em torno de 9.000 soldados muito bem treinados, de confiança e que tinham a responsabilidade de defender o Imperador contra possíveis golpes de Estado. Eram também responsáveis por cuidar dos prisioneiros que, para que fossem julgados com justiça, haviam “apelado para César”. Este era o caso de Paulo.

Ocorre que descobertas arqueológicas recentes informam sobre a existência de tropas com essas características em outras cidades além de Roma. Isto nos incentivaria a pensar em local alternativo para a origem da carta, que, por questão de tempo, deixaremos de considerar neste momento. O mais importante é compreender que Paulo estava dia e noite acorrentado a soldados, que foram apresentados ao senhorio de Jesus, enquanto cuidavam do apóstolo. Já aqui enxergamos a vitória que é produzida a partir do sofrimento. Quantos haviam-se rendido aos pés de Jesus? Não sabemos. Seria impossível precisar o alcance do testemunho pessoal do preso Paulo, como também o é o fruto de todo e qualquer trabalho que dedicamos a Deus, como oferta de louvor e de adoração. Ai de nós se buscarmos quantificar aquilo que é de valor espiritual. Nada mais nos restará além de frustração.

Da mesma forma, difícil seria apontar com precisão o estrago causado na vida das pessoas pelo descuido no testemunho cristão. Já de pronto temos um interessante ponto de discussão: qual o fruto que a nossa vida está produzindo para o reino de Deus?

Para compreendermos melhor o conteúdo dessa carta, vale lembrar que Filipos era uma cidade especial. Localizada na Macedônia, era colônia de Roma. Quem ali residisse desfrutava dos benefícios destinados aos cidadãos romanos. Justamente por isso, bom é saber que a palavra cidadania tem uma importância especial neste texto bíblico. Os filipenses eram muito orgulhosos da cidadania romana, daí a importância especial do conselho registrado no capítulo 1, 27, que diz: “não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo, para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu respeito em minha ausência, fique eu sabendo que vocês permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica.”

Por que o conselho a permanecer firmes, justo para uma igreja amada, altruísta, direcionada para o bem-estar dos missionários? Essa Igreja havia sido iniciada em torno de mulheres, sendo uma delas conhecida como Lídia, vendedora de púrpura, oriunda da cidade de Tiatira.

Durante muito tempo pensou-se que Lídia seria muito rica, comerciante bem sucedida, responsável por vender a pessoas igualmente abastadas. No entanto, publicações recentes de pesquisas efetuadas em documentos daquela época, apontam o trabalho de lidar com a púrpura como extremamente difícil. As pessoas que trabalhavam na extração daquela cor precisavam ficar perto do mar, porque o cheiro que exalava do material era muito desagradável. A partir dessas pesquisas, então, a pessoa de Lídia passou a ser compreendida como uma mulher que trabalhava com seriedade e afinco, provavelmente escrava liberta e que ganhava a vida com o suor do seu rosto. Suas auxiliares a apreciavam e ela lhes davam acolhida em sua própria casa. Convertida ao evangelho, estendeu a Paulo a sua hospedagem e ali foi fundada uma igreja próspera e direcionada para o trabalho missionário.  Provavelmente, os filipenses a quem Paulo se dirigia tinham chegado a Cristo por intermédio do trabalho persistente daquela mulher e das demais que a acompanhavam na fé.

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de introduzir o estudo da Epístola aos Filipenses. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

 
INTRODUÇÃO À EPÍSTOLA
A cidade de Filipos era originalmente chamada Crenides (pequenas fontes), tendo sido denominada, posteriormente, no ano 350 A. C., Filipos, em homenagem a Filipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande. Cerca do ano 168 A. C. a cidade passou para o domínio romano, quando a província da Macedônia foi subjugada. Em 42 A. C. tornou-se colônia romana (At 16.12) ou reduto militar, em honra da vitória de Antônio e Otaviano sobre as forças republicanas de Bruto e Cássio, vitória esta que vingou o assassínio de Júlio César. Onze anos mais tarde, em 31 A. C., Otaviano, agora Imperador Augusto, recolonizou Filipos. Uma colônia romana deveria ter, então, tanto a sua forma de governo quanto os seus costumes modelados pelos da própria Roma. Seus magistrados eram devidamente escolhidos pelos cidadãos da própria colônia e a autoridade daqueles magistrados, dentro da cidade, era suprema. Há alusões ao estado colonial de Filipos em (Fp 1.27) e (Fp 3.20). 

A administração da cidade era, pois, inteiramente romana, sob pretores e litores (At 16.35). O acontecimento mais notável acerca de Filipos é que ali se realizou a primeira conquista de Paulo, na Europa, tendo sido "o berço do Cristianismo europeu".

A história da fundação da igreja é relatada em At 16. Os membros da comunidade cristã eram, em sua maioria, gregos e possivelmente alguns cidadãos judeus e romanos. As mulheres tinham um lugar de merecida honra (At 16.13-14). 

Houve duas razões principais que induziram o apóstolo a escrever aos filipenses. A primeira, para hipotecar-lhes sua gratidão pelo fato de eles, simpatizando com seu apostolado e partilhando de suas aflições, lembrarem-se de enviar-lhe algumas dádivas por intermédio de Epafrodito, um de seus membros (Fp 4.10-18). A segunda, para corrigir algumas pequenas desordens existentes no seio da igreja.

Parece que a congregação de Filipos foi a única da qual o apóstolo aceitou dinheiro. É testemunho eloqüente da absoluta confiança de Paulo na compreensão dos membros da igreja, quanto à relação mútua, e também o reconhecimento do direito de Paulo viver pelo evangelho e viver independentemente. Evidentemente, tal envio de dádivas há muito não acontecia, mas o apóstolo, com infinita delicadeza e tato exemplar, não lhes exprobra qualquer incúria cometida contra ele. Faltava-lhes somente oportunidade (Fp 4.10). Mas o amor e cuidado pelo apóstolo eram tão ardentes e reais como sempre. É provável que os oficiais da igreja ocupavam papel saliente no ministério de auxílio econômico ao apóstolo, como se pode deduzir da menção especial feita por aquele, na dedicatória da carta, dirigida aos bispos e diáconos, o que, em nenhuma das outras epístolas, ocorre de modo semelhante.

O próprio Epafrodito foi também enviado como ajudante do apóstolo em sua prisão, porém, neste mesmo tempo, o mensageiro dos filipenses adoeceu gravemente e quase morreu. Por esse motivo, logo que Deus, apiedando-se de Paulo e de Epafrodito, restaurou a saúde deste, o apóstolo o enviou de volta a seus irmãos de Filipos.

É claro que Epafrodito, a dádiva viva dos filipenses a Paulo, tenha sido portador, além das oferendas a que já aludimos, de uma carta na qual eram focalizados certos problemas da igreja. Por esse motivo, o apóstolo, aproveitando o fato de estar Epafrodito cheio de saudade de sua terra, após restabelecer-se da moléstia que o acometera, fê-lo portador da extensa carta que estamos apreciando, que não é senão a resposta aos seus irmãos de Filipos. Uma corrente de inquietação sobre parte dos convertidos pelo apóstolo foi revelada dada a ansiedade de Paulo em reafirmar aos filipenses sua profunda gratidão. Regozijou-se realmente seu mestre amado naquelas ofertas voluntárias? 

Estaria ele um pouco mais frio do que usualmente ou eles não o estavam compreendendo bem? Paulo, em palavras memoráveis, no entanto, enche suas mentes e seus corações de paz. A outra importante razão que também deu motivo à epístola foi a necessidade de corrigir certas irregularidades da igreja, as quais, provavelmente, foram relatadas na carta que os filipenses enviaram a Paulo. Tais irregularidades poderiam ser mais bem esclarecidas pelo próprio Epafrodito. Possivelmente eram as seguintes:

Pessimismo reinante entre os filipenses por causa da perseguição e as más notícias da prolongada prisão de Paulo.
Divisão na igreja, dada a incompatibilidade pecaminosa de alguns de seus membros. Duas mulheres, em particular, Evódia e Síntique, foram a causa do atrito (Fp 4.2). Não houve em Filipos partidarismos extremados, como em Corinto, mas simplesmente murmurações e discussões de caráter secundário.

Deslealdade, rastejando de seus lugares sombrios, cresceu, em sua ausência, alimentada pelos judeus inimigos de Paulo (Fp 3.2 e Fp 4.8). Isso, entretanto, era apenas em pequena escala e Paulo sentia que uma advertência bastava para restaurar a antiga lealdade.

Quatro das cartas de Paulo foram escritas, conforme nelas está mencionado, quando o apóstolo estava na prisão (Ef 3.1; Ef 6.20; Fp 1.7,13-14; Cl 4.18; Fm 9). A questão surge quanto ao lugar da prisão e se todas foram escritas durante o mesmo aprisionamento. A tradicional resposta é Roma, como sendo a fonte do escrito, o que tem sido contestado primeiro em favor de Cesaréia e por último em favor de Éfeso. O livro de Atos menciona três encarceramentos. Em Filipos (At 16.23), em Cesaréia (At 23.23) e em Roma (At 28.30). A prisão em Filipos foi, obviamente, muito curta para qualquer atividade literária. A objeção contra Cesaréia é do mesmo modo considerável em relação à Epístola aos Filipenses, porque, no momento de escrevê-la, Paulo estava antecipando sua libertação próxima, mas, na prisão em Cesaréia, ele aguardava ansiosamente sua longa viagem a Roma. A teoria a favor de Cesaréia é abandonada quase que unanimamente. Deste modo resta Roma, mas também ela não em possessão do campo. Recentemente, Éfeso tem sido apontada como a fonte das epístolas da prisão e das quatro cartas pode-se afirmar que Filipos, pelo menos, está definitivamente fora da questão.

 A maioria dos que aceitam Roma como o lugar de origem da epístola, crê que ela foi a última do período das epístolas da prisão. Essas, indubitavelmente, podem ser divididas em dois grupos, tanto geográfica quanto teologicamente. Efésios, Colossenses e Filemom tomam o mesmo destino no vale de Licus, na Ásia Menor, enquanto que Filipenses vai localizar-se na Europa. 

Do mesmo modo, essa epístola permanece isolada entre as cartas escritas na prisão, como não tratando da onda de heresias gnósticas que avassalavam as igrejas da Ásia Menor. As três cartas - Efésios, Colossenses e Filemom - foram escritas quase que ao mesmo tempo, enquanto Filipenses vem por si mesma em data posterior. O fato de essa epístola ter sido escrita mais tarde que as demais, pode ser defendido pelo fato de observarmos que:

 a) as comunicações entre Filipos e Roma, subentendidas em (Fp 2.26), devem ter tomado um tempo considerável;

 b) quando Paulo escreveu aos Filipenses, era bem conhecido "em todo o pretório" (isto é, em todo o palácio e em todos os outros lugares). Ele tinha entrado em contacto com muitos soldados e outras pessoas, de modo que o motivo de sua prisão era de conhecimento geral, pelo que muitos se interessavam pelo seu apelo a César (Fp 1.13 e segs.).

A inferência é que a Epístola aos Filipenses deve ter sido escrita pelo término da prisão de Paulo e, deste modo, a data sugerida está entre 61-63 A. D.
AUTORIA E DESTINATÁRIOS
No início da carta, Paulo associa Timóteo consigo mesmo, não como autor, mas como companheiro de lutas. Pode ter sido até o amanuense do apóstolo. Os dois nomes também aparecem juntos nas saudações do começo de II Coríntios, Colossenses, 1º e 2º aos Tessalonicenses e Filemom. Paulo intitula-se a si e a seu assistente como servos de Cristo Jesus. No grego a palavra douloi significa literalmente "escravos" e demonstra que os laços espirituais entre Cristo e eles eram de servidão, pois eles se haviam dado a Cristo, como a um Senhor e não se iriam livres (Êx 21.5-6).

Esta carta apresenta três características dignas de nota. É, em primeiro lugar, a mais pessoal de todas as cartas de Paulo. Não há restrições de sua parte. Ele escreve mais como amigo do que como bispo ou eclesiástico. Na saudação inicial dispensa o título "apóstolo" e com plena ciência do lugar que ocupa no coração de seus leitores, ele se chama simplesmente "servo". A passagem intensamente biográfica de (Fp 3.4-14) revela uma profunda experiência espiritual com toda a naturalidade de perfeita confiança. Enquanto dita seus pensamentos, ele parece ter seus amigos a seu lado aí em Filipos.

A carta é também notável pela revelação da pessoa de Cristo. A grande passagem cristológica (Fp 2.5-11) é aí introduzida não com um propósito de ensinamento doutrinal, mas para mostrar aos leitores a graça da humildade. 

O exemplo supremo de pobres de espírito é aquele manifestado na encarnação de Jesus, o Senhor da Glória. Daí a exortação prática de possuir o espírito de Jesus Cristo e amar ao próximo mais que a si mesmo. Que tão grande revelação da pessoa de Nosso Senhor tenha vindo tão espontânea da mente de Paulo convence-nos mais prontamente de sua realidade e verdade.

A terceira característica é a nota dominante de alegria. O nome "alegria" (chara) é encontrado cinco vezes (Fp 1.4,25; Fp 2.2,29; Fp 4.1), enquanto que o verbo "regozijar" (chairein) aparece onze vezes (Fp 1.18 duas vezes, Fp 2.17 duas vezes, Fp 2.18 duas vezes, Fp 2.28; Fp 3.1; Fp 4.4 duas vezes, Fp 4.10). O fato de o apóstolo, em circunstâncias humanamente tão tristes, escrever com um otimismo tão magnífico torna a brilhante exortação muito mais notável. Paulo, realmente, sente-se bem acima das circunstâncias e senhor da situação. Ele não estava apenas fazendo um espetáculo e representando sua parte, a fim de que os crentes filipenses pudessem ter um bom exemplo para suas dificuldades peculiares e perseguições pessoais. Era uma alegria "no Senhor". "Regozijai-vos comigo" é um apelo sincero e ressonante. Indica para todos os tempos o dever do otimismo cristão.
AÇÃO DE GRAÇAS E PETIÇÃO PELA IGREJA DE FILIPOS
Uma predominante feição característica da vida do apóstolo é a ação de graças. Constantemente, em cada carta, com exceção da Epístola aos Gálatas, ele infunde no coração dos convertidos o sentimento de gratidão a Deus (Cl 1.12). Cada oração é feita com esse espírito. Aqui nos vers. 3-8 Paulo expressa gratidão a Deus pela amizade (5) que desfrutou com os convertidos em Filipos. Desde o primeiro momento da evangelização da cidade de Filipos até o tempo de seu encarceramento, jamais se quebrou um elo sequer desta amizade.

O gr. koinonia deriva-se da raiz que significa "fazer comum" e tem duas aplicações no Novo Testamento. Significa sociedade, comunhão, ter todas as coisas em comum, como na prática da igreja pentecostal (At 2.42). Como não pode haver comunhão sem que haja um "dar" e um "receber", a palavra também é usada no sentido de "contribuição" (Rm 15.26; 2Co 8.4; 2Co 9.13; Hb 13.16. Cfr. também Fm 6). O uso de Paulo aqui envolve ambos os sentidos, uma vez que rende graças por sua camaradagem pessoal com os filipenses, uma união louvável não só por si mesma como uma real contribuição para o evangelho.

A ação de graças de Paulo é inspirada na lembrança (3), expressa em oração (4), seguida de alegria (4) e robustecida pela convicção de que Deus mesmo fará perfeita Sua obra da graça em suas vidas (6). O apóstolo se sente justificado nesta atitude para com Deus e para com os cristãos em Filipos por duas razões. 

Primeiro, eu vos tenho posto em meu coração (7), uma confissão aberta de amor, interpretada mais adiante, no vers. 8, que significa "meu amor é grande, na verdade, pois é o próprio amor de Cristo amando-vos através de mim", tão íntima é a koinonia entre o apóstolo e seu Salvador. Segundo, todos vós fostes participantes da minha graça, isto é, todos são participantes comigo da graça divina, dada a mim enquanto padeço prisões e estabeleço o evangelho por meu testemunho aqui em Roma e defendo minha fé nas cortes de justiça. A ajuda e simpatia que me estão dando tornam isso manifesto.

Paulo revela que este espírito totalmente impregnado de ação de graças sempre o dominava em todos os exercícios espirituais e o conduzia a uma oração definida. Algumas orações de Paulo nos foram preservadas e se caracterizam por uma adaptabilidade perfeita a cada necessidade agudamente sentida. No caso dos filipenses, ele reconhecia existir um fervente e genuíno emocionalismo, porém, que eles tinham grande necessidade de uma luz compensadora. Ele ora, portanto, não para que se arrefeça o amor dos filipenses, mas para que esse sentimento mais e mais abunde neles, equilibrado, porém, por conhecimento e julgamento ou "discernimento moral" (9). 

Deste modo, o amor não se tornaria um impulso desregrado, mas um princípio orientador, com o fim prático de que eles pudessem distinguir as diferenças existentes entre as várias qualidades morais e, desse modo, escolher a melhor. Para que aproveis as cousas que são excelentes (10). Uma possível alternativa na interpretação é "posta para provar coisas diferentes", com um voto favorável à mais elevada. O resultado de tal amor e de tal luz em combinação seria, inevitavelmente, que os filipenses saberiam o que deveriam ser ou não ser, sinceros e sem escândalo para si mesmos e para os outros (10). Desse modo, aqueles para quem era feita a oração de Paulo, com amor, enriquecidos por sua intercessão, possuiriam três coisas: uma faculdade de crítica (9-10), um caráter sincero (10) e uma vida cheia de fruto de justiça (11). Todos os louváveis benefícios, bem como a conduta cristã dos santos de Filipos, estariam em perfeita harmonia, todos unidos para glória e louvor de Deus. Note-se que o gr. karpos é singular o não plural, "fruto" não frutos. As raízes de uma nova vida em Cristo produzem o único fruto de santidade ou semelhança de Cristo, embora em diferentes formas e padrões humanos (Gl 5.22).
Subsídio para o Professor 


“Filipenses – A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja”


Neste trimestre iremos estudar sobre a Carta de Paulo aos Filipenses. Esta carta foi escrita em circunstâncias difíceis, enquanto o grande apóstolo estava preso em Roma.
A nota dominante em toda a carta é a alegria triunfante. Paulo, embora fosse um prisioneiro, era muito feliz, e incentivava e ainda incentiva seus leitores para sempre se regozijarem em Cristo (Fp 4:4). Na verdade, o conceito de “regozijo” ou “alegria” aparece dezesseis vezes em quatro capítulos. As páginas irradiam a mensagem positiva e triunfante de que, por causa da obra que Cristo fez por nós (Fp 2:6-11;3:12), por causa da obra do Espirito Santo em nós e através de nós (Fp 1:6,12-14,18-26;2:12,13;4:4-7,10-13), e por causa do plano de Deus para nós (Fp 1:6,9,10;3:7-14,20,21;4:19), podemos e devemos nos regozijar!
Também, a alegria apresentada em Filpenses envolve uma ardente expectativa da iminente volta de Cristo. Essa expectativa dominante no pensamento de Paulo é observado em suas cinco referências à volta de Cristo, e em cada referência há uma nota de alegria (Fp 1:6,10;2:16; 3:20;4:5).
Outro fator que é observado nesta Carta é sobre “a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja”, que é o tema que será discorrido ao longo do trimestre. Se todos os cristãos da atualidade pudessem ser conscientizados a olharem para Cristo como o exemplo de humildade, certamente, todos os problemas internos das igrejas seriam corrigidos. Não haja dúvida, o melhor remédio para curar os males de uma igreja local é olhar par Jesus, seguir os seus passos e imitar o Seu exemplo. A humildade é o remédio para os males que atacam a unidade da Igreja local. A Igreja de Filipos estava sendo atacada por inimigos externos e por intrigas internas. Para corrigir os dois males ela deveria olhar para Jesus.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando William Hendriksen, corretamente afirma que há uma área em que Cristo não pode ser nosso exemplo: Não podemos imitar os Seus atos redentivos nem sofrer e morrer vicariamente. Contudo, com o auxílio de Deus, podemos e devemos imitar o espírito que serviu de base para esses atos. A atitude de auto-renúnica, com vistas a auxiliar outros, deveria estar presente e se expandir na vida de cada discípulo (Mt 11:29; João 13:12-17; 13:34; 21:19; 1Co 11:1; 1Ts 1:6; 1Pe 2:21-23; 1João 2:6). Se Jesus não é o nosso exemplo, então nossa fé é estéril, e nossa ortodoxia, morta. (1)
Aqueles que aceitam Jesus Cristo como Salvador passam a fazer parte de uma comunidade de crentes, a Igreja. Os centres devem obedecer a seu Salvador por causa de quem Ele é e pelo que Ele fez a nosso favor. Paulo descreve este fato de forma eloquente nos seguintes textos:
“que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. “Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens ;e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”(Fp 2:6-8).
Nestes versículos, Paulo mostra a humildade integral de Cristo. Ele enfatiza como o Senhor Jesus deixou a glória incomparável do Céu e humilhou-se como um servo, sendo obediente até à morte para o beneficio dos outros.
Este mesmo sentimento deve existir nos seus seguidores, os quais foram chamados para viver com sacrifício e renúncia, cuidando dos outros e fazendo-lhes o bem.
Enfatiza o apóstolo Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para que o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2:3-5).
Na verdade, entre o povo de Deus, a humildade é um imperativo: “...revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas graça aos humildes”(1Pe 5:5). Também, Tiago diz que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4:6), e o apóstolo Pedro ordena: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte”(1Pe 5:6).
Em fim, a humildade deve ser a marca do cristão, pois seu Senhor e mestre foi “...manso e humilde de coração”(Mt 11:29).
Conclusão: 

AUTORIA E DESTINATÁRIOS

1. Paulo e Timóteo. Há abundantes evidências internas e externas que provam conclusivamente que Paulo foi o autor desta carta. Os pais da Igreja primitiva Policarpo, Irineu, Clemente de Alexandria, Eusébio e outros afirmam a autoria paulina desta carta. A evidência da autoria de Paulo da Carta aos Filipenses vem da própria Carta, como a primeira frase declara: “Paulo e Timóteo… a todos os santos… que estão em Filipos” (Fp 1:1). Embora o nome de Timóteo também apareça na saudação, logo se torna óbvio que somente Paulo está escrevendo, visto que ele usa a primeira pessoa ao longo de toda a carta. Além disso, as referências pessoais em Fp 3:4-11 e 4:1-16 aplicam-se claramente a Paulo. 2. Os destinatários da carta: “a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos” (Fp 1:1). A palavra “todos” aparece com frequência na Epístola. O interesse afetuoso de Paulo era extensivo a “todos” os crentes, isto é, aqueles que foram salvos e separados, por Deus, para viver uma nova vida em Cristo. Este era o tratamento comum dado por Paulo às igrejas (cf Rm 1:7; 1Co 1:2).
- “a todos os santos em Cristo Jesus que vivem em Filipos”. Esta frase descreve a dupla posição do crente. Quanto ao seu estado espiritual, eram postos à parte por Deus “em Cristo Jesus“. Quanto à sua localização geográfica, estavam em “Filipos“. Estavam em dois lugares ao mesmo tempo!
- “com os bispos e diáconos”.  Os “bispos” eram os anciãos ou supervisores da assembleia. Tinham um interesse pastoral no rebanho de Deus e guiavam o rebanho pelo seu exemplo piedoso. Os “diáconos” eram os servos da igreja e provavelmente os responsáveis pelos assuntos materiais, tais como finanças e outros.
Havia somente três grupos na igreja: “santos, bispos e diáconos”. Se houvesse um clero à frente do trabalho, Paulo o teria mencionado também, todavia ele menciona apenas os bispos (plural) e diáconos (também plural).
Temos aqui, portanto, um quadro admirável da simplicidade da vida da igreja primitiva. Primeiro, são mencionados “os santos”, depois os guias espirituais e em último lugar os servos nas coisas temporais. Nada mais!
3. Por que Paulo escreveu esta carta? Paulo escreveu a Carta aos Filipenses com dois propósitos em mente: a) Para agradecer a igreja de Filipos sua generosidade. Essa é uma carta de gratidão à igreja pelo seu envolvimento com o velho apóstolo em suas necessidades. Essa igreja foi a única que se associou a Paulo desde o início para sustentá-lo (Fp 4:15). Enquanto Paulo esteve em Tessalônica, eles enviaram sustento para ele duas vezes (4:16). Enquanto Paulo esteve em Corinto, a igreja de Filipos o socorreu financeiramente (2Co 11:8,9). Quando Paulo foi para Jerusalém depois da sua terceira viagem missionária, aquela igreja levantou ofertas generosas e sacrificais para atender os pobres da Judéia (2Co 8:1-5). Quando Paulo esteve preso em Roma, a igreja de Filipos enviou a ele Epafrodito com donativos e para lhe prestar assistência na prisão (4:18). b) Para alertar a igreja sobre os perigos que estava enfrentando. A igreja de Filipos enfrentava dois sérios problemas: um interno e outro externo.
  • Primeiro, a quebra da comunhão. A desunião dos crentes era um pecado que atacava o coração da igreja. Era uma arma destruidora que estava roubando a eficácia da igreja diante do mundo. Percebe-se que a igreja filipense sofria com problemas de presunção (Fp 2:3), de vaidosa superioridade (Fp 2:3), que induziam ao egoísmo (Fp 2:4), quebrando a koinonia, espírito de boa vontade para com a comunidade. Isso gerava pequenas disputas (Fp 4:2) e espírito de reclamação (Fp 2:14).
  • Segundo, a heresia doutrinária. A igreja estava sob ataque também pelo perigo dos falsos mestres (Fp 3:2). O judaísmo e o perfeccionismo atacavam a igreja. Paulo os chama de adversários (Fp 1:28), inimigos da cruz de Cristo (Fp 3:17). Paulo tem de lidar também com os missionários gnósticos perfeccionistas. Eles alardeavam seu “conhecimento” (Fp 3:8) e professavam ter alcançado uma ressurreição, já experimentada, dentre os mortos (Fp 3:10). Esses gnósticos são, de fato, inimigos da cruz de Cristo (Fp 3:18), libertinos e condenados (Fp 3:19).

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