31 março 2011

Família fanática que esperava o arrebatamento foi encontrada

A família que estava desaparecida desde o dia 13 de março, já foi localizada neste domingo na cidade de Ourinhos (SP), a cerca de 400 km da cidade onde moram, Diadema, na Grande São Paulo.
Eles abandonaram a casa, dinheiro e documentos para esperar o arrebatamento na Rodovia Fernão Dias,  conforme profetizado por um trio de pastores.
O casal Pedro José Dias e Antonia Aparecida Gomes e os dois filhos, Henrique Gomes Dias e Thais Gomes Dias foram reconhecidos por funcionários de um pequeno albergue, onde  passaram o último fim de semana.
Patrícia Gomes Carvalho, filha de Antônia e enteada de Pedro,  manifestou alívio ao saber da localização dos famíliares, mas lamentou os transtornos causados  pelos pastores fanáticos.
Até o momento, não há nenhuma informação sobre os três pregadores.

Entenda o caso

Família evangélica de Diadema desaparece

Henrique Munhos e Marília Montich

Uma família do Jardim Campanário, em Diadema, desapareceu no último dia 14. Conhecidos entre amigos e parentes pelo fanatismo religioso, Pedro José Dias, a esposa Antonia Aparecida Gomes e os dois filhos, Henrique Gomes Dias e Thais Gomes Dias, teriam rasgado dinheiro e cortado todos os documentos antes de partir.

De acordo com o depoimento de um amigo que preferiu não se identificar, o comportamento de Pedro se modificou há cerca de seis meses, depois que mudou de religião e teve acesso a um DVD sobre o fim dos tempos. "Convencido pelo irmão, Pedro se tornou evangélico e passou a frequentar cultos na Praça da Sé," conta. O irmão citado pelo amigo de Pedro é José Dias, que também está desaparecido.

O amigo também contou que Pedro e José não frequentavam nenhuma igreja específica, "pois a Bíblia diz que Jesus não pertencia a nenhum templo". O amigo disse ter participado de duas reuniões na casa de José Dias, apenas por curiosidade, mas não sabe definir ao certo a religião. "Eles pregavam muito o apocalipse. Afirmavam a todo o momento que o fim estava próximo e iram se salvar somente os que largassem tudo", afirmou.

Aparecido Gomes, irmão de Antonia, conta que ele e sua esposa foram os últimos a ver a família. "Tentamos convencê-los a não irem embora, mas minha sobrinha dizia para deixarmos o grupo seguir seu rumo", afirma. "Eles estavam fanáticos, principalmente o meu cunhado. Não faço a ideia do que pode ter acontecido."

No dia 13, domingo, doze pessoas (número dos apóstolos) se reuniram na casa de Pedro, em Diadema, na Grande São Paulo, para “última ceia”, conforme afirmaram. Eles leram a Bíblia, escreveram recados para parentes, rasgaram dinheiro e documentos (CPF seria o número da besta) e quebraram instrumentos do demônio, como computador e televisor, preparando-se para o dia seguinte.
O pregador Roberto Carlos da Silva, com base em um calendário hebraico, calculou que Jesus voltaria à Terra por volta das 14h do dia seguinte e os levaria para o Pai,
Chegada da família, mas falta algumas pessoas a serem encontradas.
provavelmente em algum lugar da rodovia Fernão Dias. Seria o dia do arrebatamento, previsto na Bíblia.
Desde então o vendedor Pedro, sua mulher Antônia, seu irmão José Carlos e os filhos Henrique, 22, e Thais, 18, estavam desaparecidos. Eles haviam saído só com a roupa do corpo com a convicção de que um anjo os abordaria anunciando a chegada de Jesus.
Valcilene Dias, mulher de José Carlos, e os filhos do casal (a adolescente Carla e os meninos Rubens e Moisés) também saíram para o encontro com Jesus, mas voltaram quando sentiram sede e fome. Rubens, que participou da “ceia”, disse que o seu primo Henrique estava esquisito, porque dizia que “amanhã a gente vai para a glória”. “Eles estavam levando aquilo muito a sério”, disse Valcilene.
Antônia deixou um emprego em uma empresa onde estava havia 14 anos. Seu filho Henrique terminou a faculdade no ano passado, tinha emprego e era noivo. Thais também abandonou o emprego.
Patrícia Gomes Carvalho, filha de Antônia e enteada de Pedro, foi a primeira a notar o desaparecimento do casal e filhos. Ela mora com marido e dois filhos pequenos em uma casa vizinha à da família de religiosos.
Patrícia e outros vizinhos contaram que Pedro tinha mudado abruptamente de comportamento, influenciando toda a família. “Eles só falavam sobre o fim dos tempos e da volta de Jesus”, disse Patrícia.
Os vizinhos apontaram três pregadores que se revezavam na Praça da Sé, em São Paulo, como os responsáveis pelo fanatismo religioso da família. O líder deles, Roberto Carlos da Silva, é dono de uma pequena gráfica, ele deixou mulher, três filhos e dívidas.
Família encontrada 400 km depois

A família foi localizada em Ourinhos (SP), a cerca de 400 km da cidade onde moram, Diadema, na Grande São Paulo. O casal Pedro e Antônio e os filhos Henrique e Thais foram reconhecidos por funcionários de um albergue. Eles passaram o fim de semana ali. Não há informação sobre os três pregadores.
Patrícia Gomes Carvalho, filha de Antônia e enteada de Pedro, ao manifestar alívio com a localização da família, lamentou os transtornos causados por “falsos profetas”. Ela agradeceu o apoio das pessoas que distribuíram em Diadema cartazes de “procura-se” e de comunidades criadas no Orkut.
A assistência social Márcia Moraes disse que a família está bem. De acordo com ela, Pedro afirmou que eles estavam cumprindo os desígnios da Bíblia.
Fonte: R7.com

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