Paraguaios são primeiros turistas gays a se casarem na Argentina
Casamento ocorreu na cidade de Rosário após mudança na lei em fevereiro.
Simón Cazal e Sergio López agora querem reconhecimento no Paraguai.
Desde a última sexta-feira (23), quando foram os protagonistas do primeiro casamento entre turistas gays não residentes na Argentina, os paraguaios Simón Cazal, de 31 anos, e Sergio López, de 18, dizem se sentir mais integrados à sociedade, com a sensação de serem "cidadãos de verdade".
“Já moramos juntos há algum tempo, então, em nível pessoal não há muitas mudanças [após o casamento], mas sim a sensação de sentir o reconhecimento legal, a formalidade, sensação de sermos cidadãos de verdade”, disse López. “Antes, nós tínhamos a sensação de excluídos da sociedade, das leis”, afirmou Cazal.
A celebração foi realizada na província de Santa Fé, na cidade de Rosário, que fica a cerca de 300 quilômetros de Buenos Aires, e converteu a cidade como a primeira da Argentina a formalizar o tipo de união, de acordo com o governo local.
Para o casamento, o casal viajou 15 horas de ônibus de Assunção, no Paraguai, até Rosário. De acordo com os noivos, seus familiares também se deslocaram para acompanhar a cerimônia.
Em julho de 2010, a Argentina se transformou no primeiro país da América Latina a autorizar por lei o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Desde fevereiro deste ano, uma mudança na legislação da província de Santa Fé permite que turistas do mesmo sexo não residentes no país se casem, de acordo com a circular nº 5, de 23 de fevereiro de 2012. Assim que souberam da novidade, CAzal e López se organizaram para serem os primeiros da fila e, um mês depois da alteração na lei, concretizaram o desejo.
Antes, homossexuais estrangeiros precisavam estabelecer residência fixa na Argentina para se casarem, explica Cazal, o que ambos já se programavam para fazer. Com a alteração, o casal apenas antecipou a celebração. A mudança, contudo, vale apenas para as cidades da província de Santa Fé, diz.
A escolha de Rosário para o casamento envolveu a simpatia do casal pela cidade. “Gostamos muito de Rosário, que tem uma polícia de inclusão”, afirmou Cazal. O recém-casado disse que fazia um ano que ele e López queriam se casar. Eles já namoravam há 3 anos e moravam juntos há um ano e meio.
“Não tivemos trabalho para nada, a única coisa que tivemos que fazer foi chegar na cidade com 96 horas de antecedência do casamento e apresentar o documento de identidade e o comprovante de entrada no país”, revelou Cazal.
Agora, o casal está em lua de mel em Rosário até a semana que vem, quando volta ao Paraguai para começar uma segunda luta, para que o casamento seja reconhecido em solo paraguaio.
“Os funcionários do registro público civil já anunciaram que não irão aceitar nosso casamento (...). Atualmente, qualquer matrimônio realizado no estrangeiro pelos paraguaios é reconhecido pela Justiça. Nós vamos tentar fazer o trâmite normal, como quaisquer casados. Se nos disserem que não, vamos pedir o reconhecimento na Justiça”, afirmou Cazal.
Os recém-casados trabalham em uma organização que luta pelos direitos dos homossexuais no Paraguai, a Somosgay, e afirmam que o casamento na Argentina foi também uma reivindicação política. “Queríamos ser os primeiros para que viessem as notícias e para reivindicar ao nosso país a melhorar e mudar também”, explicou Cazal.
G1.com
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