Iraquianos da minoria Yazidi abandonam suas casas e fogem para a Síria para escapar da violência dos jihadistas na cidade de Sinjar. (Foto: Rodi Said/Reuters)
O cristianismo tem uma
longa história no Iraque. Mosul, nome atual da antiga cidade de Nínive, é a
segunda maior cidade do Iraque e agora é uma área ocupada pelos militantes do
Estado Islâmico. Antes da invasão americana em 2003, o Iraque era lar de uma
das maiores comunidades cristãs do Oriente Médio. A comunidade cristã, presente
ali por dois milênios, atualmente está prestes a se extinguir.
Ao longo dos últimos anos,
o Iraque tem sofrido com a estrutura incerta, conflituosa e instável de um
governo incapaz de cumprir a lei e prover o mínimo de segurança aos seus
cidadãos. Os níveis de corrupção estão subindo e a violência intolerante parece
não ter fim.
O Iraque é um país
dividido em dois: ao norte, a região curda autônoma, oficialmente governada
pelo Governo Regional do Curdistão com base em Erbil e a grande parte árabe
restante, de maioria controlada pelo Governo Iraquiano em Bagdá. Curdos e
árabes têm suas próprias línguas e culturas. A maior parte dos recursos
iraquianos de petróleo são encontrados perto de Kirkuk e Mosul, na fronteira de
áreas entre a região curda e árabe do Iraque, e essas estão entre as regiões
mais violentas do país.
Cristãos na região
enfrentam duas diferentes batalhas: uma do país do Curdistão iraquiano e outra
de uma limpeza religiosa do Iraque pelos grupos de extremistas islâmicos que
desejam tornar o país puramente islâmico.
Por outro lado, há também
vestígios de esperança. Pastores e líderes cristãos convertidos do islamismo
têm cooperado uns com os outros cada vez mais no norte do país e igrejas
tradicionais e organizações cristãs estão estendendo a mão para refugiados de áreas
controladas pelo Estado Islâmico e da Síria através de distribuição de
cobertores e brinquedos. Igrejas em Erbil e Dohuk estão levando em alta escala
ajuda humanitária e emergencial a mais de 15 mil famílias deslocadas
internamente.
Sobre a Síria
Um novo capítulo na
história da guerra civil da Síria foi a intervenção russa em 2015. De acordo
com o departamento de pesquisa Economist Intelligence Unit, o nível da
intervenção não parece ser de suficientemente capaz para salvar o esgotado
regime sírio, mas servirá como auxílio neste curto prazo frente aos crescentes
poderes e ameaças do Estado Islâmico fora do Oriente Médio, especialmente
depois dos ataques de Paris. Como no ano passado, a Economist Intelligence Unit
continua a esperar que, como “a guerra tem caído para um vale-tudo, a crise
humanitária tende a piorar, forçando mais sírios a fugir do país e deixando que
a economia dependa de ajuda externa”.
O impacto da guerra civil
sobre os cristãos, e mais especificamente os ataques diretos destinados a
cristãos, são extremamente traumáticos, levando-os a continuar fugindo do país.
A presença dos cristãos como um elemento neutro em sociedades com tantas
facetas do islã é muito importante. Como seus números só estão diminuindo, a
instabilidade e os conflitos tendem a aumentar.
No meio de toda a
violência e perseguição, também há vestígios de esperança. Embora muitos
cristãos tenham deixado o país - e continuarão a fazê-lo - ou estão deslocadas
internamente, há muitos cristãos que estão verdadeiramente empenhados em ficar
na Síria e servir o país, principalmente no meio desta provação inimaginável.
Também vemos um crescimento no número de pessoas que se converteram a Cristo em
meio à guerra civil.
Outro fato preocupante
refere-se à Síria como sendo protagonista da “maior crise de deslocados
globalmente”, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de
Assuntos Humanitários (OCHA). Mais de metade da população síria antes da guerra
– 22 milhões – deixaram suas casas; 7,6 milhões estão deslocadas dentro do
país, e 4 milhões vivem como refugiados fora da Síria. É impossível saber
quantos dos 1,8 milhões de cristãos que estavam no país no início da guerra
estão entre este grupo, mas estima-se que entre 600 mil e 900 mil ainda
permanecem no país. Como exemplo, no início da guerra, a cidade de Aleppo era
lar de um grande número de cristãos – cerca de 250 mil –, mas este ano esse
número diminuiu para menos de 40 mil. A maioria deles estão fugindo pelo
simples fato de que a vida ali não é mais possível, graças à guerra civil.
A maioria dos refugiados
sírios buscaram refúgio na Turquia – mais de 2 milhões –, Líbano – 1,4 milhão –
e Jordânia – 623 mil. Muitas vezes, os refugiados se encontram em acampamentos
no deserto, distantes das cidades, e em condições precárias. Este ano, com a
promessa de Angela Markel, chanceler alemã, de receber refugiados da Síria, a
imigração para a Europa aumentou com mais de um milhão de refugiados
registrados somente na Alemanha, sendo a maioria deles provavelmente sírios.
Mas a grande maior parte destes refugiados são muçulmanos e os cristãos podem
ser sub-representados, já que muitos deles temem ir para campos de refugiados
porque, como nas palavras de um pai cristão da Síria, “nós ainda somos uma
minoria vulnerável em um lugar perigoso”.
A Igreja
O extremismo do Estado
Islâmico dirigido aos cristãos e outras minorias na Síria e no Iraque foi
reconhecido pelo Parlamento do Reino Unido em abril de 2016 como genocídio. No
entanto, o Estado Islâmico não é a única fonte de perseguição dirigida aos
cristãos. Até antes do início da guerra do Iraque em 2003 e do início da guerra
civil da Síria em 2011, os cristãos não experimentavam plena liberdade de
religião ou crença. Mas desde este momento, eles têm enfrentado um aumento do
assédio e da violência, tanto do governo como das forças de grupos islamistas.
Cristãos estão enfrentando
situações terríveis na tentativa de fugir da perseguição e da guerra. A vida é
sempre difícil em campos de refugiados, seja dentro ou fora do país. Em um
campo de refugiados no Líbano, um pai compartilhou: “Você foge para sobreviver
e manter suas crianças salvas, mas isso é geralmente tão difícil quanto em
campos de refugiados, uma vez que pode ser duro encontrar o suficiente para comer
e também proteger principalmente nossas jovens filhas de tentativas de
violência e rapina".
Outro cristão do Iraque,
um dos 120 mil que fugiram do avanço do Estado Islâmico na planície de Nínive,
compartilhou: "Sim, temos de lidar com o trauma de ir embora e, às vezes,
com as coisas terríveis que temos visto, mas a coisa mais difícil para mim é
manter a esperança viva que nós vamos retornar – se você se sentir desesperado
quanto ao futuro, então será muito difícil encontrar uma motivação para
sobreviver".
É por isso que a presença
da Portas Abertas é tão importante. Nosso primeiro dever é estar fisicamente
presente com os cristãos perseguidos, orando com eles e lhes garantindo que o
corpo de Cristo ao redor do mundo não se esqueceu deles. Depois, levamos nosso
apoio, quer sejam alimentos e cobertores, sustento, fonte de renda, ou nos
comprometendo a defendê-los para colocar um fim em sua incerteza e exílio.
Desta forma, como disse uma mão iraquiana refugiada: "você ajuda a manter
nossa esperança viva”.
Esperança para Iraque e
Síria
Participe da campanha
mundial da Portas Abertas para que em sete anos a igreja no Oriente Médio tenha
de volta esperança no futuro. O propósito é que, pela graça de Deus, essas
ações possam garantir um lugar seguro e um futuro de paz para os cristãos e outras
minorias religiosas como parte valiosa e integrada na sociedade do Oriente
Médio.
PortasAbertas
Nenhum comentário:
Postar um comentário