
Introdução
O leitor da carta aos romanos facilmente percebe que o apóstolo Paulo decidiu desmascarar a ira de Deus contra os impiedosos de forma contundente, e isso pode ser percebido por não se encontrarem os termos centrais da ação salvadora de Deus, a saber: justiça, amor, misericórdia, promessas, vida eterna, morte expiatória de Jesus etc. É obvio que Paulo não particularizou o alvo da ira divina, pois não empregou o termo grego ἔθνος (ethnos), que pode ser traduzido por “gentio”, “pagão”, “nação” ou “povo não judeu”. Entretanto, os povos gentílicos estavam muito mais imersos em impiedade, imoralidades e idolatrias que os judeus, o que fez com que as verdades reveladas no texto se tornassem juízo sobre eles. A bem da verdade, a carta aos Romanos não isenta os judeus de denúncias, os quais foram também fortemente repudiados por Paulo.
O foco deste artigo é uma análise da doutrina da depravação total da humanidade em Romanos 1.18-32. No entanto, no decorrer desta exposição, procuraremos evidenciar mais especificamente os povos gentílicos. É certo que tanto gentios quanto judeus pecaram; entretanto, a ação missionária divina veio primeiro ao povo judeu, para estes alcançarem as nações gentílicas (Gn 12.3-5). Assim, analisaremos apenas a aplicabilidade do texto de Romanos 11.18-32 às etnias não judaicas, seguindo, assim, o contexto da divisão natural do esboço da carta.
1. A revelação geral de Deus nega a inocência do homem (Rm 1.18-23)
Esses versículos fazem parte da grande introdução da Carta aos Romanos, mas, pela natureza desta abordagem, percebemos que o apóstolo Paulo começa a falar aqui sobre os gentios de maneira específica e de forma um pouco mais distinta que nos primeiros 17 versículos. Assim, Paulo escreveu: “Pois a ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e injustiça dos homens que impedem a verdade pela sua injustiça” (Rm 1.18, A21). Ele deixa claro que ninguém será poupado na face da terra, quando Deus aplicar seus juízos finais. A denúncia feita por Paulo acerca dos pecados dos homens impiedosos e injustos no começo de sua abordagem retrata a depravação dos seres humanos e nos faculta uma visão mais ampla a respeito da ira divina contra o progresso da impiedade e do ser humano perverso.
A visão que Paulo tem nessa denúncia da maldade humana é atestada pelo fato de que essa ira “se revela do céu contra toda a impiedade e injustiça dos homens”. Ou seja, as práticas dos seres humanos caídos não agradam a Deus, pois pervertem a verdade pela injustiça. Aqui, numa leitura simples, pode-se concluir equivocadamente que o ser humano teria a capacidade de interromper os planos de Deus. Uma análise mais profunda desse versículo, porém, chegará à conclusão do que realmente Paulo quis dizer.
É evidente que ninguém pode impedir a operação de Deus no universo ou em qualquer lugar que se possa imaginar. Isaías registra a onipotência divina “Desde toda a eternidade, eu o sou, e não há ninguém que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem impedirá?” (Is 43.13, A21). É possível concluir que não pode haver nenhuma tentativa bem-sucedida por parte dos seres criados (humanos e angelicais) que possa impedir as realizações dos planos de Deus. Desde a antiguidade até a contemporaneidade, a história bíblica e os registros do cristianismo nos informam isso de maneira muito clara.
No entanto, se advogar tal proposta de frustração não era a intenção de Paulo, já que nenhuma criatura pode competir com o Deus poderoso, então o que Paulo tinha em mente? Levando em conta o que já foi dito, entende-se que Paulo emprega o termo κατεχοντων (katechaoanton), que vem da raiz verbal κατεχω (ketechô) e significa “detenho, tomo posse de”. Acompanhado de αδικια (adikia; injustiça), descreve uma ação intencional projetada por homens impiedosos e injustos que pretendem controlar e manipular a sociedade em que vivem.
O resultado dessa ação, propositalmente feita por homens dessa natureza, é posicionar-se contra qualquer obra que tenha como propósito glorificar a Deus. Esses homens impiedosos e injustos usam todos os seus recursos para um fim desesperador. Distorcem o que é verdade e injustamente transferem para a mentira a verdade de Deus. Mentem, difamam o povo de Deus, deformam a justiça, com o intuito de suas inverdades parecerem ser verdade. Sem dúvida alguma, Paulo conhecia bem a mente do povo helênico, a cultura na qual o Novo Testamento foi escrito, e, por isso, os dois termos gregos empregados pelo apóstolo no versículo 18 apontam para um nível muito alto da ingenuidade do homem; ασεβειαν και αδικιαν (asabeian kai adikain; “impiedade e injustiça”). Portanto, a negação do homem “não piedoso” e do “não justo”, em uma tradução literal, denota a pessoa tanto impiedosa quanto injusta; um duplo grau de depravação do homem que vive sem se importar com o que faz, muito menos com fato de que prestará contas a Deus no juízo final.
Os seres humanos depravados, que inverteram as verdades divinas pelas suas mentiras, foram identificados por Paulo como conhecedores da revelação geral. Isso significa que suas ações não foram por causa de ignorância da existência de Deus; pelo contrário, até as criaturas atestam que há um Criador acima de tudo: “Pois o que se pode conhecer sobre Deus é manifestado entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Rm 1.19, A21).
Segundo Calvino, Paulo designa que propriedades divinas podem ser conhecidas pela revelação natural e aponta tudo o que se presta para anunciar a glória do Senhor, ou seja, tudo quanto deve nos induzir ou incitar a glorificar a Deus. Isso implica que não se pode compreender perfeitamente a Deus em toda a sua grandeza, embora haja certos limites dentro dos quais os homens devam se alinhar e compreender o que lhe é facultado (CALVINO, 1997, p. 64)..
Calvino (1991, p. 16), em sua obra prima As Institutas, levanta uma questão pertinente: “Em que consiste conhecer a Deus e qual é a finalidade desse conhecimento?”. Ele sustenta que o conhecimento de Deus não é somente saber que há um Deus, senão também quem é Deus. Para Calvino, não pode haver conhecimento de Deus, no sentido próprio da palavra, sem haver religião ou piedade.
Todavia, o foco não é o conhecimento mediante o qual o homem perdido reconhece a Deus como seu Redentor em Cristo, senão o primeiro conhecimento que diz respeito ao conhecido do Criador. Para Calvino (1991, p. 16), este conhecimento primário concernente ao Deus Criador reconhece que Ele é a fonte de todo bem. Em nenhuma parte há uma gota da sabedoria ou da luz, da justiça ou do poder, que não procede dele.
Segundo Cabral (1998, p. 34), o que se pode conhecer sobre Deus “Indica que o conhecimento acerca de Deus é revelado na própria vida do homem, na natureza e em toda a criação [...]. É um fato inevitável no homem. Está manifesto na sua vida esse conhecimento”. Portanto, o que Deus manifestou ao homem, implica com propriedade que esse conhecimento, de alguma forma, pode ser negligenciado pelo ser criado, mas jamais, neutralizado.
O apóstolo Paulo não especifica em detalhes de que tipo de conhecimento se trata, porquanto, o contexto desta seção mostra de forma geral que se refere somente ao que Deus soberanamente decidiu para ser conhecido pelos homens, pelo fato de ser o Criador deles. Estes foram feitos segundo a sua imagem, pois o universo no seu todo é uma prova que conclama esse conhecimento.
Essa realidade é exposta por Paulo quando disse: “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente” (Rm 1.20, NVI). O Deus revestido com toda sua majestade não se limita ao espaço ou tempo, pelo contrário, as criações e atributos invisíveis dele são próprias testemunhas da sua existência, pois seu eterno poder e sua divindade têm sido vistos pelos homens de forma óbvia. Paulo reportou-se ao salmista Davi para fundamentar essa afirmação; “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite” (Sl 19.1-2, NVI).
Portanto, somente “O insensato diz no seu coração Deus não existe. Todos se corrompem e praticam abominações; não há quem faça o bem” (A21, Sl 14.1). Para Stern (2008, p. 364):
É assim que a Bíblia chega mais perto de “provar a existência de Deus”, pois não há razão por que ela deveria prová-la. Pelo contrário, os pecadores precisam se esforçar para ignorar Deus; os mecanismos de defesa requerem energia constante para serem mantidos por pessoas que, motivadas por sua injustiça, mantêm a supressão da verdade.
Visto que os pecadores insensatos mantêm os seus corações endurecidos, mesmo contemplando as incríveis obras divinas no universo, inclusive neles mesmos, “sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis” (Rm 1.20b, NVI). Para Calvino (1997, p. 65), tal fato nos homens, mesmo vetados da misericórdia divina, “prova nitidamente o quanto os homens podem lucrar com a demonstração da existência de Deus, ou seja, total incapacidade de apresentar qualquer defesa que os impeça de serem justamente acusados diante do tribunal divino”.
Na sequência, no versículo 21, Paulo imprime com firmeza o nível mais alto do desespero do homem perante o seu Criador: imperdoável por Deus. Se existe uma notícia desesperadora para o homem moral é estar consciente do seu estado de ser criado, vetado do perdão divino. A conjunção grega empregada por Paulo é διότι (dioti) “porque”, a qual designa causa, ou o motivo de tal ação. “Porque, mesmo tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; pelo contrário, tornaram-se fúteis nas suas especulações, e o seu coração insensato se obscureceu” (Rm 1.21, A21). É importante ressaltar os dois verbos utilizados nesse versículo e conjugados no tempo pretérito perfeito: glorificaram e deram. Aqui Paulo descreve um histórico da depravação total e definitiva da humanidade instalada com a queda de Adão (Gn 3).
Entretanto, ao ser humano não se basta apenas ter conhecimento de Deus ou reconhecer a sua existência; para Paulo isso não justifica nada. Os seres humanos têm consciência de que há um Deus e, por mais que sejam ateus, a negação da verdade não se traduz em anulação da existência da divindade – do Deus Supremo. Todavia, a grave denúncia do apóstolo Paulo é no sentido de que estes homens “não o glorificaram como Deus e nem lhe deram graças”; eles estão vivendo e se comportando como se Deus não existisse.
Segundo Stern (2008, p. 365):
Se você reconhece ou não a existência de Deus, a questão não é essa. Até os demônios creem em Deus, mas a ‘crença’ deles os faz tremer [Tg 2.19], porque eles sabem que não podem evitar o castigo que Deus tem para suas más obras e pensamento”. Por isso, é aceito como axiomático que saibam quem Deus é (Rm 1.18-20) e estejam cientes da sua existência. A questão, melhor dizendo, é que eles “não o glorificaram como Deus e nem lhe agradeceram.
A segunda parte do versículo 21 completa estas duplas negações “não e nem”, descrevendo assim a soberba e a ingratidão do homem. A forma como Paulo tece o seu argumento revela o que deveria ser feito para Deus, mas infelizmente não foi, contudo, o que aconteceu foi uma ação praticada de maneira oposta por estes homens; “pelo contrário, tornaram-se fúteis nas suas especulações, e o seu coração insensato se obscureceu”. (Rm 1.21b, A21).
“Tornaram-se” deixa claro que a ação não foi externa, nem eles foram passivos, mas sim eles mesmos decidiram se tornar tolos em suas enganosas especulações. Segundo Paulo, o coração insensível se agarra na escuridão “os seus pensamentos se tornaram tolos, e a sua mente vazia está coberta de escuridão” (NTLH). A ação é praticada por um agente ativo, denotando assim, as consequências negativas que transformaram as vidas deles e os conduziram à imoralidade.
O coração humano é o centro da sua projeção, pois é dele que brota tudo quanto a ideia do homem superior — desejo de ser igual a Deus ou a suposta ciência de que Deus não existe. E ainda, se ele existisse não tem nada a ver com o ser humano — teísmo aberto. A falsa crença em Deus, colocando-o no universo dele e o homem no seu, cria naturalmente dois reinos antagônicos ou no mínimo desconexos: um manda no céu e outro manda na terra, pois tais homens não querem estabelecer um relacionamento pessoal com Deus. Para Stern (2008, p. 365),
não se relacionaram [seres humanos] pessoalmente com ele [Deus] como quem ele é. É esta falha inicial que provoca a longa decadência. Uma vez que Deus não está mais em seu pensamento. Todas as coisas se tornam fúteis ou ‘vãs’. Seu coração se torna espiritualmente obtuso; e sem a luz de Deus [Rm 8.12] [...].
Para Paulo, estes homens enganaram a si mesmos porque “Dizendo-se sábios, tornando-se loucos” (Rm 1.22, A21). O efeito do pecado sobre a mente humana é mudar a sua falsa inteligência em loucura (1Co 1.17-27); como acertadamente Calvino (Apud WILSON, 1969, p. 30) afirma
que quando os miseráveis homens vão em busca de Deus, em vez de subirem mais altos que eles próprios, como deveriam fazer, avaliam Deus por sua própria estupidez [...]. Daí, não o conceberam segundo o caráter no qual ele se manifesta [...].
O termo empregado por Paulo para descrever os falsos sábios é σοφοὶ (sofhoi), o qual também se traduz por “filósofos”. Os homens da antiguidade, e até a era moderna ou pós-moderna, se orgulhavam e estão se orgulhando por gabar-se de ser filósofos, ou seja, os eruditos da filosofia, ciência sobre a qual se teria dito que é a mãe de todas as demais ciências no campo do saber.
Os seres humanos recusaram conceber Deus como Deus e se declararam idólatras ao optar por honrar algo no lugar de Deus. Entretanto, eles reprimiram a verdade divina a fim de escapar de sua condenação e assim, supostamente, viver de um modo livre e independente. Essa supressão nada mais é do que a distorção da verdade por mentira (Rm 1.25). A busca do ser humano por ser livre o conduziu até o ponto de abandonar a verdade e tornar-se quase semelhante a um animal em todos os aspectos : agir e viver instintivamente. Como Eliade (1992, p. 98) sustenta acerca do homem moderno “Só será verdadeiramente livre quando tiver matado o próprio, o último Deus”.
Sem demora, Paulo, com a conjunção coordenativa “e”, dá sequência ao versículo 22 para explicar a insensatez dos homens que se dizem sábios, mas na verdade se tornaram loucos. “E substituíram a glória do Deus incorruptível por imagens semelhantes ao homem corruptível, às aves, aos quadrupedes e aos repteis” (Rm 1.23, A21). Paulo apresenta o conhecimento que recebeu no Antigo Testamento, referente à desobediência dos seus antepassados judeus, de abandonar YHVH para seguir outros deuses. “Em Horebe, fizeram um bezerro e adoraram uma imagem de fundição. Assim trocaram sua glória pela imagem de um boi que come capim. Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que havia feito grandes coisas no Egito” (Sl 106.19-20, A21). No livro do profeta Jeremias também se encontra a declaração de Deus: “Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é imprestável” (Jr 2.11b, A21).
Depois de minar a verdade de Deus e de não reconhecer a glória divina, o ser humano depravado em seu ser ficou sem Deus. Contudo, a sede ontológica de adoração faz parte da constituição humana. Se não adora ao Deus verdadeiro, adorará um falso deus, mesmo que venha a ser por isso condenado! Esse fato esclarece a tendência humana de se entregar à idolatria. “O ser humano trocou a glória do Deus verdadeiro por deuses substitutos que ele próprio havia feito. Colocou a vergonha no lugar da glória, corruptibilidade no lugar da incorruptibilidade, as mentiras no lugar da verdade” (WIERSBE, 2012, p. 675).
Há uma observação relevante nesta lista de falsos deuses; o ser humano ocupa a primeira colocação. A iniciativa da idolatria parte do homem, pelo homem e para o homem, não de Satanás; esta seria a descrição esperada no tocante a idolatria. Porém, isso não significa que Satanás está de fora dessa ação injusta, pelo contrário, o que Paulo descreveu acerca dos homens em sua depravação foi o resultado do pecado causado por Satanás no jardim de Éden.
Em Gênesis 3.5, encontra-se o relato do episódio primário em que, pela primeira vez, o ser humano foi seduzido por Satanás a desejar ser como Deus, caso comesse do fruto proibido por Deus, “Na verdade Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, os vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal” (A21). Segundo Wiersbe (2012, p. 675),
Satanás encorajou o homem a exaltar a si mesmo. Em vez de os seres humanos feitos à imagem de Deus, fizeram deuses para si a sua própria imagem e se rebaixaram a aponto de adorar aves, insetos e outros animais.
Macdonald (2008, p. 418) salienta que “Ao adorar ídolos, o ser humano adora demônios. Paulo afirma expressamente que os sacrifícios oferecidos pelos gentios aos ídolos são sacrifícios feitos a demônios, e não a Deus (1Co 10.20)”.
Portanto, nota-se que o ser humano faz de tudo para se livrar de suas más ações; a troca do objeto da adoração, do Deus Supremo para o deus (homem, satanás e os seus demônios), foi a consequência definitiva da depravação humana. Pois Deus culpou e condenou o homem por ter sido ele o responsável por seus atos perversos e impiedosos. Isso deixa claro que a inocência dele foi vetada pela revelação geral de Deus. Ou seja, ninguém é poupado em seus atos por justificar desconhecer as leis divinas.
2. As razões que levaram Deus abandonar os gentios (Rm 1.24-28)
Os versículos 24 a 28 explicam as fortes razões que levaram Deus a retirar sua misericórdia daqueles que decidiram pela idolatria. Paulo registra as tríplices rejeições: “Deus os entregou”, “Deus os entregou”, ”foram entregues pelo próprio Deus” (Rm 1.24,26,28, A21). A conjunção do verbo “entregar” no pretérito perfeito exibe o sentido do abandono pleno do Criador, como uma resposta iminente de Deus deixando os seres humanos a mercê de suas perversidades explicitas nos versículos 22 e 23. Abaixo, veja como estas três entregas-rejeições foram apresentadas por Paulo.
Primeira entrega
Paulo fundamenta-se na resposta de Deus à perversidade humana, iniciando como o motivo da entrega “É por isso que Deus os entregou à impureza sexual, ao desejo ardente de seus corações, para desonraram seus corpos entre si” (Rm 1.24, A21). Deus em sua ira os entregou, isto é, foram pagos segundo a medida dos seus pecados (Rm 1.26,28). Para Radmacher (2010, p. 363):
A ira de Deus já se manifesta em nossos dias (v.18), porém, ela se manifestará plenamente por ocasião da volta de Cristo (1Ts 1.10). A Bíblia nos informa que Deus não desistiu da humanidade, mas Ele permitiu que ela se afundasse no pecado, de acordo com os desejos pecaminosos do coração humano. Frequentemente, Deus dá ao homem novas oportunidades de enxergar toda a malignidade do pecado.
O evangelho, além de proclamar o juízo vindouro, também prega o juízo presente, pois fala das consequências na vida terrena para quem não o aceitar. Isto é atestado com o tipo da entrega descrita por Paulo no versículo 24. Os seres humanos, assediados neste contexto, foram entregues à impureza sexual — prática ilícitas —, ao desejo ardente de seus corações — intensidade da prática —, demonstrando a amplitude e intensidade do mal projetado e armazenado no coração humano. A preposição “para” indica que a imoralidade humana e o coração insensato do homem produzem o seguinte estado: “desonraram seus corpos entre si”. Macdonald (2007, p. 418) sustenta:
Em outras palavras, a ira de Deus se voltou contra toda a personalidade do ser humano. Em resposta à concupiscência perversa do coração dos homens. Deus os entregou à impureza heterossexual: adultério, relações ilícitas, lascívia, prostituição etc. A vida de tais indivíduos se tornou uma sucessão de orgias nas quais desonram os seus corpos entre si.Continua amanhã...
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