18 março 2011

CANTORES QUE NÃO CABEM NO "BOLSO" DA MINHA IGREJA






Os quase (?) endeusados cantores de música gospel que alcançaram a “fama” de artistas nacionalmente conhecidos pouco destoam da forma como trabalham os cantores seculares. Os trâmites burocráticos para se contratar, por exemplo, a cantora Ivete Sangalo, a sumidade adorada por alguns brasileiros, são praticamente os mesmos encontrados nos contratos dos “ditos” cantores evangélicos. As similaridades entre os dois segmentos são grandes. Desde a cláusula que estipula o valor do cachê, da forma de pagamento, da multa por quebra de contrato e dos mimos que só estimulam as vaidades da vida. Sei que estou mexendo em casa de marimbondos, mas tocar nesse assunto faz-se necessário considerando que o nosso Jesus nos alertou dizendo que estamos neste mundo, mas não pertencemos a ele. Somos, ao contrário, o sal da terra e a luz deste mundo.





Nunca tive a audácia de pensar em gravar um CD. Não é a minha praia. Prefiro usar a minha voz como carta na manga em momentos não planejados. Porém, não tenho absolutamente nada contra os “levitas” que gravam suas canções e usam essa potente arma de reverberação para evangelizar e anunciar aos quatro cantos da terra que Jesus Cristo é o Senhor de suas humildes vidas.





Todavia, no mundo dos peregrinos ou itinerantes do meio evangélico - ou gospel - se vê de tudo. Desde oportunistas, mercenários, a homens e mulheres que levam a sério a vida cristã. Por isso, o meu artigo tem a finalidade de alertar os servos de Deus que se deslumbraram com a “fama” e o dinheiro fácil.





Admiro diversos pregadores itinerantes sérios e poderosamente ungidos por Deus. Admiro também os cantores evangélicos, que exercem o chamado que Deus lhes confiou com dignidade. Em casa, tenho alguns CD´s que alegram o meu coração.





O que me espanta é a profissionalização de alguns pregadores e cantores, que agem como se fossem instrumentos de um contrato, onde o contratante deve tratá-lo como estrela do mundo secular e pagar-lhe um cachê que causaria inveja até ao tio Patinhas.






O meu querido pai, pastor Geremias do Couto, é pastor e conferencista. Prega pelo Brasil e ao redor do mundo há muito tempo. Sou muito curioso e observador. Durante o tempo que eu e meu pai vivíamos na mesma casa jamais escutei a palavra “cachê”, quando ele recebia convite de alguma igreja, nem mesmo a estipulação do valor da oferta que receberia.





Acredito piamente que as igrejas, quando convidam um pregador, ou cantor, para participar de algum evento em suas respectivas igrejas devem abençoá-los com uma oferta (leia com muita atenção) que se encaixe honestamente com a sua receita.





Exemplo:










A igreja do pastor Joãozinho tem uma entrada mensal no valor de R$ 10.000,00. Joãozinho convida o famoso cantor José das Couves para cantar no Congresso de Jovens de sua igreja. Ao final do evento, Joãozinho lhe dá um envelope com R$ 100,00 de oferta. Em minha opinião, o valor não é justo, tendo em vista que a igreja tem bom poder aquisitivo e bala na agulha para oferecer uma oferta mais justa e bondosa ao cantor.





O exemplo acima tem-se tornado algo raro, porque alguns cantores e pregadores dos tempos modernos impõem cachês altíssimos que impossibilitam igrejas menores, como a minha, com poder aquisitivo de menor proporção, de convidá-los.










A minha igreja, no atual momento, não tem receita suficiente para convidar um pregador ou cantor que cobra “cachê” absurdamente elevado e abusivo. E sinceramente, se tivéssemos boa receita não teria coragem de tirar das ofertas e dos dízimos dos fiéis a quantia de R$ 3.000,00 para pagar seja lá quem fosse. É gasto desnecessário e de elevado custo!










O que você acha de um trabalhador que sua a camisa para ganhar um salário mínimo por mês, enquanto um itinerante gospel ganha cerca de R$ 2.000,00 por noite para pregar a palavra de Deus, ou para louvar o nome Senhor Jesus? Não é absurdo? Quem aceita o valor estipulado, e pode e quer pagar, Deus o ilumine!










Nos dias 29, 30 e 31 de outubro, a nossa igreja vai realizar um Congresso, cujo tema é: Vale a pena servir a Deus. Convidamos bons pregadores e excelentes cantores. Eles não são muito conhecidos, não são famosos, e aceitaram receber uma oferta de bom grado de nossa amada e justa igreja. Mas antes de convidá-los para o Congresso, fiz uma via sacra, com boas intenções, na tentativa de trazer para o nosso evento um nome conhecido. Não custava nada tentar. Peguei o telefone e comecei a ligar. Porém, levei um choque de decepção ao ouvir os assessores da cada cantor me tratando como se eu fosse um comprador de mercadorias. A maioria dos cantores para quem eu tive o trabalho de ligar estipula o valor do cachê. Todos são elevados e não cabem no “bolso” da minha igreja.










Por questões éticas, não mencionarei os nomes contatados. Não quero constrangê-los e provocar o ódio alheio. Mas, como prevenido que sou, tenho tudo documentado e gravado, caso seja necessário provar o que estou escrevendo. Os cantores, representados pelos seus assessores, me pediram um “cachê” que passa dos R$ 2.000,00 por noite, além das passagens aéreas, hospedagem e alimentação. Para evitar problemas, substituí os nomes verdadeiros por nomes fictícios, mas os valores são reais, muito reai$$$.










Veja:




1- Joãozinho das Couves










Cachê de R$ 4.000,00. Mais sete passagens aéreas











2- Pé Grande


















Cachê de R$ 3.500,00. Uma passagem aérea










3- Florzinha de Jesus





Cachê de R$ 2.800,00. Mais duas passagens aéreas











4- Zé do Arame





Cachê de R$ 2.300,00. Mais duas passagens aéreas















Após a via sacra e a decepção não contida, a minha admiração por esses cantores ficou arranhada. Quero ainda crer que houve algum erro nas informações a mim repassadas. Talvez os assessores se tenham confundido com as cifras e se enganaram quando me transmitiram o valor dos “cachês”. Há esperança no meu coração de que tudo isso não passou de um mal-entendido.






Portanto, lanço hoje um desafio para os cantores e pregadores renomados das margens plácidas do nosso Brasil que virem a ler este texto.










Desafio:










Convido-lhes para vir à igreja que pastoreio. Se for cantor, venha cantar, se for pregador, venha pregar. De minha parte, garanto a passagem aérea para uma pessoa, hospedagem, alimentação e uma oferta generosa que de acordo com a realidade da nossa receita.










Em contrapartida, exijo que não me cobrem cachê, que não me façam exigências absurdas e muito menos que me peçam para fazer “mimos”.










Alguém topa o desafio? Aguardarei o seu retorno. Vamos juntos mudar essa história. Prove que você não é

André Couto

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