
Texto Áureo:
“E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um
varão como este, em quem haja o Espírito de Deus?” (Gn. 41:38).
Verdade Prática:
Escravo, ou senhor, José sempre se
destacou por uma vida de excelência e fidelidade a Deus.
Leitura Bíblica:
Gênesis 37.1-11 = Gênesis 45: 1-8
INTRODUÇÃO
JOSÉ UM HOMEM DESIGNADO POR DEUS
A história de José ganha um espaço especial no livro de
Gênesis nos capítulos 37 a 50. O velho Jacó vivia como estrangeiro na terra de
Canaã, a qual Deus prometera como herança à descendência de Abraão. Nos planos
divinos, fatos contundentes haveriam de acontecer a partir de José, tomando-se
o mesmo o personagem por excelência na história do povo de Israel.
JOSÉ, AMADO E ODIADO POR SUA FAMÍLIA
1. Amado de seu pai (vs.1-4). José era um adolescente, de 17
anos de idade, e Jacó o amava muito, porque era o filho de sua velhice. Além
disso, ele se destacava dentre seus irmãos, porque era temente a Deus e não
concordava com o mau procedimento deles. Jacó demonstrava sua preferência
paterna por José, provocando, com esta atitude, a inveja e o ciúme de seus irmãos.
2. Odiado por seus irmãos (vs.4-1 1). Havia duas razões
principais para o ódio dos seus irmãos: era a denúncia que José trazia a Jacó,
das más ações cometidas por eles, fora das vistas do velho pai e quando,
ingenuamente, contava seus sonhos a eles e os interpretava. Os sonhos sempre o
colocavam como líder de seus irmãos, e isto era suficiente para eles o odiarem
e desejarem se livrar dele.
3. Maltratado e vendido como escravo (vs.12-36). Por ser o
mais novo dos filhos, José foi enviado por seu pai ao campo onde estavam seus
irmãos, cuidando dos rebanhos da família, em Siquém. Quando José chegou entre
eles, seus irmãos já haviam formulado uma trama para livrarem-se dele, pois o
ódio era patente em seus olhos e corações. Seus irmãos queriam matá-lo,mas
Rúben impediu que eles assassinassem o próprio irmão, pois isto muito
entristeceria o velho pai.
Resolveram então, colocá-lo dentro de uma cisterna, cavada
naquela região. Antes, tiraram-lhe a túnica talar, que o distinguia dos demais,
e o venderam como escravo a uma caravana de ismaelitas (Gn 37.25).
4. As conseqüências amargas da inveja e do ódio. A Bíblia
diz que “os irmãos de José eram movidos de inveja”(At 7.9). A inveja surge
como um sentimento negativo, de mesquinharia humana. Causada pela queda ao
pecado, desde nossos primeiros pais, Adão e Eva. Geralmente, a inveja surge da
tentativa de compensar o fracasso em relação a outras pessoas. O invejoso não
aceita o sucesso de outrem.
JOSÉ É HUMILHADO E EXALTADO NO EGITO
1. José é vendido na feira de escravos, no Egito (Gn 39.1).
Longe da casa do pai, José amargava a separação. Não entendia porque tanto ódio
da parte de seus irmãos. Passava pela feira de escravos um oficial da corte
real de Faraó, por nome Potifar e, ao ver o jovem escravo, percebeu que o mesmo
tinha características diferentes e superiores aos demais. Comprou-o dos
ismaelitas e o levou para servir em sua casa.
2. José prospera na casa de Potifar (Gn 39.1-6). José
alcançou graça diante de seu amo Potifar e foi designado para ser mordomo da
sua casa. Todos os negócios foram geridos por José, e a casa de Potifar
prosperou grandemente. Deus estava com José em tudo o que fazia.
3. José foi tentado pela mulher de Potifar (Gn 39.6-12). É
difícil, às vezes, entender os desígnios de Deus, mas a verdade deste
incidente, na experiência de José, estava no fato de que ele deveria ser provado,
a fim de estar apto para um propósito maior. Segundo a Bíblia, além das
qualidades morais e espirituais, José “era formoso de parecer e formoso à
vista” (Gn 39.6). Fisicamente, ele era bonito e desejável para os prazeres da
carne. A mulher de Potifar colocou os olhos em José e tramou situações pelas
quais pudesse atrair o jovem mordomo. Mas ele recusou os ímpetos insistentes
daquela mulher, declarando a ela, que não poderia trair a confiança de seu
senhor (Gn 39.8), e nem pecar contra o seu Deus.
Não podendo convencê-lo com palavras e atitudes sensuais,
aquela mulher o pegou pelo vestido, com força, mas ele escapou assim mesmo,
deixando suas vestes rasgadas nas mãos dela(Gn 39.12). A mulher de Potifar se
fez de vítima e lançou sobre José a acusação de tentativa de sedução (Gn
39.14-18). Ouvindo Potifar a acusação mentirosa de sua mulher contra José,
mandou-o para o cárcere dos presos do rei.
4. José é abençoado por Deus dentro da prisão (Gn 39.21-23;
40.6-8). Deus foi benigno com José, isto é, em todo o tempo da sua humilhação,
a presença benévola e complacente do Senhor esteve com ele. Esse é o modo de
Deus tratar com aqueles que sofrem e padecem aflições (Rm 2.4; SI 36.7;
119.76). Naquela prisão, a benignidade do Senhor sustentou e guardou José (Pv
20.28).
A graça divina quebrantou o coração do carcereiro-mor e o
fez ver qualidades morais e intelectuais de José. Dentro daquela prisão, José encontra dois chefes da cozinha da casa real: o chefe dos copeiros e o dos padeiros da
casa de Faraó. Ambos sonharam, e como os egípcios que os sonhos representavam
presságios bons ou ruins, contaram a José os seus sonhos. José tinha a graça de
Deus para interpretar sonhos. Isto acontecia, desde quando estava na casa de
seu pai Jacó. Sem entrar nos detalhes, vemos que José revelou os significados
dos sonhos dos dois, e pediu ao copeiro que se lembrasse dele perante Faraó, uma
vez que ele era apenas uma vítima, e não culpado de qualquer ato indigno(Gn
40.14,15).
JOSE E LEVADO A PRESENÇA DE FARAÓ
1. José é lembrado
perante Faraó (Gn 41.1-8). Faraó teve dois sonhos seguidos que o deixaram
perturbado pois não entendia o significado dos mesmos. É aqui que Deus entra em
ação, mais uma vez, para cumprir Sua palavra, anteriormente, revelada a José,
ainda na casa de seu pai. O tempo do cumprimento dos sonhos de José chegava no
momento certo (Gn 37.5-7). O copeiro-mor estava servindo a Faraó, cerca de dois
anos depois que saíra da prisão, quando viu o rei perturbado. O Senhor fez
lembrar-se de José e ele falou a Faraó sobre o que acontecera e como se
cumprira a interpretação de José. Faraó já havia convocado todos os astrólogos
e adivinhos do palácio, mas nenhum pudera interpretar os seus sonhos(Gn 41
.8). O rei ficou pasmado com a exatidão do cumprimento dos sonhos do copeiro e
do padeiro e, por isso, ordenou que lhe trouxessem José a sua presença.
2. José é conduzido ao Faraó (Gn 41.9-15). No tempo próprio,
Deus fez o copeiro-mor lembrar-se de José, o qual contou ao rei a experiência
que tivera, quando esteve preso com o jovem hebreu. O rei ficou impressionado
com a narrativa. Estava revoltado com os magos e ocultistas do palácio, que não
puderam interpretar os seus sonhos. Na presença de Faraó, José, com humildade,
declara que a interpretação dos sonhos do rei viria de Deus, o seu Senhor(Gn
41.16). O plano divino na vida de José começava a cumprir-se, literalmente.
3. José interpreta os sonhos de Farao (Gn 41. 16-32). O rei
contou os sonhos e o Espírito de Deus abriu o entendimento de José para dar a
interpretação.
José interpretou os sonhos, afirmando que os dois se
resumiam num só, pois dentro de pouco tempo o Egito passaria por uma grande
escassez de alimentos e, para evitar esta crise, era necessário que o rei se
provesse de mantimentos.
O rei ficou estupefato por tanta inteligência e visão
administrativa do jovem hebreu. A verdade é que Deus estava por detrás de tudo.
José achou graça diante de Faraó(At 7.10). Esta graça tinha a operação de
Deus, pois é Ele quem dirige os destinos da nossa vida, quando fazemos a Sua
vontade.
Ao ouvir a palavra de José, 'em encontrar um homem que
tivesse o espírito de Deus para governar toda aquela proposta', buscou entre
seus homens, mas a ninguém encontrou. Estava diante dele um estrangeiro,
recém-saído da prisão (1 Co 1.26- 29).
4. José é nomeado governador do Egito (Gn 41.33-57).
Indiscutivelmente, o Espírito de Deus estava com José. Ao tomar-se governador
do Egito, tornou-se, também, a segunda pessoa mais importante do reino de
Faraó. O rei viu em José muito mais que um mero visionário. O rei viu nele
alguém altamente capaz de realizar um grande trabalho em favor do Egito. Às
vezes, na vida cotidiana da igreja, os que possuem algum dom espiritual de
profecia ou revelação não sabem separar as coisas espirituais das racionais.
Espiritualizam demasiadamente os fatos da vida eclesiástica e agem como se
fossem anjos. José não perdeu os seus dons espirituais, e soube administrar a
sua vida espiritual de modo a ser uma bênção nas responsabilidades materiais.
CONCLUSÃO
A história de José é longa e contém muitas lições, mas
destacamos apenas alguns pontos, os quais se constituem ricos e preciosos
ensinos para a nossa vida cotidiana: No primeiro tópico da lição, aprendemos
sobre o perigo da discriminação que alguns pais fazem com seus filhos. Isto
gera ciúmes, invejas e rancores entre os demais irmãos.
Por causa da discriminação, José quase foi assassinado por
seus irmãos. Não aconteceu, porque Deus tinha um plano determinado com todos
eles, especialmente, José. Mesmo assim, foi vendido como escravo, mas Deus
esteve com ele o tempo todo. O esquecimento do copeiro- mor parece ter sido de
propósito, na presciência divina, pois, no tempo certo, ele lembrou-se de José.
Devemos aprender a esperar em Deus. Ele não se atrasa, nem se adianta.
Subsídio para o Professor
INTRODUÇÃO
Vim a concluir que, romance algum é
comparável à história de José. O autor sagrado não precisou sequer de 13
capítulos para compendiar a epopeia do jovem hebreu que, vendido como escravo
pelos irmãos, veio a ocupar a governança do Egito. Todas as vezes que me deparo
com essa narrativa, louvo a Deus, pois Ele continua a intervir na biografia de
cada um de seus filhos.
Acompanhemos a trajetória de José: Em sua carreira, não
vemos apenas o sucesso tão comum aos grandes homens. Testemunhamos, acima de
tudo, a excelência que leva os heróis da fé a fazerem diferença na crônica de
seus povos e do próprio mundo.
1. A HISTÓRIA DE JOSÉ
A história de José mescla-se à de Jacó. Numa transição bela
e sutil, Moisés introduz o jovenzinho hebreu no cenário sagrado: “Esta é a
história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus
irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa,
mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai” (Gn 37.2).
Logo de início, o autor de Gênesis faz questão de ressaltar
a espiritualidade e a ética do futuro governador do Egito. Qualidades estas,
aliás, que lhe seriam imprescindíveis no futuro.
1. Um patriarca sacerdotal e profético. Dos patriarcas que
deram origem às doze tribos, José foi o único a ser agraciado com o dom
profético que tão bem distinguira Abraão, Isaque e Jacó, seu pai. José, porém,
estava para receber, do Senhor, uma revelação ainda mais refinada e teológica.
Ele não apenas sonharia profeticamente, como profeticamente interpretaria os
sonhos que em breve ouviria. No epílogo de sua vida, revelaria aos irmãos que
os hebreus não haveriam de permanecer em solo egípcio. Mas que, visitados pelo
Senhor, subiriam à Terra Prometida. José exerceu um ofício similar ao de
Daniel. Sábios e entendidos em sonhos, foram ambos santificados a estar junto
aos poderosos, a fim de testemunhar do Todo-Poderoso.
2. Um adolescente de elevada ética. José nunca comungou com
os desvios morais dos irmãos. Mesmo arriscando-se às mais duras e inesperadas
represálias, delatava-os ao seu velho pai. Em sua delação, não havia prêmio
algum; apenas dissabores havia.
Entretanto, agindo de forma tão íntegra, adestrava-se a
viver no palácio do Faraó, onde a corrupção fazia parte dos protocolos, ritos e
liturgias oficiais. A Bíblia não detalha os malfeitos dos irmãos de José. Mas
dá a entender que eram atos condenáveis e repugnantes aos olhos de Jacó. Se o justo Deus os separara para ser a
comunidade ética por excelência, por que não andavam eles de acordo com a
justiça divina? A integridade deve ser cultivada na infância, para que floresça
na adolescência e frutifique na velhice. Que os nossos políticos aprendam essa
lição com o jovem hebreu.
II. A FORMAÇÃO DE JOSÉ NA CASA PATERNA
Dos 17 aos 30 anos, José teria um longo aprendizado. Sua
formação dá-se de forma gradual, lenta e, muitas vezes, dolorosa, Na casa paterna,
aprenderá, além da teologia de Abraão, valiosos princípios de administração e
economia com o velho pai, Jacó. Em todas as matérias, mostra-se excelente
aprendiz.
1. Formação teológica. A formação teológica de José dá-se no
cotidiano da casa paterna, no pastoreio do gado e no amanho do solo. Afeito às
narrativas e proposições de Jacó, sabia muito bem por que Deus chamara Abraão
àquelas terras. Portanto, havia um propósito supremo à sua família: a
constituição de um povo profético, sacerdotal e real. Um povo, aliás, que
mudaria a História Universal através do Messias.
Ele conhecia as peregrinações do avô. E, dos lábios do pai,
ouvira como Deus comunga com os Seus servos. Logo, ele não teria de subir ao
Céu para conhecer o Eterno, pois o Eterno já havia descido à Terra, para
fazer-se conhecido pelos que O amam. Experimentalmente, pois, vai o Senhor
inserindo o jovenzinho na comunidade profética do primitivo Israel. José é
paciente e reflexivo. Não leva em conta as maldades dos irmãos. Além do mais, Deus está no controle de suas agruras,
tribulações e provas. Por esse motivo, 'tudo crê e tudo suporta'; em seu coração,
o amor é perfeito.
2. Formação administrativa. Jacó não ignorava a complexa
economia de Canaã e do Egito. Havendo-se com eficácia na administração do
patrimônio familiar, multiplicara-o sobremaneira, escapando diversas vezes às
garras de Labão. Tais lições, fez questão de repassar a José. E, pelo contexto
da História Sagrada, o filho fez-se tão excelente quanto o pai. Deus o
preparava, assim, a administrar a casa de Potifar, o presídio de Faraó e,
finalmente, o império todo do Egito.
Conhecendo o Deus dos antigos e já dominando os fundamentos
da economia e da administração, o que mais falta a José? Agora, ele já pode esperar. Sim, ele já está preparado a receber os planos que, em breve, lhe dará
o Senhor.
3. O primeiro sonho. Certa vez, José teve um sonho. E, logo
ao amanhecer, relatou-o aos irmãos: “Atávamos feixes no campo, e eis que o meu
feixe se levantou e ficou em pé; e os vossos feixes o rodeavam e se inclinavam
perante o meu”(Gn 37.7). Tratava-se de um sonho campesino e rural. Refletindo
o dia a dia do sonhador e dos sonhados, aparentemente nada tinha de especial.
De certa forma, até refletia a faina daquela gente obreira e madrugadora. Todos
foram cientificados, porém, que se tratava de um aviso divino.
Por ocasião da ceifa, tanto José quanto seus irmãos colhiam
o trigo, amarrando-o em feixes, Então, por que só o molho de José pôs em pé? A
resposta só pode ser uma: o de José era recolhido com excelência e com
excelência, amarrado. Quanto aos outros, eram colhidos por obrigação e por mera
obrigação, enfeixados.
Portanto, o que busca a excelência em seu trabalho, jamais
ficará prostrado. Ante o sonho de José, a hermenêutica de seus irmãos logo se
aguçou. Já tomados de inveja, perguntaram-lhe: “Reinarás, com efeito, sobre
nós? E sobre nós dominarás realmente?”(Gn 37.8). E, com isso, o ódio pelo
caçula fazia-se incontrolável.
4. O segundo sonho. Quem amarra bem os seus feixes, sempre
acaba sendo abençoado com algo mais elevado. Foi o que aconteceu a José. Ouçamos-lhe
o relato do segundo sonho: “Sonhei também que o sol, a lua e onze estrelas se
inclinavam perante mim”(Gn 37.9). Interessante, o primeiro sonho era rural; o
segundo, astronômico. De qualquer forma, como mais adiante veremos, havia
copiosas bênçãos tanto a José quanto à sua família. Mas, naquele momento, todos
se perturbam.
O velho Jacó, colocando-se como o sol da família, intervém
de pronto: “Que sonho é esse que tiveste? Acaso, viremos, eu e tua mãe e teus
irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?”(Gn 37.10). Não obstante, o pai
guarda o relato no coração. O que Deus reservava a José, em particular, e à
família, como um todo? Quanto aos irmãos, passaram a devotar-lhe um ódio ainda
mais nocivo e mortal. Por que o caçula e não o primogênito? Deixemos isso por
conta da soberania Divina.
Se a inveja não os tivesse cegado, haveriam de concluir que
Deus não favorecia apenas José. No primeiro sonho, ninguém ficava sem o seu
feixe; todos eram abençoados igualmente com o seu molho. Quanto ao segundo
sonho, a bênção coletiva era ainda maior. Ninguém perdia o seu brilho, O sol
resplandecia com a força de um rei. A lua com a grinalda duma rainha.
As doze estrelas? Cada uma delas distinguia-se com uma
glória particular. Judá resplendia com o Cristo. Rubem, com a primogenitura.
Levi, com o sacerdócio, Enfim, ninguém deixava de brilhar. Então, por que tanto
ódio contra José?
Eles não souberam como avaliar o adolescente que Deus
santificara para governar o mais poderoso império daquele tempo. Através de
José, todo o Israel seria salvo.
III. O PREÇO DE UM JOVEM
Como destruir um sonho? Para os irmãos de José, só havia uma
resposta plausível: destruindo o sonhador. Foi o que intentaram ao jogá-lo num
poço na erma e abandonada Dotã.
1. A conspiração contra José. A conspiração para matar José
foi muito bem amarrada. Eles só não levaram o intento adiante, porque Judá, o
mais ajuizado deles, propôs-lhes: “De que nos aproveita matar o nosso irmão e
esconder-lhe o sangue? Vinde, vendamo-lo aos ismaelitas; não ponhamos sobre ele
a mão, pois é nosso irmão e nossa carne”(Gn 37.26,27). Então, que o tal
sonhoso seja vendido.
Todavia, quanto vale José? Aos olhos de seus irmãos, meros
20 siclos de prata; menos de um mês de trabalho. Foi o valor que receberam
daqueles mercadores que, de quando em quando, atravessavam a região. O negócio
pareceu-lhes ótimo.
Além de se livrarem dos sonhamentos e sonhanças do irmão,
obteriam um lucro amaciado e fácil. A fim de explicar o desaparecimento do
irmão ao pai, mostraram-lhe a túnica de José manchada com o sangue de um bode. Eles eram hipócritas e corruptos.
Além de mentir, desfalcaram o rebanho de Jacó. Bem diria o
Salmista que 'um abismo sempre acaba por chamar outro abismo'. Não bastasse
tamanha presepada, enlutam-se e põem-se a consolar o inconsolável patriarca.
2. Potifar compra José. Já cativo dos ismaelitas, José é
levado ao Egito. Jornada longa e árdua, O Sinai não tem fim. São quase 300
quilômetros de andanças, canseiras, incertezas e receios. O que o espera na
terra do Faraó? Os mercadores tratam-no com rispidez e truculência, Para eles, o hebreu
não passa de mero artigo.
Desalmados caixeiros-viajantes
No Egito, os ismaelitas expõem o caçula de Jacó num amplo e
concorrido mercado.
Ei-lo ali, em meio a outros cativos, animais e mercadorias,
Os interessados passam, examinam-nos e veem-lhe os dentes. Sim, na compra de um escravo, a arcada
dentária é reveladora. Se por um lado, denota saúde, por outro, conota
enfermidade. Por isso, cada escravo tem de ser examinado com rigoroso cuidado, Ao ver o hebreu, Potifar agrada-se dele. Ali estava um jovem
forte, saudável e que soubera como resistir ao Sinai. Enfim, um servo perfeito
às tarefas de casa e às lides do campo, Não bastasse, era bonito e de bela
aparência. Acertado o valor, o oficial do Faraó conclui logo o negócio.
O preço de José foi nada módico. Levemos em conta, ainda, as
despesas que os mercadores tiveram com o escravo na viagem entre Canaã e o
Egito. Sabemos por quanto ele fora vendido, mas ignoramos por quanto foi
comprado. Nem sempre o preço de um homem é revelado.
IV. A FORMAÇÃO DE JOSÉ NA CASA DE POTIFAR
Na casa paterna, José aprendera teologia, administração e
economia. Agora, na casa de Potifar, dará continuidade à sua formação
espiritual, moral e cultural. Informalmente, estudará a língua demótica(A escrita ou os caracteres correntes ou vulgares entre os antigos egípcios),
finanças egípcias e ética. O curso não é à distância, mas doloroso, estressante
e presencial.
1. A língua demótica. Para um falante do hebraico, era nada
fácil compreender a estrutura gramatical, morfológica e fonética da antiga
língua egípcia. Oriunda do ramo afro-asiático, possuía idiotismos e locuções
que nenhum sentido faziam aos semitas e indo-europeus. Era como aprender o
basco ou o chinês.
O egípcio falado na casa de Potifar era o demótico: a língua
do povo. Sua escrita, contudo, estava longe de ser popular. Formada por
ideogramas complexamente arranjados, era difícil até aos falantes naturais.
José, porém, não se agasta com o novo idioma. Em pouco tempo, estava ele
comunicando-se perfeitamente com seus amos e conservos. Sua disciplina era
louvável.
2. Finanças. José, agora, terá de por em prática os
princípios de economia que lhe ensinara o pai tanto na administração da casa
quanto na da fazenda de Potifar. O desafio é grande; espera-o uma nova
realidade financeira e fiscal.
Seu aprendizado surpreende de tal forma o seu senhor, que o
coloca à testa de todos os seus negócios. Eis o testemunho que lhe dá o autor
sagrado: “Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que,
tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era
formoso de porte e de aparência” (Gn 39.6).
3. Ética, a dolorosa lição. José era um homem bonito; seu
porte, belo e imperial. Em Canaã, perseguia-o a inveja. No Egito, assedia-o a
cobiça. Desta vez, terá de enfrentar as investidas da mulher de Potifar. Mas,
provado moralmente, eticamente censura o comportamento da patroa: “Como, pois,
cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn 39.9).
José era orientado por uma ética superior. Conquanto não
houvesse mandamento algum escrito, o piedoso hebreu já se resguardava ao
Senhor. Ele sabia que, sem integridade, jamais poderia cumprir a missão que lhe
confiara o Deus de Jacó e o temor de Isaque.
O final dessa história não poderia ser diferente: Caluniado
por sua ama, é lançado numa prisão, onde novos aprendizados o aguardam. Ele só
não foi condenado à morte, porque Potifar conhecia muito bem a índole e os
caprichos da esposa.
V. A FORMAÇÃO DE JOSÉ NA PRISÃO
É na prisão que José cursará a universidade, que o
capacitará à governança do Egito. Ali, aprenderá a língua hierática, as
liturgias e maneiras da corte. Conviverá com prisioneiros cultos e letrados,
que sabiam como estar na presença do rei. Na prática, inteirar-se-á do
funcionamento do Estado egípcio.
1. A língua da corte.
Na casa de Potifar, aprendera o demótico: a língua popular do Egito. Já na
prisão, um novo desafio linguístico o aguarda: o hierático. Agora, terá de
adaptar-se ao idioma dos sacerdotes e nobres; restrito e sagrado. Pelo contexto
da história, concluímos que o seu aprendizado foi novamente coroado de êxitos.
A formação de José lembra a de Daniel e seus companheiros
(Dn 1.4,21).
2. O funcionamento da corte. Na prisão, conhece os presos
políticos de Faraó, entre os quais o copeiro e o padeiro-mores. Eles lhe
ensinarão como funciona a corte faraônica. Ali, informalmente, recebe preciosas
aulas sobre a teoria geral do Estado. Na prisão, José é igualmente
bem-sucedido. Levado como prisioneiro, faz-se carcereiro, mestre e psicólogo.
3. O sonhador interpreta sonhos. Certa manhã, José encontrou
o copeiro e o padeiro-mores turbados e confusos. Sempre gentil e solícito,
buscou saber-lhes o motivo de tamanha prostração de espírito. Eles relataram-lhe,
prontamente, que assim estavam por causa dos sonhos que haviam tido na noite
anterior, O hebreu, então, iluminado pelo Senhor, ouviu-os com paciência,
dando, a cada um, a interpretação de seu sonho.
No terceiro dia, em pleno aniversário do Faraó, cumprem-se
as palavras de José. Eis o que o rei “ao copeiro-chefe reintegrou no seu cargo,
no qual dava o copo na mão de Faraó; mas ao padeiro-chefe enforcou, como José
havia interpretado” (Gn 40,21,22).
Mesmo antes de o sonho cumprir-se, rogara José ao
copeiro-mor: “Porém lembra-te de mim, quando tudo te correr bem; e rogo-te que
sejas bondoso para comigo, e faças menção de mim a Faraó, e me faças sair desta
casa; porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e, aqui, nada fiz,
para que me pusessem nesta masmorra”(Gn 40.14,15), O oficial de Faraó, porém,
não se lembrou de José; deste esqueceu-se, não porque o quisesse, mas porque o
tempo do hebreu ainda não havia chegado.
VI. JOSÉ, PRIMEIRO-MINISTRO DO EGITO
Desde os sonhos dos oficiais mores de Faraó, dois anos
completos se haviam passado. José parecia esquecido até mesmo por Deus.
Entretanto, ele sabia que, para cada coisa, há um tempo determinado. Enquanto
ele cumpria suas tarefas na prisão, o rei do Egito é turbado por dois sonhos
que, em essência, constituíam um aviso único e urgente do Senhor (Gn 41.1-7).
1. O sonho de Faraó. No primeiro sonho, vira o rei sete
vacas gordas e de couro brilhante que, emergindo do Nilo, pasciam às suas margens. Mas eis
que outras sete, magérrimas e feias, começaram a devorar as primeiras. E, mesmo
assim, continuavam esqueléticas. Tornando a dormir, viu o soberano que, de uma
única haste, brotavam sete espigas bem granuladas e cheias. Em seguida,
apareciam outras sete: amiudadas e crestadas pelo vento oriental. Insurgindo-se
estas, devoraram aquelas graúdas. E, nem por isso, fizeram-se melhores.
2. José é lembrado.
Na manhã seguinte, Faraó convoca seus magos e sábios, mas nenhum deles soube
como interpretar-lhe os sonhos. Foi justamente aí que o copeiro-mor lembrou-se
de José. E, falando do hebreu ao rei, este o mandou chamar de imediato. Sendo
convocado pelo monarca, José barbeou-se e mudou de roupas. Afinal, estaria ele
diante do rei.
3. A hermenêutica dos sonhos. Ao ouvir os sonhos do Faraó,
logo entendeu que uma grande fome estava por vitimar o Egito e o mundo. Nem o
Nilo com todas as suas benesses e mitologias poderia salvar o país. Então o que
haver? Como as sete vacas e espigas, tanto as boas quanto as ruins, representavam
sete anos bons e sete anos ruins, respectivamente, que o rei armazenasse a
fartura dos primeiros para minorar a penúria dos segundos. E, para tanto,
deveria o rei 'prover-se um homem ajuizado e sábio para administrar a crise por
vir'.
4. Um hebreu como governador do Egito. O parecer de José
agradou a Faraó e aos seus ministros. Diante da emergência anunciada, o rei
dirige-se à corte: “Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o
Espírito de Deus?”(Gn 41.8). Volvendo-se ao hebreu, ordena: “Visto que Deus te
fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu; administrarás a
minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu
serei maior do que tu”(Gn 41 .39,40). Em seguida, decreta: “Vês que te faço autoridade
sobre toda a terra do Egito”(Gn 41.41).
CONCLUSÃO
Já investido de singular autoridade, José aplacou não
somente a fome dos súditos de Faraó, mas também a de seu velho pai e a dos
irmãos que o haviam vendido como escravo. Recebe-os com amor. E, amorosamente,
dá-lhes o sustento necessário.
Em seu coração, nenhuma vingança. Como bom teólogo,
compreende a razão de suas agruras e provações. Aos irmãos amedrontados,
dá-lhes uma palavra de doce consolo: “Deus me enviou adiante de vós, para
conservar vossa sucessão na terra e para vos preservar a vida por um grande
livramento. Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me
pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a
terra do Egito” (Gn 45.7,8).
Os desejos e planos que nos dá o Senhor em nossos corações, cumprem-se no tempo oportuno,
para que 'todas as coisas contribuam para o bem dos que, sinceramente, O amam'.
Que nessa última Lição do ano de 2015, você caro leitor amigo, possa colocar-se á disposição do seu Senhor, para viver e servir só a Ele. Fazendo assim, na sua fidelidade, virá o Senhor te dando alento e preparando-te, para assumires funções, postos, status que você não imagina hoje.
Seja fiel ao Senhor, em tudo.
Viva vencendo as oferendas do mundo e procure se submeter á vontade do Senhor na sua vida. Mesmo quando elas parecem não vir Dele!!!
Abraços.
Seu irmão menor.
Para o próximo Trimestre, o primeiro de 2016, aqui está a nova Lição Bíblica:

Neste 1º trimestre de 2016, estudaremos,"O Final de Todas as Coisas - Esperança e Glória para os Salvos"
Comentário: Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Sumário
Lição 1 - Escatologia, o Estudo das Últimas Coisas
Lição 2 - Sinais que Antecedem a Volta de Cristo
Lição 3 - Esperando a Volta de Jesus
Lição 4 - Esteja Alerta e Vigilante, Jesus Voltará
Lição 5 - O Arrebatamento da Igreja
Lição 6 - O Tribunal de Cristo e os Galardões
Lição 7 - As Bodas do Cordeiro
Lição 8 - A Grande Tribulação
Lição 9 - A Vinda de Jesus em Glória
Lição 10 - Milênio - Um Tempo Glorioso para a Terra
Lição 11 - O Juízo Final
Lição 12 - Novos Céus e Nova Terra
Lição 13 - O Destino Final dos Mortos
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