"...E, outra vez vos digo que
é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no
reino de Deus". Mt. 19:24
Muito já se discutiu entre
os estudiosos sobre essa passagem, e já foram formuladas muitas teorias para
amenizar a dureza de Jesus para com os ricos, mas o que queremos demonstrar
aqui é que o Mestre não estava abrandando nada para os que possuíam muito, mas
estava os repreendendo duramente.
Uma das conclusões a qual
alguns estudiosos chegaram era a de que camelo, em grego, significava uma corda
grossa com que se amarravam os barcos. E que agulha seria uma pequena porta
situada num dos grandes portões da muralha de Jerusalém. Ou seja, ambas as
interpretações deixam mais “mansa” a afirmação de Jesus. Mas seria isso mesmo?
Em grego, a palavra
kámelos (κάμηλος) significa exatamente o nosso camelo, palavra traduzida do
latim camelus. Em Mc 10, 25 e em Lc 18, 25 a palavra usada é kámelon (κάμηλον),
claramente para se referir ao animal. Com certeza, esse nome grego provém da
palavra hebraica gamal (למג), que é usada para
identificar aquele mamífero ungulado (Camelus Bactrianus), encontrado nos
nossos zoológicos brasileiros.
Seja como for, não podemos
ignorar que as palavras nos dizem muitas coisas da comparação de Jesus. Ele
queria deixar bem claro que, para os ricos, a dificuldade é ainda maior para se
alcançar a plenitude da vida, pois para um camelo atravessar o buraquinho da
agulha é necessário que a “vaca tussa”, primeiramente! Já o termo grego para
agulha é raphís (ραφίς), aquele objeto usado para costurar – claro que era bem
maior naquela época. Lucas usa o termo belónes (βελόνης), que significa agulha
cirúrgica, usada para cuidar da saúde das pessoas.
Mas devemos entender,
hoje, que Jesus se referia às dificuldades apresentadas a uma pessoa que
acumulava bens em excesso. Aquele homem rico era bom e queria ajudar as
pessoas, mas não era capaz de reconhecer a sua finitude e a futilidade de seus
bens. Nos nossos dias, essa passagem pode ser estendida a todos aqueles que não
conseguem se livrar de suas maldades, sejam ricos ou pobres.
Ao falar sobre a
impossibilidade desse tipo de pessoas entrarem no reino de Deus, Jesus pregou a
ilustração que é a impossibilidade de um “camelo passar pelo buraco de uma
agulha”. Alguns têm imaginado que o buraco de agulha referido fosse uma
portinhola, no muro de Jerusalém, através do qual pudesse passar finalmente um
camelo, depois de muitos puxões e empurrões; outros admitem que a expressão
camelo, que no grego representa uma pequena modificação de “Kamelos” para
“Kamilos”, trata de uma corda grossa ou um cabo, mas isso só diminuiu a
impossibilidade do ato. Todavia, o grego de Mateus 19.24 e de Marcos 10.25 fala
de uma agulha usada com linha, enquanto que o de Lucas 18.25 usa o termo médico
que indicava uma agulha usada nas operações cirúrgicas. É evidente que ali não
é considerada nenhuma portinhola, mas sim, o pequenino buraco de uma agulha de
costura. Provavelmente era um provérbio incomum para ilustrar coisas
impossíveis. O Talmude fala por duas vezes de um elefante para o qual é
impossível passar pelo buraco de uma agulha. Por conseguinte, quem quer que ame
as riquezas, a ponto de isso impedi-lo de confiar em Jesus Cristo como
Salvador, está na impossibilidade de ser salvo.
Em resposta à pergunta
feita pelos discípulos: “Então quem pode ser salvo?” Jesus respondeu: “Os
impossíveis dos homens são possíveis para Deus”, Lc 18.27. Nessa frase, as
palavras “dos” e “para” são uma só no original, cujo sentido literal é “ao
lado”. Tome-se o lado do homem, na questão das riquezas, e torna-se-á
impossível a salvação. Porém, tome-se o lado de Deus sobre a questão e a
impossibilidade anterior se transformará em possibilidade.
Livro A Bíblia
Responde - CPAD
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