LIÇÃO 3 - A morte para o verdadeiro cristão
Texto Áureo
“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21).
Verdade Prática
Para o crente, a morte não é o fim da vida, mas o início de uma plena, sublime e eterna comunhão com Deus.
Leitura bíblica em classe
Introdução
“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). Paulo quando escreve esse texto, não anseia pela morte, mas por uma presença mais próxima de Cristo que a morte trará. Enquanto isso, ele tem uma forte sensação de que deve permanecer entre eles para que aqueles crentes cresçam e amadureçam na fé. Na continuidade do texto de Fp 1, Paulo utiliza uma expressão em referência à morte – o termo partir – que também é usada para tirar pequenas estacas de barracas ou âncora de um barco; com isso, Paulo nos ensina que a morte significa apenas levantar acampamento e continuar, ou içar as velas para outro porto [c]. Não estamos acostumados a ouvir ensinos acerca da morte, muito menos sobre como enfrentar uma situação de perca de algum ente querido; não se arrisca a falar de um tema tão triste e acabamos deixando esse assunto de lado e, o que é pior, substituindo-o por coisas triviais e terrenas como se jamais fôssemos enfrentar este momento. Todo homem, quer salvo ou não, está sujeito à morte, contudo, o crente encara a morte de modo diferente do não salvo, pois para nós, ela não é o fim da vida, mas um novo começo, como nos inspira Paulo, é um levantar acampamento e partir para uma vida mais plena, é ser liberto de todas as aflições deste mundo para ser revestido da vida e glória celestiais (2Co 5.1-5). Boa aula!
I. O QUE É A MORTE
1. Conceito. Não é tarefa fácil definir a morte. A morte (do latim mors), o óbito (do latim obitu), falecimento (falecer+mento) ou passamento (passar+mento), ou ainda desencarne (deixar a carne) são termos que podem referir-se tanto ao cessamento permanente das atividades biológicas necessárias à manutenção da vida de um organismo, como ao estado desse organismo depois do evento. Para a medicina, é a cessação permanente da regulação cerebral das funções respiratórias, circulatórias e outras atividades reflexas, mantendo-se a vida apenas com recurso a dispositivos mecânicos que colmatam essa falta. A morte cerebral é definida pela cessão de atividade elétrica no cérebro. Porém, aqueles que mantêm que apenas o neo-córtex do cérebro é necessário para a consciência argumentam que só a atividade elétrica do neo-córtex deve ser considerada para definir a morte. Na maioria das vezes, é usada uma definição mais conservadora de morte: a interrupção da atividade elétrica no cérebro como um todo, e não apenas no neo-córtex, é adotada, como, por exemplo, na "Definição Uniforme de Morte" nos Estados Unidos [d]
2. O que as Escrituras dizem? “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a inescapável ira de Deus (Rm 1.18,19; 3.9,19; 5.17,21). Quando criado, Adão recebeu de Deus a promessa de confirmá-lo, a ele e a sua posteridade, permanentemente nesse estado, se tão somente Adão mostrasse fidelidade, obedecendo ao mandamento de Deus (Gn 2.17). Logo, vemos que Deus não criou o homem para a morte, e isso explica porque ela é inaceitável para nós. A morte física é, ao mesmo tempo, julgamento e bênção. Ela torna toda atividade vã, porém livra o redimido da frustração terrena e abre o caminho para uma salvação eterna, que perdura além do sepulcro (Sl 73.24; Pv 14.32).
3. É a separação da alma do corpo. Teologicamente, a morte física separa a alma do corpo, o qual retorna à terra (Gn 3.21). Sabemos que não escaparemos dela, a menos que Cristo volte antes que ela ocorra. Felizmente, há uma certeza para nós: “Ora, o último inimigo a ser aniquilado é a morte” (1Co 15.26). Quando se dará? Na ressurreição dos mortos em Cristo, por ocasião da volta do Senhor Jesus. Em 1Coríntios 15.50-55, Paulo diz que quando o nosso Senhor retornar à terra, os vivos subirão com os corpos transformados, isto é, corpos íntegros e imortais. Então, se cumprirá a Palavra de Deus: “Tragada foi a morte pela vitória” (1Co 15.54). Em 1Tessalonicenses 4.16,17, lemos que os que morreram em Cristo ressuscitarão e os que estiverem vivos serão arrebatados com eles para viverem eternamente com o Senhor Jesus. Já em Apocalipse 21.4, está escrito: “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”. Isto é, a morte física terá seu fim.
II. A VIDA APÓS A MORTE
“Morrendo o homem, porventura, tornará a viver?” (Jó 14.14a) Jó nutria a crença de que, depois de morto, estando no sheol, Deus o traria a vida outra vez. Jó possuía a crença na ressurreição pessoal. Numa época longínqua, aquele homem já possuía uma certeza e as respostas que a maioria dos homens em todas as épocas gostariam de ter. Entretanto, as Escrituras têm as respostas a essas perguntas.
a) Sheol. Em Salmos 16.10 e 49.14,15, o termo hebraico é “sheol”. Em grego o termo é hades, o mundo dos mortos (como que um asilo subterrâneo), incluindo suas instalações e seus ocupantes; - sepultura, inferno, abismo, Seol, morte. Salmos 16.10 afirma que os justos não foram criados para o Sheol, essa não é a morada apropriada deles. Eles não serão deixados no sepulcro ou no Sheol, mas serão resgatados desse lugar (Sl 49.15). Tais expressões denotam a idéia de imortalidade da alma e a esperança de se estar diante de Deus após a experiência da morte. Tal expectativa demonstra a certeza de que a morte não o separará de Deus e declara profeticamente que os santos de Deus serão ressuscitados em glória.
b) A esperança da ressurreição. O patriarca Jó expressou profeticamente a certeza de que, depois de seu corpo se desfazer no sepulcro, ele seria fisicamente ressuscitado e, em seu corpo reditivo, contemplaria o seu redentor: “E depois que o meu corpo estiver destruído e sem carne, verei a Deus” (19.26 cf. vv.23-25,27). O anseio de Jó por ver seu Redentor excedia em muito todos os seus demais desejos; ele aspirava pelo dia no qual veria a face do Senhor, plenamente redimido. O salmista expressou-se a esse respeito da seguinte forma: “Quanto a mim, feita a justiça, verei a tua face; quando despertar, ficarei satisfeito ao ver a tua semelhança” (17.15 cf. 16.9-11). Este pode ter sido o versículo que o apóstolo João tinha em mente quando escreveu sobre a ressurreição futura e as recompensas para os que foram maltratados na vida presente (1Jo 3.2). Os profetas Isaías e Daniel expõem a esperança da ressurreição como um encontro irreversível com Deus (Is 26.19; Dn 12.2). Estas duas ressurreições são mais explicadas em Ap 20.4-15; a primeira ressurreição acreditamos que sucederá antes do milênio, e a segunda após o milênio, precisamente antes do julgamento do grande trono branco. A ressurreição dos mortos justos confirma a esperança da vida eterna. Logo, podemos afirmar categoricamente que o Antigo Testamento, respalda, inclusive com riqueza de detalhes, que há vida e consciência após a morte.
2. O que diz o Novo Testamento. A Bíblia refere-se à morte do crente em termos consoladores. A morte para o justo, segundo Lucas, é ser levado pelos anjos “para o seio de Abrão” (Lc 16.22); é ir ao “paraíso”(Lc 23.43); é ir à casa do nosso Pai, onde há “muitas moradas” (Jo 14.2); é uma partida bem-aventurada para “estar com Cristo”(Fp 1.23), e é a ocasião de receber a “coroa da justiça”(2Tm 4.8). Nossa corporal está garantida pela ressurreição de Cristo (At 17.31; 1Co 15.12, 20-23). Essas porções bíblicas ensinam claramente a sobrevivência da alma humana fora do corpo, quer do salvo, quer do ímpio, após a morte. Jesus nos ensina acerca de uma ressurreição da vida, para o crente, e de uma ressurreição de juízo, para o ímpio (Jo 5.28,29). O crente passa do tempo para a eternidade. Paulo usou o substantivo grego kerdos significando ganho, o adjetivo kreitton significando maior, melhor ou superior, e o advérbio mallon significando mais ou muito mais em Filipenses 1.21-23. A combinação das palavras prova que o crente falecido não se torna inferior a uma pessoa quando ele morre: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada...E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.18,23). O corpo redimido será a finalização ou perfeição do que Deus o Espírito Santo começou na regeneração. O Espírito aplicou o que o Filho de Deus providenciou em Sua morte. O que o Filho providenciou foi em favor do eleito que o Pai lhe deu antes da fundação do mundo [e].II. MORTE, O INÍCIO DA VIDA ETERNA
1. Esperança, apesar do luto. “[...] quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11.25). O crente não teme a morte. Assim como se expressou o salmista, dizemos: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum …" (Sl 23.5); temos convicção de que a morte não é o fim de tudo. O homem não morre como a besta do campo e o crente morre como alguém sem esperança. Pela graça ele crê que Deus lhe deu a vida eterna, e que a morte é o meio pelo qual ele passa para uma experiência mais gloriosa dessa vida: "Tragada foi a morte na vitória" (1Co 15.54). Embora seu corpo retorne ao pó, o mesmo não permanecerá nessa corrupção. Ele será levantado dentre os mortos. O corruptível se vestirá de incorrupção, e o mortal de imortalidade. "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro" (1Ts 4.16).
2. A morte de Cristo e a certeza da vida eterna. O Pai entregou seu Filho em favor da humanidade, e assim o fez simplesmente por amor (Jo 3.16). Já pensou se Jesus não tivesse ressuscitado dentre os mortos? Certamente permaneceríamos mortos em nossos delitos e pecados; Se o Senhor não tivesse ressuscitado, ainda seríamos escravos do pecado; Se Cristo não tivesse ressuscitado dentre os mortos, estaríamos fazendo a vontade da carne, andando segundo o curso deste mundo, conforme a vontade do seu governante e estaríamos irremediavelmente sem esperança da vida Eterna. Essa é a razão pela qual o crente espera avidamente a vinda de Cristo. Ele anseia pelo dia quando será transformado "num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta" (1Co 15.52). Nesse momento glorioso todos do povo de Deus serão glorificados e entrarão na bem-aventurança dos novos céus e nova terra. Assim, a oração diária de todo filho de Deus é: "Ora vem, Senhor Jesus" (Ap 22.20). Mas isso não é tudo. A esperança do crente não é somente que ele será ressuscitado dentre os mortos quando Cristo retornar, mas que após a morte ele entrará imediatamente na presença de Cristo. O filho de Deus espera Cristo vir na morte para levá-lo ao céu, da mesma forma que espera ele vir no final do mundo. Embora o corpo retorne ao pó e não será ressuscitado até o último dia, na morte, a alma é levada ao céu. Na morte, o crente desfruta conscientemente da bem-aventurança de estar com o seu Senhor e Salvador.
3. A morte: o desfrutar da vida eterna. O livro de Eclesiastes, atribuído tradicionalmente ao rei Salomão, afirma que o dia da morte do crente é melhor do que o dia do seu nascimento: “Melhor é a boa fama do que o melhor ungüento, e o dia da morte, do que o dia do nascimento de alguém” (Ec 7.1). Todos os dias do crente sobre a terra são bons, mas estar com Cristo na glória eterna será ainda melhor. No dizer de Paulo, o apogeu da bênção seria partir para estar com Cristo na glória: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei, então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne” (Fp 1.21-24). O crente olha para a morte como uma partida da imperfeição para perfeição (2Tm 4.6). Paulo viveu uma vida espiritual progressiva. Ela não foi ausente de dificuldade, perseguição e sofrimento. Contudo, essa vida estava em preparação para a morte, pois ele aguardava a experiência com confiança alegre e expectativa esperançosa. A morte, para todo crente, deixa de ser um inimigo, pois Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, destruiu o poder da morte. Para o crente, morrer é lucro, pois implica em descansar na presença do Salvador.
CONCLUSÃO
As Escrituras falam da morte do crente de um modo bastante consolador. É na morte de Cristo que o crente é solicitado a transformar sua morte num lugar privilegiado do encontro derradeiro com o Pai, numa decisão de amor pessoal e de decisão definitiva acerca de seu destino. Viver e morrer para o crente significa aceitar a passagem pascal, onde a doação a Cristo e aos irmãos não se realiza sem dificuldades e desilusões, sem passar pelas inúmeras mortes cotidianas até a morte física, etapa obrigatória criada pelo ato redentor de suprema doação de Cristo que morre por amor e ressuscita para que nós possamos ressuscitar com Ele. Agora vivemos uma vida nova, porque aquele que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos, dará a vida também aos nossos corpos mortais (Rm 8.11).Subsídio para o Professor:
MORTE deve ser vista sob três aspectos:
1. MORTE ESPIRITUAL. A morte espiritual é a separação entre Deus e o homem, é a ausência de comunhão entre Deus e o homem. É chamada de “morte espiritual” porque é o espírito humano que promove este elo de ligação entre Deus e o homem, daí porque se dizer que, quando o homem aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador, há a vivificação do espírito (1Co 15:22), bem como que o homem, antes da salvação, está morto em seus delitos e pecados (Ef 2:1). Como consequência da morte espiritual, vemos que houve, também, uma morte moral do ser humano. Tendo sido descoberto por Deus na sua inútil tentativa de dEle se esconder, o homem é posto diante da presença do Senhor e vemos, então, não mais o ser que era a imagem e semelhança de Deus, cônscio de seus deveres e responsabilidades, cientes de seus direitos, mas alguém que não assume qualquer responsabilidade, que procura culpar o próximo, mesmo sendo a pessoa que tanto amava. Adão, diante do seu erro, tenta culpar sua mulher e esta, por sua vez, acusa a serpente.
O corpo, feito do pó da terra, teria de voltar a esta terra, voltar a ser pó, o que ocorreria no momento determinado por Deus, quando, então, ocorreria a separação entre o homem exterior e o homem interior. Eis a sentença de Deus: “…maldita é a terra por causa de ti; […] No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás…” (Gn 3:17-19). É válido enfatizar que a morte física não estava projetada para o homem, não fazia parte do propósito divino, mas que é resultado do pecado, consequência do pecado. Assim, quando Deus apresentou o Seu plano da salvação, esta teria, necessariamente, de propiciar um mecanismo de erradicação da doença e da morte física. A salvação é o restabelecimento da comunhão entre Deus e o homem, o retorno à condição originalmente prevista para o ser humano, demonstrando, desta maneira, tanto a fidelidade divina, quanto a Sua misericórdia.
3. MORTE ETERNA. Mas, além da morte espiritual e da morte física, a Bíblia fala-nos da Morte eterna ou “segunda morte” (Ap 20:14), que é a separação eterna de Deus, resultado da condenação no julgamento final, quando, então, aqueles que resolveram viver longe da presença de Deus, que recusaram o Seu senhorio em suas vidas, serão lançados no lago de fogo e de enxofre para todo o sempre, onde sofrerão eternamente juntamente com Satanás, a Besta, o Falso Profeta e todos os anjos caídos. Está escrito: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”(Ap 20:15). A eterna separação de Deus é o destino eterno dos incrédulos. É o que a Bíblia considera de segunda morte (Ap 20:14). Esta separação é definitiva e não representa aniquilamento ou fim da existência, mas uma separação eterna e irreversível de Deus. O pior da condenação é nunca mais ver a Deus
II. A VIDA APÓS A MORTE
As pessoas que não acreditam na existência de Deus, obviamente, negam a ideia de vida após a morte. Outros, mesmo entre aqueles que se proclamam seguidores de Jesus, ensinam que os injustos deixarão de existir, quando morrerem. Em contraste, Jesus claramente ensinou que a existência não cessa com a morte (Mateus 22:31-32; Lucas 16:19-31). O problema fundamental nesta doutrina humana que diz que a existência cessa com a morte, é o erro de não entender que a morte é uma separação, e não o fim da existência da pessoa (veja Tiago 2:26). Algumas igrejas, seguindo doutrinas de homens, negam a existência do Inferno, mas a Bíblia mostra que todos serão julgados e separados: os justos para a vida eterna; e os ímpios para o castigo eterno, separados de Deus para sempre (João 5:28-29; Mateus 25:41,46).
1.O que diz o Antigo Testamento. A idéia da imortalidade estava presente tanto na cultura grega quanto na cultura judaica. A morte é algo que vai contra o projeto original de Deus. E o homem, no recôndito de seu ser, não aceita a idéia da morte, de forma que não foi difícil a ele chegar à concepção de que a morte física não poderia ser o fim de tudo. No Antigo Testamento, a ideia de imortalidade estava presente entre os judeus. As Escrituras hebraicas contêm afirmações a respeito da imortalidade, da existência após a morte física, desde o seu primeiro escrito, que muitos entendem ter sido o livro de Jó, que teria sido escrito pelo próprio patriarca ou por Moisés, quando ainda estava entre os midianitas. Em Jó 19:25-27, o patriarca exclama que sabia que seu Redentor vivia e que por fim se levantaria sobre a Terra e que, depois de consumida a sua pele, ainda em sua carne veria a Deus. Por mais que se especule a respeito deste texto, por mais que se levantem questionamentos a respeito da passagem, não há como deixar de ver aqui uma noção de uma imortalidade, de uma existência depois da morte física (”depois de consumida minha pele”, diz o patriarca). Esta ideia das Escrituras hebraicas, que perpassará toda a revelação divina através do Antigo Testamento, sempre traz a ideia de uma nova existência após a morte física, mas com o mesmo corpo que foi consumido. “Ainda na minha carne, os meus próprios olhos, e não outros”, dizia o patriarca. Esta mesma crença, aliás, está presente em Marta, quando Jesus lhe indaga, em Betânia, se cria que seu irmão Lázaro haveria de ressuscitar (João 11:23,24).
2. O que diz o Novo Testamento. O Novo Testamento é bastante claro no que diz respeito à imortalidade da alma. Cito alguns textos que ativam a nossa percepção de que a alma sobrevive à morte (Lc 16:19-31; João 14:1-3; 2Co 5:8; Fp 1:23; 1Ts 4:16,17; Ap 6:9-11). Quando o apóstolo Paulo pensava em sua morte, ele afirmou: “…desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2Co 5:8). Ele também diz que seu desejo é “partir, e estar com Cristo…” (Fp 1.23). Jesus também disse ao ladrão que estava morrendo ao lado dele na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43). Observação: O Paraíso ou “Seio de Abraão” (Lc 16:19;23:43) era um lugar intermediário de felicidade, em um dos lados do Hades (região dos mortos), onde antes as almas dos salvos aguardavam conscientes a ressurreição (Lc 16:26). Essa região do Hades existiu até o dia da ressurreição de Cristo, quando eles então ressuscitaram (Mt 27:52,53). O Hades tinha dois lados separados entre si por um abismo intransponível. O “Seio de Abraão” era separado do lugar de tormentos. Depois de Cristo, os crentes, quando morrem, vão direto para o Céu “estar com Cristo” (Fp 1:23; 2Co 5:8). Por outro lado, o lugar de tormentos do Hades ainda existe, e é aonde os não-salvos vão depois que morrem, para aguardar o Grande Trono Branco (Juízo Final), que acontecerá depois do Milênio, quando, então, irão de lá para o Inferno (lago de fogo e enxofre), juntamente com Satanás e seus anjos (Ap 20:5,11-15). Quando Jesus morreu, não foi ao Inferno, Ele foi ao Hades(Ef 4:9)), esteve no lado chamado “Seio de Abraão” e trouxe os salvos à ressurreição, e os levou ao Céu (Ef 4:9,10). Alguns segmentos cristãos, como, por exemplo, os adventistas do sétimo dia, acreditam que ao morrer o ser humano a sua alma fica num estado inconsciente, ou seja, ela apenas dorme, esperando a ressurreição do corpo. Dizem isso com base no texto bíblico de 1Tessalonicesses 4:13-15, quando Paulo se dirige aos cristãos Tessalonicenses, esclarecendo-lhes acerca daqueles que morreram fisicamente - “não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem…”(1Ts 4:13). A expressão “dormiam” empregada por Paulo neste texto tem significado figurado, ou seja, não deve ser considerado do ponto-de-vista literal. Paulo utiliza-se da expressão “dormiam” precisamente para mostrar aos crentes de Tessalônica que a morte física para o crente era um estado de separação da comunidade - mas uma separação temporária, passageira -, assim como é a separação daquele que dorme dos seus familiares. Quando dormimos, separamo-nos daqueles com quem convivemos por um período de tempo, sem, no entanto, deixar de viver, sem que nem sequer deixemos de ter atividades psíquicas e mentais. Quando Paulo usa a expressão “dormiam”, em hipótese alguma estava dizendo que, quando uma pessoa morre, ela passa a ficar inconsciente, a ter um sono espiritual que somente terminará quando da volta de Cristo ou do julgamento final. Se Paulo estivesse dizendo isto, estaria contradizendo o próprio Jesus, que, ao relatar a história do rico e de Lázaro, mostra claramente que, após a morte, a pessoa mantém plenamente a sua consciência, sendo levada a um lugar(o Hades) onde aguardará ou a primeira ressurreição, ou a ressurreição do último dia (Ap 20:5,12 e 13). Outrossim, se Paulo estivesse dizendo que o ser humano, ao morrer, entra num estado de inconsciência, estaria contradizendo o próprio ministério de Jesus Cristo, que, ao se transfigurar, conversou e teve a companhia de Elias e de Moisés, tendo este último morrido fisicamente (Dt 34:5). Outrossim, se Paulo estivesse dizendo que o ser humano, ao morrer, entra num estado de inconsciência, estaria contradizendo o próprio Jesus Cristo que, quando indagado sobre a ressurreição, pelos saduceus, disse que Deus Se identificou a Moisés como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó porque era um Deus de vivos e não de mortos (Mc 12:27), acrescentando ainda que eles, saduceus, erravam muito por entenderem que a morte física era o fim de tudo. Vemos, portanto, que não há como se defender que a morte física é uma circunstância de inconsciência por parte do homem, até porque a morte física é tão somente a separação do corpo do homem interior, pois o que Deus sentenciou foi o retorno do pó à terra e o homem interior não veio do pó da terra, mas do fôlego de vida inserido no homem pelo próprio Deus (Gn 2:7). Também, o texto de Lucas 16:19-31(”parábola” do rico e do Lázaro), refuta a doutrina do “sono da alma”, a doutrina de que a alma não é consciente entre a morte e a ressurreição. O certo é que quando Cristo ou Paulo dizia que um morto “dormia” estava usando uma metáfora, referindo-se ao sono do corpo, que irá ressuscitar e, portanto, quando morto, fica como se estivesse “dormindo”.
III. MORTE, O INÍCIO DA VIDA ETERNA A morte é, sem dúvida, um absurdo, porque não se encontra no plano original de Deus, mas ela não é o fim da existência, muito pelo contrário, é apenas o início da eternidade.
1. Esperança, apesar do luto. Embora o salvo tenha grande esperança e alegria ao morrer, os demais que ficam não deixam de lamentar a partida dele. Sendo um ente querido, a dor é ainda maior, mesmo que essa pessoa não seja crente (o que, aliás, aumenta ainda mais a dor para o cristão, por saber que esta separação é definitiva). Quando Jacó faleceu, por exemplo, José lamentou profundamente a perda de seu pai. O que se deu com José ante a morte de seu pai é semelhante ao que acontece a todos os crentes, quando falece um seu ente querido(ver Gn 50:1). Mas, apesar do luto, há uma esperança. O apóstolo Paulo ao ensinar os cristãos de Tessalônica acerca da morte física não admitia que os crentes tessalonicenses a encarassem da mesma maneira que os demais que não tinham esperança, que não tinham a compreensão do significado da morte física para o salvo. Disse ele: “Não quero que sejais ignorantes acerca dos que já dormem para que não vos entristeçais como os demais, que não têm esperança” (1Ts 4:13). O apóstolo sabia que a tristeza era natural aos que ficavam vivos diante de uma morte. Não havia como deixar de sentir tristeza diante da separação de um irmão em Cristo, mormente numa igreja onde havia tanto amor fraternal como a de Tessalônica. Jamais se pode exigir de um crente que não sinta tristeza numa ocasião fúnebre, pois, além da tristeza própria de cada um, sentimos, em situações como esta, a tristeza de todos os que nos cercam, num ambiente que aumenta, ainda mais, a tristeza, tanto que Jesus, mesmo sabendo que ressuscitaria Lázaro, chorou diante do clima fúnebre quatro dias depois do sepultamento de Lázaro. Se Jesus chorou, quem somos nós para não nos entristecermos diante disto? Sentimos tristeza quando alguém querido se separa fisicamente de nós porque somos humanos e isto é perfeitamente natural, não residindo aí a diferença entre o crente e o ímpio. O apóstolo enfatiza que a tristeza do crente, embora natural e perfeitamente compreensível, não pode ter o mesmo sentido da tristeza do ímpio e é este sentido, este significado que faz a diferença entre uma e outra. “Não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança“. O crente fica triste quando alguém morre, mas não pode agir como os ímpios, que não têm esperança. A distinção entre a tristeza do crente e a tristeza do ímpio em ocasiões fúnebres está na esperança que tem o crente de que, além da morte física, existe uma eternidade de delícias com o Senhor, existe uma plenitude da vida eterna que já começamos a gozar aqui. O crente sabe que, com a morte física, há tão somente uma passagem para uma comunhão mais perfeita com o Senhor, é uma etapa a mais na caminhada rumo à glorificação, quando, então, no dia do arrebatamento da Igreja, tanto mortos quanto vivos, que agora são filhos de Deus, terão manifestado o que haverão de ser, pois, quando Cristo Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque assim como é O veremos (1João 3:2). Sabendo disso, temos conforto e consolo face à promessa de nos reunirmos, num corpo glorioso e transformado, com o Senhor naquele dia em que seremos glorificados. Portanto, quando estivermos diante de uma ocasião fúnebre de um servo do Senhor, não devemos nos desesperar, como é costumeiro ocorrer quando se trata da morte de ímpios ou da reação deles diante da morte de entes queridos, como estava acontecendo em Tessalônica, mas, pelo contrário, ainda que entristecidos, porque humanos somos, temos de nos consolar e nos confortar com a esperança que temos de que Jesus virá buscar a Sua igreja e que, vivos e mortos, serão reunidos nos ares e se encontrarão com o Senhor, para vivermos uma plenitude de comunhão com Ele. A morte física do crente, portanto, não é apenas um motivo de tristeza, mas uma fonte de esperança e de estímulo e incentivo em seguirmos ao Senhor até o fim com fidelidade e santidade.
2. A morte de Cristo e a certeza da vida eterna. A grande diferença entre a fé cristã e as demais crenças que o homem tem é o fato de que Deus provou a verdade do evangelho e do perdão dos pecados em Cristo Jesus por intermédio da morte e ressurreição de Jesus. O apóstolo Paulo disse que a fé cristã seria vã, seria vazia, não teria qualquer sentido se Cristo não tivesse ressuscitado(cf 1Co 15:14). O túmulo vazio é a principal e a irrefutável prova de que Cristo é a verdade, que Seu sacrifício foi aceito por Deus e tem poder para reconciliar a humanidade com o seu Criador. Jesus ressuscitou, ou seja, morreu mas reviveu, e reviveu num corpo glorioso, um corpo que não estava submetido às leis da natureza, tanto que ingressou em local onde as portas e janelas estavam fechadas no cenáculo em Jerusalém; desapareceu após abençoar o alimento em Emaús e subiu aos céus, desafiando a gravidade no monte das Oliveiras. A ressurreição de Cristo é a comprovação de que Deus irá, também, ressuscitar os crentes que tiverem morrido até o dia do arrebatamento da Igreja, pois Jesus prometeu que todos os Seus com Ele viveriam para sempre nas moradas celestiais que Ele haveria de preparar(cf João 14:1-3).
3. A morte: o desfrutar da vida eterna. A vida não consiste apenas do breve percurso entre o berço e a sepultura. Há uma dimensão transcendental na vida. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus e temos uma alma imortal. Nossa vida não se milita apenas a este mundo. O sepulcro frio não é o nosso destino final. Nossa existência não se finda com a morte. O maior bandeirante do cristianismo, o apóstolo Paulo, disse que se a nossa esperança se limitar apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens(1Co 15:19). A crença de que somos apenas matéria, e de que tudo em nossa vida não passa de reações químicas, leva-nos ao desespero. A falsa compreensão de que não existe vida depois da morte, e de que a morte tem o poder de pôr fim à existência carimbada pelo sofrimento, tem levado muitos indivíduos a saltar no abismo do suicídio em busca de um alívio ilusório. Na verdade, a morte não põe um ponto final na existência(Lc 16:22,23). Do outro lado da sepultura, há uma eternidade de gozo ou sofrimento, de bem-aventurança ou tormento. Depois da morte, há dois destinos eternos: Céu ou Inferno. Podemos descrer ou negar isso, mas não invalidar essa verdade.
CONCLUSÃO
“Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos“(Salmo 116:15). A Morte do justo é de grande valor para Deus. É a ocasião em que é libertado de todo o mal, e levado vitoriosamente desta vida ao Céu. Para os salvos, a Morte não é o fim da vida, mas um novo começo. Neste caso, ela não é um terror (1Co 15:55-57), mas um meio de transição para uma vida plena de felicidade eterna. Para o salvo, morrer é ser liberto das aflições deste mundo (2Co 4:17) e do corpo terreno, para ser revestido da vida e glória celestiais (2Co 5:1-5). Em fim, para o crente a Morte é a entrada da Paz (Is 57:1,2) e na glória (Sl 73:24); é ser levado pelos anjos “para o seio de Abraão” (Lc 16:22); é ir ao “Paraíso” (Lc 23:43); é ir à casa de nosso Pai, onde há “muitas moradas” (João 14:2); é uma partida bem-aventurada para estar “com Cristo” (Fp 1:23); é ir “habitar com o Senhor” (2Co 5:8); é um dormir em Cristo (1Co 15:18; cf João 11:11; 1Ts 4:13); ” é ganho…ainda muito melhor” (Fp 1:121,23); é a ocasião de receber a “coroa da justiça” (ler 2Tm 4:8).
Bibliográfia:
William Macdonald - Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI - EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão - nº 51.
Caramuru Afonso Francisco - A Vinda de Jesus e a Ressurreição dos santos.
William Macdonald - Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI - EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão - nº 51.
Caramuru Afonso Francisco - A Vinda de Jesus e a Ressurreição dos santos.
Tenham todos um bom dia. E no domingo, faça valer apenas a Verdade biblia
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