Vapor no reator 2 atrasa esforços para religar energia em usina no Japão
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
As autoridades japonesas conseguiram reconectar nesta terça-feira a energia elétrica nos reatores da usina nuclear de Fukushima Daiichi, mas o esforço crucial para religar o centro de comando e restaurar os sistemas de resfriamento foi adiado diante do aquecimento da piscina de combustível usado do reator 2.
A piscina onde fica cerca de 2.000 toneladas de combustível nuclear usado está sendo bombardeada com toneladas de água nos últimos dias, para evitar que a temperatura suba. Na noite desta terça-feira (manhã em Brasília), a piscina liberava vapor, segundo o jornal "The New York Times"
O aumento da temperatura da água desta piscina, normalmente de 40ºC, faz com que a água se dissipe e exponha as varetas de combustível nuclear usado. Sem o líquido, que as isola do exterior, elas ficam então suscetíveis às altas temperaturas e podem derreter. No pior dos cenários, podem liberar material altamente radioativo
"Nós não podemos ficar sem fazer nada e nós precisamos cuidar disso o mais rápido possível", disse Hidehiko Nishiyama, vice-diretor da Agência de Segurança Industrial e Nuclear do Japão, citado pelo "New York Times"
A notícia veio pouco depois dos técnicos conseguirem conectar os seis reatores da central nuclear de Fukushima a uma linha de energia elétrica externa.
Diante das dificuldades em conter a temperatura e a pressão, apenas os reatores 5 e 6 recebem energia elétrica no momento. Os reatores 3 e 4, muito avariados, são os que representam mais problemas técnicos, assim como a unidade 2, da qual sai uma coluna de fumaça branca.
"Temos agora uma linha de energia elétrica que vai até os distribuidores dos reatores, mas ainda temos que verificar cada equipamento antes de colocá-los em funcionamento", afirmou um porta-voz da agência.
Dezenas de eletricistas, bombeiros e engenheiros lutam contra o tempo em Fukushima para evitar que a série de acidentes provocados pelo terremoto seguido de tsunami do último dia 11 de março não adquira proporções maiores, em consequência do superaquecimento do combustível radioativo dentro da central.
MORTOS
Em meio aos esforços das autoridades para conter a crise nuclear, a Polícia Nacional do Japão afirmou que o número de mortos pelo terremoto e tsunami já chega a 9.099 em 12 prefeituras. Outras 13.786 estão desaparecidas, segundo o balanço atualizado às 21h (9h em Brasília).
A polícia conseguiu identificar até agora 4.670 corpos, entre os quais 4.150 foram entregues aos familiares.
Com a extensão dos danos causados e a falta de combustível, as empresas de cremação não conseguem atender a demanda. As cidades de Higashimatsushima e Watari, em Miyagi, já enterram os mortos identificados sem cremação --prática pouco usual no Japão. Todos foram enterrados com o consentimento da família, segundo a agência de notícias Kyodo.
Muitos dos corpos são enterrados em condições precárias, apenas enrolados em lençóis, há que o número de caixões disponíveis não atende a demanda.
Outras nove cidades de Miyagi, assim em Kamaishi e Otsuchi, em Iwate, devem começar a enterrar as vítimas em breve, segundo a Kyodo.
Folha.com
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