Absalão finalmente conseguira ordem do Rei Davi, seu
pai, para que voltasse a Jerusalém. Ele havia fugido após assassinar seu
meio-irmão e ao retornar, poderia ficar em sua casa, mas sem ver o rei.
Dois
anos se passaram e Absalão foi admitido à presença de Davi. A paz entre os dois
parecia ter sido selada, entretanto, Absalão começou um plano a fim de tomar o
reino de seu pai. Durante quatro anos ele se colocou diariamente à frente do palácio
e sempre que alguém chegava com alguma demanda para que o rei julgasse, Absalão
insinuava: “Você até que tem uma boa causa, mas não será ouvido... Ah se eu é
que fosse o rei, eu ajudaria todos aqueles que viessem com alguma questão,
estabelecendo a justiça”. Além disso, não permitia que os homens se inclinassem
perante ele, antes, estendia a mão e os beijava.
O texto bíblico diz que “desta
maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo e, assim, ele
furtava o coração dos homens de Israel” (2ºSm 15.1-6). Quando Absalão proclamou
o golpe contra o rei, o povo já estava do seu lado.
Creio que essa história é uma boa ilustração daquilo
que o Senhor Jesus afirmou a Seus discípulos, “onde está o teu tesouro, aí
estará também o teu coração” (Mt 6.21). O que alguém tem como seu desejo mais
precioso (tesouro), governará o seu coração, logo, o desejo que controlar o seu
coração, controlará também a sua vida. Não é, então, sem razão, a advertência
do livro de provérbios, “acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende
toda a sua vida” (Pv 4.23).
Sendo, então, verdade que somos controlados pelos
desejos que governam o nosso coração, pode-se afirmar que aqueles que sabem o
que controla o nosso coração podem também nos controlar ou manipular.
Absalão
sabia o que o povo desejava, o que estava em seu coração. Eles queriam ser
ouvidos e ter suas causas julgadas e foi assim que se apresentou, cativando-os
e levando-os a tomar parte em sua conspiração [qualquer semelhança com o
populismo do nosso governo não é mera coincidência].
Infelizmente, muitas vezes controlamos e somos
controlados por outras pessoas mais do que gostaríamos de admitir e o controle
sempre se dará por conta daquilo que se tem como “o” tesouro do coração.
Seja no caso de um pai dizer ao filho que se ele se
comportar vai ganhar aquele vídeo game que tanto queria ou de um político
prometer aquilo que o povo tanto anseia a fim de angariar votos ou de uma
empresa investir na valorização do cliente para que seus lucros aumentem ou
ainda quando um rapaz flerte com uma moça elogiando aquilo que ele entende de
que ela se agradará, o que está por trás é sempre o mesmo: ser bem sucedido em
sua investida ao oferecer aquilo que o outro tanto deseja. É exatamente por
isso que ao oferecer aquilo que o outro não deseja, a tendência é que cada uma
dessas investidas citadas seja mal sucedida. Um filho não se comportará em
troca de um brinquedo que não goste, o eleitor não votará em um político que
prometa aumentar ao máximo os impostos, um cliente não procurará uma empresa
que o trate como “um qualquer”, tampouco uma moça aceitaria namorar um rapaz
que, de cara, dissesse que ela não vale tanto a pena, mas que seria sua única
opção.
Mas essa dinâmica pode ocorrer também de forma inversa.
Por exemplo, uma pessoa que tem como seu tesouro o “ser aceito pelos outros”, tenderá a nunca desagradar ou contrariar ninguém, na esperança de ser acolhido;
aquele que “ama a sua reputação” poderá ser tentado a mentir sobre si mesmo
somente para manter o seu status; uma esposa que tem como seu tesouro mais
precioso o seu marido, pode sofrer várias humilhações sem confrontá-lo, com
medo de perdê-lo.
A realidade é triste! Se o homem não tiver o Senhor como seu
tesouro mais precioso, certamente será controlado por aquilo a que ele conferir
esse status.
Não é de se admirar, então, que o mandamento mais
importante, conforme respondeu o Senhor à pergunta do intérprete da Lei, seja:
“amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo
o teu entendimento” (Mt 22.37). Para que isso pudesse ser uma realidade, o
Senhor prometeu, por meio do profeta Ezequiel, que 'tiraria do povo o coração de
pedra e colocaria um coração de carne' “para que andem nos meus estatutos, e
guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu
Deus” (Ez 11.19-20).
Aqueles que nasceram da água e do Espírito e que têm
esse novo coração são capacitados a viver para Deus. Entretanto, como o Senhor
já nos resgatou, mas ainda não fomos plenamente transformados(1Jo 3.2), até o
dia final enfrentaremos a luta que acontece diariamente da carne contra o
Espírito. Graças a Deus não estamos sozinhos nessa luta e, pela graça de Deus,
podemos mortificar os desejos da carne(Rm 8.13), desfrutar da liberdade que temos
em Cristo ao não nos submetermos novamente ao jugo de escravidão (Gl 5.1), tendo
sempre em mente que, apesar de todas as coisas serem lícitas, não podemos nos
deixar dominar por nenhuma delas(1Co 6.12).
Vivendo assim, os desejos do seu coração estarão no
lugar correto e você não pecará para realizá-los, antes, colocará cada um deles
aos pés da cruz do Redentor, esperando nEle a concretização, se assim for do Seu sábio querer.
Você também não será manipulado por ninguém, pois sempre terá
a Palavra de Deus como crivo para o que for realizar, tampouco desejará
manipular a outros.
Pela graça de Deus, procure viver sempre em submissão, mas
somente a Cristo Jesus, nosso Redentor, á Sua Palavra e aqueles que a ensinam, pregam e vivem na prática!
Viva vencendo as manipulações!!!
Abraços.
Seu irmão menor.
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