24 março 2011

Lição 13

PAULO TESTIFICA DE CRISTO EM ROMA
Texto Áureo: At. 23.11 – Leitura Bíblica em Classe: At. 27.18-25


Objetivo: Refletir com os alunos sobre a necessidade urgente de fazer missões, assim como fez Paulo em Roma, mesmo em cadeias.

INTRODUÇÃO
Paulo foi feito prisioneiro, mas como ele mesmo o revelou em suas epístolas, o evangelho de Cristo não estava em cadeias. Na aula de hoje estudaremos a respeito de como o Apóstolo, mesmo preso, não se eximiu da responsabilidade de pregar Cristo, o Crucificado. Ao final, destacaremos o caráter inconcluso do livro de Atos, considerando que a história da igreja prossegue.

1. A PRISÃO DE PAULO
Paulo permaneceu preso em Cesaréia por dois anos, isso porque Felix esperava receber alguma propina para livrá-lo. Posteriormente, Felix fora substituído por Festo como governador e mal havia assumido o cargo, fora convidado a comparecer ao julgamento de Paulo em Jerusalém. Por não compreender bem a natureza da acusação contra Paulo, Festo contou com a assessoria de Agripa II e da sua mulher Berenice. Na ocasião o Apóstolo apresentou sua defesa, destacado o processo de conversão à fé cristã. O Apóstolo, por ter cidadania romana, apelou para César, sendo conduzido a Roma. Logo após o julgamento, Agripa II admitiu que Paulo poderia ter sido libertado se não tivesse apelado para César. Certamente esse era o objetivo de Paulo, pois sabia da necessidade de expandir o evangelho na capital do império, a difusão da mensagem de Cristo tinha prioridades sobre os seus interesses.

2. A VIAGEM DE PAULO A ROMA
Paulo embarcou para Roma em um “navio adramitino” (At. 27.2) que depois de ter chegado a Sidom, conduziu os viajante até Mirra, levando ao norte de Chipre, ao invés de seguir a rota comum do sul, isso porque os ventos eram contrários. Durante o percurso, Paulo animava os marinheiros revelando-lhes uma visão que tinha tido durante a noite. Na décima quarta noite, depois que tinha saído de Bons Portos, os marinheiros pensavam que estavam próximos a terra. Em meio à tempestade, a tripulação quis deixar os passageiros entregues à sorte, procurando salvar-se no bote. Mas Paulo compreendeu a situação, por isso, mandou cortar o cabo que prendia o batel, e desta forma, os marinheiros foram obrigados a ficar a bordo do nativo, para ajudarem no salvamento de todos. Durante os momentos difíceis, Paulo trouxe mensagens de esperança, estimulando os soldados e marinheiros a se alimentarem e a confiarem em Deus. Em seguida, orientou para que as cargas fossem lançadas ao mar, a fim de aliviar o fardo do navio. Quando o dia amanheceu, a tripulação pode ver um lugar apropriado, mas os soldados pretenderam matar a todos, para que nenhum fugisse. Mas o centurião impediu que isso fosse feito, certamente devido à influência de Paulo. Por fim, o navio encalhou, os que se salvaram conseguiram chegar a ilha de Malta. Naquele lugar permaneceram por três meses, sendo tratados com hospitalidade pelos habitantes, principalmente pelo líder da ilha, denominado Públio. Paulo teve a oportunidade de orar pelo pai daquela autoridade, sendo esse curado quando o Apóstolo impôs sobre ele as suas mãos. Em seguida, Paulo seguiu viagem rumo a Roma e ali permaneceu por dois anos em sua própria casa, sempre guardado por um soldado (At. 28.16-30). Essa foi a sua primeira prisão em Roma, sempre preso a um soldado da guarda pretoriana, o que favoreceu a evangelização e discipulado na casa imperial (Fp. 1.12; 4.22). Durante esse período em que Paulo esteve preso em Roma, ele escreveu as epístolas aos Efésios, Colossences, Filipenses e a Filemon.

3. ATOS, UM LIVRO INCONCLUSO
A maioria dos livros da Bíblia apresenta uma conclusão. As epístolas, por se tratarem de um gênero com início, meio e fim, costumam apresentar uma abertura, desenvolvimento e fechamento. O livro de Atos dos Apóstolos, por sua vez, termina sem ser concluído. Alguns teólogos acreditam que Lucas pretendia dar continuidade a sua narrativa eclesiástica, mas isso não foi possível. A continuidade dos anos iniciais da igreja cristã ficou reservada aos historiadores, dentre eles, Eusébio de Cesaréia, em sua História Eclesiástica. Fato é que a história da igreja cristã prossegue, ela não teve o seu fim no livro de Atos. Segundo a narrativa extra bíblica – não necessariamente antibíblica – Paulo teria sido decapitado em Roma, quando preso naquela cidade em outra oportunidade, durante a perseguição de Nero. O evangelho seguiu o seu rumo, tendo alcançado plena expansão no império, ao mesmo tempo em que incomodava as autoridades, resultando em perseguição por parte dessas. Pouco anos depois, quando Constatino se tornou imperador de Roma, esse mesmo império que outrora perseguiu a igreja, a assumiu como religião oficial, causado maiores males que benefícios, alguns deles irreversíveis. A Reforma Protestante, tendo Lutero como seu maior expoente, tentou conduzir a igreja aos fundamentos escriturísticos. Nesses últimos duzentos anos a igreja precisou responder aos ataques do liberalismo – em virtude do iluminismo. Ao mesmo tempo em que experimentou grandes avivamentos, dentre eles, nos Estados Unidos, com Jonathan Edwards, e na Inglaterra com George Whitefield e os irmãos John e Charles Wesley. No limitar do século XX, o Espírito Santo soprou sobre a Rua Azuza, na América do Norte, dando início ao movimento pentecostal moderno, com William Seymour, tendo alcançado ampla expansão no Brasil a partir de 1911, com os missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren.
- At 23:11 – “Na noite seguinte, apresentou-se-lhe o Senhor e disse: Tem bom ânimo: porque, como deste testemunho de mim em Jerusalém, assim importa que o dês também em Roma”.
- At 27:23-25 – “Porque esta noite me apareceu um anjo do Deus de quem eu sou e a quem sirvo, dizendo: Não temas, Paulo, importa que compareças perante César, e eis que Deus te deu todos os que navegam contigo. Portanto, senhores, tende bom ânimo; pois creio em Deus que há de suceder assim como me foi dito”.
- Deus dera ao apóstolo Paulo a certeza dele proclamar a mensagem em Roma, o maior centro do mundo de então. Essa certeza servia como grande farol nas horas do mais negro desespero para seus companheiros descrentes. Afinal, A TEMPESTADE, A ESCURIDÃO, O MAR BRAVIO, A FORÇA E O SOM DO VENTO NÃO PUDERAM ATRAPALHAR AS COMUNICAÇÕES DIRETAS DOS CÉUS COM PAULO, O PRISIONEIRO DE CRISTO.
II – PAULO EM MALTA:
- Não há razão para dizer que o fato de Paulo sofrer tão pavoroso naufrágio prova que não fazia toda a vontade do Senhor. Deus não nos promete uma vida isenta de sofrimentos. É quando andamos mais perto de Cristo que sofremos as maiores tormentas.
- At 28:1-6 - Paulo acabara de escapar de um “euro-aquilão”; estava molhado e com frio. Agora, enfrenta a mordedura de uma víbora.
- Aqueles que se esforçam em querer servir a Deus e ao próximo devem esperar que do calor do trabalho saia uma “víbora” dormente, para morder a mão daquele que está na seara do Senhor.
- At 28:4, 6 - “CERTAMENTE ESTE HOMEM É HOMICIDA…”; “… MUDANDO DE PARECER, DIZIAM QUE ERA UM DEUS” – A princípio, os moradores da Ilha de Malta julgaram que Paulo fosse um criminoso. Logo depois, diziam que era um deus.
- Fato quase que idêntico ocorreu em Listra – At 14:8-19 – A princípio, julgaram que Paulo fosse um deus e, depois, o apedrejaram como um malfeitor.
- É assim que acontece: Os que levam a mensagem de Cristo enfrentam a “víbora” da calúnia, da censura, da perseguição. Vemos que a multidão que é movida a ovacionar o pregador vitorioso, muda, em um só dia, para acreditar na venenosa “víbora”.
- Porém, tenhamos fogo no altar! A “víbora” fugirá do calor! Sacudamos a “víbora” no fogo e não padeceremos mal algum! – At 28:3-4.

III – DA ILHA DE MALTA PARA ROMA:
- At 28:15 – “OS IRMÃOS… NOS SAÍRAM AO ENCONTRO” – O apóstolo Paulo viu um grupo de pessoas aproximando-se dele. Eram os irmãos em Cristo que, com toda pureza da fé e do amor, saíram para receber o servo do Senhor.
- Sem dúvida, o apóstolo dos gentios já conhecia pessoalmente alguns daqueles irmãos que saíram da cidade para recebê-lo – Rm 16:5-16 – Isto porque três anos antes, Paulo escrevera a maravilhosa epístola àqueles crentes romanos – Rm 1:7.
- At 28:15 - “E PAULO, VENDO-OS, DEU GAÇAS A DEUS E TOMOU ÂNIMO” – Paulo levantou seu coração e a sua voz em ações de graças Àquele que respondera as suas súplicas – Rm 15:30-32.
- Mesmo os mais experimentados e mais desenvolvidos mensageiros de Deus precisam da inspiração e edificação que recebem da convivência entre seus irmãos.
- At 28:16-24 – Quantos grandes homens entraram em Roma coroados e triunfantes, mas que eram verdadeiras pragas para a sua geração?
- Paulo, porém, que era uma das maiores bênçãos para sua geração, entrou desprezado, pobre e cativo.
- Naquela época, Nero era o Imperador de Roma. Apesar de ele não ter mais de vinte e cinco anos de idade, as suas mãos haviam sido manchadas com sangue da sua própria mãe, Agripina, e, talvez, com o da sua esposa, Otávia.
- Paulo nunca se referiu a si mesmo como o prisioneiro de César ou de Nero, mas sempre de Cristo – Ef 3:1; Fp 1:12-14. Era embaixador em cadeiras – Ef 6:20.
- Em Roma, Paulo era embaixador de Deus:
- (1) – Aos judeus – At 28:17-29;
- (2) – Aos soldados e à casa de César – Fp 1:12-14; 4:22
- (3) – Aos gentios – At 28:28-31
- (4) – Aos cristãos – Rm 1:9-15
- At 28:23 – “… DESDE A MANHÃ ATÉ À NOITE” – Para o apóstolo Paulo, o negócio do Rei era urgente! Como de costume, aquele apóstolo remia o tempo! Pregou o dia inteiro! – I Sm 21:8; Cl 4:5.
- A boca fala do que o coração está cheio: O comerciante não cansa de falar em comprar e vender; o jogador de falar sobre jogos; o literato de falar na literatura; o músico de falar na música; o crente salvo, de falar da salvação em Cristo Jesus.
IV - COMO PAULO ANUNCIOU O EVANGELHO:
- At 26:18:
- (1) - Abriu os olhos dos ouvintes
- (2) - Mostrou-lhes a libertação dos laços de Satanás
- (3) - Ofereceu-lhes o perdão dos pecados
- (4) - Indicou-os para a salvação pela fé; Para santificação pela fé; e para herança celestial
V - AS QUATRO DIMENSÕES DO EVANGELHO:

- Ef 3:18:
- A oração de Paulo é que nós possamos compreender as seguintes dimensões do Evangelho:
- (1) - A “LARGURA” DO EVANGELHO - (Apc 5:9, 13; 7:9-10; 14:6) - O Evangelho é tão largo que não se pode excluir nenhuma entidade, nenhuma comunidade humana.
- (2) - O “COMPRIMENTO” DO EVANGELHO - (I Cor 15:24) - No tempo, começando no Éden, logo após a queda do homem, até o fim, quando o Reino for entregue ao Pai, durante todo esse espaço de tempo (o comprimento), Deus estará operando para produzir o seu propósito. Desde Adão e Eva até o último cristão a se converter no instante em que Cristo voltar, este é o “comprimento”. Nunca houve, nem haverá, até Cristo voltar, um intervalo na operação poderosa e salvadora do evangelho!
(3) - A “ALTURA” DO EVANGELHO - (Fp 2:9-11) - Vem do mais alto céu e desce até ao mais baixo inferno. O Evangelho, ou seja, o propósito de Deus, influirá em todo o Universo, em toda existência.
- (4) - A “PROFUNDIDADE” DO EVANGELHO - (Ef 2:1-3) - Não há algum pecador ou rebelde que não possa ser incluído em tão grande salvação.
VI - COMO DEVEMOS ANUNCIAR O EVANGELHO:
- (1) - Conforme fez Jesus, anunciando a Escritura - Lc 4:16-21; Jo 3:14-18
- (2) - Conforme fez Paulo em Atenas, com seriedade - At 17:16 e ss
- (3) - Conforme João, glorificando o amor - I Jo 4:9-14
- (4) - Como Felipe, dando o exemplo de Cristo - At 8:35-40
- (5) - Como a mulher samaritana, com eficiência - Jo 4:28-30, 39-42
- (6) - Dando o exemplo e praticando - I Ts 1:7-10
- (7) - No Espírito Santo - I Pe 1:12

VII - COMO DEVEMOS PREGAR:
- (1) - Apresentando fielmente todos os desígnios de Deus – At 20:27
- (2) - Não a nós mesmos – II Cor 4:5
- (3) - Obedecendo e com grande alegria – At 4:20
- (4) - Em cada oportunidade – II Tm 4:2
- (5) - Através do próprio bom exemplo – I Pe 5:3
- (6) - A partir de nossa experiência – I Jo 1:1-3
- (7) - Anunciando a palavra sabiamente e ganhando almas – Pv 11:30
VIII - DIVERSOS LUGARES ONDE O EVANGELHO FOI ANUNCIADO:
- (1) - Nas ruas de Jerusalém - Mt 22:9; At 2:14
- (2) - Diante da porta do Templo - At 3:2, 1-12
- (3) - No Sinédrio - At 5:27…
- (4) - Na viagem - At 8:30…
- (5) - Nas sinagogas - At 9:20; 13:14-15; 19:9
- (6) - Em diversas moradias - At 10:24; 16:32; 28:30
- (7) - Ao ar livre - At 16:13
- (8) - Nas prisões - At 16:28, 31
- (9) - Na própria casa - At 28:30-31
- (10) - Em praça pública - At 17:22
- (11) - De casa em casa - At 20:20
- (12) - Diante de juízes e reis - At 24:24; 26:1

IX – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
- É evidente que o Espírito Santo não findou a história gloriosa de Atos. O livro de ação é sem epílogo; não tem fecho porque até hoje os servos de Deus, cheios do Espírito Santo, estão acrescentando outros capítulos preciosos e ainda não escritos.
- Aqui nas considerações finais, passamos a notar o grande contraste entre a experiência de Paulo e a de Jonas:
- (1) – Jonas fugia de Deus; Paulo seguia a direção divina.
- (2) – Jonas mostrou-se remisso, dormindo na tempestade; Paulo se esforçava animadamente, socorrendo os passageiros;
- (3) – Levantou-se um grande temporal para destruir o navio, por causa de Jonas; se o centurião e o mestre do navio seguissem o conselho de Paulo, não se teria perdido o navio – At 27:9-10
- (4) – Jonas foi obrigado a testificar de Deus; Paulo o fez de livre vontade.
- (5) – A presença de Jonas no navio era ameaça de vida dos gentios; a presença de Paulo era uma garantia para a vida de todos os gentios.
- (6) – Todos os passageiros do navio salvaram-se, jogando Jonas ao mar; todos os presentes no navio foram salvos porque Paulo permaneceu na embarcação.
- Paulo, andando segundo o querer de Deus e em comunhão com Ele, tornou-se bênção para todos quantos atravessavam perigo ao seu lado. Daí, grande é o contraste entre aqueles que sofrem grandes tribulações ao lado de Jesus e aqueles que passam grandes tribulações porque andam longe dEle.
FONTES DE CONSULTA:
1) Neves, Mário - Atos dos Apóstolos Comentário Prático - Casa Editora Presbiteriana
2) Boyer, Orlando – A Espada Cortante – Vol 2 - CPAD
5) Hurtado, Larry W, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo (Marcos) - Editora Vida
6) Carta aos Romanos - Edições CPAD - Autor: Elienai Cabral
7) Tão Grande Salvação - ABU Editora - Autor: Russell Shedd


CONCLUSÃO
A história da igreja continua, existem linhas nessas páginas que ainda precisam ser preenchidas. Enquanto aguardamos a vinda de Jesus, devemos estar imbuídos da responsabilidade de levar o Seu evangelho até aos confins da terra. Para tanto, a igreja não pode perder o rumo, e principalmente, deve manter-se sob o comando do Eterno Capitão. O estudo do livro de Atos, neste trimestre, possibilitou a aferição do trajeto à luz da Bíblia, a bússola sagrada. Permaneçamos, pois, no rumo certo, desse modo as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja de Cristo (Mt. 16.18).

BIBLIOGRAFIA
STOTT, J. A mensagem de Atos. São Paulo: Abu, 2008.
WILLIAMS, D. J. Atos. São Paulo: Vida, 1996.

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