
Uma
cadeira de dentista não é o lugar ideal para uma
conferência sobre profecia bíblica. Uma boca cheia de
instrumentos reduz a resposta de um paciente a grunhidos e a
movimentos com os olhos, limitando profundamente sua habilidade de
responder às perguntas do profissional encarregado dos
reparos. E, para alguém como eu, que gasta uma considerável
parte da vida imerso em assuntos relacionados com eventos do final
dos tempos e que analisa muitos fatos e opiniões, ficar calado
é um exercício doloroso.
Mas
isso tem suas recompensas. Neste momento, a compensação
veio na forma de uma observação feita por meu dentista,
um profissional competente e, ao mesmo tempo, sintonizado com as
questões contemporâneas.
“Com
tudo o que estamos vendo ultimamente”, disse ele, “é
correto dizer que estamos vivendo nos últimos dias?”
A
pergunta em si não foi incomum. O que chama minha atenção
é a freqüência com que essa pergunta tem sido feita
nestes dias. Sem dúvida, cada vez mais crentes no Ocidente
sentem-se carentes pela falta de ensino sobre o assunto nas igrejas e
em outras fontes teológicas de informação.
Embora
certamente estejamos vivendo nos últimos dias, não
podemos determinar com segurança o quanto já estamos
avançados nos tempos finais. O que vemos são
indicadores ou, se quisermos, tendências que identificam
precursores do cenário do final dos tempos apresentado nas
Escrituras. Uma verificação séria a respeido de
onde os eventos estão nos levando é imensamente prática
e, na verdade, uma necessidade inescapável se os crentes
quiserem se preparar para responder bíblica e espiritualmente
aos desafios dos nossos dias. Já não podemos nos
permitir pensamentos fantasiosos que substituem a realidade pela
inclinação do momento, que ignoram os fatos e criam uma
falsa sensação de segurança e de abundância
contínua.
Definindo
a fonte

Ninguém
pode negar que a inerrância bíblica e os valores
cristãos estão sendo atacados. O nível
desenfreado e impiedoso de escárnio, cinismo e ameaças
ou ataques físicos contra os cristãos e suas
propriedades aumentou consideravelmente. Em algumas sociedades está
na moda perseguir cristãos e praticar um paganismo remodelado
que glorifica sem limites a adoração secularizada.
Infelizmente,
a Igreja não tem conseguido ficar fora dessa contaminação
pela queda no vazio da incerteza que repudia ostensivamente a verdade
emanada da única fonte confiável de que dispomos: a
Palavra de Deus. O caso em questão é o ensinamento
profético, que está rapidamente se tornando uma
raridade em muitos grupos. Em vista dos atuais acontecimentos
nacionais e internacionais, essa falha dificilmente pode ser
ignorada. A profecia bíblica, dada por meio da revelação
divina, é a única ligação criticamente
confiável entre o presente e o futuro. Ela nos ilumina no que
se refere a prioridades aplicáveis para o aqui e agora, ao
mesmo tempo que nos fornece compreensão sobre o que está
por vir. Já deveríamos ter aprendido que não há
nenhuma garantia de certeza vinda das vozes dos “especialistas”
em praticamente qualquer campo que queiramos mencionar.
Por
exemplo, quando o preço do petróleo subiu e as pessoas
ainda suficientemente afortunadas por terem um emprego pensavam em
como poderiam ir de carro para o trabalho, os especialistas disseram:
“Acostumem-se! Os preços da gasolina nunca irão
baixar. Estamos finalmente nos aproximando do que as pessoas pagam em
outras partes do mundo, e é assim que vai ficar”. Bem,
os preços caíram; ninguém, nem mesmo os
entendidos, predisseram o futuro com exatidão.
De
maior significação ainda foram os fracassos dos
prognosticadores sobre os assuntos externos. No dia do Natal de 1991,
após 70 anos de forte opressão e 50 anos de uma Guerra
Fria amarga contra o Ocidente, a bandeira com a foice e o martelo da
União Soviética foi baixada no Kremlin. Alguns
especialistas proclamaram entusiasticamente que a nova Rússia
seria governada por líderes ansiosos pela liberdade e pela
amizade com seus benfeitores ocidentais. A democracia era a onda do
futuro, diziam eles. Bem, eles estavam errados. Quando o colosso
cambaleante readquiriu seu equilíbrio sob Vladmir Putin, o
imperialismo retornou; e uma Guerra Fria remodelada foi reiniciada.

Uma
miríade de outros exemplos poderia ser citada, comprovando a
inabilidade freqüentemente dispendiosa dos seres humanos em
preverem o futuro. Mas temos, sim, um intérprete preciso do
que está por vir – uma junção de profecia
e história que sabemos estar correta. Para fins de clareza e
de nosso propósito, devemos voltar nossa atenção
para a Bíblia e os indicadores que nela foram deixados para
nós.
Sinais
dos tempos
Várias
tendências atuais fornecem visões sobre quanto já
estamos adiantado no final dos tempos.
A
imagem em vez da substância
Dentre
os grandes males de nossos dias está a tomada de decisões
superficial e agressiva baseada na aparência e não na
substância comprovada. Essa condição tem sido
amplamente promovida pela televisão e por sua capacidade de
criar a ilusão de substância por meio de imagens
atraentes. Em muitos aspectos, portanto, estamos nos tornando pessoas
orientadas pela imagem, com curtíssimos períodos de
atenção.
O
ápice desse processo se relaciona à descrição
do Anticristo em Apocalipse 13 e outras passagens. Ele é
descrito como adorado, eloqüente, consumido pela luxúria
do poder, e obcecado por apresentar-se como um novo messias:
“Quem
é semelhante à besta [Anticristo]? (...) Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e
blasfêmias (...) Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo,
povo, língua e nação; e adorá-la-ão
(...) o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama
Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário
de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (Ap
13.4-5,7-8; 2 Ts 2.4).
Será
construída uma imagem desse ditador final, e ao mundo será
ordenado que se ajoelhe perante ela em adoração. Essa é
a exibição clássica da suprema incorporação
satânica de absoluto narcisismo que milhões aceitarão
por sua própria vontade.
O
mergulho na apostasia
“Ninguém,
de nenhum modo, vos engane, porque isto [a
Segunda Vinda do Senhor] não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e
seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição”
(2 Ts 2.3).
A
preparação para a chegada do Anticristo é o
“abandono” da fé verdadeira. É uma forma de
apostasia, uma condição na qual as pessoas que têm
a informação correta sobre Deus e Sua verdade se
afastam dela, negando e repudiando-a.
Hoje,
o mundo está se afastando mais rapidamente do que nunca do
cristianismo ortodoxo, avançando para uma fusão com
todas as formas de religiões e seitas. Como disse o rei
Abdullah, da Arábia Saudita, isso acontece sob a bandeira da
fé em “um só Deus”. Essa posição
não é nada mais que o politeísmo redelineado e
institucionalizado. E, no âmago desse sistema de inclusão
e negação, estão (1) a rejeição
vigorosa ao Evangelho e (2) a supressão militante de todos os
indivíduos e grupos comprometidos em proclamá-lo
conforme o mandado da Grande Comissão de Jesus para Sua
igreja. Avolumam-se as evidências de que estamos nos movendo em
direção a uma religião mundial única –
exceto, logicamente, a do Deus único e verdadeiro. Portanto,
podemos apenas concluir que estamos avançando na direção
da apostasia profetizada.
A
loucura materialista
Ondas
de choque pelas recentes revelações a respeito da
corrupção, do engano e da roubalheira no mundo das
altas finanças ainda reverberam nos mercados globais. A
ganância, tanto corporativa quanto individual, tornou-se a
essência do jogo; e poucos parecem entender porquê.
Surpreendeu-me quando um comentarista da televisão realmente
colocou seu dedo na ferida. Dizendo que não era, em hipótese
alguma, um pregador, ele, entretanto, afirmou que sentia ter de
admitir que a falência da cultura com relação a
valores morais era o principal fator subjacente dos negócios
ilícitos dos gananciosos. Uma exclamação que se
ouve com freqüência é a afirmação do
apóstolo Paulo: “Porque
o amor do dinheiro é raiz de todos os males” (1 Tm
6.10).

O
golpe de nocaute para o mundo material do final dos tempos está
descrito em Apocalipse 18, quando “Babilônia, a grande”,
o centro e símbolo de um sistema global sem Deus, experimentar
a taça cheia da ira de Deus: “porque
os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se
lembrou dos atos iníquos que ela praticou” (Ap 18.5).
É
interessante que aqueles que são mais afetados pelo colapso de
seu sistema corrupto são chamados de “os
mercadores da terra”,
que “sobre
ela, choram e pranteiam... porque já ninguém compra a
sua mercadoria. O fruto sazonado, que a tua alma tanto apeteceu, se
apartou de ti... Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se
enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu
tormento, chorando e pranteando” (Ap 18.11,14-15).
Está
próximo o dia do acerto de contas por causa da submissão
geral ao materialismo. O mundo está se movendo
sistematicamente nessa direção.
A
supressão de Israel
O
Dicionário Webster define supressão como “ato de excluir intencionalmente da consciência um
pensamento ou sentimento”.
As
más intenções dos inimigos de Israel e do povo
judeu não poderiam ser mais claramente afirmadas, exceto pelo
que consta nas Sagradas Escrituras. O desejo mais profundo dos
fanáticos da guerra santa [jihad] e de seus companheiros é reduzir Israel a uma mera mancha na
memória da história do Oriente Médio. Foi por
isso que eles apagaram Israel de todos os mapas árabes e
palestinos. Revisionistas reescrevem a história e têm
prazer em afirmar que nunca houve um Holocausto, que nunca houve um
número significativo de judeus em Israel, que templos judeus
nunca foram construídos no Monte Moriá, que nenhum
Estado Judeu moderno deveria existir. Em outras palavras, para eles
Israel é uma criação fantasmagórica que
serve apenas para ser destruída e depois esquecida.
Infelizmente,
a luta do pequeno Israel pela sobrevivência continuará e
será acelerada até que o último capítulo
seja escrito: “Porque
eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra
Jerusalém” (Zc 14.2).
Mas
as ambições sinistras das nações que se
enraivecem contra Deus, Sua cidade, e Seu povo judeu não serão
realizadas: “Então,
sairá o Senhor e pelejará contra essas nações, como pelejou no
dia da batalha” (Zc 14.3).
Esses
relances de profecias são marcadores na progressão em
direção aos dias finais que levam à consumação
dos séculos. Mas, em vez de se tornarem fonte de depressão
e medo, eles se firmam como implementos de discernimento e segurança
de que há um fim à vista para os excessos pecaminosos
que cobrem a paisagem global de imundície. Além do
mais, recebemos essa informação de um Deus que promete
não nos afligir com o desconhecimento sobre nosso tempo e o
futuro.
A
linha de chegada está á vista? Vivemos realmente nos
últimos dias? Num sentido mais amplo, cada dia poderia ser o
último dia dos últimos dias antes de ouvirmos o chamado
que nos levará à presença de Deus.
Conseqüentemente, estamos “aguardando
a bendita esperança e a manifestação da glória
do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13).
Creio,
pessoalmente, que estamos vivendo os últimos dias? Sim, estou
convencido de que já estamos avançados em tais dias.
Tal convicção vem de observar as tendências
desenvolvendo-se rapidamente, tendências que correspondem ao
que a Palavra profética nos ensina. Não, não
sabemos o dia ou a hora; mas temos as promessas dEle e as evidências
diante de nós. Ora, “Vem,
Senhor Jesus!” (Ap
22.20).
(Elwood McQuaid - Israel
My Glory
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