Nota de reconciliação
Nos dois últimos dias de 2011, a exemplo de grande parte da população mundial, parei para fazer um retrospecto cotidiano.
Numa breve, mas contundente analise, observei que durante os meus trinta anos de existência, vivi coisas que muitos não viveram em sessenta, entretanto, deixei de viver situações que muitos viveram em apenas uma década.
Infelizmente, ou felizmente como queiram, o tempo não para! Durante três décadas, acertei em inúmeras decisões, mas, errei em inúmeras oportunidades. Fui ‘sábio’ em aprender com muitos erros alheios; tornei-me inteligente aprendendo com meus próprios erros, todavia, fui um tolo em permanecer em alguns deles.
Em três décadas de existência, conclui que muita coisa mudou em minha vida: o corpo já não é mais o mesmo; a voz já alterou consideravelmente; minha situação civil passou de solteiro a casado; muitos de meus ‘sonhos’ perderam relevância em detrimento de minha realidade, tristemente, perdi o ‘romantismo’ por certas coisas ‘rotuladas’ de cristãs! As mudanças são inúmeras e quase impossíveis de se descrever, todavia, ao fazer essa viagem ao passado, constatei que uma das grandes mudanças foi as minhas relações de amizades.
Hoje, não tenho mais vinculo com o meu melhor coleguinha do pré-primário, aliás, nem me lembro mais de seu nome. Perdi o contato com o meu melhor e quase único amigo da infância: Alex - este foi tristemente ‘moído pelos dentes’ de um terrível leão chamado câncer e, com aproximadamente 15 anos de vida, tombou na terra nas garras desta fera, mas, foi recebido na glória pelo Leão da tribo de Judá!
Desgraçadamente, não tenho mais relações de ‘amizade’ com os companheiros das ‘partidas de futebol’, das bolinhas de gude, dos papagaios, etc. Muitos destes foram devorados e mortos pelo trafico de drogas; outros mudaram e não deixaram o novo endereço; alguns ainda tenho ‘contato’, mas, apenas para dar bom dia, boa tarde ou boa noite.
Seria cansativo e tedioso citar todas as relações que perdi, passando pelo ensino médio, cientifico, universitário e “religioso”. Entretanto, graças a Deus, poucos ainda restaram, e dentre eles, um que passarei a mencionar agora.
Ainda adolescente conheci um jovem que acabara de chegar na igreja onde congregava, subitamente, me impressionei muito e logo passei a admirar a coragem, a veemência e a robustez com que ele pregava e ensinava; para falar a verdade, a meu ver, no Brasil quase não existia pregadores do mesmo quilate do jovem: Wáldson Medeiros Lima.
Devido a pouca idade que tinha na época, não tive como criar vínculos de amizade com ele, afinal de contas, um jovem cheio de vitalidade, sonhos e planos, dificilmente, cria laços com um “pirralho”.
Pouco tempo depois, por circunstancias adversas e situações “inevitáveis” da vida, o jovem Wáldson mudou de igreja e de denominação e, como era de se esperar, ou não, perdi inteiramente o contato com ele por mais de uma década.
Em 2007, quando pastoreava uma congregação no bairro Campo Alegre, aproximei-me dele e em pouco tempo, devido a afinidades, nos tornamos grandes amigos. Afirmo que foi gratificante e confortante ver nele muitas coisas que via em mim: a paixão exagerada pela Palavra; a disposição tremenda pelo Reino; o prazer pelo escrever os encantos e desencantos; a fome por livros; as decepções com o ‘sistema’, etc.
Devido a tantas afinidades, após passar por uma grande crise ministerial, mudei de planos e fui trabalhar ao lado e sob a égide dele. Porém, novamente circunstancias adversa cruzou o nosso caminho e uma relação linda de amizade terminou tão subitamente como começou.
Falando francamente, após o termino de nosso vinculo, nunca o vi como inimigo, mas como um irmão que sem acordos parou de andar comigo, contudo, muitos ao meu redor nos rotulava de “inimigos mortais”, principalmente por saber que os nossos desentendimentos me levaram a uma delegacia da Policia Civil.
Afirmo que foi constrangedor entrar pela primeira vez numa delegacia para registrar um BO (Boletim de Ocorrência), todavia, mais constrangedor foi o sermão que ganhei do delegado, que ao tomar ciência do ocorrido, desabafou exclamando: “è por isso que não gosto de crente e principalmente de pastores, pois, pregam a paz, mas, vivem em guerra”.
Confesso, que sai da delegacia com vontade de cavar um buraco no chão e enterrar o meu rosto envergonhado e avermelhado.
Quase três anos se passaram. Propus em meu coração esquecer inteiramente o ocorrido, entretanto, vira e mexe o passado tencionava ocupar o lugar do presente.
Em outubro de 2011, após pregar sobre perdão num congresso das Assembléias de Deus na cidade de Ferros, interior de Minas Gerais; tomei ciência do caso de uma irmã que há muito não participava da Santa Ceia, por não conseguir perdoar os dois assassinos de seu filho; fiquei de igual modo envergonhado, por aconselhar a ela a perdoar incondicionalmente, enquanto eu, não estava vivendo o que pregava, pois sabia que deveria perdoar e ser perdoado.
Ao retornar para Belo Horizonte, fui premiado por Deus com uma magnífica pregação do Reverendo Hernandes Dias Lopes: “Paulo – O maior líder do Cristianismo”, afirmo que gostei tanto da mensagem que após assisti-la seis vezes, e chorar por seis vezes, ainda tenho vontade de assisti-la por no mínimo mais dez vezes.
A mensagem é toda tocante e com consistência bíblica invejável, mas, ao ouvir incansavelmente a reconciliação do velho Paulo no final de sua vida com o jovem João Marcos; exacerbadamente não contive as lágrimas e deduzir que não precisaria esperar a velhice para tentar reatar os laços com o Pr. Wáldson, pois, parafraseando Paulo, ele me é muito útil para o ministério. (2 TM 4:11).
Finalmente, deixando de lado a informalidade, após alguns e-mails e um encontro para tentar “lavar a roupa suja”, chegamos a um acordo, ou melhor, ao perdão exigido por Cristo. E queremos, permitindo Deus andarmos juntos até a volta de Cristo.
Estamos cientes que é impossível se recuperar os quase três anos de afastamento; sabemos também que as cicatrizes ficam, ou seja, perdoar não é esquecer como alguns pregam por ai. Também sou sabedor que as palavras não voltam atrás, assemelham-se a um saco de penas que espalhadas pelo vento no pico de um monte, são impossíveis de ser recuperadas na sua totalidade e ensacadas novamente da mesma maneira.
Todavia, estou disposto como Paulo a “abandonar as coisas que para trás ficam”, procurando juntar todas as penas que estiverem ao meu alcance, tentando limpar aquelas que por ventura se sujaram ao tocar o solo.
Graças a Deus, estou em paz, experimentando os benefícios de um perdão e o recomeço de uma grande e creio duradoura amizade!
Que a Graça de Deus continue superabundando em nossas vidas!
Numa breve, mas contundente analise, observei que durante os meus trinta anos de existência, vivi coisas que muitos não viveram em sessenta, entretanto, deixei de viver situações que muitos viveram em apenas uma década.
Infelizmente, ou felizmente como queiram, o tempo não para! Durante três décadas, acertei em inúmeras decisões, mas, errei em inúmeras oportunidades. Fui ‘sábio’ em aprender com muitos erros alheios; tornei-me inteligente aprendendo com meus próprios erros, todavia, fui um tolo em permanecer em alguns deles.
Em três décadas de existência, conclui que muita coisa mudou em minha vida: o corpo já não é mais o mesmo; a voz já alterou consideravelmente; minha situação civil passou de solteiro a casado; muitos de meus ‘sonhos’ perderam relevância em detrimento de minha realidade, tristemente, perdi o ‘romantismo’ por certas coisas ‘rotuladas’ de cristãs! As mudanças são inúmeras e quase impossíveis de se descrever, todavia, ao fazer essa viagem ao passado, constatei que uma das grandes mudanças foi as minhas relações de amizades.
Hoje, não tenho mais vinculo com o meu melhor coleguinha do pré-primário, aliás, nem me lembro mais de seu nome. Perdi o contato com o meu melhor e quase único amigo da infância: Alex - este foi tristemente ‘moído pelos dentes’ de um terrível leão chamado câncer e, com aproximadamente 15 anos de vida, tombou na terra nas garras desta fera, mas, foi recebido na glória pelo Leão da tribo de Judá!
Desgraçadamente, não tenho mais relações de ‘amizade’ com os companheiros das ‘partidas de futebol’, das bolinhas de gude, dos papagaios, etc. Muitos destes foram devorados e mortos pelo trafico de drogas; outros mudaram e não deixaram o novo endereço; alguns ainda tenho ‘contato’, mas, apenas para dar bom dia, boa tarde ou boa noite.
Seria cansativo e tedioso citar todas as relações que perdi, passando pelo ensino médio, cientifico, universitário e “religioso”. Entretanto, graças a Deus, poucos ainda restaram, e dentre eles, um que passarei a mencionar agora.
Ainda adolescente conheci um jovem que acabara de chegar na igreja onde congregava, subitamente, me impressionei muito e logo passei a admirar a coragem, a veemência e a robustez com que ele pregava e ensinava; para falar a verdade, a meu ver, no Brasil quase não existia pregadores do mesmo quilate do jovem: Wáldson Medeiros Lima.
Devido a pouca idade que tinha na época, não tive como criar vínculos de amizade com ele, afinal de contas, um jovem cheio de vitalidade, sonhos e planos, dificilmente, cria laços com um “pirralho”.
Pouco tempo depois, por circunstancias adversas e situações “inevitáveis” da vida, o jovem Wáldson mudou de igreja e de denominação e, como era de se esperar, ou não, perdi inteiramente o contato com ele por mais de uma década.
Em 2007, quando pastoreava uma congregação no bairro Campo Alegre, aproximei-me dele e em pouco tempo, devido a afinidades, nos tornamos grandes amigos. Afirmo que foi gratificante e confortante ver nele muitas coisas que via em mim: a paixão exagerada pela Palavra; a disposição tremenda pelo Reino; o prazer pelo escrever os encantos e desencantos; a fome por livros; as decepções com o ‘sistema’, etc.
Devido a tantas afinidades, após passar por uma grande crise ministerial, mudei de planos e fui trabalhar ao lado e sob a égide dele. Porém, novamente circunstancias adversa cruzou o nosso caminho e uma relação linda de amizade terminou tão subitamente como começou.
Falando francamente, após o termino de nosso vinculo, nunca o vi como inimigo, mas como um irmão que sem acordos parou de andar comigo, contudo, muitos ao meu redor nos rotulava de “inimigos mortais”, principalmente por saber que os nossos desentendimentos me levaram a uma delegacia da Policia Civil.
Afirmo que foi constrangedor entrar pela primeira vez numa delegacia para registrar um BO (Boletim de Ocorrência), todavia, mais constrangedor foi o sermão que ganhei do delegado, que ao tomar ciência do ocorrido, desabafou exclamando: “è por isso que não gosto de crente e principalmente de pastores, pois, pregam a paz, mas, vivem em guerra”.
Confesso, que sai da delegacia com vontade de cavar um buraco no chão e enterrar o meu rosto envergonhado e avermelhado.
Quase três anos se passaram. Propus em meu coração esquecer inteiramente o ocorrido, entretanto, vira e mexe o passado tencionava ocupar o lugar do presente.
Em outubro de 2011, após pregar sobre perdão num congresso das Assembléias de Deus na cidade de Ferros, interior de Minas Gerais; tomei ciência do caso de uma irmã que há muito não participava da Santa Ceia, por não conseguir perdoar os dois assassinos de seu filho; fiquei de igual modo envergonhado, por aconselhar a ela a perdoar incondicionalmente, enquanto eu, não estava vivendo o que pregava, pois sabia que deveria perdoar e ser perdoado.
Ao retornar para Belo Horizonte, fui premiado por Deus com uma magnífica pregação do Reverendo Hernandes Dias Lopes: “Paulo – O maior líder do Cristianismo”, afirmo que gostei tanto da mensagem que após assisti-la seis vezes, e chorar por seis vezes, ainda tenho vontade de assisti-la por no mínimo mais dez vezes.
A mensagem é toda tocante e com consistência bíblica invejável, mas, ao ouvir incansavelmente a reconciliação do velho Paulo no final de sua vida com o jovem João Marcos; exacerbadamente não contive as lágrimas e deduzir que não precisaria esperar a velhice para tentar reatar os laços com o Pr. Wáldson, pois, parafraseando Paulo, ele me é muito útil para o ministério. (2 TM 4:11).
Finalmente, deixando de lado a informalidade, após alguns e-mails e um encontro para tentar “lavar a roupa suja”, chegamos a um acordo, ou melhor, ao perdão exigido por Cristo. E queremos, permitindo Deus andarmos juntos até a volta de Cristo.
Estamos cientes que é impossível se recuperar os quase três anos de afastamento; sabemos também que as cicatrizes ficam, ou seja, perdoar não é esquecer como alguns pregam por ai. Também sou sabedor que as palavras não voltam atrás, assemelham-se a um saco de penas que espalhadas pelo vento no pico de um monte, são impossíveis de ser recuperadas na sua totalidade e ensacadas novamente da mesma maneira.
Todavia, estou disposto como Paulo a “abandonar as coisas que para trás ficam”, procurando juntar todas as penas que estiverem ao meu alcance, tentando limpar aquelas que por ventura se sujaram ao tocar o solo.
Graças a Deus, estou em paz, experimentando os benefícios de um perdão e o recomeço de uma grande e creio duradoura amizade!
Que a Graça de Deus continue superabundando em nossas vidas!
Comentário de Wáldson: Prezado Pr. Sylas,
paz e graça.
Tendo a oportunnidade de ler detalhadamente o seu Post, senti-me na obrigação de escrever. E que bom seja eu o primeiro.
Gostei do que lí. A verdade passada e a presente foi exposta, permitindo que agora, as pessoas saibam que o momento presente, 'enxotou' o passado de fato e em verdade.
Acho que ambos, temos hoje um mesmo sentimento: o de re-construir ou dar continuidade a uma amizade que foi boa, enquanto durou.
Esses tres anos foram na verdade para mim, uma perca, pois fui privado de várias coisas boas, dentre elas, o prazer de servir a Deus ao seu lado e de desfrutar de sua companhia.
Aos que lerem seu Blog, quero dizer que de fato houve um perdão e uma reconciliação. Não colocamos 'panos quentes' diante da sociedade e menos diante do povo de Deus.
Nossa reconciliação é verdadeira de tal forma, que quero prosseguir caminhando ao lado do Pr. Sylas Neves,ouvidno e aprendendo com ele. Isso que digo, não o faço bajulação,pois aprendi a muito tempo que, se quero pregar e ensinar bem, preciso ouvir outros.E sei que muitos 'outros', não têm a preocupação de entregar ao povo de Deus e/ou a seus ouvintes aquilo que Deus lhes ordenou, justamente pelo fato de já não terem um compromisso real com Deus e Sua santa Palavra.
Louvo e agradeço a Deus pela oportunidade que nos concedeu ainda a tempo de podermos desfrutar de comunhão,parcerias,oração e da amizade.
O passado ficou lá atrás. As indiferenças lá também ficaram. "Eu hoje estou bem, mas já estive mal...". Parafraseando o cantor quero com isso dizer que tudo que foi ruím, entre eu e Pr. Sylas Neves, será compensado em nome de Jesus pelo tempo presente e futuro, que sei, Deus nos dará juntos.
Obrigado Pr.Sylas, por ter novamente a oportunidade e alegria de poder chamar-te, não só 'irmão', mas muito mais que isso: chamar-te outra vêz, meu amigo.
Um abraço carinhoso e fraterno para você.
Com isso, ganhamos nós e o Reino.
Prossigamos juntos, até que Ele venha.
Vivamos vençendo tudo!!!
Seu irmão menor.
Wáldson.
paz e graça.
Tendo a oportunnidade de ler detalhadamente o seu Post, senti-me na obrigação de escrever. E que bom seja eu o primeiro.
Gostei do que lí. A verdade passada e a presente foi exposta, permitindo que agora, as pessoas saibam que o momento presente, 'enxotou' o passado de fato e em verdade.
Acho que ambos, temos hoje um mesmo sentimento: o de re-construir ou dar continuidade a uma amizade que foi boa, enquanto durou.
Esses tres anos foram na verdade para mim, uma perca, pois fui privado de várias coisas boas, dentre elas, o prazer de servir a Deus ao seu lado e de desfrutar de sua companhia.
Aos que lerem seu Blog, quero dizer que de fato houve um perdão e uma reconciliação. Não colocamos 'panos quentes' diante da sociedade e menos diante do povo de Deus.
Nossa reconciliação é verdadeira de tal forma, que quero prosseguir caminhando ao lado do Pr. Sylas Neves,ouvidno e aprendendo com ele. Isso que digo, não o faço bajulação,pois aprendi a muito tempo que, se quero pregar e ensinar bem, preciso ouvir outros.E sei que muitos 'outros', não têm a preocupação de entregar ao povo de Deus e/ou a seus ouvintes aquilo que Deus lhes ordenou, justamente pelo fato de já não terem um compromisso real com Deus e Sua santa Palavra.
Louvo e agradeço a Deus pela oportunidade que nos concedeu ainda a tempo de podermos desfrutar de comunhão,parcerias,oração e da amizade.
O passado ficou lá atrás. As indiferenças lá também ficaram. "Eu hoje estou bem, mas já estive mal...". Parafraseando o cantor quero com isso dizer que tudo que foi ruím, entre eu e Pr. Sylas Neves, será compensado em nome de Jesus pelo tempo presente e futuro, que sei, Deus nos dará juntos.
Obrigado Pr.Sylas, por ter novamente a oportunidade e alegria de poder chamar-te, não só 'irmão', mas muito mais que isso: chamar-te outra vêz, meu amigo.
Um abraço carinhoso e fraterno para você.
Com isso, ganhamos nós e o Reino.
Prossigamos juntos, até que Ele venha.
Vivamos vençendo tudo!!!
Seu irmão menor.
Wáldson.
Obs.: Esse comentário foi originalmente postado no Blog Sylas Neves. Veja: http://sylasneves.blogspot.com/2012/01/nota-de-reconciliacao.html
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