18 maio 2017

A LOUCURA DE MACARTHUR EM SEU LIVRO 'FOGO ESTRANHO'

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Como um homem que foi a vida inteira pentecostal e carismático, recomendo que todo líder pentecostal e carismático leia o livro “Strange Fire” (Fogo Estranho), escrito por John MacArthur. Digo isso por que precisamos ver o modo sobre como as condutas “espirituais” bizarras e doutrinas extremadas de alguns no movimento pentecostal e carismático são vistas por aqueles que estão de fora, e que são usadas para fustigar o movimento inteiro.
É bem verdade que não temos feito um bom trabalho na hora de lidar com esses problemas internos. Por isso, não duvido que Deus tenha levantado uma voz que é fundamentalmente oposta ao movimento pentecostal e carismático para lidar com esses extremos. Se ele usou um rei pagão da Babilônia para disciplinar Seu povo em Israel pelos pecados deles (veja Jr. 25:8-11), por que Ele não poderia usar um cruel pregador fundamentalista para apontar nossas falhas?
Entretanto, o livro mais recente de MacArthur não representa uma busca honesta pela verdade. É óbvio que a mente dele já estava feita quando começou a pesquisa de “Strange Fire,” e evidentemente achou o que estava procurando. Ele apresenta um raciocínio circular, começando com uma premissa falha e prossegue com indícios casuais seletivos que determinam antecipadamente o resultado.
Ele inicia mostrando sua fidelidade ao cessacionismo, isto é, a crença de que os dons miraculosos do Espírito Santo foram removidos da igreja depois da morte dos 12 apóstolos e a consequente conclusão dos livros do Novo Testamento. Sendo este o caso, na opinião dele, as expressões modernas de dons espirituais são absolutamente falsas. Ele então utiliza os indícios casuais seletivos para sustentar sua suposição, que o leva de volta a seu ponto de partida da cessação dos dons.
Parece que MacArthur quer acreditar somente no pior do movimento sobre o qual ele escreve. Às vezes senti que ele estava embelezando o que era mau a fim de torná-lo pior. Por exemplo, para ele, Oral Roberts não era um irmão cristão com quem ele tinha profundas diferenças, mas um herético que provocou muitos danos ao Corpo de Cristo — “o primeiro curandeiro fraudulento a capturar a TV, abrindo o caminho para o desfile de charlatões espirituais que vieram depois,” escreveu MacArthur.
Não tenha a menor dúvida disso: a determinação de MacArthur não é corrigir um setor do Cristianismo com o qual ele discorda; a meta é destruir um movimento considerado por ele como falso, herético e perigoso.
MacArthur não está ciente, ou propositadamente ignora, a evidência histórica em favor da continuação dos dons miraculosos do Espírito. Ele ignora declarações claras de Pais da igreja como Justino Mártir, Irineu, Tertuliano e Agostinho sobre curas e milagres na época deles. MacArthur chega a ponto de usar a declaração de Agostinho sobre línguas sendo “adaptadas aos tempos” como um argumento de que os dons haviam cessado. No entanto, ignora as obras posteriores do mesmo Agostinho, inclusive Retratações, em que este reconhece a permanente atuação miraculosa do Espírito e conta de milagres sobre os quais tinha tomando conhecimento pessoalmente.
Além do mais, o argumento bíblico de MacArthur em favor da cessação dos dons, também é muito fraco. Ele se apoia principalmente em Efésios 2:20, onde Paulo disse aos crentes de Éfeso que eles estavam sendo edificados na fundação dos apóstolos e profetas. Então argumenta que o dom do apostolado era apenas para o período da fundação da igreja, que na mente dele, é o primeiro século. Continuando, ele diz que os outros dons do Espírito cessaram com o dom apostólico.
Isso, na melhor das hipóteses, é um raciocínio torcido que vai além do que o texto realmente diz. O que Paulo quer nessa passagem não é ensinar o cessacionismo, mas mostrar a fé comum dos crentes gentios e judeus em que ambos estão edificados no mesmo fundamento, que é o próprio Jesus, e tanto os escritos do Antigo Testamento (profético) quanto do Novo Testamento (apostólico) dão testemunho desse fato.
Em resumo, nós que abraçamos a obra permanente do Espírito Santo na Igreja e no mundo, não precisamos nos acovardar nem fazer concessões em nosso compromisso por causa do livro Strange Fire. Ao mesmo tempo, devemos ser diligentes para lidar com os erros e extremismos que sempre se infiltram em qualquer movimento cheio do Espírito, quer seja na igreja em Corinto, no metodismo inicial ou no moderno movimento pentecostal.

Título original: The Strange Fire of John MacArthur.

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