Cientistas sociais afirmam que vivemos momento histórico
Ellen é movida a desafios. Criada em uma Assembleia de Deus carioca, quando pequena pedia o microfone ao vovô pastor para cantar. Seu espírito de liderança era latente. Os pais investiram em seus estudos e sonhavam que a menina seria funcionária pública como eles ou talvez entrasse na banda de música da Marinha, como o vovô pastor, militar reformado. Na adolescência, o coro liderado por ela deixou de apenas cantar: introduziu coreografias. O vovô pastor não gostava, mas “suportou” entendendo que a fase passaria. Não passou.
Ellen queria sempre um passo a mais. Apesar de respeitar a autoridade de seus pais e dos líderes da igreja, fazia de tudo para valer a sua opinião. Entre as conquistas, foi a primeira mulher a liderar a juventude de sua igreja, dirigia trabalhos evangelísticos com encenações nas ruas e, contrariando o desejo dos pais, escolheu se formar em Ambientes de Internet, tornando-se desenvolvedora de jogos que seriam baixados para o celular. No entanto, a “moderna” Ellen não era vista assim por todos. Ao assumir uma classe de adolescentes, viu a sua turma considerá-la “atrasada”, pois seus alunos preferem estudos via Google, pregações encontradas no YouTube e são os próprios “professores” de seus seguidores no twitter. Ou seja, em pouco tempo, a “moderna” Ellen foi taxada de “antiquada”
A experiência da fictícia Ellen é um retrato de muitas gerações nos dias de hoje. Foi-se o tempo onde acontecia apenas de vovós não entenderem o comportamento das netinhas adolescentes. Agora, a dificuldade é presente até mesmo entre o primogênito de 25 anos e o caçula de 15. Cientistas sociais e especialistas em gestão de pessoas ousam dizer que atravessamos um “momento histórico”. Para eles, o acelerar da tecnologia nos últimos 50 anos criou novas marcas de tempo. Hoje, nas grandes cidades, fala-se da existência de uma nova geração a cada dez anos.
Por falar em “geração”, qual o real significado desse vocábulo? Acredite, é bem mais complexo do que você imagina. “A definição de quando começa uma geração é inteiramente arbitrária”, sinaliza Josué de Souza, cientista social e professor de Sociologia, Filosofia e Antropologia da Escola Teológica da Assembleia de Deus de Gaspar (SC). Ele explica que para a Antropologia, geração é um grupo de indivíduos que ocupa a mesma posição em um sistema de parentesco; já a Sociologia entende que a geração é algo que compreende todos os membros de uma sociedade que nasceram aproximadamente na mesma época, aparentados ou não por laços de sangue.
Biblicamente, a duração de uma geração também é mutável. O professor e teólogo Alberto Fonseca, da AD em Campinas (SP), lembra que se de acordo com Jó 42.16 geração é um período de aproximadamente 30 a 40 anos, em Gênesis 15.16 se trata de uns 100 anos. “Já o Salmo 24.6 afirma ser uma geração como um povo, e Mateus 1 mostra tratar-se de um período de vida humana, independente da duração”, destaca ainda o professor Alberto, que também é diretor teológico do Instituto Cristão de Pesquisas.
Ele acrescenta que a divisão proposta pelos sociólogos e especialistas da atualidade são referências para tentar compreender os valores humanos em nosso período. O professor se refere justamente ao estudo de gerações que lidam com o cotidiano de forma diferente, divergem de conceitos e valores, dão mais importância a uma coisa que a outra e lidam com o trabalho de maneira distinta. E mais: convivem juntas. Naturalmente, conflitos cada vez mais acirrados entre pessoas cada vez mais diferentes são vistos em casa, no trabalho e até mesmo nas igrejas.
Por Henrique Rodrigues / Redação CPAD News
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