17 setembro 2015

LIÇÃO 12 - 20/09/15 - "EXORTAÇÕES GERAIS"

TEXTO ÁUREO
"Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade." (Tt 2.7)

VERDADE PRÁTICA
A Palavra de Deus tem exortações de grande valor para todos os crentes, em todos os lugares.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tito 2.1-8


INTRODUÇÃO

 Aqui está a terceira parte do assunto dessa epístola. No capítulo anterior, o apóstolo tinha orientado Tito a respeito de questões de governo e a que colocasse em ordem as coisas deficientes nas igrejas. Agora, ele apresenta as seguintes exortações:De maneira geral, em relação ao cumprimento fiel do seu próprio ofício. O fato de ordenar os outros a pregar não o isentava de pregar. Sua função não era apenas cuidar dos ministros e presbíteros, mas também precisava instruir alguns cristãos específicos a cumprirem o seu dever.

O MODO CORRETO DE FALAR DO LÍDER

 Depois de discorrer sobre o estabelecimento de padrões de vida, aos quais os líderes cristãos devem corresponder, e sobre o castigo dos obstrucionistas maus, que estavam pondo em perigo a integridade das igrejas, agora Paulo interessa-se pastoralmente pelos crentes cretenses. Dirigindo-se incisivamente a Tito, ele diz: "Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina". (1).

A palavra grega traduzida por tu é enfática. Diante da falsidade posicional dos oponentes, torna-se dever de Tito apresentar ousadamente a verdade. Aqui ocorre mais uma vez a preocupação de Paulo pelo depósito da sã doutrina, que é a herança preciosa da igreja. Mas ele não tem em mente a doutrina no sentido de dogma, a formulação verbal da verdade cristã. Tratam-se das conseqüências éticas apropriadas que sempre emanam da verdade cristã. Esta dedução fica nitidamente clara nos versículos a seguir.

Os velhos que sejam sóbrios, graves, prudentes, sãos na fé, na caridade e na paciência (2). O evangelho de Cristo tem de mudar a maneira de pensar das pessoas e dar frutos numa vida transformada. Era esta transformação poderosa que tornava a igreja primitiva invencível. Como foi que a igreja cristã derrotou o paganismo fortificado do império romano? A resposta de T. R. Glover é que “os cristãos sobrepujaram os pagãos na vida, na morte e nos conceitos”.

Em todos os pontos, os cristãos excederam de longe os mais altos padrões que o mundo pagão conhecia. Este fato está ilustrado aqui claramente. Os primeiros três traços de caráter determinados para os velhos são: sóbrios,graves, prudentes (2).

Devemos entender o termo sóbrios no sentido de “temperantes” (AEC, RA) ou “moderados” (BAB, NTLH); com toda a certeza, a temperança e moderação relacionadas ao uso de vinho, mas também é a atitude de temperança e moderação em todos os prazeres da vida. O termo grego traduzido por graves também ocorre em 1 Timóteo 3.8,11, onde é aplicado aos diáconos e suas esposas (“honestos” e “honestas”). Sugere seriedade de propósito (cf. “respeitáveis”, AEC, BAB, BJ, RÃ; “dignos de respeito”, NVI; “sérios”, CII, NTLH) que, como ressalta Guthrie, “se ajusta particularmente à dignidade de pessoas mais velhas; contudo”, ele adverte, “nunca devemos confundir seriedade com carranca”.2 O terceiro termo grego traduzido por prudentes significa corretamente “autodisciplinados”; Moffatt traduz por “mestres de si”.

Os mestres éticos estoicos do século 1 poderiam ir até aqui. Mas Paulo ainda não terminou a lista de traços de caráter. Há mais três, cada uma das quais marcantemente cristã: Sãos na fé, na caridade (“no amor”, ACF, AEC, BAB, NTLH, NVI, RA) e na paciência (2). E. F. Scott ressalta que, “para Paulo, as virtudes cristãs cardeais são a fé, a esperança e o amor”, como constam em 1 Coríntios 13.13. Mas com relação à substituição da esperança por paciência, Scott observa que Paulo, talvez, “pensa na esperança de forma inclusa na fé que se apodera da vida por vir. Ou pode ser que ele coloque a paciência no lugar da esperança, porque pensa especialmente nos idosos cuja atitude para a vida é, agora, de resignação”.

Não devemos entender que ser sãos na fé é ser sãos na doutrina, por mais importante que isso seja. Paulo está acentuando a fé vigorosa e saudável que une o homem redentoramente a Cristo. Ligado com a fé está o amor divino (agape), que é profusa e graciosamente derramado no coração daqueles que se rendem ao domínio de Cristo. A paciência, a terceira virtude desta segunda tríade, é a força e propósito de coração para viver a vida cristã até o fim. O termo grego é traduzido por “constância” (AEC, RÃ), “perseverança” (BAB, BJ, BV, NTLH, NVI), “firmeza” (RSV) e “resistência” (NEB). Estas são qualidades espirituais que enriquecem os anos maduros da vida.

As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem (3). O apóstolo admoesta as mulheres idosas da igreja a cultivarem as virtudes semelhantes às que os homens idosos devem ter. O termo semelhantemente sugere este paralelo. Mas Paulo é muito específico em suas exigências sobre elas.

 A frase que sejam sérias no seu viver, como convém a santas é traduzida por “a serem reverentes na sua maneira de viver” (N’VI; cf. CII). O termo grego traduzido por “reverentes” (NVI) significa, literalmente, “humilhar a si mesma como sacerdotisa no desempenho de seus deveres”. As mulheres maduras devem ser dedicadas às coisas espirituais. Afigura da “mãe em Israel” (Jz 5.7) tem quase desaparecido da igreja atual. Em nossos dias, há a carência desesperadora de mulheres santas de outrora. Mulheres que conheçam a Jesus e o amem, mulheres para quem o privilégio de ministrar ao Senhor seja a mais alta alegria da vida, mulheres como honraram a casa de Maria e Marta, em Betânia; tais mulheres são necessárias na igreja de hoje e de amanhã.

Nem precisamos dizer que para tais mulheres piedosas seria desnecessária a próxima estipulação do apóstolo: Não caluniadoras, não dadas a muito vinho (3). Traduzida em termos mais simples e atuais, a determinação fica assim: “Não boateiras ou escravas de bebida forte” (NEB; cf. BV).

 A outra especificação — mestras no bem (3) — não deve ser entendida no sentido de violar a norma do apóstolo estipulada em 1 Timóteo 2.12. Presumimos que a insistência paulina de as mulheres não ensinar publicamente nas igrejas seja válida tanto para as igrejas cretenses quanto para a igreja efésia. O ensino que o apóstolo tem em mente é, provavelmente, o que procede de um exemplo piedoso, suplementado por aconselhamentos e palavras de incentivo dados reservadamente. Este dever imposto nas mulheres mais velhas forma a transição para a exortação do apóstolo para as mulheres mais jovens.
PADRÕES PARA OS JOVENS, 2.4-8

 As mulheres idosas têm o dever de ensinar as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos (4). Este é um dos ingredientes essenciais no lar feliz e cristão. O amor do marido e dos filhos era virtude aclamada entre pagãos e cristãos. Kelly cita o fragmento de inscrição lapidar encontrada em Pérgamo, Mísia: “Júlio Basso [...] para sua docíssima esposa, dedicada ao marido e dedicada aos filhos”.4 Por mais ideais que tais virtudes sejam, o triste fato é que são honradas depois de não serem observadas.

 Mas o padrão do apóstolo imposto nas mulheres novas continua: A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seu marido, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada (5). Para entendermos esta passagem, devemos considerá-la no contexto dos costumes gregos. Barclay ressalta que, “no antigo mundo grego, a mulher respeitável tinha uma vida completamente retirada. Na casa, ela possuía aposentos próprios, raramente deixando-os, nem mesmo para sentar-se à mesa para as refeições com os membros masculinos da família; e nenhum homem entrava nos aposentos dela, exceto o marido.

Ela nunca comparecia a assembléias ou reuniões públicas; raramente era vista nas ruas, e se o fosse [...] nunca estava desacompanhada”. Para mulheres acostumadas em tal clausura, o cristianismo veio com maravilhoso poder libertador. Seria fácil tal emancipação ir a extremos escandalosos quando vista no contexto desta exclusão tradicional. Se o padrão que Paulo estipula parece limitador e restritivo, devemos entendê-lo no contexto dos padrões do século 1.
Moffatt traduz o termo moderadas (5) por “donas do seu nariz”, O termo grego traduzido por castas reflete esta mesma virtude que, no uso do Novo Testamento, sempre denota pureza (cf. “puras”, BAB, NTLH, NVI). Boas donas de casa é a qualidade prática da boa administração doméstica. A palavra de Moffatt para esta virtude é “doméstica”. O termo grego traduzido por boas tem o significado de “afáveis”, “dispostas” e “compreensivas”. Sujeitas a seu marido é atitude que o apóstolo propõe repetidamente (Ef 5.22; Cl 3.18).

rata-se de virtude antiquada e que decididamente não conta com o apoio das jovens atualmente. Mas sugere atitude de deferência ao marido que ela ama. Em troca, o marido deve mostrar bondade, sensibilidade e sensatez, tornando esta virtude recomendável para os nossos dias.

Paulo faz estas determinações por uma razão cristã muito básica: Afim de que apalavra de Deus não seja blasfemada (5). Seria fatal para a igreja, se ela se expusesse à acusação de que as liberdades concedidas aos seus membros são subversivasdos ideais da vida familiar. A maneira em que Moffatt pôs esta questão é totalmente justificada: “Caso contrário, será um escândalo para o evangelho” (cf. BV, CH, NTLH).

Agora o apóstolo passa a tratar dos jovens: Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados (6). A responsabilidade de ser moderados não pesa apenas nos jovens, mas também em Tito, cuja tarefa é exortá-los insistentemente nesse ponto. No grego, este verbo é consideravelmente mais forte que o verbo traduzido por “fala” no versículo 1 deste capítulo. Uma opção tradutória seria “recomenda com insistência” ou “obriga”. A virtude que Tito deve insistir em suas exortações, que foi traduzida por moderados, é a virtude estóica de autocontrole (cf. “controlados”, BAB). Phillips traduz assim: “Você também deve insistir para que os moços levem a vida a sério” (CH). O versículo 7 continua na mesma linha de pensamento:
Em tudo, te dá por exemplo de boas obras. E difícil decidir se a frase em tudo combina com a advertência a Tito ou se pertence à moderação do versículo 6. Qualquer uma das alternativas é possível, pois é puramente questão de pontuação. Seja qual for a interpretação correta, a frase enfatiza o amplo escopo desta virtude. Tito é aconselhado a apregoá-la e exibi-la em sua conduta.

Ser exemplo tem mais força que dar conselho; as pessoas nos seguirão do modo em que seguimos Cristo, quer o sigamos de perto ou de longe.

As exortações do apóstolo para Tito prosseguem: Na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós (7,8). E evidente que Paulo está muito preocupado com o ensino de Tito e com sua conduta. O versículo 7b é traduzido assim: “Em teu ensino, tens de mostrar integridade e altos princípios” (NEB). Tito é exortado a usar linguagem sã e irrepreensível (8). Phillips interpreta esta passagem assim: “Esteja seu discurso acima de qualquer crítica, para que seus opositores sintam-se envergonhados ao descobrir que não há nada que nos desmereça” (CH). Tito tinha de ser um apologista da fé cristã em Creta (usando “apologia” no sentido teológico correto de proclamação e apoio).


O BOM EXEMPLO EM TUDO

 Qualidades Espirituais. É indispensável que o líder caminhe ao lado e com Deus na liderança. Para isso, é necessário que o coração do líder seja inteiramente de Deus (2Cr 16.9). Sendo assim, o líder uma pessoa que procura com intensidade ter ou possuir uma elevada estatura espiritual.

 O padrão divino para o líder é extremamente elevado, para que ele possa atingir o padrão de Deus, é necessário obediência plena da parte dele. Seu viver deve ser irrepreensível. O que ele ensina em relação às verdades espirituais da Palavra de Deus, devem condizer com a verdade. Não deve acontecer de que um membro chegue diante dele e o acusa de não estar praticando o que prega, de não estar cumprindo este ou aquele outro mandamento da Palavra de Deus.
 Temos na vida de Daniel um grande exemplo: ele era irrepreensível, não havia nada que as pessoas podiam falar com relação a faltas em sua vida. Sendo assim, seus inimigos tentaram achar algo para acusá-lo na lei de Deus. Nada encontraram. Por fim, tiveram que fazer algo para que ele viesse a cair, mas sua vida espiritual era tão elevada que mesmo diante do decreto do rei, ele não sucumbiu. Sua firmeza espiritual foi o seu segredo (Dn6).

As qualidades espirituais devem ser prioridades absolutas na vida do líder. Se ele assim proceder, as pessoas irão querer imitar o seu exemplo.

Qualidades Morais. Os líderes devem possuir uma vida limpa, isso não deve ser por medo dos liderados, mas sim pelo temor diante de Deus, por querer agradá-lo. Nas Escrituras, temos um exemplo bastante forte deste padrão moral que o líder deve ter.

José se recusou a ter relações sexuais com a mulher de Potifar, não por temer a Potifar, mas por temer cometer tamanho pecado diante de Deus (Gn 39.7-21).
Qualidades Pessoais. Cada líder tem a sua própria personalidade. Ninguém é igual a ninguém. Porém há qualidades pessoais que cada líder deveria ter preocupação. Um líder deve estabelecer alvos pessoais. Ele deve estabelecer alvos para si mesmo, bem como para sua congregação (Rm 12.3; Fp 3.14).

Nos ensinamentos do Santo Espírito, temos de mostrar três coisas: incorrupção, gravidade e sinceridade. Não é certo corromper a Palavra por razão alguma. Os políticos se adaptam a qualquer situação; mas nós, não. Se tivermos de sofrer um prejuízo por falar a verdade, é preciso pagar o preço. Devemos ser sérios e não brincar com os assuntos de Deus. Não é correto cair na tentação e deixar de falar a verdade apenas para lotar uma igreja. O pecado e as más condutas devem ser combatidos. Por outro lado, a sinceridade deve nortear todos os atos de quem é de Deus. Se você não tiver a resposta do Senhor, não invente uma. Só faça a obra de modo produtivo e correto, e seja sincero em tudo. O seu falar deve ser sim, sim e não, não, pois o que passar disso é do maligno (Mateus 5.37).

CONCLUSÃO

 Esforce-se para praticar apenas boas obras. Nunca deixe de assumir os seus direitos em Cristo e sempre faça uso do Nome Dele para que o trabalho divino seja realizado. Dizer que, se não aconteceu foi porque o Senhor não quis, não tem justificativa bíblica. Ao curar o cego, no episódio narrado em João 9, Jesus disse que, se os discípulos não edificassem o ministério, ele não seria feito. Quem não faz boas obras ocupa-se com as ruins. Veja o tipo de obra que você faz.

A geração passada nos deixou como herança o bom nome de cristão. Devemos dar o máximo de nós para deixarmos à próxima geração esse bom nome. É assim que se glorifica a Deus. Jesus disse que o Pai procura adoradores que O adorem em espírito e em verdade (João 4.23).

SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR

Neste capítulo 2, Paulo se volta para a supervisão pastoral das comunidades cretenses, direcionando suas exortações a grupos selecionados por idade, sexo e posição social. Ele requer de cada um dos grupos um alto padrão de conduta. Ao requerer isso ele demonstra sua preocupação tanto com a boa reputação da igreja quanto com o avanço do evangelho num ambiente de moralidade duvidosa. Os crentes, principalmente os líderes, deveriam professar sua fé em Deus por meio da conduta. Os falsos mestres não viviam o que pregavam. Havia um abismo entre o que eles falavam e o que eles faziam. Tito deveria agir de forma diametralmente oposta aos falsos mestres. John Stott diz que não poderia haver contradição entre a teologia e a ética de Tito. Não poderia existir dicotomia entre o seu ensino e o seu comportamento. (1)
  1. O MODO CORRETO DE FALAR DO LÍDER
  1. “Fala o que convém à sã doutrina” (Tt 2:1). Os falsos mestres não viviam o que pregavam. Pela própria conduta, eles negavam as grandes verdades da fé. Havia um abismo entre o que eles falavam e o que esses faziam. Quem pode mensurar o dano contra o testemunho cristão praticado por aqueles que professavam grande santidade, mas viviam uma mentira? A tarefa designada a Tito (e a todos os servos do Senhor) era falar [ensinar] “o que convém à sã doutrina”. Ele tinha de eliminar o terrível abismo existente entre o discurso e a vida do povo de Deus. Na realidade, esta é a ideia central da epístola: a maneira prática de viver a sã doutrina com boas obras. Tito 2:2-15 dá exemplos práticos do que essas boas obras deveriam ser.
Não basta à igreja assumir um papel crítico e denunciar as heresias dos falsos mestres e seu desvio de caráter; é preciso, sobretudo, proclamar a verdade. Combate-se a heterodoxia com a ortodoxia. Combate-se a heresia com a verdade. Em vez de Tito apenas ficar na retranca e na defesa contra os falsos mestres, deveria partir para o ataque, proclamando a sã doutrina.
  1. Saber falar e saber ouvir. O Líder que é sábio:
  1. a) Pensar antes de falar. Todos nós batalhamos contra a tentação de falar antes de pensar, talvez uma palavra áspera ou crítica usada desnecessariamente, talvez uma expressão de raiva ou ódio. Uma simples palavra mal empregada pode levar uma nação à beira da guerra, destruir uma amizade de toda a vida, desfazer uma família ou arruinar um casamento. Por isso, esta advertência de Tiago: “Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”(Tiago 1:19).
O que Tiago quer dizer com “tardio” é que devemos refletir primeiro, e não falar de imediato. É preciso saber a hora de falar e também o que falar. O que temos a dizer é verdadeiro? É oportuno? Edifica? Transmite graça aos que ouvem? Geralmente falamos antes de pensar, de ouvir, de orar, de medir as consequências. Devemos ter muito cuidado com isso, pois: “a morte e a vida estão no poder da língua…” (Pv 18:21). As palavras podem dar vida ou matar. Quem fala demais acaba caindo em pecado. Precisamos, pois, estar atentos sobre o que falamos, como falamos, quando falamos, com quem falamos e por que falamos. Davi orava a Deus e pedia: “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta dos meus lábios!” (Sl 141:3).
Há um ditado popular que diz: “Em boca fechada não entre mosquito”. Falar sem pensar é consumada tolice. Responder antes de ouvir é estultícia. Proferir palavras torpes e desandar a boca para espalhar impropérios e maldades é perversidade sem tamanho. Esse não pode ser o caminho do justo. Uma pessoa que teme a Deus reflete antes de falar, sabe o que falar e como falar. Sua língua não é fonte de maldades, mas canal de bênção para as pessoas. Diz o sábio: “O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos ímpios derrama em abundância coisas más” (Pv 15:28).
Concordo com o pr. Elinaldo Renovato quando diz que ser “tardio para falar” e “pronto para ouvir” é sinal de sabedoria, de maturidade emocional e espiritual. Quem lidera tem que desenvolver a capacidade de escutar as pessoas, ainda que não concorde com elas.
  1. b) Fala com temperança. Quem sabe conversar com calma demonstra inteligência. Quem ouve e analisa antes de emitir sua opinião, pode falar com mais eficácia. Diz o sábio: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15:1); “… a língua branda quebranta os ossos” (Pv 25:15). Aqui, o sábio nos mostra que não é a palavra branda que desvia o furor, mas a resposta branda. Isso é mais do que ação, é reação. Mesmo diante de uma ação provocante, a pessoa tem uma reação branda. É como colocar água na fervura e acalmar os ânimos. Em outras palavras, é ter uma reação transcendental. O oposto disso é a palavra dura e deselegante.
  1. Integridade no falarO crente deve ter uma linguagem sempre sadia e irrepreensível –Linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” (Tt 2:8).
Nos dias em que vivemos, em que “tudo é relativo”, é preciso lembrar que o falar do crente deve ser sim, sim, não, não, e o que sai disto é de procedência maligna (Mt 5:37). Equivocam-se os faladores da atualidade que acham que suas palavras não são levadas em conta pelo Reto e Supremo Juiz. Não só nossas ações, mas também nossas palavras são levadas em conta diante de Deus. Tenhamos muito cuidado com o que falamos, pois tudo está sendo anotado perante o Senhor – “Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo” (Mt 12:36). Que possamos dizer como Jó: “Nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano” (Jó 27:4).
–  “Linguagem sadia e irrepreensível…”. O púlpito não pode ser um palco em que o pregador usa piadas e gracejos inconvenientes e incompatíveis com a santidade da mensagem. Não apenas a mensagem é santa, mas também a forma de comunicá-la deve ser santa. Lamentavelmente, hoje estamos vendo 'pregadores', que fazem piadas durante suas pregações. Existem alguns 'entendidos' em relação conjugal que abusam dos termos, falam palavrões, provocam risos na platéia e contam 'casos' que deixaria Jesus fora do culto(??). Isso sem se falar dos incontáveis pastores e outros irmãos que gostam de uma 'anedota', para 'descontrair os ouvintes'. Que vergonha!!!
– “[…] para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito. A descrição que Paulo faz do adversário pode incluir os críticos pagãos do cristianismo, bem como os indivíduos indispostos dentro da comunidade. A melhor defesa contra os adversários é a completa integridade na pregação, tanto na forma quanto no conteúdo. Devemos ser zelosos quanto à doutrina e também quanto à forma pela qual ensinamos a doutrina, pois nossos adversários sempre buscarão motivos para nos acusar. Não podemos deixar brechas para o inimigo nos atacar.
  1. EXORTAÇÕES AOS IDOSOS, AOS JOVENS E SERVOS
  1. Como os idosos devem portar-se (Tt 2:2). “Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância”.
Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, os homens idosos são citados primeiro, porque deveriam ser os pioneiros a aplicar a sã doutrina. A vida deles deveria recomendar a doutrina que professavam. Os homens idosos deveriam demonstrar quatro virtudes cardeais: (2)
  1. a) Deveriam ser “temperantes”, ou seja, ter domínio próprio. Aqui, a palavra “temperante” tem a ver com o domínio do vinho. A palavra grega traduzida para temperante significa literalmente “sóbrio”, em contraposição a ser muito indulgente com o vinho. Trata-se de uma pessoa que tem seus apetites sob controle. A falta de disciplina e de limites em qualquer área da vida e o uso imoderado do vinho causavam muitos transtornos na comunidade cristã da ilha de Creta. “Os prazeres desenfreados custam muito mais do que valem”.
  1. b) Deveriam ser “respeitáveis”, ou seja, ter reputação aprovada. Trata-se de uma pessoa que tem vida ilibada, caráter impoluto, bom testemunho dos de fora. É uma pessoa que não tem brechas no escudo da sua fé. Alguém que não pode ser acusado de escândalo.
  1. c) Deveriam ser “sensatos”, ou seja, ter equilíbrio nas atitudes. Trata-se daquela pessoa que mede suas palavras, seus gestos, suas ações e suas reações. É aquele homem que vive sob controle, que sabe governar cada instinto e paixão.
  1. d) Deveriam ser “sadios na fé, no amor e na constância”, ou seja, ter maturidade espiritual. Fé, amor e esperança são a trilogia neotestamentária da maturidade cristã. A maturidade cristã tem a ver com a teologia que abraçamos, com o nosso relacionamento com Deus e com os irmãos e, também, com a maneira que nos comportamos diante das pressões da vida.
  1. As mulheres idosas devem ser exemplo para as mais novas (Tt 2:3-5). “Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada”.
Paulo destaca duas coisas importantes que devem caracterizar as mulheres idosas:
  1. a) Elas devem ser cuidadosas quanto à maneira de viver – “Quanto às mulheres idosas,semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho”.
Aqui, Paulo mostra dois aspectos: positivo e negativo.
Quanto ao aspecto positivo, as mulheres idosas devem ter um procedimento irretocável, exemplar: ”… sérias em seu proceder…”. A idade avançada torna a pessoa mais responsável.
– Quanto ao aspecto negativoas mulheres idosas devem evitar dois sérios pecados:
  • O pecado da calúnia – “não caluniadoras…”. As mulheres idosas não devem falar mal pelas costas nem ser boateiras. Nada é mais pernicioso para a vida da igreja do que o pecado da língua. Tiago diz que a língua é fogo e veneno. A língua fere, destrói e mata (Tg 3:1-10). Salomão diz que “a morte e a vida estão no poder da língua” (Pv 18:21). Podemos matar ou dar vida a um relacionamento dependendo da maneira pela qual nos comunicamos.
  • O pecado da embriaguez – “… não escravizadas a muito vinho”. A embriaguez é um vício degradante em todas as pessoas, mas quando mulheres que deveriam ser exemplo de conduta capitulam-se à embriaguez, isso se constitui num terrível escândalo.
  1. b) Elas devem ser cuidadosas quanto a maneira de ensinar – “sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos” (Tt 2:3b,4). As mulheres idosas deveriam não apenas praticar o bem, mas ser mestras do bem. Deveriam não apenas ser exemplo, mas também instruir as jovens recém-casadas a amar seus maridos e filhos. Esse ensino desenrola-se na dinâmica da vida.
A igreja precisa tanto dos mais velhos quanto dos mais jovens, e uns devem ministrar aos outros. É importante destacar que a instrução só pode acontecer onde existe comunicação e comunhão. É preciso construir pontes de comunicação entre os idosos e os jovens. O conflito de gerações precisa ser resolvido antes que a instrução logre êxito.
  1. Os jovens cristãos (Tt 2:6). “Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados”.
Os jovens devem ser exortados a serem criteriosos em tudo. O próprio Tito deveria se encarregar desse trabalho de encorajar os jovens a viver um alto padrão. Juventude não é sinônimo de imaturidade. O padrão para os jovens não é inferior nem eles estão isentos da responsabilidade de viver de forma cuidadosa em todas as áreas da vida (1Tm 4:12).
Segundo Willian Macdonald, Paulo não incitou Tito a ensinar as mulheres jovens. Em nome da discrição, esse ministério é confiado às mulheres idosas. Tito, porém, é aconselhado a exortar os jovens, e a advertência específica é que eles sejam criteriosos e tenham autocontrole. Segundo John Stott, Paulo está pensando no controle de temperamento e da língua, da ambição e da avareza, e especialmente dos apetites carnais, inclusive compulsões sexuais, de modo que o jovem cristão permaneça dentro do imutável padrão cristão de castidade antes do casamento e de fidelidade depois dele.
Trata-se de um conselho apropriado, considerando que a juventude é um período cheio de entusiasmo, de energia turbulenta e de impulsos ardentes. Em todas as áreas da vida, eles precisam aprender o controle e o equilíbrio.
José do Egito se manteve puro mesmo quando a mulher de Potifar o abordou, e isso ocorreu várias vezes. Ele preferiu ser preso numa masmorra e manter sua consciência livre e pura a viver em liberdade, mas prisioneiro do pecado. A mais sombria de todas as masmorras é a prisão da culpa. Não há remédio humano que possa aliviar a dor da culpa. José preferiu ser um prisioneiro livre a ser um livre prisioneiro.
O profeta Daniel resolveu firmemente no seu coração não se contaminar, mesmo quando ainda era um adolescente.
Os dois, José e Daniel, só puderam liderar eficazmente outras pessoas porque antes dominaram a si mesmos. Ninguém pode servir a outros até que tenha dominado a si mesmo. A Bíblia diz que melhor é “[…] o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade” (Pv 16:32).
III. O BOM EXEMPLO EM TUDO
  1. Bom exemplo (Tt 2:7). “Em tudo, te dá por exemplo de boas obras…”. Rev. Hernandes Dias Lopes argumenta que a vida do líder é a vida da sua liderança. Ele ensina não apenas com palavras, mas, sobretudo, com exemplo. Os falsos mestres dizem e não fazem, mas os mestres da verdade devem dizer e fazer. Dizer e não fazer é hipocrisia. Concordo com John Stott quando diz que nós precisamos de modelos; eles nos dão direção, desafios e inspiração. Paulo se ofereceu como exemplo para a igreja de Corinto (1Co 11:1). Ele deu ordens a Timóteo a ser padrão dos fiéis (1Tm 4:12). Agora, ordena a Tito a ser padrão para os crentes na prática de boas obras (Tt2:7). Nós precisamos de modelos vivos. Precisamos de líderes que preguem aos ouvidos e aos olhos. Que falem a sã doutrina e também demonstrem a verdade que pregam com o seu modo de viver. O ensino e o exemplo, o verbal e o visual, sempre formam uma combinação poderosa.
  1. Incorrupção da doutrina. “… na doutrina, mostra incorrupção…” (Tt 2:7). Na tradução Almeida e Atualizada diz: “… no ensino, mostra integridade”. Aqui Paulo diz que deve haver um estreito paralelo entre a doutrina e o comportamento de Tito. Seu ensino deve se caracterizar pela integridade. Integridade significa que o ensino deve corresponder à fé entregue aos santos definitivamente. “Incorrupção” ou “incorruptibilidade” tem a ver com o pastor sincero que não pode ser corrompido do caminho da verdade. Infelizmente, hoje, temos visto igrejas que “vendem” bênçãos por dinheiro, utilizam manipulação psicológica para arrecadar mais recursos das pessoas; fazem “curas” e “milagres”, em troca do vil metal. Isso é corrupção. Isso é uma vergonha!
  1. Gravidade e sinceridade. “… gravidade, sinceridade” (Tt 2:7). Aqui, “gravidade e sinceridade” indicam um ensino com reverência, para que as palavras de Tito fossem respeitadas e levadas a sério. Reverência denota um alto tom moral na exposição da sã doutrina. Um pregador irreverente é uma contradição. A vida do pregador não pode estar em oposição à sua mensagem. Muitos escândalos têm perturbado a igreja do Senhor Jesus, ao longo da história, por causa de comportamento irresponsável e vulgar de alguns obreiros.
Completando a lista de recomendações, Paulo diz que Tito deve ter “linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós”(Tt 2:8). Tito deveria estar acima de quaisquer críticas sobre a maneira como ele ensinava. Devido ao seu papel exclusivo em Creta, a sua vida deveria exibir um grau admirável de correção. Ele estaria exposto constantemente. Cada palavra de Tito seria avaliada de modo que ele continuasse acima de censuras ou condenações. A sua vida exemplar, os seus ensinos e a sua linguagem envergonhariam aqueles que pudessem desejar dizer mal dele. Isso se aplica a todos aqueles que estão em evidência na obra do Senhor, principalmente aqueles que se dedicam ao espinhoso ministério do ensino.
CONCLUSÃO
Uma igreja local é a materialização da igreja visível. Nela, podem-se observar os diversos tipos de pessoas que aceitam a Cristo, de verdade ou não. Os que são crentes verdadeiros demonstram ser novas criaturas pelo seu porte, testemunho e por suas obras. Os que são falsos crentes também se revelam por seu caráter, expresso em sua conduta. A Palavra de Deus é o referencial para todo comportamento cristão, em todas as faixas etárias da vida.
Espero que com essa Lição, possamos ter mais temor e viver na prática um Evangelho completo, sem ser diluído. Uma exposição do Evangelho onde o que ensina e/ou prega, tenha respeito para com quem os ouve e os ouvintes, aprendam a selecionar a quem querem ouvir e que os pastores de igrejas e/ou Campos/Região, tenham temor a Deus e parem de pagar um 'dinheirão' para levarem á suas igrejas esses homens, sem temor que mais levam humor á igreja do que edificação pela Palavra de Deus.
Não queremos 'Tons Cavalcantes' gospel, nos eventos de nossas igrejas.
Viva vencendo esse pecado intolerável em nossos púlpitos, já consumidos por esse câncer chamado falta de temor a Deus!!!
Abraços.
Seu irmão menor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário