Lição 2 - A visão do Cristo glorificado
8 de Abril de 2012
TEXTO ÁUREO
“Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17,18).
- “Eu Sou o primeiro e o último” - Aqui é Jesus Cristo, perfeitamente Deus, falando. Essa expressão aponta para a eternidade de Deus. Segundo a Bíblia de Genebra é essencialmente o mesmo que “Alfa e Ômega”, título dado a Deus (vs.8). “Alfa e Ômega” = a primeira e a última letra do alfabeto grego. Deus é o Alfa (Criador) e Ômega (aquEle que faz novos Céus e nova Terra). Ele é Senhor de todos (no passado, presente e futuro), como sugerido pela expressão “que é, que era, e que há de vir” (vs.4). BEG. O estado de exaltação de Cristo compreende a sua ressurreição, ascensão, o estar sentado à destra do Pai, e a sua segunda vinda para julgar o mundo (1Co 15.4; Lc 24.51; Ef 4.10).
VERDADE PRÁTICA
Embora humilhado e ferido de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou e, gloriosamente, voltará como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Apocalipse 1.9-18.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar o conceito e o objetivo da encarnação de Jesus;
- Reconhecer que Cristo é o humilhado e ferido de Deus; e
- Compreender os eventos que abarcaram o Cristo Glorificado.
Palavra Chave
Cristo: é o termo usado em português para traduzir a palavra grega Χριστός (Khristós) que significa "Ungido". O termo grego, por sua vez, é uma tradução do termo hebraico מָשִׁיחַ (Māšîaḥ), transliterado para o portuguךs como Messias.
COMENTÁRIO
(I. INTRODUÇÃO)
O apóstolo João está descrevendo sua primeira visão quando este esteve preso e exilado na Ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus e do seu amor a Jesus. Nesta visão ele pode contemplar o Senhor Jesus em toda a sua manifestação de glória e poder. Ele nos traz uma das mais lindas descrições do Filho de Deus nos céus, aquele que foi morto, mas ressuscitou e hoje esta à destra de Deus, vivendo sempre a interceder pela sua Igreja (Rm 8.34). Quando os cristãos estavam morrendo, sufocados pelo Império, eis que o Cristo glorificado aparece, revelando que, embora tendo sido morto, ele está vivo pelos séculos dos séculos. Para aqueles crentes primitivos, nada poderia ter servido melhor para despertar as esperanças do que esta visão do Cristo Exaltado e Triunfante. A igreja estava sufocada pela tirania do império, mas eis que o Cristo ressurreto surge para mostrar que ele, a Rocha dos Séculos, tem a vitória em suas mãos e todos aqueles que são dele são mais do que vencedores, enquanto que, certamente os inimigos da cruz receberão sua recompensa, à parte de Deus.
(II. DESENVOLVIMENTO)
I. O CRISTO ENCARNADO
"Por isso, quando Cristo veio ao mundo, disse: "Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste; de holocaustos e ofertas pelo pecado não te agradaste". Então eu disse: Aqui estou, no livro está escrito a meu respeito; vim para fazer a tua vontade, ó Deus. (Hb 10.5-7). A fé na Encarnação verdadeira do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus. Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus" (1Jo 4.2). Esta é a alegre convicção da Igreja desde o seu começo, quando canta "o grande mistério da piedade": "Ele foi manifestado na carne" (1 Tm 3.16). Esta alma humana que o Filho de Deus assumiu é dotada de um verdadeiro conhecimento humano. Enquanto tal, este não podia ser em si ilimitado: exercia-se nas condições históricas de sua existência no espaço e no tempo. Por isso O Filho de Deus, ao tornar-se homem, pôde aceitar "crescer em sabedoria, em estatura e em graça" (Lc 2.52) e também informar-se sobre aquilo que na condição humana se deve aprender de maneira experimental. Isto correspondia à realidade de seu rebaixamento voluntário na "condição de servo". As primeiras heresias, mais do que a divindade de Cristo, negaram sua humanidade verdadeira (docetismo gnóstico). Desde os tempos apostólicos a fé cristã insistiu na verdadeira Encarnação do Filho de Deus, "que veio na carne". Mas desde o século III a Igreja teve de afirmar, contra Paulo de Samósata, bispo de Antioquia entre 260 e 268, em um concílio reunido em Antioquia, que Jesus Cristo é Filho de Deus por natureza e não por adoção. O Concílio de Nicéia, em 325, confessou em seu Credo que o Filho de Deus é "gerado, não criado, consubstancial (homousios) ao Pai" e condenou, que afirmava que "o Filho de Deus veio do nada" e que ele seria "de uma substância diferente da do Pai.
1. A encarnação. A encarnação foi o ato pelo qual a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade foi concebida, virginalmente, no ventre de Maria (Is 7.14; Lc 1.27). Neste ato sobrenatural, Cristo, o Filho de Deus, fêz-se homem tomando para si um verdadeiro corpo e uma alma racional sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, da sua substância e nascido dela, mas sem pecado. (Jo 1.14; Mt 26.38; Lc 1.31, 35-42; Hb 4.15, e 7.26). Segundo a questão 38 do Catecismo Maior de Westminster, era necessário que o Mediador fosse Deus para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de cair debaixo da ira infinita de Deus e do poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação eterna (At 2.24; Rm 1.4; At 20.28; Hb 7.25; Rm 3.24-26; Ef 1.6; Tt 2.14; Jo 15.26; Lc 1.69, 71, 74; Hb 5.9).
2. O objetivo da encarnação. A redenção do pecador exigia que houvesse um Redentor com ambas as naturezas, a divina e a humana: Essa foi uma exigência decidida no conselho Trinitário acerca do pacto da redenção. O Redentor tinha de ser DEUS para ter o poder de redimir e tinha de ser homem para poder sofrer no lugar daqueles que haveria de redimir. Assim sendo, linguisticamente, como uma palavra é a expressão de uma ação, ou de um pensamento, o Verbo é a expressão de DEUS, é DEUS tornando expresso em palavras e atitudes. O Verbo passou a possuir alguma coisa que não lhe pertencia antes da encarnação: carne, isto é, as propriedades da natureza humana. A Confissão de Fé de Westminster, elaborada no século 17 afirma o seguinte: "O Filho de DEUS, a Segunda Pessoa da trindade, sendo verdadeiro e eterno DEUS, da mesma substância do Pai e igual a ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre Si à natureza humana com todas as suas propriedades essenciais, com suas enfermidades e debilidades, contudo sem pecado, sendo concebido pelo poder do ESPÍRTO SANTO no ventre da virgem Maria e da substância dela. As duas naturezas, inteiras perfeitas e distintas - a divina e a humana - foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão; essa Pessoa é verdadeiramente DEUS e verdadeiramente homem, porém, um só CRISTO, o único mediador entre DEUS e os homens".
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O Cristo Encarnado, fazendo-se filho do homem, manifestou plenamente o amor de Deus ao mundo.
II. O CRISTO HUMILHADO E FERIDO DE DEUS
O estado da humilhação de Cristo foi aquela baixa condição, na qual, por amor de nós, despindo-se da sua glória, Ele tomou a forma de servo em sua concepção e nascimento, em sua vida, em sua morte e depois até à sua ressurreição (Fp 2.6-8; 2Co 8.9). Cristo humilhou-se na sua concepção e nascimento, em ser, desde toda a eternidade o Filho de Deus no seio do Pai, quem aprouve, no cumprimento do tempo, tornar-se Filho do homem, nascendo de uma mulher de humilde posição com diversas circunstâncias de humilhação fora do comum (1Jo 1.14, 18; Lc 2.7). Cristo humilhou-se na sua vida, sujeitando-se à lei, a qual perfeitamente cumpriu, e lutando com as indignidades do mundo, as tentações de Satanás e as enfermidades da carne, quer comuns à natureza do homem, quer as procedentes dessa baixa condição (Gl 4.4; Mt 5.17; Is 53.2-3; Hb 12.2-3; Mt 4.1; Hb 2.17-18). Cristo humilhou-se na sua morte porque, tendo sido traído por Judas, abandonado pelos seus discípulos, escarnecido e rejeitado pelo mundo, condenado por Pilatos e atormentado pelos seus perseguidores, tendo também lutado com os terrores da morte e os poderes das trevas, tendo sentido e suportado o peso da ira de Deus, Ele deu a sua vida como oferta pelo pecado, sofrendo a penosa, vergonhosa e maldita morte da cruz (Mt 27.4, e 26.56; Is 53.3; Mt 27.26; Lc 22.44; Mt 27.46; Is 53.10; Mt 20.28; Fp 2.8; Gl 3.13). A humilhação de Cristo depois da sua morte consistiu em ser ele sepultado, em continuar no estado dos mortos e sob o poder da morte até ao terceiro dia; o que, aliás, tem sido exprimido nestas palavras: Ele desceu ao inferno (Hades) (1Co 15.3-4; Mt 12.40).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O Cristo humilhado e ferido de Deus, não foi compreendido pelos judeus e nem pelos gentios. Todavia, ambos, ao receberem Jesus, pela fé, passaram a entender perfeitamente a morte e a ressurreição do Senhor.
III. O CRISTO GLORIFICADO
O estado de exaltação de Cristo compreende a sua ressurreição, ascensão, o estar sentado à destra do Pai, e a sua segunda vinda para julgar o mundo (1Co 15.4; Lc 24.51; Ef 4.10, e 1.20).
1. Ressurreição. Cristo foi exaltado na sua ressurreição em não ter visto a corrupção na morte (pela qual não era possível que Ele fosse retido), e o mesmo corpo em que sofrera, com as suas propriedades essenciais (sem a mortalidade e outras enfermidades comuns a esta vida), tendo realmente unido à sua alma, ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, pelo seu próprio poder, e por essa ressurreição declarou-se Filho de Deus, haver satisfeito a justiça divina, ter vencido a morte e aquele que tinha o poder sobre ela, e ser o Senhor dos vivos e dos mortos. Tudo isto fez Ele na sua capacidade representativa, como Cabeça da sua Igreja, para a justificação e vivificação dela na graça, apoio contra os inimigos, e para lhe assegurar sua ressurreição dos mortos no último dia (At 2.24; Sl 16.10; Lc 24.39; Rm 6.9; Ap 1.18; Jo 2.19, e 10.18; Rm 1.4 e 8.33-34; Hb 2.14; Rm 14.9; 1Co 15.21-22; Ef 1.22-23; Rm 4.25; Ef 2.5-6; 1Co 15.20, 25-25; 1Ts 4.14).
2. Ascensão aos céus. Cristo foi exaltado na sua ascensão em ter, depois da sua ressurreição, aparecido muitas vezes aos seus apóstolos e conversado com eles, falando-lhes das coisas pertencentes ao seu reino, impondo-lhes. o dever de pregarem o Evangelho a todos os povos, e em subir aos mais altos céus, no fim de quarenta dias, levando a nossa natureza e, como nosso Cabeça triunfante sobre os inimigos, para ali, à destra de Deus, receber dons para os homens, elevar os nossos afetos e aparelhar-nos um lugar onde Ele está e estará até à sua segunda vinda no fim do mundo (At 1.2-3; Mt 28.19; Hb 6.20; Ef 4.8, 10; At 1.9; Sl 68.18; Cl 3.1, 2; Jo 14.2-3; At 3.21).
3. A segunda vinda. Cristo é exaltado em sentar-se à destra de Deus, em ser Ele, como Deus-homem, elevado ao mais alto favor de Deus o Pai, tendo toda a plenitude de gozo, glória e poder sobre todas as coisas no céu e na terra; em reunir e defender a sua Igreja e subjugar os seus inimigos; em fornecer aos seus ministros e ao seu povo dons e graças e em fazer intercessão por eles (Fp 2.9; At 2.28; Jo 17.5; Ef 1.22; Mt 28.18; Ef 4.11-12; Rm 8.34).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O Cristo Glorificado pode ser visto pelas Escrituras nos seguintes eventos: ressurreição, ascensão aos céus, segunda vinda e triunfo sobre as forças do mal.
(III. CONCLUSÃO)
João vivenciou juntamente com os destinatários de sua carta, a aflição de ser perseguido por causa da fé que tinham em comum, e resistiram com uma paciência incomum diante do sofrimento injusto. No exílio, João recebe a maravilhosa visão do "Cristo triunfante", e pode ter um vislumbre da misericórdia, do amor e da graça de DEUS. O apóstolo que no evangelho escreveu sobre o Verbo encarnado, tem agora a exata visão do Verbo glorificado. Não é somente necessário ao crente crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus, mas também convém crer na Sua Encarnação. Pudemos hoje entender, que a Igreja denomina Encarnação o fato de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana para realizar nela a nossa salvação. Por Encarnação entendemos o fato de Deus fazer-se homem, sem deixar de ser Deus. Deus fez o que para nossa mente parece impossível: unir a sua natureza divina a uma natureza humana, a um corpo e alma como os nossos. Hoje Cristo está entronizado no céu como Rei, sentado à mão direita de Deus. Elevado à presença de Deus, Ele completou sua jornada e deu o passo final para sua exaltação na glória. O Cristo, nascido de mulher, que vivia uma vida humana e morreu na cruz, agora está sentado à mão direita de Deus. Nesse momento, Jesus cumpre seu ofício real na ascensão. Como Rei, Ele derramará o Espírito Santo prometido e no fim voltará outra vez” (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. 1.ed., RJ: CPAD, 2003, pp.627,28). “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18).
Subsídio para o Professor
I. O CRISTO ENCARNADO
Por ocasião de sua primeira vinda para manifestar o evangelho, Jesus não apareceu glorificado. Teve uma vida semelhante à nossa, e esteve sujeito ao cansaço, à fome, à sede e demais limitações de um corpo não-glorificado. Precisou comer, dormir, andar, falar com as pessoas e tocá-las. Por meio de sua encarnação, Ele falou aos judeus sobre o plano da salvação. Paulo comenta que Jesus “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2:7). Nesse momento, Jesus experimentou a humanidade. Nos primórdios do cristianismo, a igreja foi nuveada com doutrinas heréticas oriundas do segmento gnóstico. Um desses ensinos falsos era que Jesus não veio em carne, ou seja, esses falsos mestres alegavam que Jesus não havia encarnado, mas que um espírito se apossara do corpo do Senhor por ocasião do seu nascimento ou batismo, retirando-se por ocasião da crucificação. Os textos de 1João 4:1-3 denotam a existência desses falsos mestres. O apóstolo João, porém, cuidou logo de refutar esse ensino falso, que pertinaz procurava destruir a fé dos primeiros cristãos. João chamou esses falsos mestres de “anticristos” - “… muitos se têm feito anticristos…”(1João 2:18). E o pior de tudo é que eles saíram do seio da igreja - “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestassem que não são todos de nós”(1João 2:19). Esses falsos mestres se haviam infiltrado na comunidade cristã com o fim de mesclar-se entre os irmãos para perverter a doutrina dos apóstolos. Pareciam cristãos, mas não o eram de fato. Ora, se no início da Igreja foi assim, quanto mais hoje em que a apostasia é o principal tom.
1. A encarnação. “Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus”(1João 4:2). O mais importante não é o fato histórico, ou seja, o fato de que Jesus nasceu no mundo em um corpo humano, mas, sim, a confissão de uma Pessoa Viva, de que Jesus Cristo veio em carne, a confissão que reconhece Jesus como o Cristo encarnado. Quem o confessa também se prostra diante dele como Senhor de sua vida. Hoje, encontramos muitas pessoas dispostas a dizer coisas aceitáveis acerca de Jesus, mas não a confessá-lo como o Deus encarnado. Dizem que Cristo é “divino”, mas não que é Deus. Menosprezam a glória de Cristo. São, portanto, falsos profetas, falsos mestres. No início da Igreja, os falsos mestres do gnosticismo negavam tanto a divindade quanto a humanidade de Cristo. Eles negavam tanto a sua encarnação como a sua ressurreição. Eles negavam tanto a sua concepção virginal quanto a sua morte expiatória. Eles separavam o Jesus do Cristo; faziam uma distinção entre o Cristo divino e o Jesus histórico. Para eles, o Cristo veio sobre Jesus no batismo e se retirou dele na cruz. João classifica esta posição como heresia e procedente do anticristo. Não foi o Cristo que veio “para” a carne de Jesus, mas o próprio Jesus era o Cristo vindo “em” carne. Quem negar isto, ou seja, quem negar que Jesus é o Cristo e que Ele veio em carne não é de Deus; é negar que ele seja o nosso Sumo Sacerdote, que nos abre acesso à presença de Deus; é negar que ele seja o nosso Salvador; é negar a redenção do corpo bem como a possibilidade do encontro entre o humano e o divino. Portanto, a doutrina cristã fundamental, que nunca pode ser transigida, é a da Pessoa divino-humana e eterna de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Nenhum sistema pode ser tolerado, por mais estrondosas que sejam as suas pretensões ou por mais cultos que sejam os seus adeptos, se negar que Jesus é o Cristo vindo em carne, isto é, se negar a sua divindade eterna ou a sua humanidade histórica.
2. O objetivo da encarnação de Cristo. Em Nazaré, a cidade da juventude, Jesus entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume. Lá, Ele levantou para ler as Escrituras do Antigo Testamento. O auxiliar lhe deu o pergaminho no qual a profecia de Isaias estava escrita. O Senhor estendeu o rolo até a parte que agora conhecemos como Isaías 61, e leu o versículo 1 e a primeira metade do versículo 2: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor“(Lc 4:18,19). Quando Jesus disse “hoje se cumpriu a Escritura que acabam de ouvir”, ele estava dizendo de maneira mais clara possível que era o Messias de Israel, e o objetivo de sua encarnação. Jesus veio para tratar dos enormes problemas que têm afligido a humanidade através da história:
· Pobreza: “Levar boas notícias aos pobres”(NTLH). A pobreza não é vista propriamente como escassez de bens materiais, mas como necessidade da alma. No Sermão da Montanha Jesus proclamou: “bem-aventurados os pobres“. Nesse contexto, pobre é o que tem uma carência espiritual! Por conseguinte, é aquele que reconhece suas verdadeiras necessidades espirituais. E por isso almeja um relacionamento mais profundo com Deus como o fez o salmista: “Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo…“(Sl 42:1,2).
· Tristeza: “Restaurar os contritos de coração”(RC). O pecado escraviza e debilita o homem, os quebrantados de coração são aqueles oprimidos e machucados pelo pecado, portanto Jesus veio proporcionar a cura.
· Escravidão: “Apregoar liberdade aos cativos”. Os prisioneiros do pecado sentem medo da morte, sente-se culpado diante de Deus, praticam tudo aquilo que não agrada ao Senhor, motivos estes que conduziram Jesus ao calvário, dando liberdade integral ao homem oprimido pelo pecado. “Se, pois, o Filho do Homem vos libertar, verdadeiramente, sereis livres”(João 8.36).
· Sofrimento: “Dar vista aos cegos”. Existem cegos fisicamente e cegos espirituais, aqueles que não conseguem perceber a verdade de Deus, como nos mostra as escrituras - “nos quais o deus deste século (satanás) cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”(2Co 4:4). Jesus veio libertá-los desse sofrimento. Ele se apresentou como a resposta para todos os males que nos atormentam. E se pensarmos nesses males em sentido físico ou espiritual, isto também se aplica. Cristo é a resposta.
· Opressão: “Pôr em liberdade os oprimidos”. Isto é, romper os grilhões do mal e proclamar a libertação do pecado e do domínio satânico.
· Perdição eterna: “anunciar o ano aceitável do Senhor“. Jesus encarnou-se para propiciar o amanhecer de uma nova era para o ser humano: a Salvação da sua alma. A salvação do homem anunciada pelo próprio Senhor Jesus cumpre-se na integra na vida daqueles que dão ouvidos as Escrituras Sagradas e deixam o poder de Deus agir em suas vidas. É significativo que Jesus termina a leitura com as palavras “anunciar o ano aceitável do Senhor“. Perceba que Jesus não acrescentou as palavras restantes de Isaias: “… e o dia da vingança do nosso Deus”. O propósito da sua primeira vinda, da sua encarnação, foi “anunciar o ano aceitável do Senhor”. A atual época da graça é o tempo aceitável e o Dia da salvação. Ao voltar à Terra pela segunda vez, será para proclamar o “Dia da vingança do nosso Deus”.
II. O CRISTO HUMILHADO E FERIDO DE DEUS
O capítulo 53 de Isaias é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. Nele o profeta dá riqueza de pormenores sobre o sofrimento de Jesus. Após indagar quem havia dado crédito à pregação do Servo do Senhor, apresenta-O sem parecer nem formosura, fala que Ele está desprezado e tornado o mais indigno entre os homens (Is 53:3). Diz que Ele assumiu a posição de vítima no sacrifício, tomando sobre si as nossas enfermidades, as nossas dores. Tornou-se Ele o ferido de Deus e oprimido [humilhado] (Is 53:4). Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades (Is 53:5), ou seja, assumia a condição da vítima dos sacrifícios da lei, levando a culpa do ofertante sobre si (Is 53:6). O profeta afirma que não houve apenas sofrimento, mas morte, pois foi levado como cordeiro ao matadouro (Is 53:7), sendo cortado da terra dos viventes (Is 53:8), devidamente sepultado (Is 53:9), embora fosse justo. Sua morte representou verdadeira expiação do pecado (Is 53:10), que teria o agrado do Senhor e representaria a justificação de muitos (Is 53:11), a ponto de levar sobre si o pecado de muitos e de poder interceder pelos transgressores, embora, para tanto, tivesse tido de ser contado com eles (Is 53:12). Cristo foi humilhado, mas não abriu a sua boca. Diz o profeta Isaias: “Ele foi oprimido [humilhado], mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca“(Is 53:7). Esta observação do profeta Isaias acerca do Sofredor paciente ocorre duas vezes neste versículo. Ele não abriria a sua boca. Em primeiro lugar, Ele não precisava se defender, visto que nenhuma acusação válida foi feita contra Ele. Em segundo lugar, seu julgamento foi apenas uma farsa judicial conduzida por hipócritas sem princípios, reivindicando motivos piedosos, enquanto naquele exato momento estavam violando as leis judaicas da jurisprudência; por conseguinte, nenhuma defesa faria diferença. Diante do Sinédrio, Jesus falou somente quando o silêncio significaria uma renúncia da sua divindade e de ser o Messias(Mt 26:63,34). Diante de Pilatos, Ele somente falou quando o silêncio significaria a renúncia da sua realeza. E diante do incestuoso Herodes, o Tetrarca, não falou uma só palavra(Lc 23:9). Como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim o nosso Senhor suportou em silêncio a sua humilhação. É bom ressaltar que o sofrimento de Cristo e sua morte na cruz são o ponto central da história. Para lá todas as estradas do passado convergem; e de lá saem todas as estradas do futuro. Somente conhecemos a Cristo vendo-o na cruz. Somente encontramos Jesus se pudermos vê-lo como Cristo crucificado. Não podemos vê-lo antes da cruz somente, nem depois somente. Muitos param antes da cruz. Outros tentam encontrá-lo somente como ressuscitado. Muitos evitam a cruz, e assim fazendo rejeitam a Jesus. É bom ressaltar que não estamos simplesmente falando do madeiro em si mesmo, mas da “cruz” de Cristo que representa a sua obra redentora mediante sua morte substitutiva no Calvário.
III. O CRISTO GLORIFICADO
João tem uma visão do Cristo na sua glória excelsa (Ap 1:13-18): “E, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro“. “E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo”; “E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas”. “E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece”. “E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último”; “E o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno”. No versículo 16, veja o que João diz: “E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece”. O que João vê agora não é mais um Cristo servo, perseguido, preso, esbofeteado, com o rosto cuspido, mas do Cristo cheio de glória, Glorificado. A luz do sol supera o brilho dos candelabros. O que João contempla aqui não é mais um rosto desfigurado, ensanguentado, mas um rosto que brilha como o sol. Agora não é mais o Cristo humilhado, mas o Cristo exaltado. Não é mais o Cristo torturado pela sede, esbordoado pelos algozes, ferido pelos soldados, mas o Cristo majestoso diante de quem todo joelho se dobra. Ele disse a João: “fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno“(1:18). Aqui, o Cristo Glorificado mostra a João a sua vitória triunfal. Ele não apenas está vivo, mas está vivo para sempre. Ele não só ressuscitou, ele venceu a morte e tem as chaves da morte e do inferno. Morte, aqui, se refere ao corpo, e o inferno, à alma. A palavra inferno também pode ser traduzida por “Hades”, um termo usado para descrever o reino dos mortos e o estado sem corpo. Quando uma pessoa sem salvação morre, a alma vai para esse lugar, enquanto o corpo desce à cova. Para o cristão, entretanto, esse estado corresponde a estar na presença do Senhor; na ressurreição, a alma será reunida ao corpo glorificado e arrebatada à casa do Pai Celestial. Tanto a morte quanto o Hades serão lançados no lago do fogo no juízo final (Ap 20:14). Quem tem as chaves tem autoridade. Jesus recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra (Mt 28:18). Jesus tem não apenas a chave do céu (Ap 3:7), mas também a chave da morte (túmulo). Agora a morte não pode mais infligir terror, porque Cristo está com as chaves, podendo abrir os túmulos e levar os mortos à vida eterna. João quando viu o Cristo em sua Excelsa Glória ele não suportou, caiu como morto - “E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto”(v. 17). O mesmo João que debruçara no peito de Jesus, agora cai a seus pés como morto. Isaías, Ezequiel, Daniel, Pedro e Paulo (Is 6:5; Ez 1:28; Dn 8:17; 10:9,11; Lc 5:8; At 9:3,4) passaram pela mesma experiência ao contemplarem a glória de Deus. Em nossa carne não podemos ver a Deus, pois ele habita em luz inacessível (1Tm 6:16). É impossível ver a glória do Senhor sem se prostrar. O que a igreja necessita hoje é uma clara percepção de Cristo e Sua glória. Necessitamos vê-lo exaltado em Seu alto e sublime trono. Há uma perigosa ausência de admiração reverente e adoração em nossas assembléias hoje. Orgulhamo-nos de nos levantar sobre os nossos próprios pés, em vez de cairmos com o rosto em terra ante os pés do Cristo Glorificado.
1. Ressurreição. A ressurreição é a restituição à vida, ou seja, o retorno à unidade entre corpo, alma e espírito, que havia quando da vida física. É válido ressaltar que a ressurreição de Jesus foi a primeira ressurreição propriamente dita, porque Jesus ressuscitou em corpo glorificado, para não mais morrer, visto que não pecou e venceu o pecado e a morte, morte que é o último inimigo a ser derrotado(1Co 15:54, 55). Por isso, Jesus foi feito “as primícias dos que dormem” (1Co 15:20). É importante observar que Jesus ressuscitou enquanto homem e, portanto, foi o Deus Pai quem O ressuscitou (At 2:32; 3:15; 4:10; 10:40; 13:30,37; Rm 4:24; 1Co 6:14; 15:15; 1Pe 1:21). Com a ressurreição, Jesus foi exaltado sobre todo o nome (Fp 2:9). A ressurreição de Jesus Cristo é a demonstração de que o seu sacrifício foi aceito por Deus (Is 53:10-12), assim como a saída do sumo sacerdote do lugar santíssimo em vida significava, no tempo da lei, que Deus havia perdoado as iniquidades do povo e que cobrira os pecados por mais um ano (Lv 16:29-34). A ressurreição de Jesus Cristo é a demonstração de que Ele venceu a morte e que, por isso, também nós poderemos nEle vencê-la e alcançar a vida eterna (Rm 8:11; 2Co 4:14; Ef 2:6; 1Ts 4:14). A ressurreição de Jesus Cristo é a principal garantia de que devemos aguardá-lo, pois, assim como Ele ressuscitou, como havia prometido, Ele também voltará para arrebatar a sua Igreja e nos livrar da ira futura (1Co 15:51-57; 1Ts 1:10).
2. Ascensão. A Ascensão de Jesus Cristo é a Sua grande coroação como Rei dos reis e Senhor dos senhores. É o evento pelo qual Cristo cumpriu o seu ministério terreno, concluiu suas aparições pós-ressurreição, deixou a Terra, e subiu ao Céu, de onde aguardamos o seu retorno fisicamente, conforme nos garante a Palavra de Deus. À semelhança do que ocorrera no Monte da Transfiguração, o corpo de Cristo foi elevado aos Céus já revestido de glória, poder e celestialidade. Quando da sua segunda vinda, teremos um corpo semelhante ao dele (1Co 15:50-58; 1João 3:2). No Evangelho segundo escreveu Lucas é descrito esse fato da seguinte forma: “Então, os levou para Betânia e, erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o Céu” (Lc 24:50-51 ARA). O Livro de Atos o descreve da seguinte forma: “Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (Atos 1:9-11 ARA). Podemos afirmar ainda que a Ascensão de Cristo é o término de sua missão vicária e de sua presença visível na terra. Se o dia da sua crucificação fosse a Palavra final, estaríamos perdidos e nos restaria a confissão de desespero dos discípulos de Emaús: “Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel” (Lc 24:21 ARA); seria o triunfo da lei, de Satanás e do Inferno. Todavia, Cristo triunfou sobre os poderes das trevas, sobre o pecado, a morte e Satanás. Agora, a cristandade pode confessar alegre e vitoriosamente: “Creio na ressurreição da carne e na vida eterna”, pois a ascensão de Cristo é a aprovação e a confirmação divina de toda a obra redentora de Cristo, e sua coroação como Rei dos reis e Senhor dos senhores, como Redentor e Juiz de vivos e de mortos. Glórias sejam dadas ao Senhor Jesus Cristo!
3. A Segunda Vinda. A Promessa da segunda Vinda de Cristo é a mais importante para a Igreja, é a razão da sua própria fé. Ela é lembrada no Novo Testamento por 318 vezes. É “a bem-aventurada esperança” de que trata Tito 2:13. Esse tão aguardado evento significará, para a Igreja, o ápice de sua peregrinação neste mundo (Mt 16:18). Ela representa o último estágio do processo da Salvação, que é a glorificação. Paulo, na sua última epístola, mostra que era esta a sua esperança, tanto que diz que esperava a coroa que estava reservada não só a ele, mas a todos quantos amassem a vinda do Senhor (2Tm 4:8), a nos indicar, portanto, que o motivo do bom combate, da guarda da fé e da carreira até o fim era o amor à vinda de Jesus. Em apocalipse 1:7, João faz uma descrição da gloriosa vinda do noivo da igreja para estabelecer o seu reino na terra: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!”. É a verdade mais preciosa que contém a Bíblia. Enche o coração do crente de gozo e o cinge com força para a batalha. Eleva-o por cima das lutas, temores, necessidades, provas e ambições deste mundo, e o faz mais que vencedor em todas as coisas. W. J. Grier diz que na sua gloriosa vinda, as nuvens serão a sua carruagem; os anjos, a sua escolta; o arcanjo, o seu arauto e os santos, o seu glorioso cortejo (W.J.Grier. O maior de todos os acontecimentos. Imprensa Metodista. São Paulo, SP). Na primeira vinda, a glória de Cristo não era autoevidente, mas na segunda vinda o será (Mc 14:61). A igreja triunfa com Ele, enquanto Seus adversários lamentarão (1:7; 6:15-16; Zc 12:10).
CONCLUSÃOTemos hoje uma visão do Cristo glorificado? Temos honrado o seu glorioso nome? Estamos nos preparando para nos encontrar com Ele, como as virgens prudentes? Nossas lâmpadas estão cheias de azeite?
Bibliografia:
William Macdonald - Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento). Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal. Revista Ensinador Cristão - nº 49. O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS. Comentário Bíblico Beacon - CPAD. Comentário Bíblico NVI - EDITORA VIDA. Rev.Hernandes Dias Lopes - Apocalipse - O futuro chegou. Rev.Hernandes Dias Lopes - Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.
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