02 julho 2013

Jesus virá mesmo?




Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o Senhor da casa; se á tarde, se á meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã" (Mc 13.35).

Essa semana passada, tive a oportunidade de estar pregando a Palavra de Deus, e em meio a tantas necessidades do povo de Deus, orei e percebí a necessidade de se pregar sobre a volta de Jesus para buscar os Seus. Por isso então,  preguei novamente sobre a volta de Jesus Cristo, a ressurreição dos mortos e o arrebatamento da igreja, sempre com uma pergunta que me inquieta constantemente: Por que a igreja não se interessa mais pela volta do Senhor Jesus Cristo?

A expectativa do retorno do Senhor Jesus fazia parte do dia a dia da igreja nos primeiros trezentos anos de sua história, e, pelo que afirma George Duby (Ano 1000 ano 2000 na pista de nossos medos), na virada do milênio no ano 1000 os cristãos da Europa que aguardavam a volta do Senhor, acreditaram que Satanás seria solto – terminaria o milênio – venderam suas propriedades, muitos foram para Jerusalém na expectativa da volta do Senhor.

Essas desilusões com a demora do Senhor em regressar vêm sempre depois dos grandes avivamentos. Cada avivamento traz em seu bojo uma nova expectativa da volta do Senhor. Depois de algumas décadas, vem novo esfriamento espiritual e as pessoas perdem a esperança da volta do Senhor.

Isso já aconteceu nos dias dos apóstolos, o que levou Pedro a escrever respondendo as perguntas dos irmãos: “Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação” (2 Pe 3.4). Ora, se nos dias apostólicos os irmãos já começavam a duvidar da promessa da volta do Senhor, imagine dois mil anos depois.

Ao longo desses dois mil anos a igreja atravessou diversas fases, ouviu profecias anunciando a volta do Senhor e, aqui no Brasil, como ocorreu em todos os avivamentos, os irmãos começaram a esfriar quanto ao retorno do Senhor. Não me refiro a profecias anunciando dias e horas, porque os crentes conhecedores das Escrituras não ligam para profecias que estabelecem datas do retorno de Cristo, refiro-me, isto sim, a onda de fervor profético proclamando que o Senhor estava às portas.

Às vezes chega-se a duvidar de que o Senhor realmente voltará, devido às várias interpretações dadas sobre o retorno do Senhor ao longo da história. Existe uma linha teológica que Jesus já regressou na pessoa do Espírito Santo no Pentecostes; outros que ele virá quando se cumprir a última semana das profecias de Daniel – um ensinamento não muito confiável.

No entanto, o que deve nos manter alertas não são as diversas interpretações teológicas nem as profecias que se ouvem aqui e acolá, mas os textos bíblicos que afirmam que a volta do Senhor se dará à semelhança do ladrão que chega de surpresa para invadir sua casa.

E como são palavras de Jesus e dos apóstolos nelas podemos confiar. Jesus usou de parábolas para falar a respeito de seu retorno. Será como o ladrão, de noite, afirmou Pedro (2 Pe 3.4). “Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.42-44).

Jesus ensinou que devemos ficar “apercebidos”, isto é, atentos. Creio que aqui esteja a chave: A igreja deve manter-se alinhada com a promessa de Jesus de que voltará “esperando e apressando a vinda do Dia de Deus (2 Pe 3.12). Se a igreja tiver em mente o retorno do Senhor mudará estrategicamente seu estilo de vida, comprometendo-se com a obra de evangelização aos povos não alcançados e com o atendimento aos pobres.

Por que a igreja não anuncia nem prega frequentemente sobre a vinda de Jesus Cristo?

1. A igreja está acomodada dentro de seu sistema organizacional.

Quando me refiro a acomodação dentro da organização não tenho em mente apenas as grandes denominações, mas também aquelas igrejas locais, autônomas que giram em torno de si mesmas. Refiro-me também às comunidades cristãs surgidas nas décadas dos anos de 1970-80 e as neocomunidades que se espalharam pelo Brasil com uma mensagem de prosperidade financeira e sucesso ministerial.

Nas grandes denominações aqui e acolá ouve-se, às vezes algum pregador falar da volta do Senhor, mas sua mensagem esbarra no sistema organizacional em que os crentes vivem em função do templo, de seus departamentos e da construção de novos prédios. Esta acomodação faz da missão da igreja uma coisa irreal. Porque quando envia missionários, estes sobrevivem do “resto” que cai da mesa denominacional; os missionários são enviados para fundar igrejas ligadas à sua denominação visando a expansão de seu grupo e nunca enviados com uma visão de reino para trabalharem e cooperarem com as obras já existentes. Pregar para os acomodados com o sistema é como cantar canções de ninar. Foi assim que Deus disse a Ezequiel:

“Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra” (Ez 33.32).


2. A igreja vive um tempo de fartura material.

A igreja dos primeiros 3 séculos dava tudo que tinha a favor da evangelização e do sustento dos pobres, sem jamais se preocupar com grandes construções – apesar de manterem lugares de reuniões. Os poucos bens que possuíam eram confiscados devido a sua fé. O Império não perdoava. Espoliava os cristãos e não os deixava possuir bens.  “Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável” (Hb 10.34). Quer dizer, os irmãos até se alegravam quando chegavam os policiais e os agentes do governo e os expulsavam de suas casas e terras, porque sabiam que possuíam patrimônio eterno em Cristo.

Mas hoje vamos até o STF para defender nossos direitos de propriedade, porque perdemos a noção da eternidade e nos concentramos na fartura material. Não é sem razão que a teologia da prosperidade encontrou terreno fértil numa igreja apóstata.

Às vezes penso que fui um boboca, um trouxa que não conseguiu angariar bens nem enriquecer, porque não soube nem quis explorar a mensagem da fé que prego – é que tenho ainda em vista a eternidade quando serei julgado por Cristo e espero ter melhor galardão do que o que me oferecem na terra. E posso afirmar com certeza que ainda aceito convites para pregar sem sequer dizer o quanto gastarei com a viagem!


3. Por outro lado, a igreja vive um período de miséria espiritual.

Somente editoras com grande poder financeiro conseguem publicar comentários bíblicos ou livros de meditações diárias, porque o mercado é vago e escasso para esse tipo de publicações. Sei bem disto, porque tenho muitas obras rejeitadas com o argumento de que não se encaixam na linha editorial da empresa e de que não são livros de grande aceitação no mercado literário. Publicam, sim, livros a que eu chamo de “água com açúcar”, pois este tipo de literatura alimenta os moribundos da fé.

4. A igreja vive na apostasia.

Enquanto o Império Romano existiu não havia espaço para a apostasia, porque Roma não admitia organizações e sequer reuniões de grupos, a menos que fossem reuniões abertas a qualquer pessoa – se bem que admitia novas religiões e chegava até mesmo a colocar os deuses dos demais povos em seu panteão. Os crentes foram perseguidos porque anunciavam um novo reino e um novo Rei e Senhor, Jesus Cristo. Não seriam perseguidos se pregassem ideias e filosofias.

Sempre apontamos o dedo para a igreja católica romana como sendo ela a igreja apóstata, e nos esquecemos de que a apostasia é um desvio dos ensinamentos de Cristo e de seus apóstolos. Neste sentido não apenas católicos, mas protestantes, evangélicos e pentecostais, e também as igrejas neopentecostais são também apóstatas porque não têm em mente Cristo e, sim, seu próprio bem-estar.

Paulo avisou que o anticristo não surgirá sem que primeiro venha a apostasia, e esta surgiu a partir do terceiro século com o imperador Constantino.

5. A igreja perdeu a noção da eternidade e dos céus.

Basta que você faça um levantamento sobre os cânticos que entoamos em nossos cultos. Raramente a igreja entoa cânticos que falem da eternidade com Cristo; estes estão reservados para serem cantados, quando são entoados, em cerimônias fúnebres. Os cânticos que falam da eternidade parecem spams reservados para a lixeira eletrônica. Veja também as mensagens que ouvimos: que mensagem fala da eternidade e de nossa glória eterna? Se você quer ouvi-las procure as capelas funerárias, porque é lá que são pregadas.

Só os irmãos da terceira idade se lembram dos cânticos que falam da eternidade!

Mantenhamos a viva esperança: Jesus, sim, virá!
Abraços.
Vivam vencendo até que Ele venha!!!
Seu irmão menor.

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