Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade; Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda (Fp: 1.15, 18).
Sinto-me na necessidade de alertar ou propor reflexões mais profundas sobre distorções que se manifestam no vasto quadro evangélico nacional e em seus representantes mais destacados e populares.
A questão tratada neste artigo são os programas evangélicos na TV. Sinceramente, o que temos assistido na maioria das vezes, não são programações que parecem se dedicar em levar como objetivo principal a mensagem de salvação aos perdidos, ou de proporcionar instrução e edificação aos crentes. As mensagens anunciadas estão carregadas de apelos ao proselitismo denominacional, incentivos a sectarização religiosa e ao que parece ser o principal motivo dos programas cristãos na TV: captar volumosos recursos financeiros para inúmeros projetos.
Pode até parecer incoerência, mas os programas religiosos na TV que são menos apelativos e mais consistentes no que se propuseram a passar quanto à suas crenças, sem levantar críticas; são de grupos que consideramos como seitas heréticas ou desviados do Evangelho de Cristo. Nisso, eles são muito mais eficientes e razoáveis que a gente.
Quais são os evangelhos pregados na TV?
Não há dúvidas de que se as igrejas souberem se utilizar dos meios de comunicação para anunciarem a Palavra de Deus e visando o reino de Deus (e não os interesses próprios), conforme determinou Jesus, cumprirão a grande comissão em menos tempo (2 Co: 10.16; Mc 16:15; Mt 28: 18-20). Só existe um evangelho de Jesus Cristo, mas na TV existem variantes, derivações, extrapolações e até heresias (Gl 1:6-9). Os mais populares tele evangelistas através de seus programas de cobertura nacional, têm de modo geral apresentado um “evangelho de auto-ajuda”, carregado de confissão positiva e acentuado pelas vantagens de uma vida cristã adepta da teologia da prosperidade. Esse não é o Evangelho de Cristo (2 Co 11.4), que deixa claro aos seus seguidores que antes da coroa de vencedores que os abnegados crentes em Jesus receberão na glória, haverá uma cruz a ser carregada todos os dias, com muita renúncia e provações (Mt: 16.24).
Existe um triunfalismo absoluto notado nessas pregações televisivas que não é bíblico em sua natureza, não é cristão na experiência que propõe aos outros e não se preocupa em resolver o maior problema do pecador – sua condição de perdido e sem a vida eterna. Não se fala de pecado e de arrependimento na grande maioria das vezes (Mt 4:17; Mc 1:15; At 3:19) – se fala de contribuições que resolvem tudo. Não se prega o céu e a eternidade (Jo 3:15; Jo 6:47; Rm 6:23), ao invés disso, se anuncia riquezas, sucesso, prazeres, regalos e todas as vantagens deste tempo presente – o destino eterno é ignorado!
Quais são as características dos evangelhos da TV?
As particularidades mais comuns nestes evangelhos da TV são as de exclusivismo denominacional e a veneração a personalidade dos líderes das igrejas que bancam os programas no ar. As mensagens defendem e promovem igrejas geralmente sectárias e que se auto proclamam como o único lugar da benção ou de solução definitiva dos problemas que afligem os telespectadores. Existe um cultivo (é claro que não admitido) misturado à programação que endeusa bispos, diviniza apóstolos e dão super poderes a pastores.
A principal distorção que os evangelhos da TV espalham.
Os evangelhos da TV, em sua maioria tem promovido o mercantilismo da fé; e quase todos fazem negócio sobre a fé alheia (2 Pe: 2.3). A mensagem é sintetizada assim: você dá (contribui financeiramente) e Deus te dá o dobro. Para uns, as boas novas da TV iludem os homens desesperados do século XXI, com suas promessas de sucesso, triunfos sobre doenças e problemas, sua criação e destruição de inimigos, suas revelações sobre maldições e suas recriações de bênçãos que restauram tudo. Para outros, os evangelhos da TV são grandes pedras de tropeços para a verdadeira igreja evangelizar; são motivos de escândalos e resistências para aqueles que atestam que as igrejas evangélicas foram criadas, apenas para arrancar dinheiro de pessoas incautas.
Todos os evangelistas da TV estão pregando distorções da Palavra de Deus?
Existem evangelistas sinceros na televisão (a maioria em programas locais), que primam pelo anúncio das boas novas aos pecadores (Sl 126:6; Rm 10.15), que zelam pelo anúncio sadio do Evangelho de Cristo. Por esses glorifico a Deus e abro essa exceção nesta exposição. O problema é que programa em TV custa caro e quase sempre igrejas não têm recursos para bancar essa frente por muito tempo, e daí se tem duas alternativas comuns: ou se compromete boa parte do tempo contratado para a venda de anúncios para levantar recursos e manter o programa (e ficará evidente a presença comercial no espaço); ou se apela para a venda das indulgências modernas (e aqui ficará evidente o mercado da fé). É claro que a primeira opção é a mais honesta e coerente com as pessoas – tanto com as que anunciam como para quem assiste!
Mas, mesmo assim há alguma penetração da Palavra na vida de alguns que assistem essas pregações distorcidas na televisão, e mesmo concordando com isso; não podemos aceitar esses desvios doutrinários como normais e aceitáveis pela igreja de Cristo, e como Paulo fez (Gl 2:11-14), devemos condenar esse comportamento doutrinário e público dos tele evangelistas em seus programas através da mídia secular.
Todo cuidado ainda é pouco.
Vivam vencendo os mercenários da fé!!!
Abraços.
Seu irmão menor.
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