06 dezembro 2015

A VERDADE SOBRE MARIA - CONCLUSÃO


1) “A  cena  corresponde  a  Gn  3.15-16.    A  mulher  dá  a  luz  na  dor  (v.2)  aquele  que  será  o Messias  (v.5).  Ela  é  tentada  por  Satanás  (v.9;  cf.  20.2)  que  a  persegue,  bem  como  a  sua descendência  (vv.  6,13,17).  ELA  REPRESENTA  O  POVO  SANTO    dos  tempos  messiânicos (Is  54;60;66.7;  Mq  4.9-10)  e  portanto  a  Igreja  em  luta.  É  possível  que  João  pense  também  em Maria,  a  nova  Eva,  a  filha  de  Sião,  que  deu  nascimento  ao  Messias  (cf.Jo  19.25+)”.  (Realce acrescentado.  Comentários  de  A  Bíblia  [católica]  de  Jerusalém,  Soc.  Bíblica  Católica Internacional e Paulus).

2)  “Uma mulher: NÃO É O SÍMBOLO DA SS. VIRGEM, mas sim o do Povo de Deus, primeiro Israel,  que  deu  ao  mundo  Jesus  Cristo  segundo  a  carne  e  depois  o  “Israel  de  Deus”,  i.e.  a Igreja  que  enfrentaria  as  perseguições  do  Dragão.  O  sol,  a  lua  e  as  estrelas  são  apenas figuras  para  expressar  seu  esplendor.  POR  ACOMODAÇÃO  A  IGREJA  APLICA  ESTE  V.  À SS.  VIRGEM”    (Realce  acrescentado.  Comentários  da  Bíblia  [católica]  Sagrada,  tradução  do padre  Antonio  Pereira  de  Figueiredo,  com  notas  do  Monsenhor  José  Alberto  L.  de  Castro Pinto, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, 1964).

Comentários  –  1)  A  contestação  aos  argumentos  iniciais  é  dada  pela  própria  Igreja  Católica.

Ou o Vaticano mudou de idéia e agora admite que Maria é a “mulher revestida de sol”, ou está havendo  um  descompasso  entre  o que  essa  Igreja  ensina  e  o  que  seus fiéis  aprendem.  Ao final  dos  comentários  1  e  2  acima,    nota-se  uma  tentativa  de  forçar  uma  interpretação  que reforce a justificativa do culto a Maria.   As  expressões  “é  possível  que  João  pense”  e  “por acomodação  a  Igreja”  estão  fora  de  sintonia    com  o  restante  do  enunciado,  onde  lemos  a afirmação categórica de que a “mulher” de Apocalipse 12 nada tem a ver com a santa Maria.         

2)  Em  linhas  gerais,  a  palavra  oficial  da  Igreja  Católica  não  difere  da  dos  evangélicos.  Vejam:  “Esta  mulher  [de  Ap  12.1]  simboliza  os  fiéis  de  Israel,  através  dos  quais  o  Messias  (i.e.,  o menino  Jesus,  vv.2,4,5)  veio  ao  mundo  (cf.  Rm  9.5).  Isso  é  indicado  não  somente  pelo nascimento  do  menino,  mas  também  pela  referência  ao  sol  e  à  lua  (ver  Gn  37.9-11)  e  às  doze estrelas,  que  naturalmente  se  referem  às  doze  tribos  de  Israel”.  “Ap  12.6    A  mulher  fugiu  – Aqui, a mulher simboliza os fiéis de Israel na última parte da tribulação (cf.os 1260 dias, metade exata  do  período  da  tribulação).  Durante  a  tribulação,  esses  fiéis  de  Israel,  judeus  tementes  a Deus,  opor-se-ão  à  religião  do  Anticristo.  Examinando  com  sinceridade  as  Escrituras,  eles aceitam  a  verdade  de  que  Jesus  Cristo  é  o  Messias  (Dt  4.30,31;  Zc  13.8,9).  São  socorridos  por Deus  durante  os  últimos  três  anos  e  meio  da  tribulação,  e  Satanás  não  poderá  vencê-los  (ver vv.13-16,  de  Ap  12).  Quem  de  Israel  aceitar  a  religião  do  Anticristo  e  rejeitar  a  verdade  bíblica do Messias  será  julgado  e  destruído  nos  dias  da  grande  tribulação  (ver  Is  10.21-23;Ez  11.17-21;20.34-38;  Zc  13.8,9)”  (Bíblia  de  Estudo  Pentecostal,  João  Ferreira  de  Almeida,  Revista  e Corrigida, 1995).

OS IRMÃOS DE JESUS

Os  “irmãos  de  Jesus”,  de  que  fala  a  Bíblia,  seriam  apenas  seus  primos?    José  continuou  sem conhecer  sua  esposa  mesmo  depois  do  nascimento  de  Jesus? O que  dizem  os  comentaristas nas  bíblias  aprovadas  pela  Igreja  Católica?  É  admissível  supor  que  os  irmãos  de  Jesus,  que não  criam  nele,  fossem  seus  apóstolos?    Tentaremos  encontrar  respostas  para  essas indagações.  Usaremos as seguintes versões bíblicas:
(a) A BÍBLIA DE JERUSALÉM, Paulus Editora, 1973, 8 a impressão em janeiro/2000, rubricada em 1.11.1980  por Paulo Evaristo Arns, Arcebispo  Metropolitano de São  Paulo.  O trabalho de tradução foi “realizado por uma equipe de exegetas católicos e protestantes e por um grupo de revisores literários”. Nas referências, será assim mencionada: Bíblia de Jerusalém.
(b)  BÍBLIA  SAGRADA,  Edição  Ecumênica,  tradução  do  padre  Antônio  Pereira  de  Figueiredo; notas  e  dicionário  prático  pelo  Monsenhor  José  Alberto  L.  de  Castro  Pinto,  Bispo  Auxiliar  do Rio  de  Janeiro;  edição  aprovada  pelo  cardeal  D.  Jaime  de  Barros  Câmara,  Arcebispo  do  Rio de Janeiro; BARSA, 1964.  Nas referências, será designada assim: Bíblia [católica] Sagrada.
(c)  BÍBLIA  APOLOGÉTICA,  João  Ferreira  de  Almeida,  Corrigida  e  Revisada,  ICP  Editora, 2000, notas do Instituto Cristão de Pesquisas. Será assim indicada: Bíblia Apologética.
(d)    BÍBLIA  DE  ESTUDO  PENTECOSTAL,  Almeida,  revista  e  corrigida,  Casa  Publicadora  das Assembléias de Deus (CPAD), 1995. será referida: Bíblia de Estudo Pentecostal.

Inicialmente,  veremos  os  versículos  que  falam  dos  “irmãos  de  Jesus”,  extraídos  da  Bíblia [católica] de Jerusalém: “Não  é  ele  o  filho  do  carpinteiro?  E  não  se  chama  a  mãe  dele  Maria  e  seus  irmãos    Tiago, José,  Simão  e  Judas?  E  as  suas  irmãs  não  vivem  todas  entre  nós?  Donde  então  lhe  vêm todas  essas  coisas?    E  se  escandalizavam  dele.  Mas  Jesus  lhes  disse:  “Não  há  profeta  sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa” (Mateus 13.55-58; Marcos 6.3-6).
“Estando  ainda  a  falar  às  multidões,  sua  mãe  e  seus  irmãos  estavam  fora,  procurando  falar-lhe. Jesus respondeu àquele que o avisou: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”  E apontando  para  os  discípulos  com  a  mão,  disse:    “Aqui  estão  a minha  mãe  e  os meus  irmãos, porque  aquele  que  fizer  a  vontade  de  meu  Pai  que  está  nos  Céus,  esse  é  meu  irmão,  irmã  e mãe”.  (Mateus 12.46-50; Marcos 3.32-35; Lucas 8.19-21).
“Depois  disso,  desceu  a  Cafarnaum,  ele,  sua  mãe,  seus  irmãos    e  seus  discípulos,  e  ali ficaram apenas alguns dias”.  (João 2.12).
“Aproximava-se a festa judaica das Tendas. Disseram-lhe, então, os seus irmãos: ‘Parte daqui e  vai  para  a  Judéia,  para  que  teus  discípulos  vejam  as  obras  que  fazes,  pois  ninguém  age  às ocultas,  quando  quer  ser  publicamente  conhecido.    que  fazes  tais  coisas,  manifesta-te  ao mundo!’  Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele”(João 7.2-5). 
“Tendo  entrado  na  cidade,  subiram  à  sala  superior,  onde  costumavam  ficar.  Eram  Pedro  e João,  Tiago  e  André,  Filipe  e  Tomé,  Bartolomeu  e  Mateus;Tiago,  filho  de  Alfeu,  e  Simão,  o Zelota;  e  Judas,  filho  de  Tiago  [Em  algumas  versões:  Judas,  irmão  de  Tiago].Todos  estes, unânimes,  perseveravam  na  oração  com  algumas  mulheres,  entre  as  quais  Maria,  a  mãe  de Jesus,  e  com  os  irmãos  dele”  (Atos  1.13-14-Almeida/RC-1995).  Comentários  da  Bíblia  de Jerusalém:  “O  apóstolo  Judas  é  distinto  de  Judas,  irmão  de  Jesus  (cf.  Mt  13.55;  Mc  6.3)  irmão  de  Tiago  (Judas  1).  Não  se  deve  também,  parece,  identificar  o  apóstolo  Tiago,  filho  de Alfeu, com Tiago, irmão do Senhor (At 12.17; 15.13, etc)”.
“Não  temos  o  direito  de  levar  conosco,  nas  viagens,  uma  mulher  cristã,  como  os  outros apóstolos  e os irmãos do Senhor e Cefas?”  (1 Coríntios 9.5).
“Em  seguida,  após  três  anos,  subi  a  Jerusalém  para  avistar-me  com  Cefas  e  fiquei  com  ele quinze dias.Não vi nenhum apóstolo, mas somente Tiago, o irmão do Senhor. Isto vos escrevo e  vos  asseguro  diante  de  Deus  que  não  minto”  (Gálatas  1.18-20).  Comentários  da  Bíblia  de Jerusalém:  “Outros traduzem:  “a  não ser Tiago”, supondo  que Tiago faça parte  dos  Doze  e  se identifique  com  o  filho  de  Alfeu  (Mt  10.3p),  ou  tomando    “apóstolo”  em  sentido  lato  (cf.Rm 1.1+)”.

“A  isto  objeta-se  por  vezes  que  a  Escritura  menciona  irmãos  e  irmãs  de  Jesus.  A  Igreja sempre  entendeu  que  essas  passagens  não  designam  outros  filhos  da  Virgem  Maria:  Com efeito,  Tiago  e  José,  “irmãos  de  Jesus”  (Mateus  13.55),  são  os  filhos  de  uma  Maria  discípula de  Cristo  (Mateus  27.56),que  significativamente  é  designada  como  “a  outra  Maria”  (Mateus 28.1).  Trata-se  de  parentes  próximos  de  Jesus,  consoante  uma  expressão  conhecida  do Antigo Testamento (Gênesis  13.8;  14.16;  29.15, etc.)” (Catecismo  da  Igreja  Católica,  p.  141.  #500).
De  uma  página  de  apologética  católica  na  Internet  colhemos  a  seguinte  explicação  extra-oficial:  “São  Lucas  esclarece  que  Tiago  e  Judas  eram  filhos  de  Alfeu  ou  Cléofas  (Lucas  6.15-16).
Portanto  o  eram  também  José  e  Simão.  Mas  não  Jesus,  que  sabemos  era  filho  de  “José,  o carpinteiro”.  Portanto,  não  poderiam  ser  irmãos  carnais.  Por  outro  lado,  São  Mateus  dá  o nome da mãe deles: “Entre as quais estava... Maria, mãe de Tiago e de José” (Mateus 27.56).

Não  se  pode  confundir  esta  Maria  com  sua  homônima,  esposa  de  José,  o  carpinteiro.  São João  deixa  bem  clara  essa  distinção:  “Junto  à  cruz  de  Jesus  estava  sua  mãe  e  a  irmã  (prima)de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas” (João 19.25), cuja filha se chamava Maria Salomé. São as  bem  conhecidas  “três  Marias”.  Aliás,  atualmente  os  protestantes  mais  cultos  já  nem levantam mais essa objeção”.
Vejamos agora quais as “Marias” citadas nos evangelhos (Bíblia [católica] de Jerusalém): Na crucificação “Estavam  ali  muitas  mulheres,  olhando  de  longe.  Haviam  acompanhado  Jesus  desde  a Galiléia, a servi-lo. Entre elas, Maria  Madalena, Maria,  mãe de  Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu” (Mt 27.56).
“E  também  ali  estavam  ali  algumas  mulheres,  olhando  de  longe.  Entre  elas,  Maria  Madalena, Maria,  mãe  de  Tiago,  o  Menor,  e  de  José,  e  Salomé”  (Mc  15.40).  Comentário  da  referida Bíblia:  “Provavelmente,  [Salomé]  é  a  mesma  que  Mt  27.56  denomina  a  mãe  dos  filhos  de Zebedeu”.
“Perto  da  cruz  de  Jesus,  permaneciam  de  pé  sua  mãe,  a  irmã  de  sua  mãe,  Maria,  mulher  de Clopas, e Maria  Madalena”  (Jo 19.25). Comentários da referida Bíblia, referindo-se “a irmã de sua mãe”: “Ou se trata de Salomé, mãe dos filhos de Zebedeu (cf. Mt 27.56p) ou, ligando essa denominação ao que se segue, “Maria, mulher de Clopas”.

Na ressurreição
“Após  o  sábado,  ao  raiar  do  primeiro  dia  da  semana,  Maria  Madalena  e  a  outra  Maria  vieram  ver  o  sepulcro”  (Mt  28.1).  Comentário  da  referida  Bíblia  sobre  a  “outra  Maria”:  “Isto  é,  “Maria[mãe] de Tiago” (Mc 16.1; Lc 24.10; cf. Mt 27.56)”.
“Passado  o  sábado,  Maria  Madalena  e  Maria,  mãe  de  Tiago,  e  Salomé  compraram  aromas para ir ungi-lo” (Mc 16.1-2).
“Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago”  (Lc 24.10), Vejamos  agora  quais  os  “Tiagos”  citados  nos  evangelhos,  conforme  consta  do  Dicionário  na parte final da Bíblia [católica] Sagrada, item ”b” retro:
1. Tiago – “O Maior (mais velho), filho de Zebedeu e Salomé e irmão de São João Evangelista (Mt 4.21). era de Betsaida na Galiléia, pescador (Mc 1.19) e companheiro de São Pedro como seus irmãos (Lc 5.10).”
2. Tiago -  “O Menor (mais moço), filho de Alfeu ou Cléofas (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13),e  de  Maria  (Jo  19.25).  Foi  chamado    “irmão  do  Senhor”  (Gl  1.19),  no  sentido  semita  [relativo aos  judeus]    que  tem  essa  palavra  que  pode  se  aplicar  aos  primos  e  outros  consangüíneos  em  linha  colateral  mais  afastados,  e  até  mesmo  aos  simples  conacionais.  Tiago  Menor  era primo  de  Jesus  por  ser  sobrinho  de  S.  José.  N.  Senhor  apareceu-lhe  uma  semana  depois  da Ressurreição (1 Co 15.7). Foi o primeiro bispo de Jerusalém depois da dispersão dos Apóstolos.O  fato  de  Paulo  o  ter  procurado  (Gl  1.19)  e  de  ter  ele  feito  o  discurso  final  no Concílio  de  Jerusalém  parece  provar  isto  (At  15.13)  Foi  morto  no  Templo  por  instigação  do sumo  Sacerdote  Anás  II,  tendo  sido  lançado  de  uma  galeria  e  espancado  até  à  morte    (62depois de Cristo)”.
3.  Epístola de S. Tiago – “Uma das epístolas católicas atribuída a São Tiago, o menor...”
Vejamos  agora  quais  os  “Judas”  citados  nos  evangelhos,  segundo  Dicionário  da  Bíblia [católica] Sagrada, item  “b” retro:
1. Judas – “Habitante de Damasco que hospedou S.Paulo (At 9.11)”.
2. Judas Iscariotes – “O Apóstolo que traiu N. Senhor (Mt 10.4; Mc 3.19; Lc 6.16). Iscariot quer dizer “homem de Cariot”, aldeia de Judá”.
3. Judas Tadeu – “Um dos doze apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.16; Jo 14.22). É o irmão de Tiago o Menor e “irmão”, isto é, primo do Senhor  (At 1.13); Mt 13.55; Mc 6.3)”.
4.  Epístola  de  S.  Judas  Tadeu  –  Um  dos  livros  canônicos  do  Novo  Testamento,  classificado entre as chamadas “Epístolas Católicas”.   

A partir dessas informações  surgem  algumas indagações: 

Primeiro  -  Os  apóstolos  Tiago  (o  Menor)  e  Judas  (Tadeu)  são  os  mesmos  chamados  de “irmãos  de  Jesus”  em  Mateus  13.55  e  Marcos  6.3?  Que  dizem  as  bíblias  católicas retrocitadas?  
O  que  vimos  foram  interpretações  discordantes.  A  Bíblia  de  Jerusalém  diz  nos  comentários sobre Atos 1.13 que “o apóstolo Judas é distinto de Judas, irmão de Jesus”, isto é,  não são a mesma  pessoa,  ou  seja,    o  apóstolo  Judas  é  uma  pessoa  e  o  irmão  de  Jesus,  com  idêntico nome,  é  outra  pessoa.    No  mesmo  passo,  diz  que  o  apóstolo  Tiago,  filho  de  Alfeu,  não  é  o mesmo  Tiago,  irmão  do  Senhor.    Reiterando  a  sua  posição,  referida  Bíblia  afirma  nos comentários  sobre  Gálatas  1-18-20:  “Outros  traduzem:  “a  não  ser  Tiago”,  supondo  que  Tiago faça  parte  dos  Doze  e  se  identifique  com  o  filho  de  Alfeu  (Mt  10.3p),  ou  tomando  “apóstolo”  em sentido lato (cf. Rm 1.1+)”.
Por  outro  lado,  a  Bíblia  Sagrada, católica,  como discriminada  no  início  deste trabalho,  assume  posição  diferente. O  dicionário  que  compõe  essa  Bíblia  diz  que  “Tiago,  o Menor,  filho  de  Alfeu ou Cléofas  (Mt 19.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13)  e de  Maria (Jo 19.25), foi chamado “irmão do Senhor”.    Diz  mais  que  “Tiago  Menor  era  primo  de  Jesus  por  ser  sobrinho  de    S.José”.
Confirmando,  diz  que  “Judas  Tadeu,  um  dos  apóstolos  (Mt  10.3;  Mc  3.18...)  é  o  irmão  de Tiago,  o  Menor,    e  “irmão”,  isto  é,  primo  do  Senhor  (At  1.13;  Mt  13.55;  Mc  6.3)”.  O descompasso    é  lamentável,  a  menos  que  se  configure  aí  o  “livre-exame”  –  situação  em  que comentaristas  ou  exegetas  católicos  interpretam  livremente  os  textos  bíblicos    sem  guardar coerência com a cúpula do Vaticano. 
No  particular,  concordo  plenamente  com  a  Bíblia  [católica]  de  Jerusalém.  Os  irmãos  de  Jesus (Mt 13.55 e Mc 6.3, etc.), não foram apóstolos ou mesmo discípulos, pelo seguinte:
a)  Os  irmãos  de  Jesus  não  criam  nEle.  No  registro  de  João  7.2-5  nota-se  claramente  essa incredulidade.  Entende-se,  também,  que  Jesus  evitou  a  companhia  deles  nesse  episódio    (Jo7.8-10).    Ao  dizerem  “para  que  teus  discípulos  vejam  as  obras  que  fazes”  seus  irmãos    se excluíram  do  rol  dos  seguidores  de  Jesus.      Ademais,  Jesus  não  iria  escolher  para  apóstolo alguém que não cria nEle.
b) A Bíblia  estabelece  distinção entre ser discípulo e ser irmão de Jesus (Jo 2.12; At 1.13-14; 1Co  9.5;  Gl  1.18-20).  Por  exemplo,  em  certa  ocasião  Jesus  estava  com  seus  discípulos  em 48 determinado local, e lá  fora estavam sua mãe e seus irmãos (Mt 12.46-50; Mc 3.32-35;  Lc 8.19-21).    
Segundo - A tia de Jesus – irmã de sua mãe Maria – era Salomé, mãe dos filhos de Zebedeu,  ou era  Maria, mulher de Cléofas?
Vejamos  mais  uma  vez  o  que  reFlata  João  19.25:  “Perto  da  cruz  de  Jesus,  permaneciam  de  pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena”. 
A  frase  como  está    admite  duas  interpretações.  A  primeira  é  a  de  que  “a  irmã  de  sua  mãe”  é uma pessoa, e Maria, mulher de Cléofas, outra.  A segunda hipótese é a de que o nome da tia de  Jesus  é    Maria,  a  mulher  de  Cléofas.  A  Bíblia  [católica]  de  Jerusalém  concorda  comigo quando  diz:  “Ou  se  trata  de  Salomé,  mãe  dos  filhos  de  Zebedeu  (Mt  27.56)  ou,  ligando  essa denominação ao que se segue, “Maria, mulher de Clopas”.
A Bíblia Sagrada, edição católica, afirma no seu “dicionário” que:
“Maria de Cléofas” é irmã da SS. Virgem Maria, i.e. sua prima, pois em hebraico a palavra tem um  sentido  mais  lato.  Segundo  uns  seria  a  mãe  de  Tiago  (o  menor),  José,  Simão  e  Judas Tadeu  e  esposa  de  Cléofas  também  chamado  Alfeu  (Mt  27.56;  Mc  3.18;  6;3;  15.40).  Segundo outros  são  duas  pessoas  com  o  mesmo  nome,  uma,  irmã  de  S.  José,  seria  a  esposa  de  Alfeu e  mãe  de  Tiago  Menor  e  José;  e  a  outra  seria  cunhada  de  S.  José  por  ser  casada  com Cléofas,  irmão  de  S.  José,  e  seria  a  mãe  de  Simão  e  Judas Tadeu.  Como  quer que  seja,  uma Maria  de  Cléofas  e  uma  Maria,  mãe  de  Tiago,  aparecem  nos  Evangelhos  como  tendo acompanhado  o  Senhor  até  o  Gólgota  e  preparado  os  aromas...  (Jo  19.25;  Lc  24.10;    Mt28.9)”. 
Terceiro - De quem seriam filhos os irmãos de Jesus?
Não  eram    filhos  de  Zebedeu  e  de  sua  provável  mulher  Salomé,  porque  os  filhos  destes  eram João  e  Tiago  (Mt  4.21).  Ora,  os  irmãos  de  Jesus  foram  Tiago,  José,  Simão  e  Judas,  afora algumas irmãs (Mt 13.55-56, Mc 6.3). João está excluído dessa relação. Além disso, os irmãos de Jesus não criam nEle (Jo 7.5). Logo, João, apóstolo, não foi seu irmão.
Não  eram  filhos  de  Maria,  mulher  de  Alfeu  ou  Cléofas,  cujo  filho  Tiago,  o  menor,  foi  apóstolo (Mt  10.3;  Mc  15.40),  e  como  tal  não  poderia  ser  irmão  de  Jesus,  porque  estes  não  criam  nEle (Jo  7.5).  Ademais,  não  consta  que  Tiago,  José,  Simão  e  Judas,  irmãos  do  Senhor,  fossem filhos do referido casal.
A  Bíblia  [católica]  de  Jerusalém  é  de  parecer  semelhante  quando  diz:  “O  apóstolo  Judas  é DISTINTO de Judas, irmão de Jesus (cf. Mt 13.55; Mc 6.3) e irmão de Tiago (Judas 1). Não se deve  também,  parece,  IDENTIFICAR  o  apóstolo  Tiago,  filho  de  Alfeu,  com  Tiago,  irmão  do Senhor (At 12.17; 15.13, etc)”. Realce acrescentado.  Contrapondo-se, a outra Bíblia, católica, diz  que  Judas,  apóstolo,  é  o  irmão  de  Tiago  o  menor  e  “irmão”,  isto  é,  primo  do  Senhor  (Mt13.55;  Mc  6.3).    Ou  seja,  Tiago  e  Judas,  eram  ao  mesmo  tempo  irmãos  (ou  primos)  e apóstolos.
Se  os  irmãos  de  Jesus  não  eram  filhos  de  Zebedeu,  nem  o  eram  de  Alfeu,  seria  da  tia  de Jesus, não devidamente identificada em João 19.25?  Não pode ser  porque essa tia de Jesus
já foi  devidamente  identificada  pelo  catolicismo,  ao  dizer  que  ou se  chamava  Salomé,mãe  dos filhos de Zebedeu, ou era Maria, mulher de Cléofas.
Vamos agora ler o que dizem outros comentaristas a respeito dos irmãos de Jesus.
IRMÃOS  DO  SENHOR  -  “Aqueles  de  quem  se  fala  em  Mateus  12.46  e  13.55,  e  outros lugares,como  irmãos  de  Jesus,  seriam  filhos  de  José  e  Maria?    Segundo  uma  opinião  que  já vem  do  segundo  século  pelo  menos,  esses  “irmãos  de  Jesus”  eram  filhos  de  um  primeiro matrimônio  de  José.  Mais  tarde  foram,  por  alguns  críticos  considerados  primos  do  nosso Salvador.    Podem,  contudo,  ter  sido  filhos  de  José  e  Maria.    Em  todas  as  passagens,  menos uma, em que esses irmãos de Jesus são mencionados nos Evangelhos, acham-se associados com  Maria.  Se  eram  eles  filhos  mais  velhos  de  José,  não  seria    então  Jesus  o  herdeiro  do trono  de  Davi,  segundo  as  nossas  noções  de  primogenitura.    Eles  não  acreditavam  em  Jesus
no  princípio  da  Sua  missão,  e  até,  segundo  parece  (Jo  7.5),  depois  que  os  apóstolos  foram escolhidos;  e  por  essa  razão  eles  não  puderam  ser  do  número  dos  Doze,  dos  quais,  na verdade,  eles  particularmente  se  distinguem,  quando  num  período  posterior  são  vistos  na companhia  deles  (At  1.14).  Não  devem,  portanto,  ser  confundidos  com  os  filhos  de  Alfeu, embora  tenham  os  mesmos  nomes.  Além  disso,  as  palavras  “filho”  e  “mãe”,  sendo empregadas  nesta  passagem  (Mt  13.55)  no  seu  natural  e  principal  sentido,  semelhantemente devem  ser  tomados  os  nomes  “irmão”  e    “irmã”  ,  pelo  menos,  até  ao  ponto  de  excluir  o  termo “primo”.    O  fato  de  terem  os  filhos  de  Alfeu,  bem  como  os  irmãos  do  Senhor,  os  nomes  de Tiago,  José  e  Judas,  nada  prova,  visto  que  esses  nomes  eram  muito  vulgares  nas  famílias judaicas.  Estranha-se  que  não  fossem  lembrados  estes  irmãos,  quando  Jesus  confiou  a  sua mãe  aos  cuidados  de  João;  mas  isso  explica-se  pela  razão  de  que  a  esse  tempo  ainda  eles não  criam  Nele.  A  conversão  deles  parece  ter  sido  quando  se  realizou  a  aparição  de  Jesus  a Tiago,  depois  da  Sua  ressurreição    (1  Co  15.7).”  (Dicionário  Bíblico  Universal,  pelo  Rev.Buckland, Editora Vida, 1993).
IRMÃOS  DO  SENHOR  –  “Relação  de  parentesco  atribuída  a  Tiago,  José,  Simão  e  Judas,  Mt13.55;Mc  6.3,  que  aparecem  em  companhia  de  Maria,  Mt  12.47-50;  Mc  3.31-35;  Lc  8.19-21,foram  juntos  para  Cafarnaum  no  princípio  da  vida  pública  de  Jesus,  Jo  2.12,  mas  não  creram nele  senão  no  fim  de  sua  carreira.  Jo  7.4,5.  Depois  da  ressurreição,  eles  se  acham  em
companhia  dos  discípulos,  At  1.14,  e  mais  tarde  os  seus  nomes  aparecem  na  lista  dos obreiros  cristãos,  1  Co  9.5.    Tiago,  um  deles,  salientou-se  como  líder  na  Igreja  de  Jerusalém, At 12.7; 15.13; Gl 1.19; 2.9, e foi autor da epístola que traz o seu nome.  Em que sentido eram eles irmãos de Jesus?  Tem sido assunto de muitas discussões.  Nos tempos antigos, julgava-se que eram filhos de José, do primeiro matrimônio. O seu nome não aparece mais na história do  evangelho.  Sendo  José  mais  velho  que  Maria  é  provável  que  tivesse  morrido  logo  e  que tivesse  casado  antes.    Esta  opinião  é  razoável,    mas  em    face  das  narrativas  de  Mt  1.25  e  Lc 2.7,  não  é  provável.  No  quarto  século,  S.  Jerônimo  deu  outra  explicação,  dizendo  que  eram
primos  de  Cristo,  pelo  lado  materno,  filhos  de  Alfeu  ou  Cléofas  com  Maria,  irmã  da  mãe  de Jesus.    Esta  explicação  se  infere,    comparando  Mc  15.40  com  Jo  19.25,  e  a  identidade  dos nomes  Alfeu  e  Cléofas.    Segundo  esta  idéia,  Tiago,  filho  de  Alfeu,  e  talvez  Simão  e  Judas, contados entre os apóstolos, fossem irmãos de Jesus. Porém, os apóstolos se distinguiam dos irmãos,  estes  nem  ao  menos  criam  nele,  e  não  é  provável  que  duas  irmãs  tivessem  o  mesmo nome.    Outra  idéia  muito  antiga  é  que  eles  eram  primos  de  Jesus  pelo  lado  paterno    e  outros ainda  supõem  que  eram  os  filhos  da  viúva  do  irmão  de    José,  Dt  25.5-10.    Todas  estas opiniões  ou  teorias  parecem  ter  por  fim  sustentar  a  perpétua  virgindade  de  Maria.    O  que parece  mais  razoável  e  mais  natural  é  que  eles  eram  filhos  de  Maria  depois  de  nascido Jesus.Que  esta  teve  mais  filhos  é  claramente  deduzido  de  Mt  1.25  e  Lc  2.7  que  explica  a  constante  associação  dos  irmãos  do  Senhor  com  Maria”    (Dicionário  da  Bíblia,  John  D.  Davis, a Edição/2000,  Confederação Evangélica do Brasil).
SEUS  IRMÃOS  –  “Não  há  razão  para  supor  que  estes  irmãos,  tanto  como  as  irmãs mencionadas  (Mt 13.55-56), não eram filhos de José e Maria”  (O Novo Comentário da Bíblia,vol. II, Nova Vida, 1990, 9 Edição).
IRMÃOS  DO  SENHOR  (Mateus  12.46-50)  –  “Por  insistir  na  teoria    da  virgindade  perpétua  de Maria,  o  Catolicismo    Romano  os  levou  a  explicar  erroneamente  o  sentido  da  expressão irmãos.    Assim,  eles  acreditam  que  Jesus  não  tinha  irmãos  no  verdadeiro  sentido  dessa palavra  e  o  grau  de  parentesco  que  ela  exprime.  No  entanto,  esse  raciocínio  não  desfruta  de nenhum  apoio  escriturístico.  A  Bíblia  é  clara  ao  afirmar  que  Jesus  tinha  quatro  irmãos,    além de  várias  irmãs  (Mt  13.55,56;  Mc  3.31-35;  6.3;  Lc  8.19-21;  Jo  2.12;  7.2-10;  At  1.14;  1  Co  9.5;Gl  1.19).  A  teoria  desenvolvida  pelos  católicos  romanos  e  por  alguns  protestantes,  que  visa defender  que  Maria  permaneceu  virgem,  é  totalmente  fútil.  Esse  conceito  só  passou  a  fazer parte  da  teologia  muitos  séculos  depois  de  Jesus.    Seu  objetivo,  é  claro,  era  exaltar  Maria, criando,  assim,  a  mariolaria”    (Bíblia  Apologética,  João  F.  Almeida,  ICP  Editora,  1 Edição,2000).
Quarto  -  José e Maria se “conheceram” após o nascimento de Jesus?
A  nossa  análise  terá  como  base  o  seguinte  registro:  “José,  ao  despertar  do  sono,  agiu  conforme  o  Anjo  do  Senhor  lhe  ordenara  e recebeu  em  casa  sua mulher.Mas  não  a  conheceu
até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o  chamou com o nome de Jesus” (Mateus 1.24-25, Bíblia [católica] de Jerusalém).
A  passagem  acima  diz  claramente  que  José,  atendendo  ao  anjo,  recebeu  em  sua  casa  a  sua esposa  Maria,  e foram  viver  como marido  e mulher.   Está  dito que  Maria foi  a  mulher  de  José; que  José  não  conheceu  a  sua  esposa  enquanto  ela  estava  grávida  de  Jesus;  que  Jesus nasceu  de  uma  virgem,  porque  José  somente  conheceu  sua  mulher  –  ou  seja,  teve  relações com ela – depois do nascimento de Jesus.
Católicos  há  que  contestam  o  que  está  escrito  na  Bíblia,  e  dizem  que  “nas  Sagradas Escrituras  a  expressão  “até  que”  é  empregada  muitas  vezes  para  indicar  um  tempo indeterminado,  e  não  para  marcar  algo  que  ainda  não  aconteceu”.      Não  iremos  nos  estender na  refutação  dessa  tese  porque  as  duas  bíblias  de  início  citadas,  aprovadas  pelo  catolicismo, interpretam corretamente referido versículo, como a seguir:  
“Mas  [José]  não  a  conheceu  até  o  dia  em  que  ela  deu  à  luz  um  filho,  e  ele  o  chamou  com  o nome  de  Jesus”:    “O  texto  não  considera  o  período  ulterior  [depois  do  parto]  e  por  si  não
afirma  a  virgindade  perpétua  de  Maria,  mas  o  resto  do  Evangelho,  bem  como  a  tradição  da Igreja, a supõem” (Comentário da Bíblia [católica] de Jerusalém).
Em  outras  palavras,  os  exegetas  católicos,  que  trabalharam  na  edição  da  referida  Bíblia, reconheceram  o  óbvio,  ou  seja,    que  até  o  nascimento  de  Jesus,    José  e  Maria  não  se “conheceram”.    Todavia,  dizem  bem  quando  entendem  que  a  Tradição  “supõe”,  isto  é,  o
dogma  da  perpétua  virgindade  de  Maria  é  uma  suposição,  não  uma  realidade  bíblica.    O comentário  acima  coloca  por terra  argumentos  outros  não  oficiais,  segundo  os quais José  não conheceu sua esposa nem antes nem depois do nascimento de Jesus. 
Outro  comentário:  “Enquanto  (ou  até  que):  esta  palavra  portuguesa  traduz  o  latim  donec  e  o grego  heos  ou,  que  por  sua  vez  estão  calcados  sobre  a  expressão  hebraica  ad  ki  que  se refere  ao  tempo  anterior  a  esse  limite  sem  nada  dizer  do  tempo  posterior,  cf.  Gn  8.7;Sl 109.1;  Mt  12.20;  1  Tm  4.13.  A  tradução  exata  seria:  “sem  que  ele  a  tivesse  conhecido,  deu  à
luz...”, pois a nossa expressão “sem que” tem o mesmo valor”  (Bíblia [católica]  Sagrada).
O  que  a  Bíblia  acima  está  dizendo  em  seus  comentários  é  que  o  “ATÉ”    não  foi    ALÉM    do nascimento  de  Jesus,  ou  seja,  enquanto  grávida  e  até  dar  à  luz  não  houve  “conhecimento”
mútuo do casal.
Concordando com as Bíblias Católicas, a  Bíblia  Apologética, usada pelos evangélicos,  assim esclarece:  “Veja  a  preposição  “até”  em  qualquer  concordância  bíblica  e  ficará  surpreso  a respeito  do  seu  significado.  Observe  alguns  exemplos:  Levíticos  11.24-25:  “E  por  estes  sereis imundos:  qualquer  que  tocar    os  seus  cadáveres,  imundo  será  ATÉ  à  tarde”.  E  depois  da tarde, eles permaneceriam imundos?  Vejamos agora Apocalipse 20.3: “E lançou-o no abismo, e  ali  o  encerrou,  e  pôs  selo  sobre  ele,  para  que  não  mais  engane  as  nações,  ATÉ  que  os  mil anos  se  acabem.  E  depois  importa  que  seja  solto  por  um  pouco  tempo”.  Assim,  a  relação existente  antes  do  nascimento  de  Jesus  se  modificou  [como  se  modificou  a  situação  de Satanás  após  os  mil  anos  de  prisão],  não  a  conheceu  até  que  ela  deu  à  luz.  Essa  passagem declara  que,  depois  do  nascimento  de  Jesus,  José  Maria  tiveram  uma  vida  conjugal  normal, como  qualquer  outro  casal.    Nenhum  autor  do  Novo  Testamento  ensina  a  doutrina  da virgindade  perpétua  de  Maria.  Se  se  tratasse  de  uma  doutrina  ou  ensinamento  vital  ou essencial  como  requer  o  catolicismo  romano,  certamente  Paulo  e  os  outros  discípulos  teriam mencionado  a  respeito.  Assim  resta  ao  catolicismo  romano  apegar-se  à  tradição,  porque  a Bíblia não aceita essa teoria (Colossenses  2.8)”.
A  expressão  “não  coabitou  com  Maria  ATÉ  QUE  nascesse  Jesus”  está  muito  clara.  Ligada  à fala  do  anjo  que  disse  a  José  que  RECEBESSE  Maria,  sua  mulher,  ficou  entendido  que passado  o  período  da  gravidez  e  do  descanso  depois  do  parto,    José  e  Maria,  marido  e mulher, continuariam uma vida a dois como todos os casais do mundo. Assim aconteceu, pois  tiveram  muitos  filhos,  conforme  está  em  Mateus  13.55-56.      José  e  Maria  constituíram  um casal  muito  feliz  e    foram  abençoados  por  Deus.  E  por  ter  filhos,  por  amar  o  seu  esposo,  por ter  sido  mãe,  Maria  não  pecou  nem  perdeu  a  sua  santidade.  Maternidade  e  santidade  podem caminhar juntas, sem que uma prejudique a outra.  Sexo no casamento não é pecado.
Quinto - Houve ordem divina para  que José não “conhecesse” sua mulher?   Se  não  havia  a  intenção  formal  nem  de  José  nem  de  Maria  de      viverem    sem  relações íntimas,    embora  residissem  sob  o  mesmo  teto,    teria  havido  alguma  ordem  divina  nesse
sentido?  O leitor deverá ler cuidadosamente  Mateus 1.18-25 e Lucas 1.26-38 para verificar a inexistência de qualquer  tipo de impedimento.  A resposta de Maria ao anjo – “Como é que vai ser  isso,  se  eu  não  conheço  homem  algum?”  (Lc  1.34)  -    pode  ser  interpretada  como  um  voto de  virgindade?      A  Bíblia  [católica]  de  Jerusalém,  em  seus  comentários,  responde:  “A  “virgem” Maria é apenas noiva (v.27) e não tem relações conjugais  (sentido semítico de “conhecer”, cf.
Gn 4.1; etc.). Esse fato, que parece opor-se ao anúncio dos vv. 31-33, induz à explicação do v. 35.  NADA  NO  TEXTO  IMPÔE  A  IDÉIA  DE  UM  VOTO  DE  VIRGINDADE”  (realce acrescentado).
Sexto -  O que diz a Igreja Católica sobre o Matrimônio? 
a)    “Os  atos  com  os quais  os  cônjuges  se  unem  íntima  e  castamente  são honestos  e  dignos  e a sexualidade é fonte de alegria e prazer”? (Catecismo da Igreja Católica, p. 612, # 2362). Por
que com Maria seria diferente?
b)  “Pela  união  dos  esposos  realiza-se  o  duplo  fim  do  matrimônio:  o  bem  dos  cônjuges  e  a transmissão  da  vida”,  pois  que  “esses  dois  significados  ou  valores  do  casamento  não  podem ser  separados  sem  alterar  a  vida  espiritual  do  casal”  (C.I.C.  p.  612,  #  2363).  Por  que  com  o casal José e Maria seria diferente?  Esses “valores” não diziam respeito também a eles?
c) “A sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja vêem nas famílias numerosas um sinal da  bênção  divina  e  da  generosidade  dos  pais”?  (C.I.C.,  p.  615,  #  2373).  Por  que  Maria  não podia ter muitos filhos?
d)  “Exige  a  indissolubilidade  e  a  fidelidade  da  doação  recíproca  e  abre-se  à  fecundidade”? (C.I.C.  p.  449  #1643).  Por  que  doação  recíproca  e  fecundidade  deveriam  ficar  fora  do casamento de José e Maria?
e)  “O  instinto  do  Matrimônio  e  o  amor  dos  esposos  estão,  por  sua  índole  natural,  ordenados à procriação  e  à  educação  dos  filhos...  e  por  causa  dessas  coisas  são  como  que  coroados  de
sua  maior  glória”?  Se  “os  filhos  são  o  dom  mais  excelente  do  Matrimônio  e  contribuem grandemente  para  o  bem  dos  próprios  pais...  pois  “Deus  mesmo  disse:  “Crescei  e  Multiplicai”(Gn  2.18)”  (C.I.C.  p.452  #1652).    José  e  Maria  não  deveriam  crescer  e  multiplicar?    Eles  não tinham essa índole natural à procriação?
f)  “A  sexualidade  está  ordenada  para  o  amor  conjugal  entre  o  homem  e  a  mulher,e  no casamento  a  intimidade  corporal  dos  esposos  se  torna  um  sinal  de  um  penhor  de  comunhão espiritual”? (C.I.C., p.611 #2360). Por que eles não podiam?
Além  das  considerações    sobre  o  matrimônio,  acima  registradas,    expendidas  pela  Igreja Católica,    o  apóstolo  Paulo  adverte  que    “Por  causa  da  prostituição  cada  um  tenha  a  sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido”;  “a mulher não tem poder sobre o seu próprio  corpo,  mas  tem-no  o  marido”;  e  que  “não  vos  defraudeis  [negar  relação  íntima]  um  ao outro,  senão  por  consentimento  mútuo  por  algum  tempo,  para  vos  aplicardes  à  oração;  mas que  “depois  ajuntai-vos  outra  vez  para  que  Satanás  não  vos  tente  por  causa  da  incontinência [ausência  de  relações  sexuais]”,    (1  Coríntios  7.2-5).  A  abstinência  do  casal  José  e  Maria  não estaria fora dos propósitos de Deus? 
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
1)  Lemos  em  João  2.12:  “Desceu  [Jesus]  a  Carfanaum,  com  sua  mãe,  seus  irmãos  e  seus discípulos.  E  ficaram  ali  muitos  dias”.    Não  pode  ser  outro  o  entendimento:  Jesus  com  Sua família,  a  mãe  com  seus  filhos  ficaram  muitos  dias  naquela  cidade.    Não    como  forçarmos uma  interpretação  que  nos  levaria  a  pensar  que  Maria,  não  tendo  filhos  com  José,  resolvera criar seis ou mais  parentes. Vejam também a distinção entre “discípulos” e  “irmãos”.
2)  Quando  o  termo  ”irmãos  e  irmãs”  é  empregado  em  conjunto  com  “pai”  ou  “mãe”,    o  sentido não  pode  ser    o  de  primos  e  primas,  mas  de  irmãos  biológicos,    filhos  de  um  mesmo  pai  ou mãe.  Exemplo:  “Se  alguém  vier  a mim,  e  não  aborrecer  a seu  pai,  e  mãe,  e mulher,  e filhos,  e irmãos, e irmãs, e até mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.26).  
3) Vejamos quais as palavras usadas no grego – a língua original do Novo Testamento – para designar  IRMÃOS,  IRMÃS,  PARENTES,  PRIMOS  e  SOBRINHOS,  conforme  a    Concordância Fiel do Novo testamento, dois volumes, Editora Fiel, 1 Edição, 1994:
Adelphos  –    Usada  343  vezes  para  designar  pessoas  que  têm  em  comum  pai  e  mãe,  ou apenas  pai  ou  mãe;  indicar  duas  pessoas  que  têm  um  ancestral  comum  ou  que  faz  parte  do
mesmo povo, ou membros da mesma religião. Com essa palavra são nomeados os irmãos de Jesus (Mt 12.46-4813.55; Mc 6.3; Jo 2.12; 7.3,5,10;  At 1.14; 1 Co 9.5; Gl 1.19; Jd 1).
Adelphe  -  O  termo  é  traduzido  26  vezes    como  irmã,  indicando  (poucas  vezes)  a  participante de  uma  mesma  fé,  e  (a  maioria  dos  casos)  a  filha  de  um  mesmo  pai  ou  mãe.  Foi  usado,  por exemplo,  para  designar  as  irmãs  de  Jesus  (Mt  13.56;  Mc  3.32;    6.3),  a  irmã  da  mãe  de  Jesus (Jo 19.25), as irmãs de Lázaro, Marta e Maria (Jo 11.1,3,5,28,39).
Syngenis -  Usado como o feminino de “parente”  para indicar o parentesco de Maria, mãe de Jesus, com Isabel: “Também Isabel, tua parenta...” (Lucas 1.36).
Syngenes  –  Termo  usado  para  designar  pessoa  consangüínea,  da  mesma  família,  ou  da mesma pátria (compatriota). Vejamos alguns dos 11 casos em que o termo foi usado: “Um  profeta  só  é  desprezado  em  sua  pátria,  em  sua  parentela  e  em  sua  casa”  (Marcos  6.4).  
Nota: Quando se trata dos “irmãos de Jesus”, o termo usado é “adelphos” ou “aldephe”.
“Isabel  tua  parenta  [ou  prima]  concebeu  um  filho  em  sua  velhice...”  (Lucas  1.36).  Nota:  Se Isabel fosse  irmã  de  Maria  (filhas  de  pais  comuns)  o termo teria sido  “adelphe”,  de  igual  modo como foi usado em João 19.25 para designar a irmã da santa Maria. “... e começaram  a procurá-lo entre os parentes e conhecidos” (Lucas 2.44).
“Sereis  traídos  até  por  vosso  pai  e  mãe,  irmãos,  parentes,  amigos,  e farão  morrer  pessoas  do vosso meio...” (Lucas 21.16).  Nota: Muito importante registrar que nesse versículo são usadas as  palavras  “adelphos”,  para  irmãos,  e  “syngenes”,  para  parentes.    Entende-se  que  o  termo “adelphos”,  quando  associado  às  palavras  pai  ou  mãe  tem  o  natural  significado    de  filhos carnais.    
Anepsios  –  Usada  somente  uma  vez  para  identificar  o  termo  “primo”,  na  seguinte  passagem: “Saúdam-vos  Aristarco,  meu  companheiro  de  prisão,  e  Marcos,  PRIMO  de  Barnabé...”(Colossenses  4.10,  Bíblia  [católica]  de  Jerusalém).  Nota:  Havia  portanto  na  linguagem  grega palavras  para  identificar  irmãos,  primos  e  parentes.    Logo,  se  Tiago,  José,  Simão,  Judas  mais  algumas  mulheres  (Mt  13.55-56;  Mc  6.3)  fossem  parentes  de  Jesus,  e  não  filhos  de Maria, a palavra grega mais correta seria “anepsios” ou  “syngenes”.
4)  Gostaria  de  chamar  a  atenção  dos  leitores  para  o  que  está  em  Atos  1.13-14:  “Tendo chegado,  subiram  ao  cenáculo,  onde  permaneciam.    Os  presentes  eram  Pedro  e  Tiago,  João e  André,  Filipe  e  Tomé, Bartolomeu  e  Mateus; Tiago, filho  de  Alfeu,  Simão,  o  Zelote,  e  Judas, filho  de  Tiago.  Todos  estes  perseveravam  unanimemente  em  oração  e  súplicas,  com  as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos”. 
Maria,  as  outras  mulheres  e  os  irmãos  de  Jesus  eram  pessoas  distintas  dos  apóstolos  acima citados.  Tiago e Judas, irmãos de Jesus, não estavam incluídos naquela  relação.   Juntaram-se aos apóstolos naquela ocasião.
Não  me  parece  justo  procurarmos  outra  mãe  para  os  irmãos  de  Jesus.  A  outra  Maria,  que pode ser a de Alfeu ou Cléofas, era mãe de Tiago e de José. Vejam:
 “Maria,  mãe  de  Tiago  e  de  José”  (Mt  27.56);  “Maria,  mãe  de  Tiago,  o  menor,  e  de  José”  (Mc15.40); “Maria, mãe de Tiago” (Lc 24.10);   “Tiago, filho de Alfeu” (Mt 10.3; Lc 6.15; At 1.13).

Ora, os irmãos de Jesus se chamavam Tiago, José, Simão e Judas. O mesmo cuidado com o que os evangelistas Mateus e Marcos citaram os nomes de todos os irmãos de Jesus, um por um,  teria  usado  para  descrever  os  filhos  dessa  Maria.    Entretanto,  só  foram  citados  Tiago  e José.  E  Simão,  com  quem  fica?  A  Bíblia  descreve  a  existência  das  seguintes  pessoas  com esse  nome:    Simão,  irmão  de  Jesus  (Mt  13.55;  Mc  6.3);  Simão,  chamado  Pedro,  apóstolo  (Mt4.18;  10.3);  Simão,  o  Zelote,  apóstolo  (Mt  10.4;  Mc  3.18;  Lc  6.15;  At  1.13).  Ainda  há  outros com  o  nome  Simão,  como  por  exemplo  Simão  Iscariotes,  pai  de  Judas,  o  traidor  (Jo  6.71).    A Bíblia  com  muita  propriedade  identifica  cada  um  com  o  detalhe  do  apelido  ou  do  parentesco.

E  Judas?    A  Bíblia  diz  que  Judas,  apóstolo,  era  filho  deTiago  (Lc  6.16).  Não  há  nenhum registro  afirmando  que  a  outra  Maria  ou  Maria,  de  Cléofas,  tenha  um  filho  com  o  nome  de Judas. É quase certo que o autor da Epístola de Judas seja o irmão do Senhor, como descrito em  Mateus  13.55  e  Marcos  6.3,  pelos  seguintes  motivos:  1)  Ele  não  se  apresenta  como apóstolo  de  Cristo,  mas  como  “servo”  e  irmão  de  Tiago  (Jd  1.1);  2)  A  sua  exortação  no  v.  17 sugere  que ele não fazia parte dos Doze.

Os dados levantados apontam para o entendimento de que Tiago, Simão, José Judas, e mais algumas mulheres, eram realmente irmãos carnais de Jesus, filhos de Maria e de José.


Pastor Airton Evangelista da Costa

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