A igreja pode enfrentar a apatia e o materialismo satisfazendo o
apetite das pessoas por entretenimento? Evidentemente, muitas pessoas
das igrejas pensam assim, enquanto uma igreja após outra salta para o
vagão dos cultos de entretenimento.
Uma tendência inquietante está levando muitas igrejas ortodoxas a se afastarem das prioridades bíblicas.
O que eles querem
Os
templos das igrejas estão sendo construídos no estilo de teatros. Ao
invés de no púlpito, a ênfase se concentra no palco. Alguns templos
possuem grandes plataformas, que giram ou sobem e descem, com luzes
coloridas e poderosas mesas de som.
Os pastores espirituais estão
dando lugar aos especialistas em comunicação, aos consultores de
programação, aos diretores de palco, aos peritos em efeitos especiais e
aos coreógrafos.
O objetivo é dar ao auditório aquilo que eles
desejam. Moldar o culto da igreja aos desejos dos frequentadores atrai
muitas pessoas.
Como resultado disso, os pastores se tornam mais
parecidos com políticos do que com verdadeiros pastores, mais
preocupados em atrair as pessoas do que em guiar e edificar o rebanho
que Deus lhes confiou.
A congregação recebe um entretenimento
profissional, em que a dramatização, os ritmos populares e, talvez, um
sermão de sugestões sutis e de aceitação imediata constituem o culto de
adoração. Mas a ênfase concentra-se no entretenimento e não na adoração.
A ideia fundamental
O
que fundamenta esta tendência é a idéia de que a igreja tem de “vender”
o evangelho aos incrédulos — a igreja compete por consumidores, no
mesmo nível dos grandes produtos.
Mais e mais igrejas estão dependendo de técnicas de vendas para se oferecerem ao mundo.
Essa
filosofia resulta de péssima teologia. Presume que, se você colocar o
evangelho na embalagem correta, as pessoas serão salvas. Essa maneira de
lidar com o evangelho se fundamenta na teologia arminiana. Vê a
conversão como nada mais do que um ato da vontade humana. Seu objetivo é
uma decisão instantânea, ao invés de uma mudança radical do coração.
Além
disso, toda esta corrupção do evangelho, nos moldes da Avenida Madison,
presume que os cultos da igreja têm o objetivo primário de recrutar os
incrédulos. Algumas igrejas abandonaram a adoração no sentido bíblico.
Outras
relegaram a pregação convencional aos cultos de grupos pequenos em uma
noite da semana. Mas isso se afasta do principal ensino de Hebreus
10.24-25: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos”.
O verdadeiro padrão
Atos
2.42 nos mostra o padrão que a igreja primitiva seguia, quando os
crentes se reuniam: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações”.
Devemos observar que as
prioridades da igreja eram adorar a Deus e edificar os irmãos. A igreja
se reunia para adoração e edificação — e se espalhava para evangelizar o
mundo.
Nosso Senhor comissionou seus discípulos a evangelizar,
utilizando as seguintes palavras: “Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações” (Mateus 28.19). Ele deixou claro que sua igreja não tem
de ficar esperando (ou convidando) o mundo para vir às suas reuniões, e
sim que ela tem de ir ao mundo.
Essa é uma responsabilidade de
todo crente. Receio que uma abordagem cuja ênfase se concentra em uma
apresentação agradável do evangelho, no templo da igreja, absolve muitos
crentes de sua obrigação pessoal de ser luz no mundo (Mateus 5.16).
Estilo de vida
A
sociedade está repleta de pessoas que querem o que querem quando o
querem. Elas vivem em seu próprio estilo de vida, recreação e
entretenimento. Quando as igrejas apelam a esses desejos egoístas, elas
simplesmente põem lenha nesse fogo e ocultam a verdadeira piedade.
Algumas
dessas igrejas estão crescendo em expoentes elevados, enquanto outras
que não utilizam o entretenimento estão lutando. Muitos líderes de
igrejas desejam crescimento numérico em suas igrejas, por isso, estão
abraçando a filosofia de “entretenimento em primeiro lugar”.
Considere
o que esta filosofia causa à própria mensagem do evangelho. Alguns
afirmam que, se os princípios bíblicos são apresentados, não devemos nos
preocupar com os meios pelos quais eles são apresentados. Isto é
ilógico.
Por que não realizarmos um verdadeiro show de
entretenimento? Um atirador de facas tatuado fazendo malabarismo com
serras de aço se apresentaria, enquanto alguém gritaria versículos
bíblicos. Isso atrairia uma multidão, você não acha?
É um cenário bizarro, mas é um cenário que ilustra como os meios podem baratear e corromper a mensagem.
Tornando vulgar
Infelizmente,
este cenário não é muito diferente do que algumas igrejas estão
fazendo. Roqueiros punk, ventríloquos, palhaços e artistas famosos têm
ocupado o lugar do pregador — e estão degradando o evangelho.
Creio
que podemos ser inovadores e criativos na maneira como apresentamos o
evangelho, mas temos de ser cuidadosos em harmonizar nossos métodos com a
profunda verdade espiritual que procuramos transmitir. É muito fácil
vulgarizarmos a mensagem sagrada.
Não se apresse em abraçar as
tendências das super-igrejas de alta tecnologia. E não zombe da adoração
e da pregação convencionais. Não precisamos de abordagens astuciosas
para que tenhamos pessoas salvas (1 Coríntios 1.21).
Precisamos
tão-somente retornar à pregação da verdade e plantar a semente. Se
formos fiéis nisso, o solo que Deus preparou frutificará.
Defesa da fé
Nenhum comentário:
Postar um comentário