Família fanática que esperava o arrebatamento foi encontrada
A família que estava desaparecida desde o dia 13 de março, já foi localizada neste domingo na cidade de Ourinhos (SP), a cerca de 400 km da cidade onde moram, Diadema, na Grande São Paulo.
Eles abandonaram a casa, dinheiro e documentos para esperar o arrebatamento na Rodovia Fernão Dias, conforme profetizado por um trio de pastores.
O casal Pedro José Dias e Antonia Aparecida Gomes e os dois filhos, Henrique Gomes Dias e Thais Gomes Dias foram reconhecidos por funcionários de um pequeno albergue, onde passaram o último fim de semana.
Patrícia Gomes Carvalho, filha de Antônia e enteada de Pedro, manifestou alívio ao saber da localização dos famíliares, mas lamentou os transtornos causados pelos pastores fanáticos.
Até o momento, não há nenhuma informação sobre os três pregadores.
Entenda o caso:
Família evangélica de Diadema desaparece
Henrique Munhos e Marília Montich
Uma família do Jardim Campanário, em Diadema, desapareceu no último dia 14. Conhecidos entre amigos e parentes pelo fanatismo religioso, Pedro José Dias, a esposa Antonia Aparecida Gomes e os dois filhos, Henrique Gomes Dias e Thais Gomes Dias, teriam rasgado dinheiro e cortado todos os documentos antes de partir.
De acordo com o depoimento de um amigo que preferiu não se identificar, o comportamento de Pedro se modificou há cerca de seis meses, depois que mudou de religião e teve acesso a um DVD sobre o fim dos tempos. "Convencido pelo irmão, Pedro se tornou evangélico e passou a frequentar cultos na Praça da Sé," conta. O irmão citado pelo amigo de Pedro é José Dias, que também está desaparecido.
O amigo também contou que Pedro e José não frequentavam nenhuma igreja específica, "pois a Bíblia diz que Jesus não pertencia a nenhum templo". O amigo disse ter participado de duas reuniões na casa de José Dias, apenas por curiosidade, mas não sabe definir ao certo a religião. "Eles pregavam muito o apocalipse. Afirmavam a todo o momento que o fim estava próximo e iram se salvar somente os que largassem tudo", afirmou.
Aparecido Gomes, irmão de Antonia, conta que ele e sua esposa foram os últimos a ver a família. "Tentamos convencê-los a não irem embora, mas minha sobrinha dizia para deixarmos o grupo seguir seu rumo", afirma. "Eles estavam fanáticos, principalmente o meu cunhado. Não faço a ideia do que pode ter acontecido."
De acordo com o depoimento de um amigo que preferiu não se identificar, o comportamento de Pedro se modificou há cerca de seis meses, depois que mudou de religião e teve acesso a um DVD sobre o fim dos tempos. "Convencido pelo irmão, Pedro se tornou evangélico e passou a frequentar cultos na Praça da Sé," conta. O irmão citado pelo amigo de Pedro é José Dias, que também está desaparecido.
O amigo também contou que Pedro e José não frequentavam nenhuma igreja específica, "pois a Bíblia diz que Jesus não pertencia a nenhum templo". O amigo disse ter participado de duas reuniões na casa de José Dias, apenas por curiosidade, mas não sabe definir ao certo a religião. "Eles pregavam muito o apocalipse. Afirmavam a todo o momento que o fim estava próximo e iram se salvar somente os que largassem tudo", afirmou.
Aparecido Gomes, irmão de Antonia, conta que ele e sua esposa foram os últimos a ver a família. "Tentamos convencê-los a não irem embora, mas minha sobrinha dizia para deixarmos o grupo seguir seu rumo", afirma. "Eles estavam fanáticos, principalmente o meu cunhado. Não faço a ideia do que pode ter acontecido."

O pregador Roberto Carlos da Silva, com base em um calendário hebraico, calculou que Jesus voltaria à Terra por volta das 14h do dia seguinte e os levaria para o Pai,
provavelmente em algum lugar da rodovia Fernão Dias. Seria o dia do arrebatamento, previsto na Bíblia.
Desde então o vendedor Pedro, sua mulher Antônia, seu irmão José Carlos e os filhos Henrique, 22, e Thais, 18, estavam desaparecidos. Eles haviam saído só com a roupa do corpo com a convicção de que um anjo os abordaria anunciando a chegada de Jesus.
Valcilene Dias, mulher de José Carlos, e os filhos do casal (a adolescente Carla e os meninos Rubens e Moisés) também saíram para o encontro com Jesus, mas voltaram quando sentiram sede e fome. Rubens, que participou da “ceia”, disse que o seu primo Henrique estava esquisito, porque dizia que “amanhã a gente vai para a glória”. “Eles estavam levando aquilo muito a sério”, disse Valcilene.
Antônia deixou um emprego em uma empresa onde estava havia 14 anos. Seu filho Henrique terminou a faculdade no ano passado, tinha emprego e era noivo. Thais também abandonou o emprego.
Patrícia Gomes Carvalho, filha de Antônia e enteada de Pedro, foi a primeira a notar o desaparecimento do casal e filhos. Ela mora com marido e dois filhos pequenos em uma casa vizinha à da família de religiosos.
Patrícia e outros vizinhos contaram que Pedro tinha mudado abruptamente de comportamento, influenciando toda a família. “Eles só falavam sobre o fim dos tempos e da volta de Jesus”, disse Patrícia.
Os vizinhos apontaram três pregadores que se revezavam na Praça da Sé, em São Paulo, como os responsáveis pelo fanatismo religioso da família. O líder deles, Roberto Carlos da Silva, é dono de uma pequena gráfica, ele deixou mulher, três filhos e dívidas.
Família encontrada 400 km depois
A família foi localizada em Ourinhos (SP), a cerca de 400 km da cidade onde moram, Diadema, na Grande São Paulo. O casal Pedro e Antônio e os filhos Henrique e Thais foram reconhecidos por funcionários de um albergue. Eles passaram o fim de semana ali. Não há informação sobre os três pregadores.
Patrícia Gomes Carvalho, filha de Antônia e enteada de Pedro, ao manifestar alívio com a localização da família, lamentou os transtornos causados por “falsos profetas”. Ela agradeceu o apoio das pessoas que distribuíram em Diadema cartazes de “procura-se” e de comunidades criadas no Orkut.
A assistência social Márcia Moraes disse que a família está bem. De acordo com ela, Pedro afirmou que eles estavam cumprindo os desígnios da Bíblia.
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