09 fevereiro 2011

                       Uma Rflexão sobre o que era e o que é hoje ser cristão


Ed Coelho
“E todos quantos O receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”. João

Estava eu assistindo o filme O Apocalipse, estrelado por Richard Harris, que descreve como João teve a visão do mesmo.

E o que mais me chamou a atenção dessa vez não foi a revelação em si, mas o contexto histórico que João estava inserido.

Por isso decidi escrever este post, para fazer um paralelo entre o que era ser cristãos no primeiro século e suas implicações com os que se dizem cristãos atuais.

Logo de cara tive uma certeza, que aguaram a radicalidade do Evangelho, uns para fazerem prosélitos para suas instituições, outro por ganância e outros por puro desconhecimento histórico.

Mas no primeiro século não era assim.

Roma era um ninho de tudo que não presta.

Orgias coletivas, homossexualidade desenfreada começando pelos imperadores, prostituição cultual, pederastia aceita com naturalidade, exército bárbaro e cruel, seres desumanificados, imperadores endiabrados, imperatrizes luxuriosas, tramóias e assassinatos para galgarem o poder, a morte como entretenimento oficial, endeusamento e culto aos Césares, enfim, foi um império capirotado.

Uma afronta ao imperador (entenda-se insubmissão) ou o menor indício de revolta eram castigados com a morte (foi assim na revolta da Judéia em 66 dC que culminou na morte de mais de um milhão de judeus, destruição do templo de Jerusalém e a dispersão para terras estrangeiras).

O imperador Domiciano se auto-intitula “divino” e decreta que todos os que não o adorarem como deus será morto.

Antes disso, em 31 de Julho de 64, Nero incendeia Roma e culpa os cristãos por tal ato insano, pois havia rumores que ele mesmo mandara incendiá-la. Leia o que relata o historiador Tácito:

Contudo, nem por indústria humana, nem por larguezas do imperador, nem por sacrifícios aos deuses, foi conseguido afastar a má fama de que o incêndio tinha sido mandado. Assim pois, com o fim de extirpar o rumor, Nero inventou uns culpáveis, e executou com refinadíssimos tormentos os que, aborrecidos pelas suas infâmias, chamava o vulgo cristãos. O autor deste nome, Cristo, foi mandado executar com o último suplício pelo procurador Pôncio Pilatos durante o Império de Tibério e, reprimida a perniciosa superstição, irrompeu de novo não somente por Judéia, origem deste mal, senão pela urbe própria, aonde conflui e se celebra quanto de atroz e vergonhoso houver por onde quer. Assim, começou-se por deter os que confessavam a sua fé; depois pelas indicações que estes deram, toda uma ingente multidão (multitudo ingens) ficaram convictos, não tanto do crime de incêndio, quanto de ódio ao gênero humano. A sua execução foi acompanhada por escárnios, e assim uns, cobertos de peles de animais, eram rasgados pelos dentes dos cães; outros, cravados em cruzes eram queimados ao cair o dia como se fossem luminárias noturnas. Para este espetáculo, Nero cedera os seus próprios jardins e celebrou uns jogos no circo, misturado em vestimenta de auriga(cocheiro) entre a plebe ou guiando ele próprio o seu carro. Daí que, ainda castigando os culpáveis e merecedores dos últimos suplícios, tinham-lhes lástima, pois acreditavam que o castigo não era por utilidade pública, mas para satisfazer a crueldade dele próprio.

Esse era o contexto que os milhares de cristãos do primeiro século se encontravam.

E hoje?

Hoje, a visceralidade do texto acima por mim citado foi deixada de lado pelos pastores, que geralmente a pregam na expectativa que o maior número de pessoas se dirija à frente de seus púlpitos magificados para levantarem às mãos e fazerem uma oração para “aceitarem” a Jesus, hora conhecida no meio evangélico pelo famigerado nome de Apelo.

No contexto atual de nosso Brasil, onde a manifestação de fé é um direito inviolável assegurado na Constituição, basta alguns irem à frente é dizerem: “Eu aceito Jesus como único e suficiente salvador” e pronto!

Tais palavras são um “Abracadabra” celestial.

Mas será que no contexto de João e dos demais apóstolos era isso mesmo que significava o texto base desse post?

Com toda a certeza de minha alma que Não!

Gostaria de pontuar algumas considerações que o indivíduo deveria entender para pode se tornar um discípulo de Cristo.

1-A decisão implicaria na renuncia do domínio dos Césares para servirem de “escravos” somente ao novo Rei de suas vidas.

2-A renúncia do sistema e das hierarquias de poder.

3-A renúncia do amor às coisas desse mundo, incluindo família, o maior obstáculo de desapego.

4-Seria perseguido por não se dobrar em adoração a César.

5-Seria visto como terrorista

6-Seria escarnecido por toda a sociedade.

7-Estaria sentenciado à morte pela espada, pela tortura, crucificação, queimados vivos ou pelos cães nas arenas romanas por não adoração ao imperador ou mesmo por professarem sua fé Nele.

Diante deste diagnóstico, alguém em sã consciência aceitaria seguir a Jesus se de fato não tivesse entendido a profundidade da mensagem do Evangelho e se rendido de coração à Ele?

Nos, seres humanos, em geral prezamos pela vida como o bem mais precioso que possuímos. E sinceramente não acredito que alguém entraria nessa “roubada” sem ter entendido.

E você mano, já entendeu a “maluquice” que é a mensagem da Cruz ao ponto de milhares de pessoas darem seus corpos para serem dilacerados pelos cães, ou decapitados, crucificados, queimados e mortos a espadas e mesmo assim não negarem a Ele?

Infelizmente muitos não entenderam até hoje. E vai do “maior” ao “menos”, dos meros “membros de banco” aos maiores teólogos, bispos e paipóstolos, passando também pelo “deseigrejados.

Quantos de vocês, que estão lendo, continuariam a não negá-Lo se todos os brasileiros fossem obrigados a aceitarem uma Teocracia Islâmica?

Quantos estariam dispostos a se entregarem à morte por não se curvarem a outro deus?

Quantos estariam dispostos a serem devorados por cães, onças, lobos, por amor a Ele?

Quantos estariam dispostos a entregarem suas cabeças em decapitação por crerem na eternidade com Ele?

Quantos estariam dispostos a deixarem filhos, esposas, maridos, mulheres, pais, mães para serem queimados vivos por sua fé Nele?

O Evangelho já entrou mano em você de tal forma que não importa o que aconteça, você jamais o negaria nem em situações que suas vidas estivessem em risco?

Olhe para dentro de vocês e sejam sinceros com vocês mesmo e com Deus.

A fé Nele demanda muito mais que palavras e choros.

Se você se diz cristão só porque foi batizado, fez uma oração em frente a algum púlpito, participou de um encontro, mas continua com medo da morte, se curva para o deus deste século (principalmente nestes últimos tempos à Mamom) ou continua com esse sistema de valores podre vivendo dentro de você (ódio, mágoa, inveja, luxúria, cobiça, orgulho religioso, indiferença, maledicência, avareza, e etc,); aconselho-te a reler os Evangelhos e a entender o que é ser discípulo de Cristo.

O chamado Dele é para a radicalidade.

Não há outro caminho.

Ou somos sal e luz, ou estamos com as lâmpadas apagadas e o sal é insípido.

Você se encontra na radicalidade de Jesus, e se entregou de corpo e alma e que não teme nada e ninguém, ou estás ouvindo o "Estou a ponto de vomitar-te da minha boca"?

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