A expansão evangélica e alguns pontos do Censo 2010 [Parte 01]
Capa da revista Veja em julho de 2002 |
1. O crescimento da população evangélica continua com força, mas em ritmo menor.
Alguns sociólogos da religião diziam que o fôlego do crescimento evangélico estaria diminuindo e, de fato, o ritmo diminuiu, mas não fortemente. A população evangélica continua crescendo com força, mas já não é a mesma força da década de 1990. Apesar disso, a estagnação anda longe desse crescimento puxado por comunidades pentecostais e neopentecostais. Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, diz que, mantida a tendência das últimas décadas, o número de evangélicos irá superar o de católicos em 20 ou 30 anos. "O maior país católico do mundo vai deixar de ser católico", afirmou Alves. Portanto, a previsão da SEPAL (Serviço para Evangelização da América Latina) que afirma que em 2020 metade dos brasileiros serão evangélicos é um tanto otimista.
Alguns sociólogos da religião diziam que o fôlego do crescimento evangélico estaria diminuindo e, de fato, o ritmo diminuiu, mas não fortemente. A população evangélica continua crescendo com força, mas já não é a mesma força da década de 1990. Apesar disso, a estagnação anda longe desse crescimento puxado por comunidades pentecostais e neopentecostais. Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, diz que, mantida a tendência das últimas décadas, o número de evangélicos irá superar o de católicos em 20 ou 30 anos. "O maior país católico do mundo vai deixar de ser católico", afirmou Alves. Portanto, a previsão da SEPAL (Serviço para Evangelização da América Latina) que afirma que em 2020 metade dos brasileiros serão evangélicos é um tanto otimista.
2. A Assembleia de Deus puxou o crescimento dos pentecostais e isso é uma surpresa. É surpreendente que uma igreja já centenária e em amplo processo de “historização” puxe o crescimento dos evangélicos no Brasil. Na última década a denominação ampliou fortemente sua presença na mídia, no ensino teológico e na liberalização dos “tabus comunais”. Nesse processo de amadurecimento institucional se esperava um crescimento menor, mas não foi o que aconteceu. Eu, particularmente, acreditava que a Assembleia de Deus estava estagnada e, assim, errei feio na minha percepção.
3. A Igreja Universal do Reino de Deus caiu e isso é uma boa notícia. Entre 2000 e 2010, a Universal
perdeu 228 mil fiéis, ou 10% de seus adeptos. Os 2,1 milhões de frequentadores em 2000 caíram
para 1,8 milhão em 2010. Ora, por que isso é uma boa notícia? A Universal é um divisor de águas no meio evangélico. Depois do Edir Macedo toda a sociedade vê a Igreja Evangélica como um grupo de alienados que são roubados por pastores espertalhões. Não há uma instituição que tenha mais manchado o nome dos evangélicos do que Edir Macedo e sua turma da Universal. E só uma pena que parte significativa desse rebanho perdido não a deixou por ter entendido o Evangelho melhor, mas sim para seguir o milagreiro e fazendeiro Valdemiro Santiago.
A expansão evangélica e alguns pontos do Censo 2010 [Parte 02]
Gráfico do jornal O Globo |
1. O crescimento dos evangélicos, como todos sabem, foi puxado pelos pentecostais, mas sem ajuda dos tradicionais.
Portanto, o Censo 2010 mostra que era somente impressão um possível crescimento das Igrejas Protestantes Históricas. Em agosto de 2011, a FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas) lançou o Novo Mapa das Religiões e com aqueles dados alguns especialistas especularam que estaria havendo um aumento significativo de evangélicos tradicionais. Não foi o que aconteceu, pois embora tenham crescido, a membresia das “igrejas de missão” continua estável na proporção perante a população do país. Eram 4,1% dos brasileiros em 2000 e agora são 4%. O número de luteranos e presbiterianos, por exemplo, diminuiu na última década.
2. O trânsito religioso se consolidou.
Há pelo menos cinco anos os especialistas falam sobre o “trânsito religioso”, ou seja, a migração de igreja em igreja de evangélicos sem uma raiz denominacional. Não confunda esse grupo com os “desigrejados”, pois esses não congregam em lugar algum, mesmo que se considerem evangélicos. O Censo 2010 classificou esse grupo como integrantes de religiões “evangélicas não determinadas”. Em 2000 havia 1,7 milhão nesse grupo, agora são 9,2 milhões. Eles equivaliam a apenas 1% da população em 2000, mas hoje são 4,8% dos brasileiros, ou seja, mais do que os espíritas (2%).
3. O número de pequenas igrejas neopentecostais (ou pentecostais) continuam explodindo
Aquela famosa lista da Revista Eclésia que apresentava os nomes mais exóticos de igrejas evangélicas precisa ser atualizada urgentemente.
4. Não é nem necessário dizer, mas crescimento não é avivamento.
Os evangélicos continuam crescendo e, mantendo esse ritmo, serão maioria na década de 2040 (ou até antes). Agora, a qualidade é a chave. E, assim, é também um desafio, pois precisamos investir pesadamente em discipulado e continuar lutando pela igreja, principalmente com educação teológica de qualidade que seja acessível a essa nova massa de evangélicos.
A expansão evangélica e alguns pontos do Censo 2010 [Parte 03]: O tradicionalismo legalista e o crescimento das igrejas pentecostais!
AD no bairro do Belém em São Paulo |
Na edição deste domingo o jornal O Estado de S. Paulo [leia aqui] divulgou dados interessantes sobre um processo que o periódico chama de “pulverização”, ou seja, a fragmentação da membresia evangélica acentuada em pequenas igrejas e entre evangélicos desigrejados. Mas há outro dado curioso: o pentecostalismo cresceu, mas o pentecostalismo legalista e sectário caiu drasticamente na cidade de São Paulo.
Enquanto que a Assembleia de Deus ganhou mais de 140 mil membros na cidade de São Paulo na última década, a Congregação Cristã do Brasil perdeu 72 mil membros e a Igreja Pentecostal Deus é Amor perdeu 23 mil. É ainda cedo para uma conclusão, mas parece que o modelo de igreja megarígida e inflexível chegou ao fim em uma grande cidade como São Paulo. Não houve década que a Assembleia de Deus tenha mais aderido a flexibilização do que a década de 2000 e isso, ao que parece, ajudou no grande crescimento.
1. Igrejas pentecostais rígidas (legalistas) e não flexíveis perdem membros.
2. Igrejas pentecostais que eram legalistas, mas que abandonam aos poucos essa tendência “fechada” ganham membros.
3. A flexibilização nos costumes e o crescimento pelo interesse no estudo teológico não prejudicaram o crescimento.
Portanto, falar em crescimento pentecostal demanda uma “vírgula”, pois as igrejas pentecostais que mantiveram as suas tradições como “ferro e diamante” perderam membros. E aí nasce outro ponto: os defensores da manutenção ad aeternum dos “usos e costumes” costumam alegar que a sua equilibrada liberalização inibirá o crescimento da denominação, pois se o crescimento sempre existiu, então por que introduzir mudanças nas tradições? Ora, se a Assembleia de Deus continuasse aquela igreja “sectária e legalista” da década de 1990 teria perdido membros da mesma forma que a Congregação Cristã e a Deus é Amor.
Outro mito bobo é que uma Assembleia de Deus mais voltada para a teologia prejudicaria o crescimento. Essa era a tese mais apaixonada dos anti-intelectuais, mas a década de 2000 provou ser uma análise totalmente errada, assim como é errada a análise dos defensores do legalismo institucionalizado.
É bom deixar bem claro que não estou escrevendo sobre a qualidade desse crescimento, pois esse assunto não é objeto de análise deste post, mas já foi de outro texto. O que discuto aqui é um fato simples: o mito que a liberalização dos costumes prejudicaria o crescimento das Assembleias de Deus. A Assembleia de Deus no bairro do Belenzinho (São Paulo, SP) é um exemplo disso [foto acima]. A congregação-sede neste bairro mudou muito nos últimos quinze anos em relação aos “usos e costumes”. O discurso um tanto conservador do seu líder não é compatível com a membresia que ele lidera. No Belenzinho já não há (graças a Deus!) aquela opressão legalista dantes e continua com forte crescimento. Agora, se a igreja é melhor hoje do que ontem é uma outra discussão.
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