Texto Áureo
“Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza,feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção.” (2 Pe 2.12)
O ensino da Palavra de Deus,de modo cuidadoso, pode evitar que a corrupção domine os corações dos salvos.
LEITURA BÍBLICA
2 Tm. 3: 1-4, 14-16
INTRODUÇÃO
Timóteo não deve achar estranho o fato de haver pessoas más na igreja, porque a rede do evangelho inclui peixes bons e ruins (Mt 13.47,48). Jesus Cristo tinha predito (Mt 24) que viriam enganadores, e, portanto, não devemos ficar escandalizados por isso, nem pensar o pior da religião ou da igreja por causa disso. Mesmo no minério que contém o ouro há impurezas, e o trigo quando está deitado no campo vem acompanhado de uma grande parte de palha.
O anúncio do final dos tempos sempre nos assusta. Em geral, ouvimos a respeito de grandes catástrofes, guerras e perseguições (Mt 24:7). Na Segunda Carta a Timóteo (base bíblica desta lição), Paulo faz uma descrição dos homens que viverão nesses “últimos dias”. A influência dessas pessoas pode ser destrutiva, através da corrupção da mente. Por causa disso, Paulo encoraja Timóteo a se manter firme na fé.
Enfatize para a classe que cada crente é chamado a estar firme na fé, assim como Paulo exortou a Timóteo.
Em nossos tempos, a corrupção é uma grande ameaça dentro das igrejas, embora muitos achem que não ocorra. Paulo contestou essa hipótese. Na verdade, Jesus também o fez (Mt 24:24). A expressão “tempos difíceis” descreve um tempo “furioso, violento ou selvagem”.
A palavra usada para ‘difíceis’ é encontrada em Mateus 8:28, descrevendo a ação de um demônio furioso. Estamos vivendo esse tempo violento e somos chamados a uma reflexão sobre a transformação da nossa vidapelo poder do Espírito Santo, uma vez que a moralidade e a decência serão cada vez menos respeitadas. Paulo também identifica a prática religiosa do nosso tempo. Depois de analisar esses homens, veremos como podemos combater as suas ações e a eles mesmos dentro da igreja.
O caráter desses homens = (2Tm 3:2-4)
Paulo mostra que é possível encontrar pessoas com desvio de caráter profundo dentro das igrejas. Muitas dessas pessoas irão estar no centro das atividades, recebendo respeito e admiração dos homens. Sua revelação é contundente.
1. Egoístas, avarentos, jactanciosos e arrogantes
Esses homens querem tudo para si mesmos, nenhuma soma de dinheiro os satisfaz, são cheios de orgulho do que fazem e têm gosto especial pela própria imagem, achando que um homem pode ser melhor que outro em essência.
O que a Bíblia nos ensina?
a. Romanos 12:3 — Devemos ter pensamento justo e adequado sobre nós mesmos.
b. Filipenses 4:11 — Devemos aprender a estar contente com o que temos.
c. 1 Pedro 5:5 — Devemos cultivar a humildade em todos os tempos.
2. Blasfemadores
‘Blasfemar’ significa dizer palavras ofensivas a alguém: praguejar, maldizer ou amaldiçoar. A blasfêmia referida no texto pode ser entre eles mesmos ou contra homens que se levantam para contestar suas atitudes.
O que a Bíblia nos ensina?
a. 1 Pedro 1:22 — Quando cultivamos o amor, combatemos a blasfêmia nos corredores da igreja.
“O amor apontado aqui nada tem a ver com o ‘amor’ tão comentado nos nossos dias (fala-se ‘eu te amo’ com a mesma intensidade e freqüência com que se declara ‘não amo mais’). O amor, de acordo com a Palavra, não é um sentimento que muda por qualquer razão — é uma decisão cristã fraternal, em cumprimento à ordenança divina.”
b. Romanos 12:14— Mesmo quando temos razão, não devemos amaldiçoar nem praguejar contra alguém.
c. Provérbios 5:22 — Quem cultivar a corrupção e a iniqüidade, ficará preso nelas.
3. Desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes e desafeiçoados
O individualismo imperará no final dos tempos. Crimes contra a família iniciam com pequenos atos de insubordinação e desrespeito. A irreverência é o pouco caso do que é respeitado, como o sexo dentro do casamento, a fidelidade e o perdão. Sem temor a Deus esses homens não amam nem respeitam nada.
O que a Bíblia nos ensina?
a. Êxodo 20:12 — O servo do Senhor sempre honra seus pais. E mandamento do Senhor.
Infelizmente, não é raro presenciarmos maus tratos (palavras duras, falta de educação) de filhos aos pais (estamos falando de filhos crentes!). Pergunte: “Por que será que jovens crentes têm comportamento rude e desrespeitoso para com os pais?” Solicite algumas participações.
Lembre os jovens de que o mandamento de honrar os pais é incondicional. Não importa como agem os pais; eles têm que ser honrados. Se agem mal, isso vai ser tratado por Deus. Aos filhos cabe, primeiramente, agradar ao Senhor, obedecendo a Ele.
b. Salmo 100:4 — Nós não merecemos nada do que recebemos de Deus. Cada dia é um milagre, e devemos entrar na Sua presença com profunda gratidão.
c. 1 Coríntios 1:4 — Criar afeição na Igreja é uma forma poderosa de combater a corrupção. Vale a pena olhar para os menos favorecidos da sociedade também.
4. Implacáveis, caluniadores, sem domínio de si e cruéis
A crueldade humana chegou a dimensões inimagináveis. Há ações que não são consideradas corruptas pela sociedade, como a escravidão e a pirataria, por isso, muitos crentes se envolvem achando que estão certos. Contudo, a corrupção corrói o homem e o deforma, fazendo com que se torne uma pessoa sem controle e cruel. Para manter o status, perseguem os homens honestos e caluniam descaradamente. Muitos já foram mortos por defenderem a lei e a ordem.
O que a Bíblia nos ensina?
a. Mateus 5:37 — Fale sempre a verdade, mesmo que isso o coloque em perigo. Não permita que haja dúvidas no seu falar.
b. Atos 20:29-30 — Vigie! Os lobos não pouparão o rebanho.
c. Gálatas 5:22 — A temperança nos ajuda contra a corrupção, pois controlaremos nossos impulsos de querer algo a qualquer custo.
“Nicolau Maquiavel, filósofo italiano, escreveu: ‘Os fins justificam os meios’ (em sua obra O Príncipe). Quer dizer: para alcançarmos o que queremos, não importa o que façamos. O que a Palavra de Deus ensina é que o que quisermos que alguém nos faça, isso devemos fazer aos outros. Que orientação tem dirigido suas atitudes?”
5. Inimigos do bem, traidores, atrevidos
Os corruptos caminham de mãos dadas com os honestos, mas são seus inimigos na realidade. Eles não se preocupam em trair e se atrevem a andar bem perto dos servos verdadeiros de Deus. Uma das imagens mais comuns do corrupto é a do defensor do bem e da boa prática, contudo suas ações evidenciam pacto com o crime.
O que a Bíblia nos ensina?
a. Gálatas 6:9 — Ao invés de cultivar atos de maldade, devemos nos esforçar em fazer o bem a todos. A corrupção pode trazer um benefício imediato, mas gera violência, pobreza e injustiça na sociedade.
b. João 21:15-19 — Seguir a Cristo é um ato de amor, de fidelidade e de respeito. O Senhor quer extrair uma declaração de fé honesta, de cada servo.
c. Efésios 5:7-8 — Nós somos filhos da luz e devemos revelar as obras das trevas ao invés de comungarmos com a escuridão.
6. Enfatuados e mais amigos dos prazeres que amigos de Deus
A palavra ‘enfatuado’ significa uma pessoa cheia de fumaça, inflada e sem conteúdo. Os ícones da nossa era são, em geral, pessoas vazias de conteúdo moral e que não acrescentam muita coisa no que diz respeito à integridade do homem. Os mais famosos se envolvem em impurezas sexuais, escândalos financeiros e são os primeiros a desafiarem as bases da sociedade cristã, como a família e a própria vida! Mesmo assim, são venerados por milhões de pessoas; alguns até afirmam que são amigos de Deus.
O que a Bíblia nos ensina?
a. 2Coríntios 4:17-18 — O servo de Deus passa por experiências que o enchem de conteúdo espiritual. Seus olhos estão fixos nas coisas espirituais?
b. João 15:15—Jesus nos chama de amigos! Como podemos desejar mais os prazeres do mundo?
c. Filipenses 4:8-9 — O pensamento do servo de Deus deve revelar o seu conteúdo bíblico e seu relacionamento com Deus.
Chame a atenção da classe para o fato de que é fácil observarmos essas características nas outras pessoas e as criticamos, mas.., e quanto a nós mesmos? Será que vez por outra não temos algum comportamento semelhante?
A religião desses homens (2Tm 3:5)
Paulo revela que esses homens insistem em permanecer dentro da igreja. Eles mostram interesse pela tradição, pelos costumes e por coisas externas à fé. Contudo há uma determinação em negar o poder de Deus. Hoje em dia, ser membro de igreja é fácil, difícil é ter uma vida espiritual transparente e repleta do poder de Deus.
1. A religião judaica nos tempos de Jesus (Mc 12:24)
Jesus disse que os judeus estavam no caminho errado, porque não conheciam as Escrituras nem o poder de Deus. Eles estavam tão preocupados com a Lei que esqueceram do amor e do perdão.
2. O crente sem o poder de Deus (Lc11:24-26)
Jesus advertiu os discípulos sobre o perigo de não ser cheio do poder de Deus. Espíritos imundos buscam locais arrumados para habitar levando consigo outros demônios. Pessoas religiosas não são necessariamente salvas. Os salvos precisam se aplicar a conhecer o poder de Deus.
Pergunte e ressalte: “Percebem o risco que estão correndo aqueles jovens que freqüentam igrejas porque são obrigados pelos pais, porque são pressionados por amigos? Estão presentes à igreja e ausentes do Livro da Vida!”
3. O Espírito Santo contra a corrupção (Jr 17:9)
Jeremias revela o íntimo do homem, por isso, a conversão envolve uma mudança no coração (Jr 3 1:33) e um novo nascimento ( Jo 3:3). homem salvo é guiado pelo Espírito Santo na verdade (Jo 16: 13), e isso inaugura o crente em um viver que é agradável a Deus (Ef 4:1-3).
As obras desses homens (2Tm 3:6-7) = Atentem! “Teoria e prática têm que andar juntas na vida do crente!” O crente deve estar sempre aprendendo, mas o conhecimento da verdade só vem quando há aplicação do ensino aprendido e mudança de atitudes.
Os corruptos estão sempre procurando crentes incontinentes para serem corrompidos. Assim eram aquelas mulheres. Elas estavam dispostas a coisas novas. Dessa maneira, o grupo de pessoas enganadas cresce em tempo difícil e violento. Os servos do Senhor devem evitar as ofertas fáceis. Veja outros exemplos.
1. Judas e os sacerdotes judeus (Lc 22:3-6)
Judas foi uma presa fácil para os sacerdotes corruptos. Ele estava em desacordo com Cristo e permitiu que Satanás o tentasse. O ressentimento e a falta de visão espiritual podem levar o crente à corrupção.
2. Ananias e Safira (At 5:1-11) = Não importa quem pratica a corrupção, há conseqüências sérias. Um dos dois teve a idéia de mentir sobre a doação, e o outro concordou. O desejo de parecer benevolente com a avareza se tornou um exemplo para todos.
3. Pedro e Simão, o Mágico (At 8:17-22)
O poder de Deus não pode ser comprado. Simão, o Mágico, embora tenha abraçado a fé, não tinha discernimento, não compreendia o dom de Deus; sua nova natureza ainda precisava amadurecer. Imagine se Pedro achasse que ele era o detentor do poder de Deus! Com certeza, há quem diga que pode manipular o poder de Deus, mas isso é corrupção espiritual.
CONCLUSÃO
Os tempos são maus! A corrupção está em ação na sociedade: terrorismo, violência urbana, pobreza, injustiça social, violação dos direitos humanos, desmatamento, contrabando, entre muitos outros. Os homens sem lei (2Ts 2:7- 12) estão ativos e também transitam dentro das igrejas, mas eles serão julgados por Deus. Vamos enfrentar esse tempo analisando a nossa vida para identificar possíveis atitudes que, hoje, não chamamos de corrupção, mas que se encaixam com o que Paulo denuncia. Todo grande fraudador começou com um pequeno desvio. Toda atenção para que não caiamos em erro!
SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR
MARCAS DE DEGRADAÇÃO MORAL IMINENTE, 3.1-5
Até este ponto da carta, Paulo lidou com as demandas impostas em Timóteo por sua tarefa como pastor. Mas agora, em espírito profético, ele se dirige à sociedade em que estava a igreja infante e descobre nela fatores que exerceriam influência trágica no povo de Deus: Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos (1). A expressão nos últimos dias refere-se ao período do fim da atual dispensação, imediatamente precedente à volta de Cristo; não há razão para crermos que o apóstolo tivesse algo diferente em mente. Paulo acreditava na proximidade da volta de Cristo, embora não vivesse para vê-la, O período que Paulo está descrevendo poderia estar logo à frente de Timóteo. E ele o chama tempos trabalhosos.
Servindo-se de uma lista, ele detalha as atitudes pecadoras dos homens as quais caracterizarão este período: Homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus (2-4). A lista inteira é somente uma frase. E descrição sórdida e deprimente dos pecados humanos.
A literatura ética do século 1 continha semelhantes listas, e o próprio Paulo já havia recorrido a este dispositivo (Rm 1.30,31). Pecados de diversos graus de gravidade são reunidos mais ou menos indiscriminadamente, talvez com a idéia de mostrar que na ótica de Deus todos os pecados são do mesmo jeito sérios, quer pecados da carne ou do espírito, quer cometidos contra Deus ou contra nosso semelhante. Estes pecados, comuns no século 1, também vicejam em medida alarmante hoje em dia. Esta é indicação clara de que estamos nos últimos dias.
No versículo 5 está o pensamento perturbador deste parágrafo: Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia (“o poder”, AEC, BAR, BJ, NTLH, NVI, RA) dela.
Destes afasta-te. Kelly afirma que o versículo 5 é uma “frase lancinante”, a qual o apóstolo “força, por via do clímax, [...] os praticantes dos erros efésios [...1 a fazer uma grande parada do cristianismo”.’ E deveras surpreendente que os culpados de tais peca- dos flagrantes ainda encontrem na religião formal um lenitivo para a consciência. Isto não quer dizer que na verdadeira religião não haja formalidade. A formalidade e o poder não são inimigos naturais ou mutuamente exclusivos. Na verdade, tem de haver um casamento entre formalidade e poder para que o culto a Deus tenha a graça e beleza que ele deseja.
Há muitos modos de negar a eficácia da religião, O modo mais sutil e mortal é a disposição de viver dia a dia sem a presença do poder de Deus em nossa vida religiosa. Este é o risco que afronta muitas pessoas que corariam de vergonha só com a leitura da lista sórdida de pecados que Paulo enumera.
ATÉ HOJE ESTAS CONDIÇÕES SE MANTÊM, 3.6-9
Quando chegamos a esta subdivisão é visível que Paulo acreditava que esses males não só eram futuros, mas tais condições já eram reais: Porque deste número são os que se introduzem pelas casas e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências, que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade (6,7). O apóstolo mudou o tempo verbal do futuro para o presente e trata da situação que Timóteo enfrenta em Éfeso.
Os métodos sutis empregados por tais indivíduos depravados são indicados pelo verbo se introduzem, que no grego pode ser traduzido por “se insinuam ardilosamente em” (cf. BAB, BV, CH, RA). Mulheres néscias pode ser traduzido por “mulheres fracas” (NTLH). Tais pessoas são facilmente seduzidas e levadas a uma multiplicidade de pecados. Paulo “tem tão pouca simpatia por mulheres dissolutas, que cultivam a religião junto com outros interesses que as instigam, quanto tem pelos mestres desonestos que as saqueiam”.
No versículo 8, Paulo faz uma analogia muito interessante: E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Os dois homens aqui nomeados faziam parte do grupo de mágicos de faraó que tentaram duplicar as obras maravilhosas de Deus e, assim, resistiram a Moisés (Ex 7.11; 9.11).
Seus nomes não ocorrem na narrativa de Exodo, mas aparecem na tradição judaica. Desta fonte, os nomes foram levados para a literatura cristã primitiva. E evidente que estes nomes eram bem conhecidos a Timóteo, pois a referência do apóstolo a eles não necessita explicação. Nesse período, as narrativas do Antigo Testamento eram interpretadas tipologicamente.
A experiência de Israel na época da grande libertação do Egito era considerada antecipação das experiências que sobrevieram à igreja primitiva e seus líderes. Paulo pode ter visto um paralelo entre a experiência de Moisés no Egito e a oposição que ele teve de suportar de homens como Himeneu e Fileto.
O apóstolo está tremendamente confiante de que estes destruidores da fé não conseguirão infligir dano permanente na igreja: Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles (9).
Deus confunde com sua verdade todos os esforços empreendidos contra o progresso da igreja.
Agora o apóstolo fala sobre o exemplo de resistência que ele mesmo fixou: Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade (“amor”, ACF, AEC, BAB, BV, CH, NVI), paciência, perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou (10,11). No original grego, o verbo traduzido por tens seguido é muito mais forte que a leitura casual sugere.
Significa que Timóteo acompanhara Paulo e, assim, teve conhecimento de primeira mão dessas experiências. Como destaca Kelly: “Também é um termo técnico que define a relação do discípulo para com seu mestre, podendo ser parafraseado por ‘estuda de perto’, ‘segue em espírito’, ‘observa cuidadosamente com a intenção de reproduzir’ [cf. BV] e, daí, ‘toma como exemplo”.’ Phillips traduz a passagem assim: “Mas você [...] tem seguido de perto meus ensinos e minha maneira de viver” (CH; cf. NTLH; cf. tb. “tens seguido de perto”, AEC, BAB, BJ, NVI, RÃ).
Estes exemplos de perseguições e aflições que Paulo suportou foram tirados da primeira viagem missionária do apóstolo à região da Asia Menor, onde Timóteo morara. O jovem pode ter sido testemunha ocular de algumas dessas perseguições e aflições, ocorridas, talvez, antes de se converter. E possível que esta série de acontecimentos na vida de Paulo tenha sido o fator decisivo para ganhar a família de Timóteo para Cristo. Barclay observa que “é prova de coragem e consagração o fato de Timóteo ter visto às claras o que poderia e realmente aconteceu a um apóstolo, e, ainda assim, não ter hesitado em participar da mesma sorte com Paulo”.
O ponto que o apóstolo realça é a fidelidade de Deus em livrar seu servo. Ele não buscou ser perseguido ou a glória ligada a isso para o seu próprio bem; ele recorda esses fatos apenas para louvar a Deus pela força e graça que o salvou.
A FIRMEZA É ESSENCIAL, 3.12-15
Paulo está convencido de que não há caminho fácil para os filhos de Deus: E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições (12). Jesus declarou que a cruz seria inevitável para quem o seguisse, e assim sempre tem sido. Podemos ser cristãos nominais sem sofrer muitos inconvenientes.
Mas os que querem ser cristãos genuínos têm de pagar o preço inevitável do sofrimento, embora tenham a garantia do poder libertador de Deus.
Viver em rebeldia à vontade de Deus e entregar-se à propagação de erros resultarão na intensificação da desgraça: Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados (13).
Aqueles que se deixam ser seduzidos pelos erros dos desviadores efésios estão fadados a situação cada vez pior; eles enganarão outras pessoas e sua condição passará de mal para pior até que fiquem em total cegueira espiritual. A experiência humana confirma seguramente que este é o destino final daqueles que rejeitam Cristo.
Com Timóteo o caso é diferente. O apóstolo o exorta: Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido (14). Indubitavelmente, o jovem tivera o beneficio de muitos mestres cristãos, o principal dos quais foi o próprio Paulo. Que privilégio extraordinário e deveras invejável! Continue nessa herança da verdade, exorta o apóstolo.
Mas Paulo sabe muito bem que, na vida de Timóteo, o edifício da verdade está sobre fundamento que outros fundaram: E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (15). Este é um tributo à instrução fiel que Timóteo recebera de sua mãe e avó piedosas. A instrução nas Escrituras era considerada responsabilidade sagrada em toda casa judaica ortodoxa e deve ser reputada com seriedade igual em toda casa verdadeiramente cristã. Não há nada maior que isso que enriqueça a vida de nossos filhos.
TEMPOS DIFÍCEIS DO ENSINO DA PALAVRA DE DEUS
Os últimos dias, citados no v. 1, incluem a era Cristã em sua totalidade. Paulo, porém, profetiza pelo Espírito Santo que as dificuldades aumentariam gradativamente à medida que a volta do Filho do Homem se aproximasse.
Por problemas que se multiplicam - Descontentamento, doenças,decepções, medo, desemprego, solidão, traição, injustiça, divórcios, discórdia, dissensão são alguns dos problemas que enfrentam os cristãos desse século.
Confusos e sem conhecimento, lêem livros, pedem conselhos diversos sem orientação bíblica, participam de reuniões de auto-ajuda, e ao final descobrem que estão com mais dificuldades que antes, visto que buscam família, cônjuge, filho e/ou igreja perfeitos. Muitos cristãos se dedicam especialmente a crises, desconhecendo onde está a raiz da dificuldade real.
Por não entender - Será que as nossas dificuldades estão relacionadas com o que Paulo escreveu alertando a Timóteo? “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias virão tempos trabalhosos” (v.1). O aumento da iniqüidade, a procura desesperada em busca de soluções de problemas excluindo a vontade de Deus, o desinteresse pelas coisas do Senhor, são fatores ímpares que desequilibram o entendimento do cristão que não está arraigado na confiança plena em Deus. São tempos trabalhosos de fato, e não há como mudar essa realidade, os últimos dias estão assinalados por um aumento cada vez maior da iniqüidade, um colapso nos padrões éticos e morais, a multiplicação de falsos crentes sem nenhum compromisso com a Sã doutrina. Os servos do Deus altíssimo devem agora mais que nunca se arraigar no conhecimento das Escrituras a fim de não serem enganados.
Por se aproximar o fim - Na busca desesperada de sobrepor aos seus limites e se tornar sempre maior, o homem aprendeu que devia “se amar em primeiro lugar, valorizar a si mesmo sem importar com mais nada”. Fizeram ecoar a quatro ventos: “Você é o mais importante! Merece mais! Honre-se acima de tudo!”, essa exaltação sutil acentuou-se logo após a revolução industrial, que marcou o mundo e mudou a relação do homem com Deus.
Com o avanço da ciência e sua auto-exaltação, o homem não enxerga mais a necessidade em Deus, essa atitude é seguida a risca, e os danos para as gerações seguintes, inclusive a de hoje, são irreparáveis. Observe o resultado de pessoas que são “amantes de si mesmas” : São egoístas, pois não conseguem ajudar ninguém; avarentos, porque não querem dividir; jactanciosos, porque negam a humildade; arrogantes, pois procuram sempre ser melhor e maior que os outros com o intuito de humilhá-los; blasfemadores, pois desfazem de Deus; desobedientes aos pais; irreverentes; desafeiçoados, pois não há nenhum afeto para oferecer; implacáveis; duros de coração; não perdoadores; caluniadores; mentirosos; ingratos, pois a ninguém reconhecem para a necessidade de agradecer; sem domínio de si próprio; traidores; atrevidos, enfatuados; mais amigos dos prazeres que amigo de Deus, logo, inimigos de Deus (1Jo 2.15-16) .
Esse é o retrato do caráter de um homem guiado pelo príncipe deste mundo, e em nada se parece com o que pede o evangelho.
TEMPOS QUE NOS DIFERENCIA
Uma decisão de atitude deve ser tomada pelo cristão desse século: Estar atento para não se achar parecido nem semelhante aos homens dos últimos dias. Ter um referencial a seguir, e negar os costumes do mundo evitando a influência de ímpios, sobretudo, na família.
Por conhecer as armas do inimigo: Já não é novidade ao cristão,que o inimigo trabalha para desintegração das famílias (v.2). Os filhos são desobedientes aos pais, os homens não têm “afeto natural”; os filhos negligenciam os devidos cuidados aos pais idosos, idolatram o dinheiro, os prazeres e seus objetivos egoístas.
De outra forma, Paulo também nos adverte quanto aos falsos crentes, “não demonstram reallibertação, não possuem um coração que aceite a verdade do evangelho, e se escondem na aparência de piedade”.
Por nossa fidelidade: Ser leal ao Senhor em tempos de crise,sobretudo nos últimos dias, mantendo e conservando a genuína Palavra em nosso viver, é o que manterá a igreja imune aos ataques de falsos profetas com suas doutrinas. Um exemplo disso é a fábula de que o evangelho é a resolução e fim de todos os problemas e dificuldades na terra, contrariando o qual Paulo nos ensina que o cristão deve esperar por perseguição e dias difíceis (v.12).
TEMPOS DE APRENDER
A cultura e o pouco incentivo à leitura têm afastado o cristão da palavra do Senhor, poucos são os que valorizam as letras do Sagrado livro, pois não sobra tempo. Os resultados são doutrinas inventadas de momento e um crescimento assustador do religiosismo exagerado; de outra forma um liberalismo extremo, o que consiste em erro.
1. Para edificar a nossa fé - A partir do v.14 Paulo enfatiza a inspiração e a autoridade das Escrituras que é divinamente inspirada. A palavra Theopneustos (gr.) provém de duas palavras, “theos” que significa Deus, e“pneou” que significa respirar logo, “respirado por Deus”. Ele é a fonte e autor final das escrituras, o qual mantém em todas as gerações a autoridade (2Pe 1.21). Essa é a verdade que mantém viva a certeza de fé salvífica em meio aos dias atuais, o verdadeiro evangelho desvenda os olhos e edifica a fé em Cristo Jesus, formando uma conduta e caráter contrários aos citados nos versículos 1 a 7.
2. Para praticar e instruir corretamente - Cientes da extrema corrupção, destruição moral, caráter iníquo e deturpação do evangelho, cabe ao cristão assegurar-se naquilo que aprendeu, tendo posição firme na justiça em Cristo, praticando, em gestos e atitudes, o evangelho “criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24), “afim de que o homem seja perfeito e perfeitamente habilitado para a boa obra”(2Tm 3.17) Não há nada melhor que instruir homens, com a pureza do evangelho. Tenha o auxílio do Espírito Santo, pois Ele é quem abre nossa mente e dá testemunho em nosso interior. Esmere-se, busque o entendimento, tenha sede de conhecer as riquezas guardadas na Palavra (Sl 42.1).
CONCLUSÃO
O cristão não deve perder o equilíbrio em meio aos tempos que vivemos. A Palavra de Deus é testemunha de Suas promessas, acredite! (Hb 10.23). Quanto ao homem dominado pelas paixões e prazeres desse mundo, não irão avante, são réprobos quanto a fé e não conseguem deter o conhecimento da verdade, porque está guardado àqueles que permanecerem fiéis a Deus.
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