O movimento
pentecostal brasileiro já é centenário. Uma análise histórica da práxis dos
pentecostais, contudo, vai mostrar que muito pouco do pentecostalismo
clássico ainda pode ser encontrado nas igrejas brasileiras. A maior prova disso
é a facilidade com que as práticas e doutrinas neopentecostais são assimiladas
pelo povo, sem reflexão ou critério.
Por exemplo,
você percebeu como as “campanhas” em busca de milagres infestaram nossas
programações? Nossas igrejas começaram a utilizar convites, faixas e banners
convidando para 'sete sextas-feiras da restauração',' oito semanas do renovo'
ou 'campanha dos sete mergulhos no Jordão'. Esse tipo de movimento espiritual,
embora se apresente com fins nobres, é uma grave perversão do propósito de Deus
para a Igreja e da revelação que encontramos no evangelho.
Quero apresentar pelo menos 07 motivos pelos quais os cristãos não deveriam realizar
campanhas de milagres:
- Campanhas pragmatizam e sistematizam o
sagrado. Ao determinarmos que a participação em uma série de
cultos tematizados irá produzir algum efeito ou trazer algum benefício
para o fiel ou um infiel, estamos sorrateiramente desafiando a soberania
de Deus, ao tentarmos força-Lo a
fazer algo que Ele pode simplesmente não querer fazer. O homem não
determina o que Deus faz! As campanhas tornam o culto não aquilo que eu
ofereço a Deus, mas aquilo que Ele pode fazer por mim.
- Campanhas pervertem a percepção dos
crentes sobre Deus. O Pai Celestial é um Ser pessoal que se
relaciona conosco de modo íntimo e amoroso. Ele não é uma divindade que
espera um sacrifício ou penitência para nos dar algo que precisamos. Ele é
um Pai que nos ama! Expressões como “não pode quebrar a campanha” ou “se
você não fizer certo não irá receber a benção” reduzem o Criador a uma
mera divindade pagã, impessoal e inflexível. Os crentes passam a olhar
para Deus de modo incorreto, se relacionando com Ele de modo meritório e
não por Sua graça e misericórdia.
- Campanhas reduzem o cristianismo a uma
experiência de causa e consequência.' Vamos
fazer isso para receber aquilo'.' Quer um emprego novo? Sete
quintas-feiras'.' Quer renovo para a sua vida? Sete sextas-feiras'.' Quer
um milagre? Sete noites no monte'.'
- Você consegue perceber como isso
transtorna a compreensão da maior dádiva que encontramos no evangelho, que
é a possibilidade de vivermos uma vida de intimidade e comunhão com Deus
baseada na fé em Jesus? O cristianismo deixa de ser RELACIONAMENTO e passa
a ser MERECIMENTO. O cristão passa a se concentrar em suas necessidades
individuais e não no bem estar da comunidade.
- Campanhas geram cristãos
frustrados. Deus não toma conselho com homens e não
Se dobra aos nossos caprichos. Ele fará apenas o que determinou, e não há
campanha, oração de fé ou propósito de homens que possa mudar isso.
Quantos crentes não fizeram dezenas de campanhas sem receber nada do que
foi prometido? Não seria mais prudente ensinarmos a Igreja a respeito da
soberania e providência de Deus, que nos dará o necessário unicamente por
Sua graça e misericórdia?
- Campanhas não fazem parte do legado
histórico do cristianismo. Jesus não convidou Seus discípulos a
fazerem campanhas. Os apóstolos também não. Os pais da Igreja também não.
Os reformadores também não. Deveríamos fazer algo que não tem lastro
histórico em nossa fé? Não!
- Campanhas não promovem os benefícios que
ela se propõe. Algumas pessoas afirmam que as campanhas
incentivam os crentes a orar e a frequentar os cultos. Não é isso que
vejo. Na verdade, se formos honestos com a nossa fé, se precisarmos de
algo mais além de Cristo para congregarmos e buscarmos a Deus, precisamos
com muita humildade rever o nosso cristianismo. Se a morte de Cristo não é
suficiente para me inspirar a piedade, provavelmente ainda não nasci de
novo e necessito de conversão. A maior parte dos “campanheiros” deixa de
orar e cultuar assim que as campanhas acabam.
- Campanhas costumam nos inclinar para a idolatria. É comum
nas campanhas a utilização de símbolos e figuras, como “a rosa ungida”, os
“sete mergulhos no Jordão”, o “óleo ungido”, e outros. Além disso ser
claramente uma forma de idolatria, poderá levar os crentes mais simples a
acreditarem que esses ícones possuem alguma forma de poder ou coisa
parecida. Deus não divide a glória dEle com nada e com ninguém.
Deixo o meu
incentivo para que os pentecostais piedosos revejam sua postura com esse tipo
de prática e voltem a confiar que “aquele que em nós começou a boa obra não vai
parar” (Fp 1.6) e que “vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho
pedirdes” (Mt 6.8). O Pai Celestial está cuidando de você! Não se dobre ao
falso evangelho! Não traga essa infeliz novidade para a igreja que você
congrega.
Viva vencendo com simplicidade: apenas com o evangelho de Jesus!!!
Abraços.
Seu irmão menor.
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