19 julho 2011

Deus se agrada de todas as nossas festas?


Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene. Apresentastes-me, vós, sacrifícios e ofertas de manjares no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? Sim, levastes Sicute, vosso rei, Quium, vossa imagem, e o vosso deus-estrela, que fizestes para vós mesmos. Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o SENHOR, cujo nome é Deus dos Exércitos. Amós 5:20-21

As palavras acima, inspiradas por Deus a Amós, revelam a situação desastrosa a que chegou o povo de Israel, no que tange a sua vida espiritual. Eles honravam os dias especiais do calendário judaico, convocavam as assembléias solenes, ofereciam sacrifícios, traziam ofertas, e entoavam hinos de adoração. Suas festas pareciam tão lindas e sagradas! No entanto, Deus não apenas rejeitava receber a adoração deles, mas também aborrecia e desprezava essas comemorações.

Deus estava literalmente cansado daquela adoração hipócrita e artificial. Como Deus iria aceitar sacrifícios e festas de pessoas que se recusavam a praticar a justiça, cujos corações estavam cheios de pecados e maldades? “Antes corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene”, dizia o Senhor.

O culto ideal, pleno de vida, tinha se transformado num mero ritualismo morto, mecânico, pois o pecado interior impedia o povo de oferecer uma adoração pura e aceitável a Deus. O coração deles não estava naquilo. Deus protestou através de Isaías: “Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu.”

Infelizmente, a situação acima descrita tem se repetido em grande escala no contexto evangélico. A roupagem histórico-cultural certamente mudou, mas o espírito do culto hipócrita persiste, afinal de contas, a natureza humana não mudou nem um pouco ao longo dos séculos.

O fenômeno do culto hipócrita tem se propagado de forma generalizada no meio evangélico e pode-se dizer, seguramente, que são raras as igrejas que têm sobrevivido a essa onda destruidora. Apesar de ser geral, esse mal se manifesta de forma mais intensa nas chamadas “festividades”, quando determinados departamentos de igrejas realizam eventos comemorativos, de periodicidade anual.


As festividades que têm sido realizadas nos templos evangélicos, sobretudo nos maiores, são notórias pelas seguintes qualidades: grandiosidade, alta organização, presença de pregadores famosos, grande audiência, lindas apresentações musicais e teatrais. Enfim, é espantosa a infraestrutura que é montada para a realização de alguns eventos evangélicos.
A pergunta que surge, porém, é essa: será que Deus tem aceitado essas festas? Os sacrifícios de louvor que são oferecidos nesses megaeventos sobem como cheiro suave às narinas do Pai? O Senhor reconhece essas festas como a legítima reunião de verdadeiros adoradores? As pregações reproduzem fielmente as palavras oriundas do Espírito de Cristo? Há boas razões para se acreditar que, à semelhança do tempo de Amós, Deus também tem se aborrecido e detestado muitas dessas comemorações. É necessário, portanto, fazer um levantamento dos motivos pelos quais o Senhor as rejeita.

MERCENARISMO
A palavra mercenário vem da palavra “mercê” que o dicionário relata ser pagamento, recompensa, salário; “mercenário”; é aquele que trabalha por soldo, ou só pelo interesse da paga (dicionário Aurélio). É principalmente no segundo sentido que o termo “mercenário” se aplica a muitos pregadores da atualidade, que só comparecem a determinados eventos se for garantido o valor mínimo de DOIS MIL REAIS. Sabemos que está escrito em I Tm 5:18: “Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.”. Mas isso não dá ao pregador o direito de enriquecer-se às custas do Evangelho e de levar a Palavra de Deus com o fim exclusivo de auferir lucro. A maioria dos grandes ícones da história da Igreja morreram em extrema pobreza. O livro “Heróis de Fé”, de Orlando Boyer, diz sobre o inglês John Wesley, um dos maiores pregadores de todos os tempos:
“João Wesley nasceu e criou-se em um lar onde não havia abundância de pão. Com a venda dos livros da sua autoria ganhou uma fortuna, com a qual contribuía para a causa de Cristo; ao falecer, deixou no mundo "duas colheres, uma chaleira de prata, um casaco velho" e dezenas de milhares de almas, salvas em épocas de grande decadência espiritual.”
Os famosos pregadores da atualidade, porém, viajam na classe especial das empresas aéreas, se hospedam nos melhores hotéis e chegam a morar em lindas mansões.

Não se pode esperar que Deus abençõe uma festividade que tenha mercenários na sua lista de pregadores. É triste ver que alguns pastores ainda estão presos ao costume de querer convidar celebridades para pregar em seus eventos. O Pr. Geziel Gomes disse que “existem pastores que ajustam qualquer quantia e pagam qualquer preço milionário para terem o “privilégio” de ter uma estrela em seus púlpitos, mesmo que para entregar a mesma palavra pela milésima vez.”
Se apesar do preço que cobram esses pregadores falassem alguma coisa consistente, de certa forma valeria o esforço de convidá-los, mas não é isso que se percebe. É triste ver essas “estrelas” vendendo fantasias no púlpito e convencendo aos crentes de que o paraíso é aqui na Terra. Compensaria se pelos menos eles dissessem a verdade, se pregassem o Evangelho genuíno. Quisera Deus colocar no coração dos líderes evangélicos a decisão de não mais convidá-los para as suas festividades.
IRREVERÊNCIA
Certamente o Senhor detesta o comportamento irreverente dos participantes de muitas festividades. A oração, a ação de graças, a postura de reverência ao Senhor, tudo isso é substituído pelo burburinho, pelo falatório profano, pelo vai-e-vém de pessoas dentro do templo e pelo cochicho incessantes. As pessoas se comportam na casa de Deus como se estivessem em um clube. Nessas circunstâncias, não há a mínima condição de ser formada uma atmosfera espiritual, propícia à manifestação do Espírito Santo. Já tive vontade de sair de muitas dessas festividades. Imagine o que Deus deve sentir!
EXIBICIONISMOMuitas igrejas, durante um determinada festividade, viram verdadeiras feiras de moda. Os crentes aproveitam essas ocasiões para estrear a roupa nova, para colocar “aplique” nos cabelos, para caprichar na maquiagem, para adotar um novo penteado, etc.

Certamente o cristão deve cuidar da aparência, pois os filhos de Deus devem ser lindos por dentro e por fora. Ocorre, porém, uma distorção quando um cristão vai à igreja com a exclusiva finalidade de ser notado. É incrível como, após o evento, algumas pessoas são capazes de lembrar-se, detalhadamente, quais roupas os outros estavam usando. Se as tais fossem à igreja para somente adorar ao Senhor, certamente não teriam tempo para essas coisas.

DESCOMPROMISSO
Muitas pessoas, normalmente ausentes na maior parte do ano, acabam indo às festividades que são realizadas fazendo com que o templo fique superlotado. Elas não vão à igreja porque querem ter uma experiência com Deus; vão motivadas pela curiosidade: para ouvir o pregador famoso ou o cantor ou a cantora famosa. Vão porque gostam da multidão, de ver pessoas diferentes. Vão para paquerar dentro da igreja; para conseguir um novo namorado ou namoradinha. Em suma, parte da audência, nessas festivades, é composta por pessoas sem nenhum compromisso com Deus. Algumas até entram para o coral ou para a mocidade, por exemplo, somente nesse período. Depois da festa, desaparecem novamente.

Se fossemos enumerar todos os motivos pelos quais Deus tem detestado muitas festividades, a lista seria longa. Basta dizer que o Senhor não tem a obrigação de manifestar o Seu poder e a Sua glória onde impera o pecado e o mundanismo. Deus não pode ser seduzido pela aparência de uma festa bonita. Ele sempre exigirá santidade de Seus filhos. É impressionante observar a inutilidade de algumas festividades. Ao final delas, quando se pergunta qual foi o resultado positivo para a igreja, geralmente surge a incômoda resposta: nenhum. Nenhum batismo no Espírito Santo, nenhuma conversão, nenhuma cura, nenhum arrependimento.
Dizem as Sagradas Escrituras em II Samuel 6:5-8:

E Davi, e toda a casa de Israel, festejavam perante o SENHOR, com toda a sorte de instrumentos de pau de faia, como também com harpas, e com saltérios, e com tamboris, e com pandeiros, e com címbalos. E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e pegou nela; porque os bois a deixavam pender. Então a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus. E Davi se contristou, porque o SENHOR abrira rotura em Uzá; e chamou àquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje.

A festa estava linda; todos se alegravam perante a arca, mas Uzá teve a imprudência de tocá-la e acabou sendo fulminado pelo Senhor. Alguns podem dizer: Deus foi muito severo matando aquele homem, afinal de contas era um momento especial, festivo, histórico. Alguns reclamam que Deus literalmente acabou com a festa. O fato é que essa passagem é uma prova de que Deus, até mesmo em festas, exige santidade e respeito à Sua Palavra.

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