26 fevereiro 2012

Entrevista Vitor Lobo

O que Deus fez na minha vida/Vitor Lobo 


 
Primeiro, gostaria que você nos contasse como conheceu a Cristo.
Eu conheço Cristo desde que era criança. Meus pais me levavam à igreja, e desde pequeno, eu aprendi sobre a Bíblia, sobre Jesus. Sempre vivi de acordo com as leis religiosas e não tive outra vida que não fosse segundo os padrões eclesiásticos. A igreja era como um clube social pra mim, amigos, diversão, música, paixões platônicas proto-púberes, mas sem profundidade, sem intimidade com Jesus. Mesmo com uma vida aparentemente em ordem, ainda existia um vazio existencial que precisava ser preenchido. Mas, só tive um encontro pessoal e íntimo com Ele depois que descobri que estava doente. O medo da morte, a vontade de dar um sentido real pra minha vida me fez mergulhar na Bíblia pra descobrir quem era Jesus de verdade e o que Ele podia fazer por mim. Foi no ano de 2003, quando eu me apaixonei por Jesus. Cada frase que eu lia no novo testamento de histórias que eu já conhecia me fascinavam de uma maneira completamente diferente e mágica. Esse homem era tão incrível pra mim! Suas palavras, seus milagres, seu amor…Eu fui sendo envolvido de tal maneira que foi irresistível,eu estava ali apaixonado por Ele, querendo mudar minha vida e minhas atitudes para agradá-lo, tal era meu amor por Ele.Desde aquele dia, eu vivo por Ele, morro por Ele e continuo aqui de queixo caído pelas provas de amor que Ele me dá. Simplesmente, é impossível não amar alguém que te ama tanto. É como um sonho. A maior história de amor que a humanidade já presenciou. É impossível se aproximar e não amar a Jesus. 
Você já esteve até paraplégico, e depois, voltou a andar. Em meio a essa e   outras situações extremamente sensíveis, qual foi a mais difícil e como você a superou?
O mais difícil foi não poder andar. Junte isso com não ter o seu braço esquerdo e sentir dores insuportáveis a ponto de tomar 80 ampolas de morfina por dia.Eu superei com fé todas essas dificuldades, não com uma fé cega, mas uma fé racional, lógica, que Deus deixou escrito na sua Palavra. Se lá diz que todas as coisas cooperam para o bem… Eu vou duvidar? Se está escrito que nada pode me separar do amor de Cristo, como posso duvidar? E tantas outras promessas dedicadas a nós. Não podemos duvidar, elas vão se cumprir. Deus honra sua Palavra. Algumas vezes, eu fechava os olhos e me desligava de tudo, do mundo, do hospital, da dor, e mergulhava dentro de mim. Eu ia pra um lugar secreto que eu criei, um jardim, e ninguém podia entrar lá. De olhos fechados, era como se eu entrasse em coma profundo. Eu não estava ali, paraplégico, num leito de hospital. Eu fugia de tudo e no meu jardim secreto, só Jesus podia entrar. Lá, eu contava meu dia, chorava, pedia consolo, ajuda, e era consolado com muito carinho pelo meu Senhor. Nesses momentos, ninguém tirava minha paz, eu podia andar, correr outra vez, tocar violão, sorria sem dor, e me sentia renovado pra abrir os olhos e enfrentar o mundo de cabeça erguida e tinha muita fé pra matar os gigantes. Só assim, eu consegui superar a luta de 1 ano sem poder andar.

Em meio a toda essa constante provação, qual é o papel da música, do louvor na sua vida?
A música teve um papel muito importante nesses momentos difíceis. Eu exorcizava meus dragões interiores com composições que eram desabafos cantados. Fiz um tratamento de musicoterapia no hospital que me ajudou muito também. Mas, para mostrar a importância da música, vou contar um fato que ocorreu comigo. Eu já estava há 4 dias sem dormir em minha casa, por causa de dores causadas por um tumor na bacia que estava comprimindo um nervo e causava dores alucinantes. Oramos durante 4 dias, jejuamos, clamamos, lemos a Palavra, e eu ainda continuava gritando de dor. No quarto dia, minha mãe encharcava meu peito de lágrimas, sussurrando pra Deus bem baixinho: “Basta uma palavra Senhor, só uma palavra…”
Eu estava cansado de estar de pé por 4 dias, pois a compressão do tumor não me permitia deitar por mais de 3 minutos, e meu pai quase desesperado de me ver naquela situação, já sem palavras bonitas para orar como todos nós, abriu um hinário antigo e começou a cantar: “Mais perto quero estar…”. Uma paz foi invadindo aquele quarto, minha dor foi passando, eu fui tomado por um sono tranqüilo e dormi. Desde que eu acordei, no outro dia, nunca mais senti aquela dor, e isso já faz 2 anos. Quando não houve mais palavras bonitas para dizer…louve, cante, e Deus vai entender o clamor da sua alma. A música é um presente de Deus na minha vida.
De lá pra cá, muita coisa mudou. Nós temos acompanhado a sua trajetória, e vemos que sua história lembra a de Jó. Vemos que não se trata de punição de Deus, mas de algo muito maior, que é a salvação de vidas através do seu testemunho de perseverança e fidelidade. Como você define o momento pelo qual está passando? O que você espera ver, acontecer?
Eu vejo tudo o que estou passando como graça de Deus, como prova de amor. A maior prova de amor que Deus me deu, ultimamente, foi ter amputado meu braço pela segunda vez. Antes disso, eu carregava uma culpa muito grande, pois as pessoas fizeram eu acreditar que essa doença era castigo de Deus por algum pecado que eu teria cometido, que Deus arrancara meu braço por que eu tocava rock cristão. Eu achava que Deus não me amava, e dentro de mim, eu acreditei que se fosse um crente melhor, Deus me perdoaria e me curaria. Eu queria comprar o amor de Deus com obras. Isso está errado! Muitos crentes, hoje, fazem isso! Acreditam no KARMA que você pecou e Deus vai te fazer pagar esse pecado com algum castigo, mesmo que você peça perdão. Anulam a graça de Deus pelo merecimento de uma cura ou uma bênção através de campanhas, ofertas e obras pra comover o coração de Deus. Isso é heresia, mas já está impregnada em muitas igrejas.
Então no momento em que eu estava melhor com Deus,pregando, cantando, sendo fiel ganhando centenas de almas com minha vida e meu trabalho musical, aparece um novo tumor e nova amputação do mesmo braço. Nesse momento Deus me mostrou que sempre me amou e que isso nunca mudou, nem com a doença, nem com meu pecado,nem com meu bom serviço pra o evangelho.Não podemos fazer nada,absolutamente nada, pra que Deus nos ame mais ou que nos ame menos,seu amor sempre será igual.Eu pequei: Deus me ama! Ganhei 100 almas: Deus me ama igual! Tenho saúde: Deus me ama! Estou na UTI: Deus me ama da mesma maneira! Isso é graça! Então a maior prova de amor que Deus me deu foi ter amputado meu braço pela segunda vez, porque aí entendi o que é graça,eu tirei aquela culpa que eu carreguei durante anos,essa culpa podia me levar pro inferno!por que eu estava fazendo meu trabalho pra Deus por interesse,pra ser curado,para merecer minha bênção. Ninguém merece nada, mas Deus nos dá de graça, por amor. Isso mudou minha vida, hoje eu trabalho o dobro pra Deus, mas não pra merecer a cura que eu tanto quero, mas por que entendo que Deus me dá tanto sem eu merecer que eu faço tudo por Ele pela gratidão desse amor tão lindo que eu recebo e não mereço.
Essa foi a diferença de Jó, ele entendeu isso e foi aprovado por Deus.Deus não castiga ninguém,nem pune a gente pelo que erramos mesmo que tenhamos pedido perdão,hoje vivemos pela graça,não é a lei, ou o cumprimento de liturgias que nos tornam inocentes,limpos e sãos perante Deus,é a graça que faz isso, e nós queridos, não podemos fazer nada pra merecer isso. Eu ainda espero ser curado,eu quero viver muitos anos, quero casar com a Rafaella, ter filhos trabalhar muito pra Deus. Eu ainda tenho mais de 15 tumores pelo meu corpo,alguns ainda continuam crescendo, ainda não tem cura pra mim, mas o que eu posso fazer? Só continuar pedindo a cura, deixar minha marca nesse mundo, através da pregação da palavra de Deus, pelas minhas palavras, minha musica e minha vida, e viver cada dia como se fosse o ultimo e como se fosse o primeiro, sendo o melhor que eu posso em tudo o que eu faça. Termino com um trecho de uma musica minha:
“Quando eu partir não chorem por mim,
Que eu vou estar bem e esse não é o fim.
Quando eu partir, eu vou descobrir,
Por que eu sinto tanta saudade de tudo o que eu ainda não vi.
Somos estrangeiros dentro do nosso país,
Somos reis e rainhas de um reino que não é daqui.”

5 – Que recado você deixa para os jovens que, como você, já tiveram uma vida em que Deus tinha, na verdade, lugar secundário?
Não podemos brincar com o tempo. A vida não é um ensaio, só temos uma chance de sermos os protagonistas de nossa história, de sermos felizes. E Deus nos faz sentir vencedores, felizes e atores principais de uma historia linda que Ele quer construir pra nós.
Deus dá um sentido pra nossa vida. Quem tem Deus em segundo lugar não é feliz, não controla sua vida, pois é marionete na mão do diabo, dos amigos falsos, da sociedade e suas leis canibais de seleção. Só que infelizmente quem anda longe de Deus só percebe que jogou fora sua vida quando é tarde demais e só resta o pior dos sentimentos humanos: o arrependimento!
O que é felicidade pra você? Memórias de um natal maravilhoso em família da sua infância? Andar de mãos dadas numa tarde de domingo, num parque qualquer, com alguém que você ama? Ter dinheiro e muitos bens? Eu te digo, vai chegar um momento na sua vida que tudo isso não vai te livrar do pavor e do medo que todos sentimos da morte! E da pergunta que todos faremos um dia: “minha vida valeu a pena?” e “o que vai acontecer comigo depois que eu morrer?”
Deus em primeiro lugar na sua vida vai responder satisfatoriamente todas essas perguntas. Ele vai te fazer feliz, vai dar um sentido pra tua vida tirando aquele vazio existencial que você sente e que só DEUS pode preencher e aí sim te fazer feliz. E vai te dar a segurança e a certeza que nada pode te separar do amor de Jesus, Ele sempre vai estar com você, Ele nunca vai te abandonar, até mesmo na morte.
RZion/Luciana Almeida

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