Um povo sem memória não está apto a construir um bom futuro. Por isso, é fundamental lembrar os que desempenharam um papel vital na formação da consciência antimarxista dos evangélicos do Brasil.
Embora muitos missionários americanos tenham tido uma influência significativa nessa formação, o impacto mais importante veio dos televangelistas americanos, que tinham um alcance vastamente maior de público, tanto evangélico quanto não-evangélico.
Pat Robertson em 1978 |
Em 1978, a antiga Rede Tupi transmitia, de segunda a sexta às 10h da manhã, o programa “Clube 700,” apresentado pelo telvangelista carismático Rev. Pat Robertson, pastor batista que tinha um canal de televisão nos EUA e era ativamente envolvido na conscientização anticomunista. Seus programas, que tinham espaço para manifestações do Espírito Santo, onde Robertson recebia revelações sobrenaturais sobre problemas que Deus queria resolver na vida dos telespectadores, eram especialmente conhecidos pelos testemunhos de pessoas impactadas e transformadas pelo mover de Deus. Havia testemunhos de ex-feiticeiros, de ex-nazistas e de ex-comunistas.
O “Clube 700” tocou uma geração com alertas anticomunistas e, acima de tudo, com a mensagem transformadora do Evangelho vivo.
O anticomunismo teve um papel importante no ministério de Robertson. No livro “Pat Robertson: A Life and Legacy” (Pat Robertson: Uma Vida e Legado), o autor David Edwin Harrell Jr. diz:
“Além de sua oposição veemente a qualquer um que fizesse concessões ao direito da terra de Israel, Robertson desprezava o socialismo em qualquer lugar do mundo, inclusive Israel. Durante sua campanha para a presidência, ele disse ao Clube de Imprensa Nacional: “Eu disse a um dos meus bons amigos judeus em Washington que eu não achava que os contribuintes do imposto de renda dos Estados Unidos deveriam financiar atividades em Israel que estavam fracassando em muitos aspectos.”
Em 1979 começou a transmissão no Brasil, pela Rede Bandeirantes, do programa do televangelista pentecostal Jimmy Swaggart, aos sábados às 9h da manhã. Tal qual Robertson, Swaggart, que era assembleiano, teve um impacto antimarxista decisivo nas audiências do Brasil, sempre alertando contra a ameaça do comunismo.
Jimmy Swaggart na década de 1980 |
Apesar de que na primeira metade da década de 1980 o Brasil estava sob governo militar, Ronald Reagan, o presidente conservador dos EUA, não era visto com bons olhos. Swaggart ajudou, entre os evangélicos, a dissipar a imagem negativa que a mídia brasileira apresentava de Reagan, que era, em sua geração, o maior lutador contra o comunismo. Ninguém no Brasil fez mais do que Swaggart para apresentar Reagan como um evangélico dedicado com um chamado político contra o monstro vermelho.
Além disso, havia a Missão Portas Abertas, com seus boletins sobre cristãos sofrendo em governos comunistas. Havia os livros do Rev. Richard Wurmbrand, pastor judeu luterano que sofreu debaixo da ditadura comunista da Romênia. E havia os livros da Editora Betânia: “O Contrabandista de Deus,” testemunho do Irmã André, mostrando que a maior arma contra o comunismo é a Bíblia. Outro livro importante da Editora Betânia era “Ivan,” escrito pela americana Myrna Grant, sobre um jovem soldado russo que foi torturado e martirizado na União Soviética. Antes de ser morto, Ivan teve várias visões sobrenaturais do Céu e recebia visitações de anjos. Tudo isso foi um poderoso estímulo anticomunista para os evangélicos do Brasil.
Pat Robertson e Jimmy Swaggart em grande escala e missionários americanos em escala menor foram usados por Deus para formar a consciência antimarxista dos evangélicos brasileiros. Ninguém no Brasil fez mais do que eles nessa formação.
O Brasil tem uma dívida eterna aos televangelistas e missionários americanos por sua dedicação altruísta na formação da consciência evangélica do Brasil.
Versão em inglês deste artigo: Anti-Marxist Conscience of the Brazilian Evangelical
JulioSevero
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