TEXTO ÁUREO
“Toda alma esteja
sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de
Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1).
VERDADE PRÁTICA
Diante da sociedade, o crente
tem deveres civis, morais e espirituais
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 13.1-8
INTRODUÇÃO
A minha vida tem sido motivo de gargalhadas de Satanás
diante de Deus? Na minha família, no meu trabalho, no meu dia-a-dia, como tem
sido o meu comportamento? Tenho me comportado como um crente lavado pelo sangue
do Cordeiro ou como pessoa mundana, comprometida com o pecado? Nosso
comportamento mostrará ao mundo de quem nós somos e a quem servimos: Ou a Deus
ou a Satanás! (Dn 1 cf At 27:23).
I – DEFINIÇÕES
DAS PALAVRAS “CARÁTER” e “COMPORTAMENTO”
CARÁTER –
Este termo significa DISTINTIVO; MARCA. Às vezes, caráter é entendido como a
própria personalidade, o conjunto das qualidades (boas ou más) de um indivíduo.
Vejamos, no caso do cristão (I Pe 2:11-17 cf Mt 5:16).
COMPORTAMENTO –
O comportamento do cristão é o conjunto de ações que identifica o homem com a
vontade de Deus e o faz ser reconhecido como uma pessoa que traz benefícios ao
seu próximo (I Cor 10:31-33; Cl 3:12-17).
II – A ÉTICA
SEGUNDO O EVANGELHO
A ética cristã subentende uma acumulação mais
qualitativa de valores porque, além das grandezas morais aí defendidas,
encontramos também virtudes espirituais para aprimorar a nossa conduta. (I Cor
10:31-33)
(1) – A CONDUTA DO CRENTE – É imperioso ao crente
manter uma viva preocupação com o seu modo de viver, esforçando-se por
desenvolver uma conduta irrepreensível e burilada nos princípios éticos da
Palavra de Deus (Sl 15:4-5, 8-10; Ef 4:17-24).
(2) – O CULTIVO DE BONS COSTUMES – (I Cor 15:33 cf Apc
22:11) – Os hábitos contraídos por alguém trazem como consequências marcas no
seu caráter. Evidentemente que a prática de hábitos saudáveis vão formar
naquele que os pratica um caráter equilibrado e um modelo de personalidade.
(3) – O CRISTÃO E O PRÓXIMO – (Rm 15:2-5) – O cristão é
um ser social como qualquer outra criatura humana. Logo, ele tem uma vida
ligada a seu semelhante sob muitos aspectos e isto deve impeli-lo de agir com
sabedoria, buscando compreensão, bom relacionamento, sempre objetivando servir
ao invés de ser servido.
III – O
COMPORTAMENTO DO CRISTÃO
(1) – ANDAR EM INTEGRIDADE – O cristão deve ser íntegro
tanto em suas ações como em suas palavras (Mt 12:33; Rm 6:22) (Hc 8:16; Ef
4:25; Mt 5:37) cf Sl 15:2; 24:4; 140:13.
(2) – FAZER JUSTIÇA – Justiça significa a virtude de
conceder a cada um aquilo que lhe pertence, que é seu. Fazer justiça significa andar
em conformidade com o que é direito, com aquilo que é correto (Ef 6:14 cf Cl
3:12).
(3) – FALAR A VERDADE – De acordo com a Palavra de
Deus, o verdadeiro cidadão dos céus é aquele que fala verazmente, mostrando,
dessa forma, que sendo ele filho de Deus, já não tem parte com a mentira. (Ef
4:25; Sl 15:2 cf Lc 6:45; Jo 8:42-44).
(4) – APARÊNCIA PESSOAL – (Lv 8:7-13) – Isto era uma
exigência divina. O cristão deve se trajar com decência, elegância e discrição.
Deve apresentar-se bem vestido em todas as ocasiões (sem exagerar em usar
roupas caras e de grande luxo), a fim de evitar expor-se ao ridículo. Deve-se
evitar o uso de cores extravagantes e roupas completamente fora de época. Não
pode descuidar-se com a higiene pessoal. Devemos nos lembrar que o crente na
comunidade onde vive representa a Igreja a qual serve. Portanto, sua aparência
pessoal, de algum modo, refletirá a aparência do povo cristão daquela Igreja da
qual é membro.
(5) – A LINGUAGEM SÃ – (I Tm 4:12) Cuidemo-nos com as gírias populares, com palavras torpes e chulas. Piadas e contos indecentes e/ou que têm duplo sentido para o mal, não fazem parte do vocabulário de um verdadeiro servo do Senhor Jesus.
(5.1) – A TONALIDADE DA VOZ – O cristão deve moderar
sua voz para que não fale gritando, nem fale tão baixo que seja difícil
ouvi-lo. Falar alto demais pode parecer exaltação ou até mesmo falta de
educação.
(5.2) – O VOCABULÁRIO – (Ef 5:3; Sl 34:13; Pv 13:3;
21:23) – O vocabulário do cristão não deve ser recheado de gírias e palavras
obscenas. Durante uma pregação ou um testemunho, deve-se ter o cuidado de não
usar palavras “pesadas” ou palavras incompreensíveis aos ouvintes. Devemos usar
um vocabulário simples para sermos compreendidos.
(5.3) – TIPO DE CONVERSAÇÃO – (Ef 5:3-4, 19; I Cor
15:33; Pv 17:27; Cl 4:6; Tt 2:8; Tg 3:2) – A Palavra de Deus condena a
conversação torpe e vã. Conversas fúteis, anedotas e piadas constituem perda de
tempo e pervertem os ouvintes. O cristão que se dá ao hábito de contar piadas,
fatos de sua vida espiritual, do seu relacionamento com os outros membros, com
o objetivo de menosprezar os irmãos humildes, perde o respeito e a autoridade
(5.4) – GESTOS – A fala também envolve os gestos e o
cristão deve ter o cuidado para não ser exagerado nos seus gestos ao falar.
Gesticular exageradamente chama muito a atenção das pessoas e, normalmente, se
transfere para o púlpito na hora de pregar ou testemunhar. Nada justifica
que o cristão venha fazer gestos obscenos, mesmo em hora de ira.
(6) – OS COMPROMISSOS – (I Tm 3:8; Mt 5:37) – A
mentira não tem grau. Alguns querem desculpar-se porque disseram uma
“mentirinha” ou então que foi “uma mentira inofensiva”. Toda mentira
desvaloriza a pessoa humana. Logo, o cristão que usa de mentira estará se
depreciando diante do povo de Deus e da sociedade.
(6.1) – O cristão deve ter todo cuidado com seus
compromissos. Ao empenhar sua palavra, ele deve fazer todo o possível para
cumprir o prometido, mesmo com prejuízo. Muitas pessoas se escandalizam ou
rejeitam o Evangelho porque fizeram tratos com os cristãos e depois estes
negaram a cumpri-los (Pv 6:16-17; 19:5; Zc 8:16; II Cor 13:8)
IV –
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda a glória do Evangelho está relacionada com a vida
exemplar do cristão;
O que caracteriza o cristão é o fato de ser o seu
comportamento o resultado de uma vida transformada pelo Espírito Santo;
A vida do crente está toda ela moldada em princípios e
padrões de natureza ética. Portanto, o cristão deve primar por um viver pleno
de virtudes e valores morais.
SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR
Em Romanos 12, o apóstolo Paulo abordou nosso
relacionamento com Deus (Rm 12:1,2), com nós mesmos (Rm 12:3-8), com nossos
irmãos (Rm 12:9-16) e com nossos inimigos (Rm 12:17-21). Agora, no capítulo 13,
ele tratará de três aspectos importantes: o relacionamento com as autoridades
(Rm 13:1-7), com a lei (Rm 13:8-10) e o comportamento do cristão diante da
iminência da volta do Senhor Jesus (Rm 13:11-14). Após dar regras de como viver
na igreja, o apóstolo agora explica no capítulo 13 de Romanos como os cristãos
podem praticar o cristianismo no mundo secular, político e cotidiano. O cristão
é um cidadão de dois mundos, de duas ordens, e Paulo parece dizer como disse
Jesus: “Dai, pois, a César que é de César e a Deus o que é de Deus”’ (Mt 22:21).
I. DEVERES CIVIS (Rm 13:1-7)
A natureza do Estado (Rm 13:1). “Toda alma esteja
sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de
Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus”.
O Estado é o agente organizador da sociedade. Não
haverá nação sem uma sociedade organizada política, jurídica e
administrativamente, sobre uma base territorial definida. Todavia, para se
processar uma organização social não se fará com simples distribuição de
flores, de sorrisos, de conselhos, isto porque interesses terão que ser
contrariados. Daí a necessidade do agente organizador, que, no caso de uma
nação, é o Estado que necessita da força coercitiva necessária, e esta vem do
poder. Não haverá o Estado sem que haja o poder. O Estado no uso do poder
constitui o governo, e este é que vai gerir os interesses da sociedade.
Para preservar a boa ordem da sociedade é preciso haver
autoridades e sujeição a estas autoridades. De outro modo, teríamos um Estado
de anarquia, no qual ninguém sobrevive por muito tempo. Qualquer governo é
melhor que a ausência total de autoridade. Assim, Deus instituiu o governo
humano, e nenhum governo existe fora da vontade divina. Isso não significa que
Deus concorda com todos os atos de governantes humanos. Por certo, Ele não
aprova corrupção, injustiça, brutalidade e tirania. Ainda assim, não há
autoridade que não proceda de Deus.
Com relação à autoridade constituída, Paulo destaca
três aspectos importantes:
a) A autoridade procede de Deus. Disse o apóstolo Paulo:
“… porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há
foram ordenadas por Deus” (Rm 13:1). Paulo não defende aqui nenhuma forma
específica de governo, mas afirma que esse governo é uma instituição divina. É
Deus quem levanta e depõe reis. É ele quem coloca no trono aqueles que governam
e os tira do trono. Ele é quem governa o mundo e faz isso mediante as
autoridades constituídas. Deus é Deus de ordem, e não de desordem. Ele
instituiu o governo, e não a anarquia.
b) O compromisso de obedecer à autoridade – “Todo homem
esteja sujeito às autoridades superiores…” (Rm 13:1a). Neste texto de Romanos
13:1, ao mencionar “autoridades superiores”, Paulo está referindo-se ao Estado,
com seus representantes oficiais. A atitude que devemos ter em relação às
autoridades é sujeição. O apóstolo ainda afirma: “é necessário que lhe estejais
sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de
consciência“(Rm 13:5).
Segundo Hernandes Dias Lopes, a obediência à autoridade
não tem o caráter de resignada submissão inspirada por temor ou medo. Sua
obediência não se dá só por medo das consequências. Você obedece por questão de
consciência, pois aceita que a autoridade vem de Deus e, quando obedece à
autoridade, obedece a Deus. Segundo William Macdonald, Paulo escreveu este
capítulo 13 sobre a sujeição ao governo humano num período em que o infame Nero
era imperador. Foram dias difíceis para os cristãos.
Os cristãos podem viver vitoriosamente numa democracia,
numa monarquia constitucional e até mesmo sob um regime totalitário. Os
governos humanos são apenas um reflexo dos homens que os constituem. Por isso,
nenhum governo é perfeito. O único governo ideal e perfeito será o governo do
Rei e Senhor Jesus Cristo, no Milênio.
c) A atitude de não resistir à autoridade (Rm 13:2) –
“Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si mesmos a condenação”. Paulo fala sobre uma resistência
formal, planejada, proposital e sistemática. Aquele que se lança em batalha
contra a autoridade legal, atrai sobre si castigo merecido. Essa sujeição,
contudo, não implica obediência cega, tem limites. É simplesmente uma atitude
de reconhecimento das pessoas que ocupam posição de comando numa sociedade
juridicamente organizada.
A resistência que podemos ter não é ao princípio de
autoridade, mas aos desmandos da autoridade. O cristão não tem a obrigação de
obedecer às ordens do governo que o levem a pecar ou trair sua lealdade a Jesus
Cristo (Atos 5:29). Nenhum governo tem o direito de dominar a consciência do
individuo. Há ocasiões em que, ao obedecer a Deus, o cristão provocará a ira do
homem. Nesses casos, deve estar preparado para arcar com as consequências sem
se queixar. John Scott é enfático: “Se o Estado exige aquilo que Deus proíbe,
ou então proíbe o que Deus ordena, então, como cristãos, nosso dever é claro:
resistir, não sujeitar-nos, desobedecer ao Estado a fim de obedecer a Deus (1Rs
21:3; Dn 3:18; 6:12; Mc 12:17; At 4:19; 5:29; Hb 11:23). Contudo, em nenhuma
circunstância, deve se rebelar contra o governo ou participar de complôs para
derrubá-lo.
O propósito do Estado (Rm 13:3,4). “Porque os
magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu,
pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é
ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz
debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz
o mal”.
Pelo texto supracitado, o Estado tem dois propósitos,
ambos importantes, ambos fundamentais para o progresso e a paz da sociedade
a) Promover o bem. O ofício que Deus confiou ao Estado
é o ofício que tem a ver com o bem e o mal. Paulo já disse que devemos detestar
o mal e apegar-nos ao bem (Rm 12:9); que não devemos retribuir a ninguém mal
por mal, mas fazer o bem perante todos os homens (Rm 12:17), e que não devemos
deixar-nos vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem (Rm 12:21). Agora, ele
descreve o papel que cabe ao Estado com respeito ao bem e ao mal. O papel do
Estado é promover o bem e coibir o mal (Rm 13:4).
O objetivo do governo civil não é promover o bem-estar
dos governantes, mas dos governados. Eles são ordenados e investidos de
autoridade a fim de agir como pavor para os malfeitores e louvor para aqueles
que fazem o bem. Se a autoridade é representante de Deus e se Deus é justo e
bom, a autoridade precisa compatibilizar-se com o caráter de quem ela
representa.
b) Castigar o que pratica o mal. Além de ser “ministro
de Deus” para o nosso bem, o governante também serve a Deus aplicando castigo
aos que transgridem a lei. Deus proíbe ao cristão aplicar vingança pessoal e
ordena ao Estado fazê-lo (Rm 12:17,19). A autoridade deve ser austera no
combate ao mal, pois liberdade sem restrição resulta em anarquia. O governo não
pode ser complacente com a justiça, com o mal, com a anarquia, com as forças
desintegradoras que tentam anarquizar a sociedade.
Cabe ao Estado o exercício da autoridade civil, a
manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público. Desta feita, o governo
não pode agir com frouxidão no castigo do mal. Ele precisa punir exemplarmente
os promotores do mal. Tem de reagir com rigor e firmeza contra toda forma de
violência, crime, suborno e corrupção (Rm 13:4; Gn 9:6; Pv 17:11,15; 20:8,26;
24:24; 25:4,5).
A Igreja e o Estado (Rm 13:7). O fato de os cristãos
serem cidadãos do Céu (Fp 3:20) não os exime das responsabilidades junto ao
governo humano. Deve obediência ao Estado e obediência a Deus.
Como cidadãos,
as nossas obrigações principais para om o Estado são:
a) Políticas. Sendo um país governado por um regime
democrático é dever de todo cidadão cumprir o seu papel, exercendo o direito de
escolha de seus representantes e governantes. As obrigações legais impostas
pela constituição de um país, desde que não sejam contrárias ou colidentes com
a Bíblia Sagrada, que é a constituição do Reino de Deus, precisam e devem ser
cumpridas. Biblicamente, a ideia de dividir a população da terra em povos e
nações não foi do homem, mas, sim de Deus. Até onde sabemos não há qualquer
veto bíblico ao processo de escolha de nossos governantes, inclusive pelo voto,
e nenhuma proibição à prestação do serviço militar, muito menos de seguir a
carreira militar.
b) Contributivas. Pagar impostos é um dever de todo o
cidadão, e fazendo assim estamos obedecendo à orientação de Jesus: “Dai a César
o que é de César…”(Lc 20:25). Exorta Paulo: “Portanto, dai a cada um o que
deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor;
a quem honra, honra” (Rm 13:7).
O apóstolo Paulo determina que o salvo, em primeiro
lugar, como verdadeiro cidadão, leve em conta os seus deveres, cumprindo-os
rigorosamente, a fim de que seja exemplo para os demais concidadãos, sejam eles
crentes ou não. Começa pelo dever de pagamento de tributos, que, sem dúvida, é
o que mais dói em cada cidadão, notadamente na época de Paulo, vez que era o
ponto prioritário de todo o sistema de dominação do império de Roma. Lamentavelmente,
são muitos os crentes, na atualidade, notadamente num país como o Brasil, que é
o país de mais alta carga tributária do mundo, que tentam justificar, à luz da
Bíblia, a sonegação de impostos, apelando, para tanto, para o altíssimo nível
de corrupção do governo, para a evidente falta de aplicação dos recursos nas
necessidades básicas da população. Tais argumentos, entretanto, se analisados à
luz da Palavra de Deus, não têm qualquer efeito. Paulo é claríssimo: “por esta
razão também pagais tributos, porque são ministro de Deus, atendendo sempre a
isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a
quem imposto, imposto” (Rm.13:6,7a).
O cumprimento de nossos deveres para com o Estado
demonstra a qualidade de nossa vida cristã e engrandece o nome do Senhor Jesus
e nos torna partícipes da manutenção da ordem publica e da promoção do bem
comum.
II. DEVERES MORAIS (Rm 13:8-10)
A dívida que todos devem ter. “A ninguém devais coisa
alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos
outros cumpriu a lei” (Rm 13:8). A primeira parte deste versículo significa, em
essência: “paguem suas contas em dia”. Devemos livrar-nos de todas as dívidas,
não negando, ignorando ou fugindo delas, mas pagando-as. Existe apenas uma
dívida de que ninguém pode livrar-se, a dívida do amor. Orígenes, um dos
personagens relevantes no início da igreja, dizia que “a dívida de amar é
permanente e nunca a saldamos; por isso devemos pagá-la diariamente”.
A prática desenfreada de aquisição de bens tem sido uma
das marcas de nossa era materialista. Isso tem trazido diversos problemas,
inclusive para os servos de Deus, que não conseguem resistir a determinadas
“promoções imperdíveis” oferecidas pelo comércio e adentram por endividamentos
e financiamentos, sem mesmo avaliar se sua situação financeira comportará tais
compromissos. Quando esquecemos de planejar nossas finanças e cedemos às pressões
“urgentes”, para adquirir coisas supérfluas, corremos o risco de manchar o nome
do Senhor e o nosso diante dos homens. O consumismo nos faz comprar coisa que
não precisamos, com um dinheiro que não temos, para impressionar pessoas de que
não gostamos. Isso é perigoso!
Aquele que cristão diz ser precisa ser disciplinado na
administração das suas finanças a fim de honrar os seus compromissos. O ato de
comprar parece simples e prazeroso, mas não é. Exige planejamento e reflexão.
Jamais podemos comprar por impulso, sem pensar no quanto estamos gastando. Quem
compra por impulso e não segue um planejamento, cedo ou tarde acabará tendo
problemas financeiros. Devemos lembrar que honrar os nossos compromissos
contratuais é um dever cristão e isto é bastante agradável a Deus, pois trará
bom testemunho no meio em que vivemos.
Você deseja ser bem sucedido
financeiramente? Então:
a) Evite o desperdício e o supérfluo. É nossa tendência
pensar que só entre os que têm muitos bens materiais há desperdício de recursos.
A verdade, porém, é que entre a classe pobre há tantos ou mais pessoas que
desperdiçam seus recursos de forma dissoluta. Na parábola de Jesus, aquele que
menos tinha, foi quem não soube administrar sua porção. Na experiência diária
vemos que crentes sem recursos, que vivem somente do seu ordenado, são muitas
vezes aqueles que não sabem direcionar o seu dinheiro. Os pobres podem, nesse
caso, ser tão esbanjadores como os ricos, levando-se em conta as devidas
proporções.
Em João 6:12 Jesus ordenou que seus discípulos
recolhessem os alimentos que sobrara para que nada se perdessem. Algumas vezes
o orçamento acaba porque gastamos com insensatez, com aquilo que não se deve ou
não se pode gastar (Is 55:2; Lc 15:13,14).
b) Economize, poupe e fuja das dívidas. Se os membros
das nossas igrejas fossem mais econômicos, seu dinheiro duraria mais. O mal de
muitos é não saber direcionar o seu dinheiro, é não ter método no gastar. Se
tiver muito, gastam tudo; quando não tem bastante, toma emprestado. Por isso a
vida financeira de muitos evangélicos é uma pedra de tropeço diante dos
incrédulos. Sejamos cuidadosos na maneira de gastar o nosso dinheiro, busquemos
a direção do Senhor de nossas vidas, para que Ele nos ensine a usar o pouco que
nos foi entregue. Economize comprando no estabelecimento que é mais em conta.
Racionalize os gastos com água, luz, telefone, etc. (ler Gn 41:35,36; Pv
21:20). Abra uma conta-poupança e guarde um pouco de dinheiro, por menor que
seja a quantia. Fuja das dívidas!
O amor ao próximo é o cumprimento da lei – “… porque
quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13:8b). O termo usado para “amor” neste
versículo significa uma afeição profunda, abnegada e sobre-humana entre duas
pessoas. Esse “amor” sobrenatural não é despertado por nenhuma virtude na
pessoa amada; é um amor completamente imerecido. Distingue-se de todas as
outras formas de amor, pois é oferecido não apenas às pessoas amáveis, mas
também aos inimigos. Certa vez Jesus disse: “Eu, porém, vos digo: amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5:44). Jesus exige que
cumpramos normas diametralmente opostas ao nosso comportamento natural. Essa
ética estabelecida por Jesus só pode ser seguida por pessoas que nasceram de
novo, que entregaram todo o seu ser ao Senhor: “Porei no seu coração as minhas
leis e sobre a sua mente as inscreverei” (Hb 10:16). Um incrédulo não pode
manifestar esse amor divino. Na verdade, até mesmo o cristão não é capaz de
demonstrá-lo com forças próprias. Esse amor só pode ser expresso pelo poder do
Espírito Santo que habita nos cristãos.
O apóstolo diz que quem ama o próximo tem cumprido a
lei (Rm 13:8b), ou pelo menos a parte da lei que ensina a amar nosso
semelhante. Em Romanos 13:9, o apóstolo Paulo destaca os mandamentos que
proíbem atos de desamor contra o nosso próximo: “Com efeito: Não adulterarás,
não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há
algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo
como a ti mesmo”.
Ao contrário da imoralidade, o amor não explora o corpo
do outro. Ao contrário do homicídio, o amor não tira a vida do outro. Ao
contrário do furto, o amor não se apropria dos bens do outro. Ao contrário da
cobiça, o amor nem sequer cogita desejar indevidamente a propriedade alheia.
– “e, se há algum outro mandamento”. Paulo poderia ter
mencionado outros dois mandamentos:“não dirás falso testemunho” e “honra teu
pai e tua mãe”. Todos eles podem ser resumidos no mesmo preceito: “amarás o teu
próximo como a ti mesmo”. Trate o seu próximo com a mesma afeição, consideração
e bondade com que você trata a si mesmo.
O amor não pratica o mal contra o próximo (Rm 13:10) –
“O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor”. O
amor não procura fazer o mal contra o próximo. Antes, busca ativamente o
bem-estar e a honra de todos. O amor é benigno, e não maligno. O amor é
altruísta, e não egoísta. O amor coloca sempre o outro na frente do eu. O amor
respeita a vida do outro, por isso quem ama não mata. O amor respeita a honra e
a família do outro, por isso quem ama não adultera. O amor respeita os bens e a
propriedade do outro, por isso quem ama não furta. O amor respeita o bom nome
do outro, por isso quem ama não se presta ao falso testemunho. O amor não
deseja o que é do outro; antes, está contente com o que Deus lhe deu, por isso
quem ama não cobiça. Portanto, quem age com amor cumpre as exigências da
segunda tábua da lei.
III. DEVERES ESPIRITUAIS (Rm 13:11-14)
Depois de falar da conduta cristã em relação ao Estado
e ao próximo, Paulo estabelece um fundamento escatológico para essa conduta.
Duas verdades são destacadas: o discernimento do tempo em que vivemos (Rm
13:11,12a) e o discernimento da conduta apropriada que devemos ter nesse tempo
(Rm 13:12b -14).
Consciência escatológica (Rm 13:11). “E isto digo,
conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa
salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”.
Encabeçando a lista dos deveres de natureza espiritual,
Paulo apresenta um de natureza escatológica: “E isto digo, conhecendo o tempo,
que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora,
mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”. A volta de Jesus e a nossa
plena salvação estão agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.
Desta feita, os crentes devem estar alerta e vigilantes para não serem
surpreendidos. Paulo sabe que a antiga natureza pecadora ainda irá,
ocasionalmente, provocar problemas, por isso o apóstolo pede que os
destinatários da Epístola se mantenham acordados. Permanecer muito tempo num
estado de letargia espiritual, onde o pecado é tolerado e as boas obras não são
praticadas, pode levar a um coma espiritual que nos transforma em seres
irresponsáveis perante Deus. Passou a hora de dormir. É hora de acordar e
levantar-se. Escrevendo aos efésios, Paulo diz: “Desperta, ó tu que dormes,
levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5:14).
Cada dia que passa nos leva mais próximo ao instante da
volta de Cristo, quando seremos conduzidos ao Céu para ficar ao seu lado para
sempre. O tempo está se acabando, portanto, precisamos utilizar cada momento
para vivermos uma vida correta diante de Deus e dos homens.
Discernimento da conduta apropriada que devemos ter
nesse tempo em que vivemos (Rm 13:12b-14) – “Deixemos, pois, as obras das
trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia,
não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas
e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne
no tocante às suas concupiscências”.
Veja o argumento do Rev. Hernandes Dias Lopes, com
relação a este aspecto exortativo do apóstolo Paulo, direcionado a todos os
cristãos da igreja em Roma, bem como a todos os cristãos do tempo presente.
Depois de explicar acerca do tempo, Paulo faz algumas exortações sobre como
devemos viver nesse tempo. Paulo usa três imperativos nesta passagem:
“deixemos”, “revistamos” e “andemos“. Estes três verbos governam o pensamento
do apóstolo.
a) Deixemos as obras das trevas. “Deixemos, pois, as
obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz” (13:12b). Não basta estarmos
acordados, precisamos despojar-nos das obras das trevas. Não é suficiente
apenas tirarmos as vestes noturnas, precisamos vestir-nos das armas da luz. Um
soldado não vive de pijamas, ele se atavia com roupas próprias para o combate.
A vida cristã não é um spa espiritual, mas um campo de batalha.
b) Andemos como filhos da luz. “Andemos dignamente como
em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não
em contendas e ciúmes (Rm 13:13). Paulo passa da vestimenta adequada ao
comportamento apropriado. Paulo lista aqui seis pecados, em três pares: trata
da falta de controle nas áreas da bebida, do sexo e dos relacionamentos.
Concordo com John Stott quando ele diz: “A falta de controle próprio nas áreas
de bebida, do sexo e dos relacionamentos sociais contradiz totalmente um comportamento
cristão decente”.
c) Revistamo-nos do Senhor Jesus. “Mas revesti-vos do
Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas
concupiscências” (Rm 13:14). Em vez de viver premeditando como satisfazer os
desejos da carne, o cristão deve revestir-se do Senhor Jesus Cristo,
tornando-se semelhante a Ele. Todos os deveres cristãos estão incluídos no
“revestir-se do Senhor Jesus”, em ser como Ele, tendo aquela semelhança de
temperamento e conduta resultante de estar intimamente unido a Ele pelo
Espírito Santo. Essa união proíbe a tolerância para com toda inclinação
pecaminosa. A salvação é do pecado e para a santidade. Devemos andar como Jesus
andou, falar como Jesus falou, agir come Jesus agiu, sentir como Jesus sentiu.
Jesus deve dominar-nos da cabeça aos pés!
É válido ressaltar que foram os textos de Romanos
13:13,14 que Deus usou para converter Agostinho a Cristo e à pureza. Quando
Agostinho terminou de ler o versículo 14, entregou-se ao Senhor e, desde então,
é conhecido historicamente como “santo” Agostinho.
CONCLUSÃO
As autoridades Eclesiásticas também são constituídas
por Deus e precisam ser obedecidas. Existem crentes prontos a obedecer às
autoridades civis e militares, porém, ignoram as eclesiásticas. A Bíblia
Sagrada que manda obedecer às autoridades constituídas – “Sujeitai-vos, pois, a
toda ordenança humana por amor do Senhor, quer ao rei, como superior, quer aos
governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores…” -, é a mesma
Bíblia que também diz: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles…” (Hb
13:17). Não importa quem seja o Pastor da Igreja, nem suas qualidades
intelectuais, ou aparência física. Se nós cremos na Bíblia, se cremos que nossa
igreja é aquela que Jesus chamou de “a minha Igreja” (Mt 16:18), se cremos que
é Jesus quem dá pastores para Sua Igreja e, se cremos que o pastor prestará
contas de seu governo ao Senhor, então devemos fazer o que a Bíblia ordena, no
sentido da obediência e sujeição
Nenhum comentário:
Postar um comentário