Pornografia – o que é e como se livrar dela
Quando
alguém for tentado, jamais deverá dizer: “Estou sendo tentado por
Deus”. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada
um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e
seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o
pecado, após ter-se consumado, gera a morte. (Tiago 1:13-15 NVI)
Walter McAlister
Li recentemente um artigo na revista cristã “First Things”
que me mostrou a essência da pornografia: não é social nem uma
expressão de carência afetiva ou física, mas a expressão de um problema
espiritual da maior gravidade.
A raiz da questão se acha num dos “oito
pecados mortais”. Muitos conhecem os, ditos, sete pecados capitais. Mas,
historicamente, sempre houve oito. O que caiu em “desuso”, por assim
dizer, é o conhecido como “Acédia” (uma palavra do latim que ainda não
tem uma correspondência na língua portuguesa moderna). Esse pecado pode
ser definido como “o vício de duvidar do amor de Deus e o abandono da
busca de achar o seu prazer nele”.
Segundo Gregório, o Grande (monge que
virou papa dos católicos e tornou-se conhecido como o pai do estilo de
música sacra chamado Canto Gregoriano), esse vício tem seis filhas:
malícia, ressentimento, fraqueza de vontade, desespero, lerdeza no
obedecer os mandamentos e a errante inquietação da alma.
A Errante Inquietação da Alma
Essa filha da Acédia é a causadora de
voyeurismo (o desejo de ver o que não deve, também conhecido como “a
cobiça dos olhos”). Em 1 Jo 2.15-17 achamos a seguinte anatomia do
pecado: “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o
amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da
carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai,
mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a
vontade de Deus permanece para sempre”.
Tomás de Aquino, na obra literária
“Summa Teológica”, disse que o passeio do olhar (inspectio spetaculorum)
se torna pecaminoso quando nos torna propensos aos vícios de lascívia
ou crueldade por conta das coisas vistas. De fato, a Igreja sempre soube
que o desejo dos olhos e o da carne se retroalimentam e reforçam um ao
outro. Seja pela barbárie de um programa como o do Ratinho, pela
indiscrição de um BBB ou por um website pornográfico, esses pecados
brutalizam e criam uma compulsão avassaladora e escravizante.
A pornografia acaba se alojando na alma
da pessoa presa por esse tipo de pecado e a torna escrava, sem, no
entanto, fazer com que ela alcance a verdadeira satisfação. Sempre deixa
um vazio ainda maior.
Pior, o escravo deste pecado despreza o
valor transcendente do ser humano e acaba apagando do seu imaginário o
sagrado – literalmente a imagem de Deus no seu próximo. Em outras
palavras, a pessoa se torna um objeto somente. Essa frieza adentra a
alma e apaga a luz de Deus que nela está. Por isso Jesus disse em Mateus
5.27: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes
digo: Qualquer que olhar para uma mulher para desejá- la, já cometeu
adultério com ela no seu coração. Se o seu olho direito o fizer pecar,
arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que
ser todo ele lançado no inferno”. E, em Mateus 6. 22: “Os olhos são a
candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será
cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será
cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas,
que tremendas trevas são!”
Castidade – a única alternativa
Castidade não é um medo ou ojeriza da
sexualidade, mas a valorização da natureza sagrada do ser humano,
inclusive no que diz respeito a sua privacidade e o exercício sacro da
sua sexualidade.
Mas a castidade sexual é uma
consequência direta da castidade espiritual. Castidade espiritual é a
união das suas afeições a Deus somente. Ele, afinal, é o único merecedor
de todo o nosso amor. Por isso é que diz em Deuteronômio 6.4: “Ouça, ó
Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu
Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas
forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu
coração.”
A única defesa contra a pornografia
Se a nossa alma não estiver cheia de
Deus, viveremos necessariamente a “errante inquietação da alma”. A alma
tem sede. A alma tem fome. Se houver um vazio, faremos por onde para
enchê-lo. Se não estivermos cheios de Deus, nossa alma vagará buscando o
que poderá enchê-la. Mas não existe alternativa. Não existe o que possa
encher a alma sedenta. Como disse Agostinho, no seu livro “Confissões”:
“A minha alma vivia irrequieta até que achou pouso em Ti”.
Pela devoção a Deus, pela leitura das
Sagradas Letras e pela oração descobrimos uma paz e um silêncio íntimo
que, quando cultivados, fazem com que as coisas vãs, sujas e efêmeras
deste mundo nos pareçam o que são – uma mesa de imundície repulsiva para
quem já se alimentou de finos manjares celestiais. Em resumo: quanto
mais cheio de Deus, menos espaço sobra para qualquer outra coisa.
Na paz,+W
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