28 dezembro 2011

Em Camarões, meninas têm seios queimados pelas mães



Mães usam objetos em brasa para evitar que as filhas iniciem vida sexual.
Alguns dos objetos usados para queimar os seios de adolescentes.
Uma campanha nacional em Camarões tenta desencorajar o costume de usar objetos em brasa para queimar os seios de meninas que chegam à puberdade.
As estatísticas no país mostram que 26% das adolescentes camaronesas passam pela experiência, já que as mães vêem o hábito como a melhor maneira de adiar o início da vida sexual das filhas. 
Muitos homens em Camarões acreditam que as meninas estão prontas para o sexo assim que elas começam a ter formas femininas.

O objeto mais usado para diminuir os seios das adolescentes é um pilão de cozinha feito de madeira, aquecido na brasa. Também são usadas cascas de coco, bananas e pedras(fotos), que são forçadas contra o corpo delas.
Sem remorso 
A estudante Geraldin Sirri falou sobre sua experiência: “Minha mãe pegou um pilão, que havia esquentado no fogo durante um bom tempo e apertou contra o meu peito enquanto eu estava deitada. Eu chorava e tremia o tempo todo, mas não teve jeito.”

Muitas mães não sentem nenhum remorso em queimar os seios das filhas.
“Isso não é uma coisa nova. Estou feliz por ter protegido minha filha. Eu não suportava imaginar garotos a estragando com sexo antes que ela terminasse a escola”, explicou uma mulher.

No sudoeste de Camarões, outra mulher disse que queimou os próprios seios quando era menina porque não queria ser forçada a casar cedo, como era costume em sua vila.
“Eu queria ir para a escola como as outras garotas que ainda não tinham seios.”
Queimar os seios das meninas com objetos extremamente quentes assim que aparecem os primeiros sinais do desenvolvimento sexual é uma tradição mantida às escondidas no oeste da África, especialmente em Camarões, onde um quarto das adolescentes sofre para disfarçar a puberdade. A prática, comum também em Guiné-Bissau, África Central e Ocidental, é normalmente realizada pelas próprias mães.
O antropólogo Flavien Ndonko diz que queimar os seios das meninas não é um método eficaz de prevenir o sexo já que muitas delas continuam tendo vida sexual e engravidam.
Ndonko recomenda que os pais conversem com suas filhas sobre saúde reprodutiva e sexual.
“Elas precisam saber o que significa crescer, ter seios e ficar menstruada”, diz ele.
Campanha
Com a ajuda de patrocinadores, um grupo de adolescentes produziu uma campanha de televisão para expor o problema.
Um dos anúncios diz: “Comprimir os seios de jovens meninas é muito perigoso para a saúde. (…) Não force os seios a aparecer ou desaparecer – deixe que eles cresçam naturalmente.”
As vítimas da violência estão protegidas por lei, desde que façam a denúncia poucos meses depois de terem sido queimadas, de acordo com o advogado Uba Ndefiembu.
Se um médico determinar que houve danos às estruturas dos seios, a pessoa responsável pode ser presa por até três anos.
Em Camarões, uma em cada quatro meninas segue sendo alvo do ferro quente diariamente em Camarões, um país de 19,5 milhões de habitantes, dos quais cerca de  8 milhões têm menos de 14 anos. Assim, a partir dos 9 anos de idade, muitas meninas ainda devem ter os seios queimados.
Correio do Brasil

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