Lição 10: O Exercício Ministerial na Casa do Senhor
4 de dezembro de 2011
TEXTO ÁUREO
“Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Co 4.2) – Despenseiros, oikonomos; Strong 3623: Comparar com ‘economia’. De oikos, ‘casa’ e Nemo, ‘dispor’. A palavra originalmente se referia ao administrador de uma família ou propriedade, e depois, em um sentido mais amplo, denotava um administrador ou mordomo em geral. Em 1Co 4.1 e Tt 1.7, refere-se aos ministros cristãos; mas em 1Pe 4.10, denota os cristãos em geral, usando os dons confiados a eles pelo Senhor para o fortalecimento e estímulo dos companheiros crentes [1]. Um despenseiro tinha total responsabilidade pela família e devia explicações apenas ao proprietário, que podia tomar decisões finais sozinho. O despenseiro devia ser fiel em fazer para a família exatamente o que lhe tinha sido confiado. Da mesma maneira, os ministros não devem expor nada além menos do que toda a vontade de Deus [2].
VERDADE PRÁTICA
O verdadeiro líder age com sabedoria e prudência, porque sabe que a sua autoridade procede do soberano e único Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Neemias 13.1-8.
Objetivos
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Conscientizar-se de que o líder deve ser comprometido com o Reino de Deus;
- Saber que os recursos financeiros na Casa de Deus devem ser administrados com transparência e fidelidade; e
- Compreender que as ofertas e dízimos são importantes para a expansão do Evangelho
- Conscientizar-se de que o líder deve ser comprometido com o Reino de Deus;
- Saber que os recursos financeiros na Casa de Deus devem ser administrados com transparência e fidelidade; e
- Compreender que as ofertas e dízimos são importantes para a expansão do Evangelho
Palavra Chave
Ministro: [Do lat. Ministrum] servidor, servo.
COMENTÁRIO
(I. Introdução)
Somente o Espírito Santo pode produzir as virtudes que constituem o chamado ‘fruto do Espírito’ na vida dos regenerados, daqueles que devem ser distinguidos pelo caráter íntegro. Estar cheio do Espírito nos chama tanto para a integridade de caráter quanto para o exercício dos dons espirituais. As características do fruto do Espírito devem crescer em nossa vida da mesma forma que os dons do Espírito recebidos e exercitados para o serviço em prol da igreja. Nesse sentido, não podemos produzir sozinhos nem um nem o outro; apenas uma vida completamente controlada pelo Espírito Santo possuirá todas essas graças. Note-se, ainda, que não alcançaremos o caráter ideal observando algum código de leis/obrigações ou de uma lista de ‘pode-não pode’. Somos chamados para amar e servir o próximo da mesma forma como Jesus fez, inclusive com o mesmo poder do Espírito Santo e com a mesma liberdade graciosa. Nosso caráter é trabalhado pelo Espírito Santo que nos vai tornando, dia a dia, mais útil a Deus, à sua Igreja e ao próximo (Gl 5.22). Boa aula!
(II. Desenvolvimento)
I. A CONTAMINAÇÃO DO MINISTÉRIO
1. O sacerdote aparentado com o ímpio. Na história de Israel o sincretismo (mistura com várias religiões) tinha sido a causa de sua queda. Neemias toma o devido cuidado de relembrar ao remanescente os motivos pelos quais haviam passado por tanta dor e sofrimento, e toma medidas para assegurar que o Israel restaurado nunca mais tomasse a atitude de acrescentar outros deuses ao culto Javístico. Ele sabia que a uma santidade genuína deve ser ativa e dinâmica, não passiva e estática; é preciso remover os caminhos do mundo, cortando pela raiz, onde quer que tenham se tornado parte da vida do crente ou da igreja; é preciso rejeitar os compromissos carnais e alianças ímpias. Eliasibe, apesar de ser o sumo sacerdote (Ne 13.28), ignorando as demandas da lei divina e o árduo trabalho de Neemias, começou a agir permissivamente em relação à administração da Casa de Deus; Eliasibe, encarregado dos depósitos do templo, onde as ofertas em espécie do povo eram armazenadas, na ausência de Neemias, cedeu uma grande sala para uso de Tobias, anteriormente usada para guardar ofertas e os utensílios do templo. Tobias é aquele aliado de Sambalate, o árabe Gesém e os demais inimigos de Israel que opuseram-se à reconstrução dos muros de Jerusalém. Em sua condição de amonita, não poderia sequer adentrar ao templo, quanto mais ocupar um ‘apartamento’ nele. Mas, como tudo indica, era genro do sacerdote Secanias e aparentado com Eliasibe, e tinha muita influência entre os nobres de Judá (Ne 6.17-19). A presença de Tobias fez sair os utensílios do templo, o azeite, o incenso, a adoração, os dízimos, a oferta, a alegria. Se permitirmos que ‘Tobias’ se acomode no ‘templo’, não haverá espaço para santidade, não haverá espaço para o temor (At 2.43).
2. Privilégios abusivos (Ne 13.5). Parece-me que semelhanças à esse evento específico da história de Israel são encontradas hoje na história atual e recente da Igreja, em especial a Igreja brasileira. Parece que Tobias ainda mantém sua influência sobre muitos hoje. Infelizmente também temos os “Eliasibes” abrindo as portas para os “Tobias”. Nesta época de muita efusão tele-evangélica, crescimento numérico de denominações, busca desenfreada pelo ‘consumo’ de bênçãos, há pouquíssimo movimento sincero e genuinamente espiritual. O templo foi profanado pelo espírito ambicioso de Tobias, que quer a todo custo ‘fazer sua cama’ por trás dos púlpitos. Eliasibe deixou de cumprir a sua obrigação; não tinha mais cuidado com as coisas de Deus, e também não estava cumprindo o que foi estabelecido em Ne 12.44-47; havia se aparentado com Tobias, que era amonita, e veio a beneficiar justamente o arquiinimigo do povo de Deus. Não é de arrepiar esse quadro quando comparado ao atual? O próprio comentarista da revista escreve em uma de suas obras: “Em um determinado Estado, o líder escriturava os imóveis, terrenos e templos em seu próprio nome. Quando foi disciplinado pelo ministério por ter caído em pecado, achou que os templos e os terrenos lhe pertenciam, pois estavam registrados em seu nome, mas, na verdade, foram adquiridos com as contribuições dos fiéis. Isso é corrupção, descalabro moral, além de pecado gravíssimo diante de Deus” [3]. Fomos constituídos por Cristo para sermos o exemplo dos santos, conforme recomenda Paulo a Timóteo: “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1Tm 4.12). O Rev. Hernandes Dias Lopes em seu artigo intitulado ‘Escolhendo a liderança da igreja’ , afirma que “É Deus quem escolhe, chama e capacita a liderança da sua igreja. É Deus quem dá pastores à sua igreja. É o Espírito Santo quem constitui presbíteros na igreja. A igreja expressa a vontade de Deus pelo voto, mas em última instância é o próprio Deus quem escolhe aqueles a quem ele mesmo quer para pastorear as suas ovelhas. Hoje, esta igreja estará escolhendo, sob a orientação divina, presbíteros e diáconos. Nossa oração é que, aqueles que forem eleitos, sejam homens cheios do Espírito Santo, dedicados ao pastoreio do rebanho de Deus”, e destaca ainda, cinco características que o líder deve possuir em seu perfil: ‘o líder precisa andar com Deus antes de fazer a obra de Deus’; ‘o líder precisa ter consciência do seu chamado divino’; ‘o líder precisa cuidar de si mesmo e do rebanho de Deus’; ‘o líder precisa proteger as ovelhas dos falsos ensinos’; e ‘o líder precisa ter motivações corretas no pastoreio do rebanho de Deus’. Entendemos que ‘Vida com Deus’ precede ‘trabalho para Deus’; a vida do líder é a vida da sua liderança. O interesse divino está centrado mais em quem o líder é do que naquilo que o líder faz. O líder tem a obrigação de proceder corretamente, zelar pelo rebanho que lhe foi confiado, com motivações corretas, buscando sempre os interesses de Cristo e da igreja em detrimento de vantagens pessoais. É importante ainda, salientar que o líder tem a obrigação de apascentar o rebanho com dedicação, amor e zelo, e não como é cada vez mais comum, como que tendo rigoroso domínio.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Eliasibe, o Sumo Sacerdote, passou agir com permissividade na administração da Casa de Deus.
II. A JUSTA INDIGNAÇÃO DO HOMEM DE DEUS
1. A firmeza de um líder. Neemias era íntegro e ele nos mostrou que a integridade vem a partir de um compromisso com a Palavra de Deus. O mal nunca se vê tão satisfeito como quando está alojado firmemente no centro da obra de Deus. A purificação do templo por Neemias nos faz lembrar o zelo e ira justa de Jesus quando purificou o templo (Jo 2.13-17). Para os judeus sinceros, o templo era considerado a morada da presença de Deus, imaginemos o que sentiu Neemias ao se deparar com Tobias ocupando um aposento da morada de Deus! Pela sua firmeza, Neemias apresenta-nos grandes lições para o crente e princípios de liderança para os obreiros chamados para a grande obra do Senhor. Cabe-nos agora, aprendermos essas lições e aplicá-las no dia-a-dia.
2. A resposta do povo. Liderança eficaz traz confiança por parte dos liderados. Neemias restaurou a totalidade do culto no templo, corrigiu as falhas e pôs cada indivíduo no seu devido lugar. Agora os judeus sentem firmeza em contribuir trazendo suas ofertas e depositando-as naquele aposento onde antes o desviado Eliasibe colocara Tobias: “Então, todo o Judá trouxe os dízimos do grão, e do mosto, e do azeite aos celeiros” (Ne 13.12). Quando há transparência, correta aplicação, compromisso sincero com o emprego daquilo que é entregue à ‘casa do tesouro’, e obreiros que esmeram-se quando à frente desse espinhoso trabalho, certamente o povo alegremente cooperará “Também no mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali” (Ne 12.44).
3. O procedimento do líder cristão. O que mais estamos assistindo hoje? Lideranças cristãs envolvidas em escândalos. Mas, é importante salientar que pode até parecer que muitos líderes cristãos estejam envolvidos em escândalos, talvez devido à atenção exagerada que a mídia secular dispensa a tais escândalos vindos de um setor que, até pouco tempo, era caracterizado pela lisura, pelo procedimento exemplar. Certamente Deus tem reservado os seus ‘sete mil’ que não se curvaram à Baal, que não se vendem por ninharias, milhares de líderes cristãos, pastores, professores, missionários, evangelistas que jamais se associou a alguma coisa “escandalosa”. Felizmente, a grande maioria dos crentes é constituída por homens e mulheres que amam ao Deus que os resgatou, são fiéis aos seus cônjuges e famílias, e agem cotidianamente com grande honestidade e integridade. Estamos em guerra e sabemos que o inimigo possui habilidade em transformar o fracasso de alguns em arma de ataque contra o caráter de todos e a mídia ‘compra’ isso, e o homem natural ‘consome’ esse tipo de informação avidamente. À semelhança de Neemias, jamais abusemos da autoridade que nos confiou o Senhor Jesus, mas ajamos com toda sabedoria e prudência (Rm 12.8; 1 Pe 5.1-4). A liderança cristã não é algo misterioso para uns poucos escolhidos com um dom especial de sabedoria. Os princípios estão disponíveis para todos, inclusive para os que não têm o chamado para um oficio bíblico. Estes princípios influem nos dons das pessoas, com ou sem títulos. Aos que Deus escolheu para a liderança, Paulo lhes disse: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm 3.16-17).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Neemias retornou a Jerusalém e ficou indignado com o mal que a péssima administração de Eliasibe fizera ao povo de Deus.
III. HONESTIDADE E TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO
1. A razão da necessidade dos recursos financeiros na igreja. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, bem como o mundo e todos os seus habitantes” (Sl 24.1; At 17.25). Não obstante declamarmos este salmo com tanta ênfase, a questão financeira está no âmago dos maiores problemas das igrejas. Muitas denominações estão enriquecendo ao exigir dízimos de seus membros para o financiamento de estilos de vida extravagantes da liderança; não é novidade o emprego dos recursos financeiros da igreja para construir grandes empresas. Contudo, não podemos ignorar que a expansão do Reino demanda investimentos humanos e materiais. O próprio Jesus e os apóstolos foram mantidos por ajudas financeiras. Todavia, não podemos nos esquecer que o Senhor requer os mais altos padrões morais para os ministros da Igreja, pois Ele sabe que se a liderança não for irrepreensível, a igreja se afastará da justiça pela falta de exemplos que sirvam de parâmetros. Temos de agir com total fidelidade e transparência (Tt 1.7).
2. A procedência dos recursos da igreja. As igrejas do Novo Testamento usavam seus recursos financeiros para difundir o evangelho, entendendo que a missão principal da igreja é espiritual (1Tm 3.15). Exemplos deste emprego dos fundos arrecadados incluem o sustento financeiro de homens que pregavam o evangelho (1Co 9.1-15; 2Co 11.8; Fp 4.10-18), e dos que serviam como presbíteros (1Tm 5.17-18); quando os crentes pobres necessitavam de assistência, o dinheiro da oferta era usado para acudir àquelas necessidades (At 4.32-37; 6.1-4). Estes recursos eram provenientes dos dízimos e das ofertas dos santos, nunca dos cofres do império. Não cabe à Igreja de Cristo depender financeiramente do Estado ou de qualquer outra fonte que não seja a oferta voluntária de seus membros. Isso não quer dizer que não se deve receber ajuda oficial para manter obras assistenciais desenvolvidas pela igreja, de forma alguma. Mas é imperioso que a ética seja a tônica nesse negócio e que não haja a mistura entre o sagrado e o profano, entre aquilo que entra na ‘vasa do tesouro’ como fruto do reconhecimento da soberania divina e o que é recebido de dotações do poder público, já que isso está previsto em lei (Tg 1.27).
3. Zelo pelos recursos da igreja. A igreja é a casa de Deus (1Tm 3.15), e deve fazer uso dos seus recursos financeiros como determina o cabeça dessa família espiritual. Enquanto cada crente tem o poder de decidir como usar seus próprios recursos (At 5.4), a igreja deve usar exclusivamente para realizar aquilo que a Palavra autoriza. Além do mais, as finanças da igreja local devem ser empregadas com fidelidade, sabedoria e transparência na expansão do Reino de Deus e no socorro aos mais necessitados. A missão principal da igreja é espiritual, assim, seus recursos devem ser utilizados unicamente para cumprir sua missão de divulgar a palavra e exaltar o nome de Deus.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A Igreja e sua obra são sustentadas pelas ofertas e dízimos dos fiéis.
(III. Conclusão)
O crente deve estar satisfeito desde que seja alvo das bênçãos espirituais e receba o necessário e essencial desta vida, como alimento, vestuário e teto. Se não estivermos comprometidos com a Palavra de Deus, cairemos em várias tentações, inclusive – e em especial – ‘fechar’ a mão para a obra do Senhor retendo aquilo que é essencial para que ela cumpra a sua missão principal aqui na terra: pregar o evangelho. Como Administradores daquilo que deus nos confiou, poderemos ser reprovados por Deus e pelos homens quando negligenciarmos nossa obrigação para com a ‘casa do tesouro’. Tomemos, pois, o exemplo de Neemias. Ajamos com fidelidade e sabedoria em todas as coisas; com temor e tremor quando estivermos imbuídos de alguma tarefa na obra do Senhor e/ou na administração da sua Casa. Estamos vivendo tempos trabalhosos, onde muitos já perderam o temor e a reverência ao Todo-Poderoso. Esses acabam por macular e prejudicam o Corpo de Cristo. Trabalhemos, como aqueles judeus, com muito amor, alegria, temor e santidade, e o nome de Cristo será exaltado em nossa vida.
"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18)
N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),
Francisco A BarbosaSubsídio para o Professor
INTRODUÇÃO
Em dias difíceis, e de crise, o exercício ministerial exerce papel fundamental. Sem um ministério firme e comprometido com a Palavra, o povo é conduzido à ruína. Na aula de hoje atentaremos para esse importante tema. Definiremos bíblico-teologicamente o significado de ministério, destacaremos a relevância de um ministério em conformidade com os padrões bíblicos, e ao final, o papel que o ministério exerce na condução da obra de Deus.
Ministério, em hebraico, vem do verbo sarat, que denota “ministro, servo, oficial” e se refere à pessoa que exerce trabalho na casa real (II Sm. 13.17) ou em uma corte de oficiais e servos públicos (II Cr. 27.1; 28.1; Et. 1.10). Este verbo deva ser distinguido de abad, que diz respeito ao serviço em geral. Essa palavra está associada ao serviço dado a um indivíduo de status, como no caso de José que serviu a Potifar (Gn. 39.4). O uso mais importante de sarat é no contexto da adoração ao Deus de Israel (Nm. 16.9; Dt. 10.8; Ez. 44.15,16). As referências apontam o papel especial de ministração diante de Deus ou do Seu povo. Os indivíduos que exerciam o ministério geralmente eram os sacerdotes levitas, tal como Arão (Ex. 28.35). Sarat também diz respeito à pessoa envolvida no serviço, comumente o termo é traduzido por “ministro” ou “servo”, o caso de Josué que servia a Moisés (Ex. 24.13; 33.11; Nm. 11.28; Js. 1.1) e dos anjos que servem a Deus (Sl. 103.21; 104;4). No Novo Testamento, destacamos duas palavras gregas para ministro: diakonos, frequentemente traduzida por servo, e o substantivo hyperetes que designa alguém em subordinação, desempenhando um papel, como um guardião (Mt. 5.25; 25.58; Mc. 14.54,46). O ministro, consoante ao exposto, é alguém que tem a responsabilidade de servir ao Senhor, como um guardião da doutrina, compromissado com a Palavra de Deus, para o bem do povo.
2. A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO SEGUNDO A VONTADE DE DEUS
Muitos querem ser ministros, mas poucos, de fato, estão dispostos servirem à Palavra de Deus. Nas horas de crise, o ministro que serve ao Senhor faz a diferença, basta atentarmos para o exemplo de Neemias que durante doze anos esteve firme, enfrentando oposição de dentro e de fora, mas sem fazer concessões em relação à vontade de Deus. Não há outro modo de conhecermos a Palavra de Deus, senão através da Palavra de Deus. A maior necessidade da igreja evangélica brasileira é o retorno à Bíblia, não apenas lê-la, mas, sobretudo, colocá-la em prática. Os ministros precisam dar o exemplo, devam ser leitores inveterados da Palavra, não podem trocar a Manual de Deus, pelos livros de autoajuda, os compêndios de psicologia moderna, ou mesmo pelas instruções dos gurus da administração eclesiástica. Conforme está escrito no capítulo 13 de Neemias, o povo começou a querer entrar pelo caminho do sincretismo religioso. O Senhor proibiu terminantemente que esse ecumenismo se realizasse (Ne. 13.1,2). A tolerância é necessária a todo cristão, mas não podemos fazer concessões em relação à Palavra. Os sacerdotes, para tirarem alguma vantagem, certamente econômica, abriram às portas a interesses contrários à vontade de Deus. Por esse motivo, Malaquias, como profeta do Senhor, denunciou a corrupção (Ml. 2.1-9). Há líderes eclesiásticos que vendem o povo com facilidade, principalmente aos interesses políticos, se obtiverem algum benefício próprio. A ordem do Senhor é contundente: “retirai-vos do meio deles” (II co. 6.17). A igreja do Senhor não precisa fazer conchavos com o mundo para adquirir visibilidade. Na maioria das vezes é sofrendo perseguição que a igreja mostra que é igreja.
3. O MINISTÉRIO E A RESTAURAÇÃO DA OBRA DE DEUS
Neemias conduziu o povo à restauração, não apenas dos muros, mas, principalmente, da espiritualidade. Mas esse mesmo povo se distanciou de Deus depois que Neemias retornou a Susã. A casa do Senhor passou a ter necessidades, isso porque os judeus se voltaram aos seus negócios. A prosperidade financeira não é garantia de verdadeira espiritualidade. Na verdade, há cristãos que justamente quando começam adquirir bens, mais se afastam de Deus. Se por um lado o povo fechava a mão, sendo inclusive denunciado pelo profeta Malaquias (Ml. 3.10), os sacerdotes, por outro, lado, metiam a mão no que não lhes pertenciam, como fazia Eliasibe, ao beneficiar Tobias, o inimigo da obra do Senhor, alongando nas dependências do Templo (Ne. 13.4,5). Em virtude dos seus pecados sacerdotais, este também passou a ser conivente com o pecado (Ne. 13.2). Neemias, ao constatar aquela situação, a reconheceu como uma “mal” (Ne. 13.7). Observamos a falta de transparência e zelo na condução dos serviços do Senhor, especialmente no que tange aos recursos. Nos dias atuais, muitos pseudo-pastores utilizam os púlpitos, e também os meios de comunicação, para extorquir os irmãos mais fracos. Eles se vestem regaladamente, abusam dos bens da igreja, enquanto muitos, na própria igreja, padecem necessidade. Neemias percebeu a necessidade de agir imediatamente diante daqueles desmandos. Ele lançou todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara do Senhor (Ne. 13.8-9). Jesus também agiu com firmeza diante daqueles que queriam transformar a Casa do Senhor em comércio (Mt. 21.13). O ministro do Senhor, ciente da sua responsabilidade perante Deus, não pode tolerar práticas indevidas que comprometam a seriedade da obra.
CONCLUSÃO
Em alguns contextos evangélicos, os inimigos da obra de Deus estão sendo levados para cima do altar. Tais práticas acontecem porque alguns supostos ministros estão querendo tirar proveito próprio das influências. A corrupção se instalou em determinados arraiais evangélicos e já se naturalizou, as pessoas admitem como se tudo fosse normal. Os líderes, com a consciência cauterizada, não sentem mais o pecado, justificam seus atos profanos até citando versículos descontextualizados. A indignação santa, pautada na Palavra, é indispensável para que tenhamos mudanças reais na obra de Deus. Como fez Neemias, e o Senhor Jesus, precisamos lançar fora todas as práticas abomináveis, que não condizem com o Reino de Deus.
BIBLIOGRAFIA
-ROWN, R. The message of Nehemiah. Downer Grove: IVP, 1998.
-ACKER, J. I. Neemias: paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;-. Bíblia de Estudo Genebra, São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;-. RENOVATO, E. O livro de Neemias. 1.ed., RJ: CPAD, 2011.
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