Segundo os pregadores da “maldição hereditária”, quando se constata alguma maldição na vida de alguém, de alguma coisa ou lugar, deve-se pesquisar os motivos pelos quais a maldição foi perpetuada ou, como denominam, a “brecha”:
- No caso de coisas, pode-se fazer uma pesquisa de sua procedência — quase sempre, são objetos oriundos de culto afro.
- No caso de lugares, é necessário fazer uma pesquisa — em muitos casos muito dispendiosas — para se descobrir as causas da maldição.
Por exemplo, o Brasil sofre a maldição da miséria porque, na colonização, os portugueses abriram “brecha” ao roubar o tesouro nacional (e os políticos de hoje ainda causam esta brecha). - No caso de pessoas, faz-se necessário pesquisar os ancestrais do indivíduo, para ver se alguém, no passado, cometeu algum pecado e, consequentemente, abriu a “brecha”, desencadeando uma maldição.
A essa pesquisa dos ancestrais chama-se “árvore genealógica”.
Vejamos o que diz Robson Rodovalho, em seu livro “Quebrando as Maldições” :
“…quando percebemos existir maldições hereditárias nas pessoas, pedimos para que ela faça uma gráfico da árvore genealógica, até a Quarta ou Quinta geração ou até onde tem informações. E tentem escrever como foram aqueles antepassados. Como foram suas práticas, vícios e a história da vida deles.
A partir dali, tentamos discernir se existem maldições que entraram na família, e em oração os quebrar. Temos que até interceder, pedir perdão por pecados que aqueles antepassados tiveram, e quebrar os pactos que fizeram.”
(Robson Rodovalho — QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS, pág. 29)
Ainda instruindo seus leitores a realizar tal prática, Robson Rodovalho indica como fazer esta árvore genealógica:
- Começar desenhando as raízes que representam a herança familiar;
- Desenhar o solo que representa o apoio com que conta a família;
- Pensar e desenhar o tipo de árvore que deseja representar;
- Desenhar um galho representando cada pessoa da família;
- Colocar o nome da família na parte superior do desenho;
- Comentar sobre o desenho ao cônjuge.
(Robson Rodovalho — POR TRÁS DAS BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES, pág. 61)
2.3.3h — Outros Procedimentos para se Quebrar a Maldição
Fazer a árvore genealógica não basta para quebrar uma maldição, isso somente informa sobre os motivos pelos quais ela está afligindo alguém. Quais seriam, então, os procedimentos, a se tomar, depois que se descobre a existência da maldição?
De acordo com os mestres da doutrina da maldição hereditária, existem certos procedimentos que deve-se tomar a fim de quebrar as maldições:
- Reconhecer que Cristo tomou sobre si as nossas maldições;
é, reconhecer que não se precisa tolerar a maldição, pois, Cristo, levou o fardo de todas as maldições; portanto, qualquer maldição que, porventura, o indivíduo possa levar é, meramente, fruto de seu conformismo. - Pedir perdão pelos antepassados.
Deve-se assumir o pecado cometido pelo antepassado, confessando e arrependendo-se dele. - Orar quebrando, rejeitando, anulando, negando, renunciando as maldições.
Assim fazendo, todos demônios ligados a maldição são expelidos.
Sobre isso, Robson Rodovalho fala da seguinte forma:
“Faça uma lista das características pecaminosas da sua família e ore fazendo campanhas, renúncias, para quebrar estas maldições em seu viver, que não haja nenhuma maldição ,nenhum legado sobre a sua vida, que seus pais possam ter transmitido, mas que seja quebrado trazendo a única herança da bênção, a bênção de Cristo Jesus.”
Rebecca Brown instrui a quebrar a maldição da seguinte forma:
“Se a maldição proveio de Satanás, e ele teve direito legal para fazer isso, tome os seguintes passos:
- PRIMEIRO PASSO: Confesse e reconheça o pecado que deu a Satanás e/ou a seus servos o direito de lançar uma maldição em você. Arrependa-se e peça a Deus perdão e purificação.
- SEGUNDO PASSO: Em voz alta, tome autoridade sobre a maldição em nome de Jesus Cristo e ordene que ela seja quebrada de imediato.
- Por exemplo: ‘Em nome de Jesus Cristo eu tomo autoridade sobre esta maldição e ordeno que ela seja quebrada agora!’
- TERCEIRO PASSO: Ordene a todos os espíritos demoníacos relacionados com tal maldição que saiam de sua vida imediatamente, em nome de Jesus.
- Por exemplo: ‘Em nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os demônios relacionados com esta maldição saiam da minha vida agora!’
Se Satanás o amaldiçoou sem ter tido o direito legal para tanto, então tome os seguintes passos:
- PRIMEIRO PASSO: Falando em voz alta, tome autoridade sobre a maldição, em nome de Jesus Cristo, e ordene que ela seja quebrada de imediato.
- Por exemplo: ‘Em nome de Jesus Cristo, eu tomo autoridade sobre esta maldição de... e, ordeno que seja quebrada agora!’
- SEGUNDO PASSO: Ordene a todos os espíritos demoníacos relacionados com a maldição que lhe deixem imediatamente.
- Por exemplo: ‘Em nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os demônios relacionados com esta maldição vão embora da minha vida agora!’.
(Rebecca Brow — MALDIÇÕES NÃO QUEBRADAS, pág. 19)
2.3.4 — A Maldição Hereditária à Luz das Escrituras
2.3.4a — Etimologia da Palavra “Maldição”
Segundo o Novo Dicionário de Língua Portuguesa, “maldição” vem do Latim “maledictione” e significa o ato ou o efeito de amaldiçoar ou maldizer; praga; desgraça, infortúnio, calamidade.
(NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, pág. 1069)
Existem quatro palavras hebraicas que, geralmente, são traduzidas como maldição. São elas: ‘arar, qälal (no grego, Kataraomai); ‘alâ (gr. Epikataratos); e qäbab.
‘arar — A palavra hebraica ‘arar é um verbo que tem como raiz ‘-r-r.
Citando Brichto, o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento diz que ‘arar vem da palavra acadiana aräru que tem o sentido de “capturar, prender”.
Segundo o Dicionário, ‘arar significa, portanto, “prender (por encantamento) , cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir”.
(HARRIS et al. — DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 126)
O sentido é de banimento ou estado de inexistência de bênçãos.
Segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento71, quando a palavra ‘arar é usada, ela está envolvendo três categorias gerais:
- Declaração de punição (Gênesis 3:14,17);
- Proferir de ameaças (Jeremias 11:3; 17:5; Malaquias 1:14);
- Proclamação de leis (Deuteronômio 27:15-26; 28:16-19).
Assim sendo, todas estas categorias envolvem a consequência da quebra do relacionamento de alguém com Deus, a saber: o estado a que se chegou por ter quebrado a aliança, um estado de separação, de banimento.
‘älâ — Esta palavra é usada 35 vezes no Antigo Testamento.
É um substantivo usado para expressar o juramento solene entre os homens (Gênesis 24:41; 26:28) e entre Deus e os homens (Números 5:21 em diante; Juízes 17:2; 1 Reis 8:31).
A palavra derivada ta’älâ tem o sentido de “punição para um juramento quebrado”. Ela ocorre somente uma vez no Antigo Testamento:
“Tu lhes darás ânsia de coração, maldição tua sobre eles.” (Lamentações 3:65)
Qälal — Esta palavra é usada 42 vezes no Antigo Testamento.
Significa “ser sem importância, insignificante, coisa pouco valorizada”. A raiz desta palavra, q-l-l, ocorre 130 vezes e exprime a ideia de desejar à outra pessoa uma posição inferior.
Em Neemias 13:25, vê-se Neemias pronunciando uma qälal, ou seja, uma fórmula de maldição.
No (apócrifo) 2 Macabeus 4:2 encontramos esta expressão traduzida da seguinte forma: “falar mal de…”
Qelälä é o substantivo derivado de qälal e a ênfase dada neste substantivo exprime a ideia de ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior, ou seja, a fórmula de maldição seria a expressão do estado de maldição… é a ideia (pensamento) da posição de insignificância.
Esta palavra representa o estado descrito e possível (Deuteronômio 11:26; 30:19), enquanto que ‘arar é o próprio estado a que se chegou. O Dicionário internacional de Teologia do Antigo Testamento, tratando sobre isso, comenta da seguinte forma:
“Os pagãos achavam que os homens eram capazes de manipular os deuses. É por isso que Golias amaldiçoou Davi (1 Samuel 17:43) e Balaão foi chamado a amaldiçoar Israel (Neemias 22:6).
Entretanto a maldição infundada não possui efeito algum (Provérbios 26:2) e somente as fórmulas divinas (de bênção e maldição) são eficazes (Salmos 37:22).
Conforme Deus disse a Abraão, ‘os que te amaldiçoarem (qälal)’ — ou seja: pronunciarem uma fórmula — ‘(eu os) amaldiçoarei (‘arar)’ — ou seja: eu os porei na posição de vergonha que te desejarem.
Amaldiçoar o profeta de Deus equivalia a atacar o próprio Deus e a trazer sobre si o juízo divino, como foi o caso com os rapazes que difamaram (cf. qälas) Eliseu e foram por este amaldiçoados (qälal, 2 Reis 2:24)”
(HARRIS et al. — DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 1346)
Qäbab — Uma outra palavra traduzida como maldição é qäbab, que ocorre 15 vezes no Velho Testamento e exprime a ideia de pronunciar uma fórmula com o propósito de trazer malefícios ao seu alvo.
A ênfase desta palavra é o poder inerente às palavras para provocarem o mal desejado, aparecendo, principalmente, nas narrativas de Balaão e Balaque (Neemias 23:8). Isso se dá, talvez, porque Balaque cria na possibilidade da magia (fórmulas que prejudicavam ao objeto) e por querer utilizar-se desta magia.
2.3.4b — A Maldição nas Culturas Antigas
Nas culturas antigas, era ordinária a busca pelo sobrenatural quando os métodos naturais não tinham eficácia diante de suas necessidades. Essa busca pelo sobrenatural era conhecida como “magia”.
A magia era “a exploração de poderes miraculosos ou ocultos, por métodos cuidadosamente especificados para atingir finalidades que doutro modo não podiam ser alcançadas.”
Sobre isso comenta Antônio Neves:
“Desde tempos imemoriais se cultivava a magia. A ideia fetichista de que o mundo está povoado de maus e bons espíritos e que os maus podem ser propiciados por meio de oferendas, rezas e tantos outras invenções pagãs, oferecia vasto campo a explorações nas crendices populares. Todos os povos palestinos eram dados a essas práticas, mesmo que não sejam considerados propriamente povo fetichista, mas apenas idólatras.”
(Antônio Neves de Mesquita — ESTUDO NOS LIVROS DE NÚMEROS E DEUTERONÔMIO, pág. 66)
Lothar Coenen também fala da seguinte forma:
“No pensamento da antiguidade, a palavra tem poder intrínseco que é liberado pelo ato de pronunciá-la, e independente deste ato. A pessoa amaldiçoada é assim exposta a uma esfera de poder destrutivo. A maldição opera de modo eficaz contra a pessoa execrada, até que se esgote o poder inerente na maldição.”
(Lothar Coenen — DICIONÁRIO DE TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO, pág. 184)
No Egito, a magia era efetivada através de rituais que representavam o resultado desejado: se o mágico quisesse destruir o inimigo, ele faria uma imagem de cera de seu inimigo e, em ritual, destruiria o boneco.
A magia também era efetivada através de pronunciamentos de palavras que eram tidas como eficazes para a efetivação do encantamento e, em geral, a magia era utilizada para beneficiar os vivos e os mortos.
Segundo Douglas, as funções das magias egípcias podem ser classificadas da maneira como se segue:
“Defensiva, produtiva, prognóstica, malévola, funerária e operadora de maravilhas.”
(D. Douglas — O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA, pág. 978)
A magia defensiva visava a defesa contra coisas que podiam lhes afligir, como serpentes, escorpiões, etc.
A magia produtiva era utilizada para facilitar diversas ocasiões da vida como o parto, a relação sexual e abrandar más condições atmosféricas.
A magia prognóstica tinha como finalidade a predição de acontecimentos futuros.
A magia malévola, ainda que punida pela lei, era empregada para acometer alguma espécie de mal aos outros.
A magia funerária visava prover capacitação aos mortos para vencerem dificuldades no mundo vindouro.
Por fim, a magia operadora de milagres concedia aos mágicos renome, por desvendar suas habilidades miraculosas.
Os medos e persas também tinham elementos de magia em sua cultura e, principalmente, em sua religião oficial: sua magia originou-se, principalmente, dos sumérios de 3.000 a.C.
O Zoroastrismo é uma religião de origem persa: interessante notar (a fim de ressaltar o envolvimento desta cultura nas artes mágicas) que os sacerdotes do zoroastrismo são chamados de “magi” e esta é a origem da palavra portuguesa “mágica”.
Esta mágica era praticada com o mesmo sentido que era praticada no Egito: visava os interesses tanto dos vivos como dos mortos e, como no caso do Egito, a magia era praticada por sacerdotes eruditos.
Chanplim divide em três as técnicas empregadas pelos medo-persa na magia:
“1. técnicas puramente práticas;
2. técnicas cerimoniais;
3. técnicas que combinam o prático com o cerimonial.
Na magia prática, o indivíduo simplesmente faz algo que foi declarado como bom pelo feiticeiro ou sábio. Realiza certos atos.
Na magia ritualística, há encantamentos e agouros, algumas vezes acompanhados por ritos sacrificiais elaborados. Divindades, demônios, forças cósmicas, forças da natureza, etc., são invocados como auxílios.
Acredita-se que certas palavras revestem-se de poder, e que certas orações, declarações, etc., necessariamente atraem os poderes superiores.
Certos atos podem ser reforçados por rituais e orações, e nisso temos algo que pertence à terceira classificação de técnicas.”
(R. N. Chanplim — ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA, pág. 24)
A civilização hindu elaborou-se por volta de 1500 a 800 a.C. e sua religião era marcada pelo conformismo às regras e costumes, como também às práticas mágicas bastante numerosas.
Também era marcada pelo panteísmo, onde a divindade ficava à disposição do homem que pudesse manipulá-la através do sacrifício ou devoção.
A magia nesta civilização era comum e envolvia todos os aspectos da vida: saúde, trabalho, sexo, etc.
Suas principais maneiras de se fazer magia são alistadas por André Aymard e Jean Auboyer:
“Fórmula murmurada (mantra), as transferências dos problemas humanos para objetos ou animais, enfim, encantos e amuletos que devem assegurar a longa vida, curar ou combater as doenças, afastar as más influências, banir os aborrecimentos e sofrimentos, conquistar o amor do ser amado etc.”
(AYMARD et al — O ORIENTE E A GRÉCIA ANTIGA, pág. 241)
A vida da civilização chinesa era marcada pela crença em um mundo divino e demoníaco, cujo favor deve ser buscado.
Para que isso acontecesse, o indivíduo deveria saber quais os deuses e espíritos que lhe correspondiam, a partir de sua posição social, função e dever, no ritual para se buscar o favor desses espíritos:
“A oração tem um valor de certo modo mágico e opera por si mesma, se pronunciada corretamente, no momento desejado e nas circunstâncias pedidas.”
(AYMARD et al — O ORIENTE E A GRÉCIA ANTIGA, pág. 277)
Assim, era comum a crença em maldições.
Para estes povos, a maldição era um desejo exteriorizado em forma de palavras ou, até mesmo, de ritos; estas palavras e ritos, segundo se pensava, tinham o poder intrínseco de realizar o desejo expresso.
William L. Coleman, definindo o termo “encantamento”, diz o seguinte:
“Eram formas de tentar afetar a vida de outrem para o bem ou para o mal por meio de dizeres ou magias. Tais práticas foram largamente empregadas durante o período da história bíblica… Aquele povo tinha muita fé em bênção e maldições.”
(William L. Coleman — MANUAL DOS TEMPOS E COSTUMES BÍBLICOS, pág. 286)
De semelhante forma, Chanplim define encantamento da seguinte forma:
“Os encantamentos são aquelas práticas, comuns entre os povos primitivos, de usar fórmulas verbais ou ritos mágicos que encorajariam os poderes sobrenaturais a entrar em ação, praticando o bem ou o mal, abençoando ou amaldiçoando as pessoas, exorcizando os demônios, provocando experiências místicas ou curando enfermidades. Essas fórmulas verbais são faladas ou entoadas e, geralmente, fazem parte de rituais para todos os tipos de ocasiões.”
(R. N. Chanplim — ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA, TEOLOGIA E FILOSOFIA, pág. 362)
Mary J. Evans, também comenta sobre o assunto da seguinte forma:
“Na Mesopotâmia, parece que aquela vida foi dominada lidando com o terror de maldições e agouros.
Estas maldições eram invocadas por indivíduos e a sensação é que os deuses não podiam escolher não agir. A pessoa tinha a impressão que a maldição age totalmente independentemente da relação entre o indivíduo e os deuses dele.”
(Mary J. Evans — "A PLAGUE ON BOTH YOUR HOUSES - CURSING AND BLESSING REVIEWED", pág. 4)
Um exemplo desta crença antiga, é o caso de Balaão e Balaque (Neemias 22,23): Balaque era um rei Moabita que contratou Balaão para amaldiçoar Israel.
As palavras de Balaque expressam sua crença no poder intrínseco das palavras em trazer benefícios ou malefícios ao seu objeto:
“Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois mais poderoso é do que eu; talvez o poderei ferir e lançar fora da terra; porque eu sei que, a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.” (Números 22:6)
Já vimos que a palavra hebraica usada por Balaque foi “qäbab”, que exprime a ideia de pronunciar uma fórmula com o propósito de trazer malefícios ao seu alvo.
Isto ilustra, como diz Russel Shedd:
“a crença popular que o próprio fato de um profeta prenunciar algo traria o efeito profetizado.”
(Russel Shedd — BÍBLIA SHEDD, pág. 224)
2.3.4c — A Maldição em Gênesis
O nome do primeiro livro da Bíblia vem da palavra hebraica berëshît — “no princípio” — e quando foi transliterada para o grego da LXX, teve o significado de “origem/fonte” e tais nomes são perfeitamente adequados para o teor do livro, que trata das origens de todas as coisas.
Sobre a estrutura do livro, Lasor, Hubbard e Bush, falam da seguinte forma:
“O livro tem duas partes distintas: capítulos 1-11, a história primeva, e capítulos 12-50, a história patriarcal (tecnicamente 1.1-11.26 e 11.27-50.26).
Gênesis 1-11 é um prefácio à história da salvação, tratando da origem do mundo, da humanidade e do pecado.
Gênesis 12-50 reconta as origens no ato de Deus escolher os patriarcas, juntamente com as promessas de terra, posteridade e aliança.”
(LASOR et al. — INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 16)
Desta forma, o livro de Gênesis relata a origem do pecado e, diretamente ligada a ele, a origem da maldição, cuja ocorrência pode ser verificada nos capítulos 3, 4, 9, 12, 27 e 49.
A primeira passagem em que ocorre a palavra “maldição” é:
“Então o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.” (Gênesis 3:14)
Pode-se perceber neste texto que é impossível separar a maldição do pecado: a palavra hebraica usada aqui para “maldição” é ‘arar, portanto, o sentido aqui é que a serpente seria BANIDA de todos os animais, ou seja, ela passaria a viver em um estado de inexistência de bênçãos devido ao seu pecado e, semelhantemente, o solo (“maldita é a terra por tua causa”) seria impedido de conceder sua fertilidade ao homem, devido ao pecado deste.
É como diz Kaiser:
“Em cada caso foi declarada a razão da maldição:
(1) Satanás logrou a mulher;
(2) a mulher escutou a serpente; e
(3) o homem escutou a mulher — ninguém escutou a Deus.”
(Walter C. Kaiser, Jr — TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 80)
Da mesma forma, Caim foi “maldito desde a terra” (Gênesis 4:11), ou seja, “banido de usufruir de sua produtividade”((HARRIS et al. — DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 126)), ou melhor, “os labores de Caim como agricultor seriam vãos; portanto, ele teria de andar pela terra como um vagabundo”(F. Davidson – O NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA, pág. 88) e essa maldição foi consequência de seu pecado, o homicídio.
Da mesma maneira, Canaã tornou-se maldito (Gênesis 9:25), ou seja, foi colocado em um estado inferior.
Como diz Davidson:
“talvez significasse a subjugação final dos cananeus a Israel”
(F. Davidson – O NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA, pág. 93)
E Halley:
“Os descendentes de Cão seriam raças de servos”, por ter participado vulgarmente do triste incidente.
(Henry H. Halley – MANUAL BÍBLICO, pág. 74)
Em Gênesis 12:3, essa ideia também é expressa: Deus diz a Abraão que abençoaria o que o abençoassem e amaldiçoaria aos que o amaldiçoassem.
A maldição (‘arar) de Deus — a saber: o estado de inexistência de bênçãos — alcançaria aqueles que desejassem, e expressassem em palavras, esse estado para Abraão.
Nesse mesmo contexto, é importante notar-se o entendimento que Jacó tinha desta ligação do pecado com a maldição: em Gênesis 27: 11-12, vê-se o estratagema de Jacó e sua mãe para usurpar a bênção de Esaú.
Receoso, Jacó diz à sua mãe:
“Porventura me apalpará o meu pai, e serei aos seus olhos como enganador; assim trarei eu sobre mim maldição, e não bênção.” (Gênesis 27:12)
A palavra hebraica traduzida aqui como maldição é qelälâ e, como já vimos, a ideia básica desta palavra é a ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior.
Desse modo, Jacó tinha receio que suas maquinações lhe provocassem um estado imediatamente inferior do estado de bênção.
Mais à frente (Gênesis 49:7) Jacó novamente expressa este conceito, quando diz que Simeão e Levi eram malditos.
É importante notar que este “rebaixamento” de Simeão e Levi se deu por causa do massacre que infringiram à Siquém.
Portanto, no livro de Gênesis, a maldição está diretamente ligada ao pecado e significa basicamente um estado no qual o indivíduo seria desfavorecido em relação ao estado anterior, em que era abençoado por Deus, por consequência da quebra do relacionamento com Ele.
2.3.4d — A Maldição em Deuteronômio
A origem da palavra portuguesa “deuteronômio” remonta à expressão hebráica ‘ëlleh haddebärîm — “são estas as palavras”.
Esta expressão hebraica foi transliterada para a palavra grega “deuteronomion” — que significa “segundo livro da lei” ou “segundo pronunciamento da lei” — assim, os tradutores intitularam este livro fazendo uma alusão clara a primeira ocorrência da lei, em Êxodo.
Fizeram isso por que o conteúdo do livro é exatamente esse: em Êxodo, Levítico e Números as leis foram promulgadas, agora, prestes a entrar em Canaã, a lei estava sendo recapitulada e, deste modo, pode-se notar que a lei é o tema dominante em todo o livro.
No entanto, diretamente ligado a este assunto, pode-se ver o subtema: maldição, que está presente nos capítulos 11, 27, 28, 29 e 30.
É importante notar que, em todas as ocorrências, a maldição está diretamente ligada com o tema: lei.
O autor adverte:
“Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição; A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando; Porém a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.” (Deuteronômio 11:26-28)
No capítulo 27, inicia-se uma série de instruções sobre as cerimônias de bênçãos e maldições: seis tribos deveriam subir ao monte Gezirim e as outras seis deveriam subir no monte Ebal — as primeiras realizariam um ritual de bênção e as outras realizariam um ritual de maldição.
A lista de maldições era constituídas por doze declarações, todas iniciavam da forma como se segue: “maldito o homem…” ou “maldito aquele…”.
Esta expressão tem o propósito de revelar o estado decorrente da quebra de mandamentos espirituais, sociais e sexuais.
Nos capítulos 29 e 30 também vemos a mesma proposta dos capítulos anteriores, ou seja: a bênção para os obedientes e a maldição para aqueles que quebrarem a aliança.
Pode-se notar, portanto, que a maldição no livro de Deuteronômio é um estado de ausência de bênção, decorrente da quebra dos mandamentos da aliança. Assim, maldição é consequência; é a “perda da presença e favor especiais de Deus… e a perda da condição de povo do reino de Deus.”
(J. J. Von Allmen — VOCABULÁRIO BÍBLICO, pág. 235)
Lasor resume o assunto com as seguintes palavras:
“A afirmação do apóstolo Paulo, ‘o salário do pecado é a morte’ (Romanos 6:23) é um resumo adequado dessas maldições sombrias e amargas. Desdenhar as exigências da aliança divina ou rebelar-se contra elas era transformar o Salvador em Juiz.”
(LASOR et al. — INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 134)
2.3.4e — A Maldição nos Livros Proféticos
Falando em uma perspectiva histórica, os livros históricos do Antigo Testamento contêm a história da ascensão e queda de Israel.
Os livros poéticos pertencem a era dourada judaica.
Já, os livros proféticos estão inseridos nos dias da queda de Israel.
Os livros proféticos são 17, contendo 16 autores e, desses, 13 relacionaram-se com o período de destruição da nação hebraica e 3 com a restauração da mesma.
O período dos profetas cobriu por volta de 400 anos — de 800 a 400 a.C. — tendo se iniciado com a apostasia das dez tribos ao término do reinado de Salomão.
O reino do norte adotou como religião oficial o culto ao bezerro — uma estratégia política — e, logo depois, somaram Baal ao culto, deixando consequentemente o culto a Javé.
O ápice desta apostasia e o acontecimento central deste período foi a destruição de Jerusalém.
7 dos 16 profetas estiveram diretamente relacionados a este acontecimento e tal fato histórico desencadeou a maior intensidade de atividade profética para, se possível, evitá-lo.
A mensagem profética é resumida por Halley da maneira como se segue:
“1. Procurar salvar a nação de sua idolatria e impiedade;
1a. Falhando nisso, anunciar que a nação seria destruída.
2. Não porém completamente destruída. Um remanescente seria salvo.
3. Do meio desse remanescente sairia uma influência que se espalharia pela terra e traria a Deus todas as nações.
4. Essa influência seria um grande Homem, que um dia se levantaria na família de Davi. Os profetas chamaram-no de ‘REBENTO’.
A árvore da família de Davi, que fora a mais poderosa do mundo, foi cortada nos dias dos profetas, para governar um reinozinho desprezado que tendia a desaparecer; uma família de reis sem reino: esta família faria uma volta espetacular e, reaparecia, do seu tronco brotaria um renovo, um rebento tão grande que se chamaria O Rebento.”
(Henry H. Haley — MANUAL BÍBLICO, pág. 253)
Lasor também da uma contribuição ao assunto dizendo:
“Um estudo cuidadoso dos profetas e de sua mensagem revela que estão profundamente envolvidos na vida e na morte da própria nação. Ele falam do rei e de suas práticas idólatras, de profetas que dizem o que são pagos para dizer, de sacerdotes que não instruem o povo na lei de Javé, de mercadores que empregam balanças adulteradas, de juízes que favorecem o rico e não oferecem justiça ao pobre, de mulheres cobiçosas que levam o marido a práticas malignas para que possam nadar no luxo.”
(LASOR et al. — INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 247)
Pode-se notar, portanto, que a mensagem profética está diretamente ligada com o pecado do homem, ou seja, Israel e as nações haviam infringido as leis de Deus e agora estavam sendo exortados a arrepender-se e, se não o fizessem, estariam a mercê do julgamento divino.
A palavra “maldição” (e seus derivados) encontra-se em 25 capítulos dos livros proféticos.
É relevante destacar que, em todas essas referências, a maldição possui o mesmo significado que possui em Gênesis e Deuteronômio, ou seja, um estado de ausência de bênçãos por consequência do pecado.
Assim, Isaías, profetizando contra Tiro, diz:
“Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna. Por isso a maldição tem consumido a terra; e os que habitam nela são desolados; por isso são queimados os moradores da terra, e poucos homens restam. (Isaías 24:5-6)
Da mesma forma, profetizando contra Israel, Jeremias diz:
“Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Como se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os habitantes de Jerusalém, assim se derramará a minha indignação sobre vós, quando entrardes no Egito; e sereis objeto de maldição, e de espanto, e de execração, e de opróbrio, e não vereis mais este lugar.” (Jeremias 42:18)
Também neste mesmo teor, pode-se ver Daniel chegando à conclusão do motivo do sofrimento da nação:
“Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra ele.” (Daniel 9:11)
Zacarias também expressa o mesmo pensamento quando diz que a maldição alcançará todo aquele que não guardar toda a lei (veja Zacarias 5:3) e, também, Malaquias, quando diz que os sacerdotes seriam infligidos pela maldição por não temerem ao Nome de Javé (Malaquias 2:1).
Nos livros proféticos, portanto, bem como nos livros já estudados, a maldição está ligada diretamente com a desobediência à lei de Deus. Esta maldição é o estado a que se chegou por ter-se rebelado contra o Sagrado.
2.3.4f — A Maldição e Satanás
Faz-se relevante aqui, esclarecer a relação da maldição veterotestamentária e a ingerência de Satanás.
Rebecca Brown, em seu Livro “Maldições não quebradas”, explica que as maldições podem ser divididas em categorias.
Essas categorias são: as maldições dadas por Deus, as maldições feitas por Satanás e os seus subalternos com direito para fazê-lo, e as maldições feitas por Satanás sem direito para fazê-lo.
A crença na maldição respaldada por Satanás é corroborada pelo renascimento do dualismo Zoroastrista, onde se cria que, no universo, existem duas forças iguais em poder e força, lutando entre si para dominar a espécie humana… e tal concepção tem sido difundida em larga escala no meio evangélico.
Todavia, não encontra respaldo bíblico: não se encontra um texto sequer onde esteja descrito que Satanás tem o poder autônomo de amaldiçoar alguém ou algo sem a devida autorização divina!
O conceito, principalmente veterotestamentário, é que a maldição está diretamente ligada à quebra da aliança com Deus: o pensamento bíblico é que o homem sofre as consequências de seu estado de rebeldia contra Deus.
Assim, a maldição é um estado a que se chegou, decorrente da rebelião contra as leis de Deus.
Talvez sejamos tentados a pensar que Satanás estava por trás dos deuses antigos, de forma que, quando as imprecações eram pronunciadas, era satanás que agia para que estas se cumprissem.
No entanto, precisamos atentar para dois fatos:
- A crença, como já vimos, no poder autônomo das imprecações respaldadas por espíritos era própria das nações vizinhas de Israel e não era compartilhada pelos homens de Deus;
- Isaías (Isaías 44:9 em diante) argumenta que os deuses são sem valor, não tem poder algum para livrar quem quer que seja;
Desse modo, não se pode crer que estes deuses tivessem a capacidade de amaldiçoar.
Sobre isso, o dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento é feliz em comentar:
“Que tais fórmulas existiram por todo o mundo antigo ninguém nega. Mas a diferença entre elas e as do AT são adequadamente ilustradas nesta citação de Fensham:
‘A execução mágica e mecânica da maldição (…) aparece em tremendo contraste com a abordagem egoteológica dos escritos proféticos (…) o ego do Senhor é o elemento central da ameaça, e execução e a punição de uma maldição. (…) As maldições do antigo Oriente Próximo, que aparecem fora do AT, são dirigidas contra a transgressão da propriedade privada (…) mas a obrigação ético-moral relacionada com o dever que se tem perante Deus de amar ao próximo não é sequer mencionada’”.
(HARRIS et al. — DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO, pág. 127)
2.3.4g — A Bíblia Orienta a Fazer Árvore Genealógica?
O conselho dos mestres da maldição hereditária para se fazer um histórico familiar, a fim de colher informações sobre alguma maldição que porventura tenha entrado na família, não encontra respaldo bíblico.
Uma primeira consideração a ser feita é que a Bíblia nos ensina que cada um é responsável por aquilo que faz.
O profeta Ezequiel fala sobre isso:
“E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nunca mais direis esta parábola em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.” (Ezequiel 18:1-4)
No contexto deste texto, muitos estavam colocando a culpa de seus fracassos em seus antepassados, mas Deus trata com cada um individualmente.
É claro que, com os pecados dos pais, os filhos podem colher o fruto deste pecado, sendo influenciados a cometerem os mesmos pecados, e a sofrerem as consequências disto (Gálatas 6:7): no entanto, isto é quebrado quando a geração se arrepende de seu pecado.
A Bíblia nos diz que cada um dará conta de si mesmo a Deus (Romanos 14:12): não se pode arrepender-se em lugar de outro.
Uma segunda consideração a ser feita é que fazer árvores genealógicas assemelham-se muito com a prática da seita mórmon: eles fazem isso com o intuito de resolver problemas espirituais de seus mortos, através do batismo pelos mortos e ISSO É ANTIBÍBLICO!!!
A Palavra de Deus condena tal prática (1 Timóteo 1:4; Tito 3:9).
O texto bíblico mais usado para apoiar a ideia da árvore genealógica é:
“Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.” (Êxodo 20:5-6)
Para aqueles que costumam procurar textos bíblicos para apoiar seus conceitos, este é um “prato cheio”… no entanto, precisamos fazer algumas considerações a respeito deste texto:
- Os números não devem ser encarados literalmente;
- O contexto trata do pecado de idolatria;
- O texto trata daqueles que “aborrecem a Deus”;
- O texto trata das consequências do pecado que refletem até outras gerações;
- Deve ser interpretado à luz de Ezequiel 18.
2.3.4h — Espíritos familiares à Luz das Escrituras
A base bíblica que os mestres da doutrina de quebra de maldições apresentam para apoiar o pensamento de “espíritos familiares” é Levítico 19:31 (na versão King James):
“Não vos voltareis para os que tem espíritos familiares, para serdes contaminados por eles. Eu sou o Senhor.”
Sobre este texto, Robson Rodovalho escreve:
“É esta a base bíblica que temos para demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria, passam de geração a geração.”
(Robson Rodovalho — QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS, pág. 12)
Se este é o único texto — e é o único! — para apoiar a doutrina de espíritos familiares não é difícil chegarmos à conclusão de que não tem base bíblica…
O Velho Testamento foi escrito em hebraico e não em inglês: por isso faz-se necessário consultarmos o hebraico!
A palavra em questão é “‘ob” — esta palavra indica “aqueles que consultam espíritos”: literalmente é “o vaso” ou “instrumento dos espíritos”.
Portanto, a feiticeira de Endor é uma ‘ob (1 Samuel 28).
Em Levítico 19:31, o povo de Israel é instruído a ficar longe destes ‘ob!
Uma série de outras passagens envolvendo a palavra ‘ob, pode ser encontrada nas Escrituras — Levítico 20:27; Deuteronômio 18:10-11; Isaías 8:19 — sempre denotando pessoas que se envolvem na consulta de mortos.
Àquilo que os mestres da quebra de maldição chamam de espírito de prostituição, de inveja, de lascívia, etc., a Bíblia chama de obras da carne (Gálatas 5); e só se podem ser vencidas quando há o arrependimento do pecado através da submissão ao Espírito Santo (Gálatas 5:16; 1 Coríntios 6:9-11).
Penso que é mais fácil culpar a outros pelos próprios erros do que reconhecer o seu próprio.
É mais fácil repreender demônios, responsabilizando-os pelos pecados que cometemos, do que arrepender-se e buscar no Senhor a restauração.
Mas, não é esse o caminho que nos leva à santidade.
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