"Em seus passos o que faria Jesus?" é o título de
um livro escrito por Charles Sheldon e publicado originalmente em 1896, nos
Estados Unidos, com o título "In His Steps".
A obra conta a história de Henry Maxwell, pastor da Primeira Igreja da cidade
de Raymond, que vive honestamente sua vida confortável e sem contratempos, até
o dia em que surge em sua igreja um homem pobre e necessitado. O episódio o
leva a questionar seus próprios valores, o seu modo de vida e prioridades,
colocando diante de si a inquietante questão: "O que Jesus faria?".
A partir disso, decide propor aos fiéis de sua igreja que se comprometam
durante um ano a não fazerem nada sem antes perguntarem o que Jesus faria na
mesma situação. O desenrolar da história descreve as experiências, tanto de
satisfação e realização pessoal, como também de conflito e incompreensão que
vão enfrentando à medida que se empenham em levar adiante o desafio proposto.
Hoje em dia há tanta gente doente e inescrupulosa dizendo agir "em nome de
Jesus", proclamando da boca para fora "seguir os passos de
Jesus", mas negando-o nas atitudes, enganando, extorquindo, manipulando e
oprimindo que fica difícil encontrar Jesus, de verdade, nos passos destes.
Ainda que eles gritem ou cantem nervosamente o nome de Jesus o tempo todo e
façam até alguns aparentes sinais milagrosos.
Algumas vezes a imagem e referência do Jesus dos Evangelhos se apaga e se
confunde com tanta demonstração tosca do que querem erroneamente fazer parecer
Jesus, mas nem de longe se parece efetivamente com os passos de Jesus.
Mais do que levantar questões meramente morais ou culturais, percebo a urgência
de esclarecer o que não representa e jamais se veria na vida prática do
verdadeiro Jesus dos Evangelhos.
Acredito que boa parte do engano se dá pelo fato das pessoas não lerem e não
conhecerem minimamente os Evangelhos, além da grande distorção que se faz com
as escrituras por dinheiro ou para fazer perpetuar os domínios aprisionantes
das instituições e dos rituais de poder humano.
Jesus jamais exigiu sacrifícios pessoais, esforço financeiro ou físico,
presentes ou qualquer tipo de oferta para abençoar, curar, salvar, purificar e
orientar as pessoas a sua volta.
Jesus jamais utilizou seu poder como estratégia de marketing pessoal. Embora os
milagres fossem um sinal para que as pessoas cressem, e muitos o buscavam por
causa dos prodígios e do pão que era multiplicado milagrosamente, Jesus jamais
utilizou isso para segurar o povo a sua volta.
Jesus jamais distribuiu pão só para garantir plateia e ter a quem evangelizar.
Jesus jamais rejeitou qualquer pessoa por não professar a fé da mesma forma que
ele a professava e a entendia. Mesmo Jesus frequentando sinagogas, tendo
nascido no judaísmo, jamais deixou de andar e falar com pagãos, gentios,
pecadores e toda sorte de gente considerada impura para os padrões da lei de
Moisés.
Jesus jamais deixou a lei da religião ser mais importante que a vida e a
misericórdia.
Jesus jamais deixou de amar. Jamais recusou a mesa e a comunhão mesmo a quem
ele, de antemão, já sabia que o trairia. Até diante da angústia, do medo e do
abandono, Jesus jamais se deixou ser vencido pelo rancor.
Jesus jamais usou em benefício próprio a influência que exercia sobre os
discípulos.
Jesus jamais ensinou expandir o Reino através do acúmulo de bens ou da
construção de templos.
Jesus jamais fez conchavos políticos, acordos com Roma ou com a religião
dominante em troca de favores, cargos e liberdade para continuar pregando o que
e onde bem quisesse.
Jesus jamais deixou de dizer a verdade por medo ou conveniência.
Jesus jamais disse a verdade para agredir, ofender ou provocar vaziamente.
Jesus jamais disse a verdade só para provar que estava certo.
Jesus jamais usou a verdade, ao contrário, se deixou ser usado por ela.
Jesus jamais denunciou o pecado sem amor, de forma constrangedora, ameaçadora
ou sem acolher até as últimas consequências o próprio pecador envolvido.
Jesus jamais tratou os pecados particulares das pessoas de forma pública e
vexatória.
Jesus jamais se deixou levar pela aparência externa. O que o fazia se desdobrar
em misericórdia era a sinceridade interior e despretensiosa.
Jesus jamais ficou indiferente ao sofrimento, fosse ele de ordem psíquica,
espiritual ou física.
Jesus jamais tratou com diferença pobres e ricos. Se alguma diferença ficou
evidente, jamais foi contra a justiça.
Jesus jamais deixou de ser humano, mesmo sendo Deus se fez servo de todos.
Muitas outras coisas jamais se encontrariam no espírito e nos passos do Jesus
dos Evangelhos, da Palavra de Deus feita carne, materializada e revelada
definitivamente aos homens. Os passos de Jesus são reconciliadores,
libertadores e despertam para a vida ainda que tudo a sua volta seja caos e
morte. O que não se enquadra no Deus que se entrega por amor e misericórdia não
cabe nos passos de Jesus.
O Deus que jamais se deixa enganar nos ensine a discernir nossos passos e nos
abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!
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