Existe um vasto conteúdo na mídia retratando o movimento pentecostal e seus desdobramentos, tais como o neo-pentecostalismo. Alguns cristãos e líderes cristãos julgam ser a mesma coisa. Muitas denominações pentecostais não detectam se quer a menor diferença entre ambos. E até já se tornaram neo-pentecostais. Minha análise, pesquisa e explanação sobre o assunto tem o objetivo de exibir a diferença entre os movimentos e detectar a nocividade do neo-pentecostalismo para o evangelho de Jesus.
A DIFERENÇA HISTÓRICA
O pentecostalismo teve sua origem no início do século XX d.C., Em 1900, Charles Fox Parhma (figura ao lado) alugou a “Mansão de Pedra”, como era conhecida em Topeka, Kansas – EUA, para constituir uma escola bíblica chamada Betel.
Em janeiro de 1901, os alunos de Charles Fox Parhma se reuniram para orar e, neste dia, alegaram ser batizados com o Espírito Santo e passaram a emitir palavras desconhecidas. Esse foi o estopim para o movimento da Rua Azuza em 1906. Onde um de seus discípulos: o pastor William Joseph Seymour (figura ao lado). Num pequeno armazém em Los Angeles – EUA, começou o pentecostalismo.
O pentecostalismo chegou ao Brasil trazido por operários imigrantes. Primeiro em 1910, pelo italiano Louis Francescon (figura ao lado – cima), fundador da seita Congregação Cristã do Brasil, e, logo em seguida, em 1911, pelos suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg (figura central – abaixo), fundadores da Igreja Evangélica Assembléia de Deus.
DIFERENÇA HISTÓRICA - SEGUNDA PARTE: O NEO-PENTECOSTALISMO FASE 1
Já bem depois da metade do século XX d.C., surgiu o movimento neo-pentecotal (fase 1), que quer dizer: “novo pentecostalismo”. Em meados das décadas de 60 e 70. Que nasce sob a influência do evangelista e escritor Essek William Kenyon – 1867 a 1948 (figura ao lado). Kenyon foi grandemente influenciado pelo deísmo*, dualismo gnóstico*.
*Deísmo: O deísmo é uma postura filosófica que admite a existência de um Deus criador, mas não nega a realidade de um mundo completamente regido pelas leis naturais, científicas e metafísicas sem interferência divina.
*Dualismo gnóstico: Pensamento que divide a vida em dois ramos que se opõem: o espírito e a matéria. Ao invés de ver o corpo (ou carne) e o espírito (ou alma) como um conjunto harmonioso, o dualismo ver a carne e o espírito em guerra um contra o outro. Além disso, a carne é vista como má, pois atrapalha o desenvolvimento da alma.
*Gnóstico: Seita dos tempos apostólicos que defendia a posse de conhecimentos (gnosis) secretos que, segundo eles, tornava-os superiores aos cristãos comuns que tinham o mesmo privilégio. A premissa básica do gnosticismo é a cosmovisão dualista.
Kenneth Hagin – 1917 a 2003 (figura ao lado). A partir dos anos 60 o movimento de cura e prosperidade passou a ter maior foco. Junto a simples fé que Jesus Cristo cura enfermidades, Hagin associou a sua teologia intitulada Confissão Positiva* que tornou-se o elemento essencial para cura divina. Posteriormente conhecido como “Movimento Palavra de Fé”. Onde Kenyon inspirou e Hagin desenvolveu.
* Confissão positiva: É um título alternativo para a teologia da fórmula da fé , também conhecido como fé ou doutrina da prosperidade promulgada por televangelistas contemporâneos, sob a liderança e a inspiração de Essek William Kenyon. A expressão "confissão positiva" pode ser legitimamente interpretada de várias maneiras. O mais significativo de tudo é que a expressão "confissão positiva" se refere literalmente a trazer à existência o que declara-se com a boca, uma vez que a fé, segundo dizem, é uma confissão.
Além de Kenneth Hagin, vários outros nomes contribuíram com o desenvolvimento e expansão desse novo pentecostalismo, dentre vários, os que tem forte influência no Brasil: Benny Hinn (figura ao lado cima), Morris Cerullo (figura do meio), Oral Roberts (figura abaixo), talvez não se conheça bem este último nome, mas foi Oral Roberts que lançou as bases da teologia da prosperidade e vida abundante.
DIFERENÇA HISTÓRICA - TERCEIRA PARTE: Chegando no Brasil...
Esses homens, seus livros, vídeos e palestras foram e são despejados aos montantes no Brasil na década de 70 e vindo a influenciar fortemente nomes importantes que encabeçam a pirâmide do neo-pentecostalismo no Brasil: Edir Macedo (figura esq. cima), R. R Soares (figura esq. meio), Valnice Milhomens (figura esq. baixo), Robson Rodovalho (figura abaixo esquerdo), Valdemiro Santiago (figura abaixo meio) e Renê Terra Nova (figura abaixo direito).
DIFERENÇA HISTÓRICA - QUARTA PARTE: NEO-PENTECOSTALISMO FASE 2
Em 1994 surgiu um outro novo pentecostalismo (fase 2); ainda mais distante do protestantismo e do cristianismo bíblico. O movimento conhecido como “benção ou unção de Toronto”. Nome dado por ter surgido na igreja Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto - Canadá. Pastoreada pelo pastor John Arnott e sua esposa Carol, também pastora (figura ao lado).
A única característica do movimento que se distinguia do anterior era a forma como as pessoas se comportavam no culto. Tudo começou no dia 20 de Janeiro de 1994 na referida igreja quando num culto as pessoas deram-se a cair no chão e rolar de rir, às gargalhadas, choros, urros de animais, e outras mais bizarrices. A teologia de John Arnott é explicitamente influenciada pelos pregadores neo-pentecostais; principalmente Benny Hinn.
DIFERENÇA HISTÓRICA - QUINTA PARTE: chegando ao Brasil...
A repercussão desse movimento chega ao Brasil e com mais força na primeira década do século XXI. E passa a ter vários cognomes : reteté, unção do cai-cai, repleplé, etc. Os apoiadores do movimento aqui no Brasil são: Pastor Marcos Feliciano (figura acima esquerda) e muitos líderes do grupo Gideões Missionários da Última Hora, com sede em Camboriú, SC. (figura acima direita).
No Brasil, a “benção de Toronto”, mais conhecida como “reteté”. Toma a euforia brasileira do samba, frevo, e é misturada com a famosa “gira da umbanda” e muitos gestos semelhantes aos cultos afros. Bem como a golpes dos personagens de vídeo game de luta: “street fighter”. (levam muito a sério).
DIFERENÇA DAS DEFINIÇÕES:
PENTECOSTAL: É quem acredita no batismo com o Espírito Santo e tem como evidência o falar em línguas desconhecidas; e crer na continuidade dos dons (continuísmo).
NEO-PENTECOSTALISMO: É aquele que até aceita certas crenças pentecostais. Mas, incorpora pensamentos fragmentados do: deísmo, agnosticismo dualista, ciência cristã*, ritos da religião afro, na prática de sua fé. Resultando em uma forte ênfase na prosperidade física e financeira, exorcismo e confissão positiva.
* Ciência Cristã: É uma seita pseudo-cristã. Cujo nome foi escolhido por Mary Baker Eddy. Fundada em 1866 na cidade de Boston, Massachusetts (Estados Unidos). A Ciência Cristã pode ser denominada como um movimento otimista dos Estados Unidos da América. Há uma semelhança de ensino com a Secho-No-Ie naquilo que é fundamental para ambas – a negação da realidade da matéria. E ambas diz: a matéria não existe. Assim, a causa da enfermidade é mental.
DIFERENÇAS TEOLÓGICAS
SOBRE DEUS...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: O pensamento pentecostal sempre procurou manter-se firme a teologia clássica (Primeiros Pais da igreja e Agostinho) e na teologia reformada (Lutero e Calvino) sobre Deus.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: O pensamento neo-pentecostal sobre Deus sofre influência do deísmo.
SOBRE O HOMEM...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: O homem é apenas uma criatura de Deus. Feito a sua imagem e semelhança. Isto é, com o reflexo de Deus.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: O homem é a duplicação de Deus. “Vocês sabiam que desde o começo do tempo o propósito inteiro de Deus era reproduzir-se?” (Morris Cerullo). O ser humano é visto sobre uma perspectiva do dualismo gnóstico*.
SOBRE FÉ...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: É a confiança em Deus. É meio e não a causa. Prossegue na mesma concepção da teologia clássica e reformada.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: A causa de tudo. Uma força ou poder espiritual que pode controlar a criação, comandar anjos, influenciar o futuro, e até manipular Deus. Pelo que afirmam que até Deus precisou de fé.
SOBRE A EXPIAÇÃO DE CRISTO...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Cristo morreu na cruz por nós. Prossegue na mesma concepção da teologia clássica e reformada.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Cristo ao morrer por nossos pecados ele teve que fazê-la espiritualmente. Descendo ao inferno e pagando lá o preço do pecado.
SOBRE A BÍBLIA...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Revelação de Deus e Palavra de Deus. Prossegue na mesma concepção da teologia clássica e reformada.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: A chamam de “logos”, que é um livro que contém palavras de poder divino. Porém o “rhema”, que é a palavra dita, expressa de Deus, que faz com que as coisas sejam realizadas. Donde as “interpretações” dos líderes e palestrantes neo-pentecostais.
SOBRE PROSPERIDADE...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Provisão de Deus em nossas necessidades básicas: comer, beber e vestir (Mt.6.33).
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Provisão de Deus em todas as coisas.
SOBRE BÊNÇÃO E MALDIÇÃO...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Os mais embasados na exegese bíblica, definem bênção como “conceder o bem”. E maldição como “condenação” ou “maldizer”.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: “Bênção” é uma dádiva de muitas coisas materiais. E maldição é tipo um “feitiço”.
SOBRE SATANÁS E O MAL...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Anjo caído que rebelou-se contra Deus e o mal foi a causa.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: O mal estar impregnado em toda matéria (por influência do dualismo gnóstico). Por isso, toda doença, miséria, catástrofe e maldade procedem de Satanás. Percebe-se que se faz uma confusão entre Satanás e o mal (sendo ambos a mesma coisa).
SOBRE A SOBERANIA DE DEUS...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Deus é SENHOR de tudo. E tudo que acontece está sob seu domínio.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Há uma defasagem sobre o assunto. Como Deus deixou o mundo aos controles de leis em que ele determinou. Onde até ele mesmo tem que se submeter. Onde há forças autônomas que atuam na maldição e na bênção; e no poder das palavras. Torna-se exonerada tal doutrina.
SOBRE A GRAÇA DE DEUS...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: Deus concede favor imerecido ao homem em todos os dons.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Há uma defasagem sobre esse assunto também. A graça divina muitas vezes é vista como “bênção”. Não há um real compromisso com essa doutrina dentro desse movimento. Uma vez que todos recebem bênçãos, curas e tantas outras coisas pelo mérito da fé e dos “ungidos” que atuaram.
SOBRE A CURA DIVINA...
TEOLOGIA PENTECOSTAL: A cura divina não é vista como curanderismo, mas como parte futura da obra da salvação. Crer na possibilidade de que Deus realiza cura como exposição gratuita temporária daquilo que ocorrerá definitivamente na eternidade.
TEOLOGIA NEO-PENTECOSTAL: Favorece a prática do curanderismo.
CONCLUSÃO
Espero que com essa explanação a tal “semelhança” vem a ser dissipada. Onde pastores, teólogos e líderes da igreja de Cristo venham a se posicionar. Deixando de ser coniventes ou deixando de fazer generalizações sobre o assunto.
Abraços.
Viva vencendo as diferenças para não se confundir!!!
Seu irmão menor.
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