Engolfado pelo desânimo eis-me aqui. Não que não tenha o que falar, pois eu tenho, e muito! O texto está definido em minha mente, as palavras são arquivadas, o raciocínio salva-se intacto. E ainda assim, perdura o desânimo, a me impedir de tornar as palavras factuais. A última fase, o colocar as palavras, a efetivação do raciocínio para ultimar o texto é que teima em não acontecer.
É um desânimo sem razão aparente, tal qual a languidez dos preguiçosos contumazes, mas sem rancor e sem dor. A tristeza não acompanha este meu desânimo, não há amargura a "maculá-lo". Posso afirmar que é um desânimo "limpo", quase inocente.
Pode até ser que eu esteja afetado por um conjunto de informações "subliminares", teimando em batucar no meu inconsciente sem que eu saiba, mas sentindo os efeitos colaterais desse registro oculto. Resultado dessa languidez, quase tristeza, pode até ser a observação quieta de mesquinharias que vejo aqui e acolá. Mesmices a se multiplicar nesse rico mundinho virtual; homens que se constroem e se desconstroem em instantes fugidios; personalidades que se aclaram, emergendo sem os disfarces cuidadosamente cultivados... Parece que este meu desânimo me confere a "oportunidade única" de ver as mazelas alheias, ao mesmo tempo em que penso sobre "a trave que recai sobre os meus olhos opacos...
Quantos sepulcros caiados recheados de ossos secos e pútridos! Quanta arrogância , quanto orgulho mal disfarçado! E o meu desânimo a crescer...
Sim, eu também tenho as minhas mazelas, a minha fatia de insensatez. Sou pleno na minha humanidade, mas deixo que os "outros" se preocupem em me (des) qualificar. Certamente que alegremente o fazem!
Como cristão sou pequeno. Na vida, não chego a ser expoente em nada. Mas houve tempo em que eu pensava ser... Melhor agora, que sei não ser. Porque não sendo, posso almejar ser...
Há pessoas que se sentem grandes, agigantadas pela sua própria pretensão; e este olhar torto de si mesmas fazem-nos ainda menores do que são. E eu vejo tudo isso. E o meu desânimo aumenta...
Todavia, sou um cristão, pequeno que seja, mas sou! E sendo, devo amar os meus semelhantes, mesmo os piores, ainda que sejam verdadeiramente grotescos. Sou bom? Sou nada! Que a minha afirmação anterior seja levada a sério! Não quero correr o risco de ser tachado de "bonzinho", ou de vender uma imagem falsa de mim mesmo.
Aqueles que me conhecem, sabem bem como sou: um emaranhado de qualidades e defeitos, assim como a maioria dos meus semelhantes, com exceção daqueles que se querem invulneráveis às misérias e mazelas próprias da humanidade falha, leviana e inconstante. Eu me canso desses tais... são pessoas que não admitem a crítica, por menor que seja. Quero me relacionar com os irmãos pequenos como eu mesmo sou. Eles não me intimidam. Mas, como eu, são também pecadores que encontraram o Redentor , creditando a ele, somente a ele, todo o mérito pela redenção em processo.
(Procuro Autoria)
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