Introdução: Hoje eu gostaria de falar sobre uma prática que tem se infiltrado cada vez mais no meio cristão: a "Nicodemania". "Mania é um costume, hábito ou gosto que normalmente é incomum, repetitivo e extravagante." [01].
Sendo assim, a Nicodemania (Mania de Nicodemus) é o ato ou a prática de admirar pregadores reformados a tal ponto de só ter relevância bíblica aquilo que eles creem ou aprovam. Escolhi o Rev. Augustus Nicodemus por ele ser o mais conhecido no Brasil e também um dos mais admirados. Neste breve texto, gostaria de refletir um pouco sobre esta prática que tem sido tão comum no Brasil. Boa leitura!
1. A Nicodemania pelas obras dos reformados que já morreram.
Quem de nós, nunca viu ou ouviu alguém na igreja que só prega a Bíblia citando confissões de fé e frases de reformadores? Não estou dizendo que é errado citar frases de homens de Deus. Entretanto, há pregadores que usam os reformadores como uma muleta essencial para a pregação das doutrinas bíblicas.
Isto é, o "Sola Scriptura" (Somente as Escrituras) não tem mais tanta relevância para os que praticam a Nicodemania se não tiver o apoio do que fulano ou ciclano cria ou ensinava.
Na internet, a situação fica ainda mais extremada. Existem pessoas que reconhecem como bíblico e doutrinário apenas aquilo que os reformados creem. Isso é refletido inclusive em suas postagens diárias, onde só encontraremos conteúdo reformado.
Às vezes, a admiração beira ao fanatismo, a ponto de alguns selecionarem a imagem de um reformador e colocar no perfil das suas redes sociais. Sem falar nos sobrenomes que diariamente aparecem nas nossas redes sociais: "Fulano Calvinista", "Ciclano Reformado", "Beltrano Monergista."
Isto é, o "Sola Scriptura" (Somente as Escrituras) não tem mais tanta relevância para os que praticam a Nicodemania se não tiver o apoio do que fulano ou ciclano cria ou ensinava.
Na internet, a situação fica ainda mais extremada. Existem pessoas que reconhecem como bíblico e doutrinário apenas aquilo que os reformados creem. Isso é refletido inclusive em suas postagens diárias, onde só encontraremos conteúdo reformado.
Às vezes, a admiração beira ao fanatismo, a ponto de alguns selecionarem a imagem de um reformador e colocar no perfil das suas redes sociais. Sem falar nos sobrenomes que diariamente aparecem nas nossas redes sociais: "Fulano Calvinista", "Ciclano Reformado", "Beltrano Monergista."
Certamente, a prática de valorizar em excesso os dogmas da reforma não é moderna. Apesar do termo (Nicodemania) ser, a prática, é tão antiga quanto se possa imaginar.
A história registra que John Bogerman (1576-1637), eleito presidente do Sínodo de Dort em 1618, "tinha anteriormente participado de uma conferência com Gomarus, Uytenbogaert e Arminius no qual ele chegou ao ponto de dizer que “as Escrituras devem ser interpretadas de acordo com o Catecismo e a Confissão.” [02], [03]. Vejam até que ponto alguém tem coragem de supervalorizar os documentos da reforma.
2. A Nicodemania pelos reformados que ainda vivem.
Infelizmente, essa prática tem sido incentivada (ainda que disfarçadamente) até mesmo por pregadores reconhecidos como homens de Deus.
Recentemente, o Paulo Junior na consciência cristã fez a seguinte afirmativa:
Recentemente, o Paulo Junior na consciência cristã fez a seguinte afirmativa:
"João Calvino interpretou assim? John Owen interpretou assim? Jonathan Edwards interpretou assim? Charles Spurgeon interpretou assim? Paul Washer interpretou assim? John Piper interpretou assim? Augustus Nicodemus interpretou assim? John McArthur interpretou assim? Se não, não aceite."
Eu não quero ser sensacionalista em minha avaliação, porém me parece que o Paulo Junior desprezou aquele princípio básico de interpretação que afirma: "A Bíblia explica a própria Bíblia." Não precisamos que A ou B tenham apoiado determinada doutrina para que possamos aceitá-la. Só basta estar nas Escrituras!
3. Hábitos comuns entre os Nicodemaníacos.
Geralmente, os Nicodemaníacos brasileiros são viciados em assistir vídeos do Augustus Nicodemus, Hernandes Dias Lopes, Flankin Ferreira, Leandro Lima, Paul Washer, entre outros.Eles também têm facilidade em decorar suas frases e ensinos.
Outra característica deles, é que se irritam facilmente com aqueles que discordam dos reformados. Inclusive, já vi expressões na internet semelhantes a essa: "Quem é você pra discordar do Augusto Nicodemus?"
Especificamente, o Nicodemus tem sido tratado muitas vezes como inerrante nas coisas que diz e escreve. "Se o Nicodemus disse, então é verdade" é um entendimento que se passa na mente deles.
Outra característica deles, é que se irritam facilmente com aqueles que discordam dos reformados. Inclusive, já vi expressões na internet semelhantes a essa: "Quem é você pra discordar do Augusto Nicodemus?"
Especificamente, o Nicodemus tem sido tratado muitas vezes como inerrante nas coisas que diz e escreve. "Se o Nicodemus disse, então é verdade" é um entendimento que se passa na mente deles.
Infelizmente, essas práticas têm conduzido muitas pessoas ao fanatismo, sendo altamente nocivas para o cristianismo.
Pessoas Nicodemaníacas tendem a valorizar mais o que os reformados dizem do que a própria Bíblia e não é de se espantar que muitos deles sequer leram a Bíblia toda.
Pessoas Nicodemaníacas tendem a valorizar mais o que os reformados dizem do que a própria Bíblia e não é de se espantar que muitos deles sequer leram a Bíblia toda.
É justamente por não ter uma sólida base bíblica que se deixam influenciar por essa prática e acabam se sentindo cristãos especiais.
Os Nicodemaníacos também acham seus pregadores superiores aos pentecostais e de outros segmentos históricos, e taxam como herético e sectário qualquer teologia que não seja defendida por esses reformados que foram citados acima.
Os Nicodemaníacos também acham seus pregadores superiores aos pentecostais e de outros segmentos históricos, e taxam como herético e sectário qualquer teologia que não seja defendida por esses reformados que foram citados acima.
4. Conselhos aos Nicodemaníacos.
Agora gostaria de deixar alguns conselhos para aqueles cristãos que estão envolvidos nessa prática:
Agora gostaria de deixar alguns conselhos para aqueles cristãos que estão envolvidos nessa prática:
1. Não supervalorize as interpretações reformadas em detrimento da Bíblia. A Bíblia não está presa a nenhum sistema de interpretação humano e nem pode ser equiparada com qualquer outro livro daqui da terra. Por isso, sua autoridade deve ser levada a sério e qualquer interpretação (independente de qual ramo seja) deve ser submetida à ela.
2. Os reformados não são infalíveis, por isso, trate-os com respeito, mas jamais com fanatismo. O que eles dizem ou escreveram estão sujeitos à falhas e também à heresias. Não é uma atitude cristã, colocá-los no pedestal do "não toqueis nos ungidos do SENHOR."
3. Não seja alienado por sistemas. Siga o conselho do apóstolo Paulo: "Examinai tudo. Retende o bem." (1 Tessalonicenses 5:21). Isto significa que você pode ler, citar, estudar e acreditar em interpretações de outros teólogos e servos de Deus, desde que elas sejam bíblicas.
4. Respeite aqueles que pensam diferente de você. Ninguém é obrigado a ver os reformados como você vê. Aprenda a discordar com amor, respeito e humildade.
5. Postar frases de reformados, colocar imagem deles no perfil e sobrenome não te fará mais cristão. Em vez disso, procure se espelhar nas coisas boas que eles fazem e entregue a Deus toda glória.
6. Cuidado com a idolatria. É preciso rever se estamos de fato pregando a Cristo ou prestando culto a homens aqui da terra.
Conclusão: A Nicodemania é tão prejudicial ao evangelho quanto a teologia da prosperidade. Ela não é um ensinamento sistematizado, mas uma prática que tem crescido em solo brasileiro. Devemos combate-la com a boa e poderosa Palavra de Deus. Que o nosso foco esteja prioritariamente na pregação do Evangelho e não nos homens aqui da terra.
Deus abençoe a todos!
Notas:
[01]- https://www.significados.com.br/mania/
[02]- John Bogerman, citado em Harrison, Beginnings of Arminianism, p. 87
[03]- A isto Armínio respondeu: “Como alguém poderia afirmar mais claramente que eles estavam decididos a canonizar estes dois documentos humanos, e institui-los como os dois bezerros idolátricos em Dã e Berseba?" Arminius, citado em Harrison, Beginnings of Arminianism, p. 88.
Everton Edvaldo
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