21 janeiro 2012

Polícia Federal investiga seita que recruta ribeirinhos no Amazonas




Eles seguem a ‘Lei Real’, constituída pelos Dez Mandamentos de Moisés e até se vestem como personagens bíblicos, usam um pano liso que cobre desde os ombros até os pés. Os homens são proibidos de cortar o cabelo e as mulheres usam um véu sobre a cabeça deixando apenas o rosto exposto.
Estas são algumas das peculiaridades dos seguidores da fanática seita do Peru, a Associação Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal (Aeminpu), que há mais de duas décadas vem recrutando os ribeirinhos no Amazonas.

 
 s israelitas como são chamados estão sitiados predominantemente, ao longo do rio Javari, do lado peruano, nos municípios de Isla Santa Rosa e Islândia, ambos na província de Mariscal Ramón Castilla, localizados no trapézio amazônico, entre o Brasil, a Colômbia e o Peru.
Os membros do Aeminpu vivem congregados em pequenos povoados chegando a aproximadamente a 4.000 indivíduos. Tem em sua principal atividade o plantio de batata, tomate, banana, criação de animais e, entre outras atividades da agropecuária.
A produção além de servir para a própria subsistência dos povoados no Peru, que habitam às margens do rio Javari, também abastece os municípios de Tabatinga, Atalaia do Norte e Benjamin Constant, situados na região do Alto Solimões no Amazonas.
Até aí, tudo bem, mas é que além do escoamento de produtos derivados da atividade agropastoril para as cidades brasileiras, os israelitas constituem como o principal grupo de produtores de folha de coca no Peru, segundo informações da Superintendência da Polícia Federal no Amazonas.
Os fanáticos colhem as folhas, retiram delas a pasta-base da cocaína e repassam aos traficantes, que atravessam a fronteira e levam às capitais brasileiras o produto que pode ser transformado em pó de cocaína e crack.
Outra informação sombria repassada pela PF, é que em Tabatinga, do outro lado do rio Javari, no Peru, há pelo menos mil famílias que plantam coca. O véu da obscuridade vai além, ainda há suspeita de que a seita esteja fornecendo armas para traficantes de cocaína e guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Há onze anos, a polícia colombiana em uma de suas investidas na região fronteiriça, apreendeu em poder de Jonas Ataucusi, irmão do líder da Aeminpu, Ezequiel Gamonal, várias armas – uma escopeta, cinco revólveres, duas pistolas e munição – e rádios transmissores.

Coca em solo brasileiro

O incentivo para o cultivo da folha de coca é concedido pelos traficantes. Para os israelitas, esse seria um modo ou alternativa de angariar recursos e preparar os fiéis da Aeminpu para o juízo final e o Paraíso.
Os membros da seita acreditam que escaparão do fim do mundo guiados pelo fundador da seita, Ezequiel Ataucusi Gamonal (morto em 2000) para uma terra prometida no meio da floresta.
A seita vinda dos Andes foi fundada em 1968. De lá para cá, a Aeminpu conseguiu arrebanhar mais de 200 mil seguidores em dez países na América do Sul e um na Europa, a Espanha.
A propagação da seita nos últimos anos vem preocupando a segurança em território brasileiro.
O responsável pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), general Eduardo Dias Villas Bôas, durante entrevista a uma emissora de rádio, disse que a plantação da folha de coca está intimamente ligada aos ‘Israelitas’ que usam o dinheiro arrecadado para preparar o dia do ‘juízo final’.
Padom

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