08 fevereiro 2011

O casal encrenca da Câmara
Silas e Antônia são casados, mas foram eleitos por Estados diferentes. Eles colecionam problemas na Justiça
Leonel Rocha
Felipe Barra
MEU BEM, MEU MAL
Os deputados Silas Câmara e Antônia Lúcia no plenário da Câmara, na semana passada. Eles fazem tudo juntos, mas se separaram para se candidatar
A deputada federal estreante Antônia Lúcia e o deputado federal Silas Câmara, reeleito para o quarto mandato, têm muito em comum. Eles são evangélicos, líderes da Assembleia de Deus e filiados ao mesmo partido, o PSC. Casados, moram na mesma casa, em Manaus. A única diferença é que foram eleitos por Estados diferentes: ele pelo Amazonas, ela pelo Acre. O caso pode parecer estranho, mas é formalmente legal. Foi a maneira encontrada para driblar a lei. Se tivessem o título de eleitor no mesmo Estado, não poderiam ser candidatos ao mesmo cargo. Em Brasília, vão morar juntos, no apartamento funcional ocupado por Silas. Mesmo assim, ela não abriu mão do auxílio-moradia de R$ 2.500 por mês.
O truque do registro em outro Estado e a apropriação questionável dos R$ 2.500 são as dúvidas mais leves que pairam sobre o casal. Antônia responde a sete ações no Acre: compra de voto, falsidade ideológica, fraude processual, formação de quadrilha, peculato, uso de caixa dois e falso testemunho. Um pedido de prisão preventiva chegou a ser aprovado em 2010. Os desembargadores entenderam que ela tinha fornecido endereço falso para se livrar de intimações e atrasar processos. Entre eles está um em que é acusada de distribuir 1.200 litros de combustível numa carreata.
Silas não é menos enrolado. Ele foi investigado pela Polícia Federal (PF) a pedido da Justiça Eleitoral do Amazonas. Escutas desvendaram as peripécias do casal nas campanhas simultâneas. O caso mais grave foi em setembro, quando a PF prendeu Heber e Milena Câmara, filhos do casal que estavam com R$ 475 mil sem origem declarada. O Ministério Público diz que o dinheiro tinha sido enviado pelo marido, do Amazonas, para a campanha da mulher, no Acre. Seria gasto com a compra de votos e despesas de caixa dois.
As escutas mostram que Antônia e Silas se assustaram, mas não se intimidaram com a prisão dos filhos. Por telefone, ela deu a notícia ao marido: “Nossos dois filhos foram presos na PF”. Ele perguntou sobre a acusação. Resposta: “Não sei. Pode (ser o) dinheiro?”. Silas concluiu: “Pode. Estou orando que não seja”. A oração não funcionou. A prisão foi mesmo por causa do dinheiro.
Há dez anos, Silas é réu em um processo que corre em segredo no Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2009, também foi denunciado por falsidade ideológica e uso de um RG falso em procurações e alterações de contratos sociais de uma empresa da qual era sócio. Se for condenado, perde o mandato e pode pegar até cinco anos de prisão.
Silas e Antônia têm quatro filhos. Os mais velhos dirigem a TV Boas Novas e uma rede de rádio no Amazonas e no Acre. É o maior conglomerado de comunicação evangélica do Norte, mas Silas e Antônia não constam como dirigentes. Segundo a PF, o casal usava as emissoras ilegalmente para fazer campanha. Silas cometeu outras ilegalidades que podem resultar em cassação. Entre elas, permitiu que a mulher usasse um celular da Câmara na campanha.
Questionado sobre as denúncias, o casal respondeu por meio de uma nota única, como se fosse uma entidade. Eles dizem que o dinheiro apreendido com os filhos não era deles. Sobre o processo no STF, Silas alega inocência. “As acusações têm origem em denúncias absolutamente improcedentes, maquinadas há mais de dez anos por adversário político com interesses paroquiais”, diz. 

Uma pessoa que tem o Espírito de Deus sobre si agiria assim? Será que eles tem realmente o Espírito Santo de Deus sobre suas vidas, assinando embaixo suas ações?
Por que essa gente que se diz cristã não pede a exclusão do rol de membros de suas denominações ?
Este é o presente que eles dão a todos os assembleianos do Brasil no ano em que a denominação completa 100 anos.
Essa é a nossa Câmara de Deputados:
-Um casal que é exemplo (a não ser seguido).
-Um Romário que joga futvôlei na praia da Barra da Tijuca no dia de sessão legislativa na Câmara e um bando de pessoas admirando e concordando com a ação do deputado jogador (Veja o vídeo).
‘Parabéns’ a todos nós.
EM TEMPO:
Em se tratando que a matéria foi publicada em veículo das Organizações Globo – a Revista Época – todas as hipóteses devem ser analisadas. Sabe-se muito bem o tipo de relacionamento que a Globo tem tido com os evangélicos, há décadas.
O número de evangélicos no Brasil tem aumentado ano após ano. Especialistas dizem que em 10 anos, portanto em 2020, provavelmente metade da população brasileira pertencerá a alguma denominação evangélica.  O deputado Silas Câmara é ligado à Rede Boas Novas de Televisão (RBN), emissora de canal aberto, em UHF, que transmite programação evangélica durante as 24 horas do dia para todo o Brasil e que está em crescimento.
Sem desqualificar a matéria da revista, é bom sempre estar em alerta, até porque dos 513 deputados federais, 193 tem problemas com a Justiça e Tribunais de Contas, segundo a ONG Transparência Brasil , mas a Época só enfatizou o deputado Sials Câmara e sua esposa.

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