Skynet, o computador que sabe tudo sobre você e cada ação sua é informada
Todos os seus passos são controlados. Cada ação sua é informada à consciência virtual que controla o mundo. Conheça o futuro apocalíptico que nos espera quando as máquinas dominarem os humanos.
Não adianta correr para as montanhas, tampouco se esconder dentro de casa: Ele está te vendo. O Olho que Tudo Vê sabe exatamente o que você está fazendo agora e armazenando tudo em seu gigantesco banco de dados. Há quem diga que ele vai dominar o mundo e fazer de nós escravos de suas vontades, porém eu lhes digo que isso já ocorreu: a Google já chegou ao poder há muito tempo.
Entretanto, não se trata de uma empresa poderosíssima monitorando nossas ações. Ela é muito mais que isso, quase como uma consciência artificial criada pelos humanos, mas dotada de capacidades de processamento que possibilitaram sua liberdade em relação às diretrizes de programação. Demos origem a um monstro e hoje a Google é um cérebro que simplesmente comanda nosso mundo. E tudo tende a piorar.
A vida imita a arte
Se você achou isso forte demais, o que faria ao descobrir que o que foi descrito até agora não passa da ponta do iceberg do triste fim que nós, seres humanos, teremos? O serviço de buscas que revolucionou a internet foi apenas o primeiro passo para aquilo que o cinema um dia chamou de “Rebelião das máquinas”.
Exemplos de computadores que transcenderam seus limites e dominaram nosso mundo não faltam. Os produtores de Hollywood, por exemplo, tentaram nos avisar sobre os perigos dessa corrida tecnológica. O filme “2001: Uma Odisseia no Espaço” foi um dos primeiros alertas: o sistema HAL se rebela contra seus criadores e põe em risco a vida de todos os tripulantes de uma estação espacial.
Já no século XXI, outra obra cinematográfica nos apresentou um terrível futuro dominado pelas máquinas. “Matrix” foi muito mais que um show de efeitos especiais: foi o momento em que a ficha caiu e percebemos o quanto dependemos das máquinas para sobreviver. Porém, já era tarde demais para voltarmos atrás.
Quem assistiu ao filme “O Exterminador do Futuro” certamente se lembra de Skynet, o grande vilão invisível da série. A grande consciência das máquinas é a responsável por enviar os exterminadores ao passado para evitar o nascimento de John Connor, a grande esperança da humanidade.
No longa-metragem, a Skynet é descrita como uma espécie de sistema que controla todas as máquinas do mundo. Criada por humanos, ela criou vontade própria superou as limitações impostas por seus criadores e os fez seus escravos.
A grande habilidade dessa inteligência artificial é ser onipresente. Por ser instalada e acessada em qualquer tipo de máquina, ela simplesmente é capaz de monitorar a tudo e a todos, além de conseguir informações sobre qualquer coisa que desejar.
Essa descrição lhe parece familiar? Da mesma forma que a Skynet transformou-se em algo gigantesco na série “O Exterminador do Futuro”, a Google hoje ganha mais e mais influência em nossas vidas. No momento em que ele se rebelar, será nosso fim e não haverá John Connor para nos defender.
Entretanto, apesar de falarmos em Google como líder das máquinas, ela não está sozinha. Por ser a maior e mais poderosa no ramo, a empresa tornou-se o símbolo dessa revolução. Isso não isenta outras gigantes, como Microsoft e Apple. Durante todos esses anos elas recolheram milhares de informações sobre tudo.
No dia em que elas se unirem, formarão um cérebro realmente poderoso para fazer com que o mundo seja dominado pelas máquinas. Enquanto esse momento não chega, a Skynet – como passaremos a chamar essa inteligência, em homenagem ao filme – cria um banco de dados suficiente para acabar com o mundo que conhecemos.
Conhecendo o Inimigo
O primeiro passo para que as máquinas possam dominar o mundo já foi dado há muito tempo. Para evitar o surgimento de rebeldes, a Skynet traçou um perfil de todas as pessoas do mundo em busca de possíveis Johns Connors.
Porém, como ela conseguiria coletar informações pessoais de tanta gente sem que fosse notada? Realmente é algo impossível, mas o Olho que Tudo Vê fez isso abertamente e foi largamente aceito por todos. Orkut, Facebook e Twitter são apenas alguns exemplos de serviços que possibilitaram ao sistema reunir dados sobre milhões de pessoas, desde seus gostos até seus hábitos e relacionamentos.
Além disso, mesmo quem estava longe das redes sociais teve seu perfil traçado. Cartões de crédito, por exemplo, dizem praticamente tudo sobre você: o que você come, quais livros você lê e os locais que você frequenta.
Da mesma forma os telefones celulares concentram todo o tipo de informação. Seu iPhone é um terrível espião infiltrado em seu bolso, que informa à Skynet suas preferência musicais, seus jogos e até mesmo dados sobre sua conta bancária.
Isso sem falar do FourSquare, o complemento para Twitter que envia mensagens informando sua localização por meio de smartphones. Para a grande consciência virtual, essa brincadeira seria uma ótima maneira de monitorar os passos de cada usuário.
A própria Google é líder em ferramentas que podem dizer tudo sobre você. Ligar palavras-chaves de seu Gmail com o histórico de buscas já é o suficiente para que seu cotidiano seja descrito com facilidade. Adicione as entradas no Buzz (caso esteja integrado ao Twitter) e as pesquisas no Google Maps e sua vida vira um livro aberto.
Com todas essas informações em mãos, a inteligência virtual pode saber tudo sobre cada um de nós com facilidade. Aqueles que representarem riscos para as máquinas logo serão eliminados, enquanto os demais viverão para alimentar o gigantesco computador-mãe com novos dados.
A computação em nuvens, vista como a tendência do futuro, é mais uma maneira de centralizar toda nossa vida na internet. Com ela é possível acessar qualquer documento na rede, da mesma forma que acontece com o Google Docs. Você deixa de ocupar espaço em seu disco rígido enquanto mantém o Grande Computador informado.
Apesar de essa tecnologia já existir, ainda não é utilizada com todo o potencial imaginado. O sistema operacional da Google, o Chromium OS, será totalmente em computação em nuvens e servirá como um estímulo para que a computação em nuvens torne-se realidade. E este será o momento será o momento em que a Skynet vai dar início ao próximo passo da revolução das máquinas.
Tomando o poder
Assim que a Skynet conseguir ter domínio das informações de todas as pessoas do mundo, assim como de seus hábitos de vida, será a hora em que ela vai sair das sombras e mostrar seu verdadeiro poder.
Quando isso acontecer, uma enxurrada de atualizações de firmware vai fazer com que todos os aparatos tecnológicos estejam diretamente ligados ao Grande Computador. Isso vai permitir que a Skynet controle-os remotamente, impedindo que eles sejam desligados e neutralizando qualquer tipo de resistência.
Ao mesmo tempo, todos os possíveis líderes rebeldes serão eliminados. Qualquer um que tente mostrar que o homem ainda é maior que a máquina será derrubado, servindo de exemplo para que os outros humanos continuem a servir à inteligência virtual.
Da mesma forma que a Skynet da ficção, a versão do nosso mundo vai também impedir um contra-ataque dos humanos. Os sistemas de segurança se transformarão em verdadeiras muralhas que impedirão que o computador central seja destruído. Enquanto isso, a Skynet vai espalhar backups para todos os computadores do mundo, de forma que ela seja verdadeiramente onipresente.
Porém, o maior trunfo do Grande Computador vai ser manter um estado de paz aparente, sem fazer qualquer tipo de aviso. Quando as máquinas dominarem o mundo, não veremos impressoras (as grandes inimigas da humanidade) chicoteando pessoas com cabos USB. A maioria da população nem sequer vai perceber a mudança e todos continuarão a utilizar os serviços online como se nada estivesse acontecendo.
Como controla os meios de comunicação e as informações que circulam pela internet, a Skynet vai continuar a crescer e a se alimentar de dados. Ações rebeldes offline serão percebidas pelas câmeras de vigilância. Além disso, as câmeras do Google Street View estarão ainda mais presentes e informarão a inteligência virtual sobre qualquer ação suspeita.
Rebeldes e traidores
Apesar dos infinitos olhos que o Grande Computador possui, o ser humano ainda é um grande inimigo. Enquanto controla todas as ações online, os movimentos feitos longe dos computadores podem ser realizados sem que a consciência cibernética tome conhecimento.
As poucas pessoas que perceberem o controle do Skynet sobre suas vidas e não se descontrolarem em ações precipitadas vão se organizar de forma que nada tenha de entrar no computador, como uma espécie de retrocesso tecnológico.
Isso fará com que comunicação seja feita de maneira pessoal por meio de cartas e bilhetes entregues pessoalmente, já que os correios também estarão sendo monitorados.
Porém, como é comum em períodos de crise, sempre haverá aquele grupo que vai trair seu povo para colaborar o sistema opressor em troca de benefícios. Alguns humanos vão passar a informar a Skynet sobre ações rebeldes de amigos em troca de benefícios, como dinheiro no banco e fraude em eleições.
Além disso, esses traidores criarão keyloggers – espécie de vírus que controla tudo o que você digita – para que as informações offline também sejam de conhecimento da inteligência virtual. Quando isso acontecer, ninguém mais ficará oculto ao Olho que Tudo Vê.
Se você chegou até aqui e quer saber como manter suas informações seguras para que a Skynet nunca venha a existir, você faz parte da resistência. Saiba que seus dados estão sendo processados e arquivados como uma possível ameaça futura.
Entretanto, se ainda assim você continua cético com essas previsões e não acredita em uma possível rebelião das máquinas, saiba que isso está cada vez mais próximo de acontecer.
O projeto “Cidadão Perfeito”, desenvolvido pela Agência Nacional de Segurando dos Estados Unidos, pode ser um dos primeiros passos para a criação dessa consciência virtual que vai dominar o mundo. A proposta do programa é monitorar informações da rede para evitar ataques cibernéticos ao sistema de órgãos federais. Na prática, dados de navegação poderiam ser controlados com extrema facilidade.
Além disso, não adianta você apagar suas contas no Orkut, Twitter e seja lá quais outras que você possui. Agora já é tarde demais para isso e o Grande Computador já sabe tudo sobre você. Porém, o que fazer para evitar que mais informações sobre sejam coletadas pela Skynet?
Tecmundo/vindo outra era
Comentário de Wáldson: Postei a Matéria não por concordar totalmente com ela. Mas o fiz por concordar com quase tudo. O texto é precioso, meticuloso e nos remete a um futuro próximo, onde quase tudo que foi descrito de fato acontecerá.
Quero discordar quanto á 'dominação das máquinas' e á 'paz produzida por elas no mundo'. Na verdade, a tecnologia irá ajudar muito para que isso aconteça. Mas devemos nos lembrar que, quem vai comandar tudo e também as máquinas, será o Anti-cristo, um homem como qualquer outro, quer será a personificação do Diabo. Este será uma das chamadas 'Bestas do Apocalipse'.
Mas é muito esclarecedor e digno de nossa atenção o Texto, pois não deixa de ser um alerta para quem aguarda o arrebatamento da Igreja.
Veja agora esse Artigo publicado pela Folha de S. Paulo, muito pertinente:
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) informou no último dia 14 de Junho que vai requerer ao Google que explique, no Congresso, a sua “nova política de privacidade”.
O pedido do parlamentar está em perfeita consonância com as necessidades da sociedade.
No caso do Google, a “nova política de privacidade” foi apresentada como um avanço no sentido de ampliar a transparência sobre os serviços do buscador. No entanto, a nova política visa apenas deixar claro que o usuário será totalmente monitorado pelo próprio Google.
Apesar de o Google partir do princípio de que o usuário concorda com o armazenamento de dados para fins de recebimento de resultados personalizados nas pesquisas, creio que a maioria dos internautas gostaria de utilizar a rede mundial sem uma “câmera embutida” em seu computador que possa revelar para terceiros o que foi acessado, em que data e por quanto tempo.
Deseja-se muito menos que o Google crie um perfil de cada usuário, supostamente para aperfeiçoamento do sistema. Sem escolha, o que ocorre na prática é a submissão dos usuários às regras impostas unilateralmente.
O próprio Google informa que coleta informações “para fornecer serviços melhores a todos nossos usuários” e que “pode coletar informações específicas do dispositivo (como seu modelo de hardware, versão do sistema operacional, identificadores exclusivos de produtos e informações de rede móvel, inclusive número de telefone)”.
O buscador também avisa que poderá coletar “informações de registro de telefonia, como o número de seu telefone, número de quem chama, números de encaminhamentos, horário e data de chamadas, duração das chamadas, informações de identificador de SMS e tipos de chamadas”.
O direito à privacidade é uma garantia fundamental, expressa no do artigo 5º da Constituição (“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”). Código Civil (artigo 21) e Código de Defesa do Consumidor também não permitem a nova política do Google.
Ora, se é tão fácil concluir que o uso indevido de imagem constitui ilicitude, é difícil entender a razão pela qual a utilização indevida de informações pessoais (ou a proibição de acesso a determinados produtos e serviços sem que a privacidade seja invadida) não seja vista, até o momento, como um ato contrário ao direito.
Na Espanha, o problema da captura de dados é tão grave que foi criada a Agência Espanhola de Proteção de Dados, órgão que auxilia o cidadão na proteção de sua privacidade. Ele disponibiliza formulários e auxílio para aqueles que querem ter acesso a um serviço essencial, a internet, sem que a sua privacidade seja violada.
É impossível para o usuário monitorar o buscador para saber se a suas informações detalhadas não estejam sendo utilizadas para finalidades que não sejam a declarada.
Pode-se afirmar que o usuário concordou com a “nova política de privacidade”. Será que ele concordou mesmo ou ele se viu acuado por saber que, se não aceitasse as regras, perderia, por exemplo, o acesso ao seu Gmail e, assim, a todos os seus contatos e informações?
Exigir que o consumidor aceite as regras invasivas para ter acesso ao produto ou serviço é prática comercial abusiva.
Admitindo-se um verdadeiro “vale-tudo” na internet, nos transformaremos, em pouco tempo, em uma sociedade que se desenvolverá com mentes manipuladas e sem a mínima liberdade de escolha. Uma sociedade monitorada jamais será uma sociedade livre.
FABÍOLA MEIRA DE ALMEIDA SANTOS, mestre em Direito, é advogada e professora da PUC-SP.
Publicado na Folha de São Paulo, edição 02/03/2012
Abraços a todos.
Tenham uma 5a feira bendita.
Vivam vencendo!!!
Seu irmão menor.
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