06 abril 2012

A segunda Reforma


"Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor a tua obra no meio dos anos,
no meio dos anos a notifica;na ira lembra-te da misericórdia."
Habacuque 3; 2
O filme "Lutero", com o ator britânico Joseph Alberic Fiennes no papel principal, é meu "DVD" de cabeceira. Volta e meia  o assisto e sempre me emociono. As cenas iniciais são mal trabalhadas, mas do meio em diante  é uma obra prima. Hoje, entretanto, o ângulo de abordagem vem acompanhado de assunto novo. A Reforma de 500 anos atrás está esgotando sua massa crítica.

Quando Johann von Staupitz, o mestre de Lutero,  enviou-o a Roma para aprender, o discípulo voltou dias depois corado de vergonha e ira santa. Motivo: as vendas de indulgências. Exploração da fé dos crédulos pelos ministros da ICR e a frase terrível: Quando a sua moeda tilintar na caixa do tesouro, a alma do seu ente querido deixará imediatamente o purgatório e será levada ao Céu. Para não falar em fornicação, prostituição, consagrações de chapéus de bispos e arcebispos através de negociatas.

"Roma é um esgoto aberto" Esta frase está no filme. Ela resume a impressão que Luthero teve de Roma. Não estava em seus planos fundar uma nova Igreja, mas Deus sim, tinha planos para reformar ou levar a Igreja como instituição terrena a nascer de novo do Espírito.

Fico da mesma forma muito impressionado com a "lisura". O "trato" com o dinheiro. A obsessão pelo mando. O gosto pela política profana. A deterioração do compromisso de santidade. Isso e tanto mais, que as lideranças da Igreja evangélica brasileira vêm oferecendo aos olhos admirados dos ímpios e dos crentes.

Um "espetáculo" do crescimento da avareza e da omissão.

Faltam planos e ações de evangelização nas praças, no campo, periferias e  favelas. Sobra muita conversa. Muita "palavra" e falta amor. Falta compromisso com Deus. Coro de vergonha ao relatar que os agentes do "tráfico" estão ocupando o vácuo de autoridade que o Estado e a Igreja Evangélica deixaram nas favelas e morros das grandes cidades. Um "espetáculo" de crescimento!

O que fizeram do Evangelho? Se uma pesquisa fosse feita, hoje, no meio das ruas e fosse perguntado aos não crentes apenas isso: Quando um crente venha falando para você de Jesus, você acha que ele de fato está interessado em sua alma ou em seu bolso?

A resposta fica por sua conta.

Este é o "espetáculo" do crescimento que o neopentecostalismo trouxe. E a culpa não é somente dele. Uma multidão de pregadores da outra seara também faz muito "sucesso" mexendo com as emoções do povo em um processo circular e vicioso. Um "evangelho" feito sob medida para se dar bem.

Uma nova modalidade de negócio parece que já chegou à praça. Franquias de "igrejas". Depois disso eu não preciso escrever mais nada. A não ser mais uma coisa: Este fenômeno é global. Não fui em quem descobriu a roda. O diagnóstico é antigo.

Será possível que a Igreja evangélica está à beira da mesma loucura dos tempos que antecederam à Reforma? A conta desta loucura vai ser barata? Não, com certeza não vai. Este 3º milênio ainda nos espera com muitas surpresas desagradáveis.

Então como Habacuque fez, só me resta orar. Orar com os olhos e com a alma.

Se nos humilharmos. Abrirmos os olhos. Nos daremos conta de que os dias são maus. Muito maus. Orando como o profeta, quem sabe Deus nos ouça e se apiede de nós, com mais uma Reforma.

A Reforma da Reforma!

Olharcristao

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