12 agosto 2017

REFUTANDO PAULO LOPES: “NÚMERO CRESCENTE DE ESTUDIOSOS QUESTIONA EXISTÊNCIA DE JESUS”

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Em um artigo intitulado “Número crescente de estudiosos questiona existência de Jesus”, o ateu Paulo Lopes diz que “Não há sequer uma prova confiável sobre a vida do Jesus histórico”. Vamos ver se isso é verdade.
Refutaremos agora o texto dele, que segue abaixo, em azul. A nossa resposta está em preto.

Ele diz: “Coincidindo com o avanço do secularismo em várias regiões do mundo, ou talvez por causa disso mesmo, tem aumentado o número de estudiosos que questiona a existência do Jesus.
Novos livros abordam o assunto, blogueiros e canais a cabo de TV expõem as contradições bíblicas, entre as quais as inconsistências sobre a vida do “filho de Deus”.”
RESPOSTA:
Não é novidade que “estudiosos” constantemente tragam à tona a velha alegação de que Jesus nunca existiu. Porém, existem numerosas provas de que o “Jesus Histórico” realmente existiu. Até mesmo o agnóstico Bart Ehrman, que é um estudioso da Bíblia e do Novo Testamento, admite a existência histórica de Jesus:
Existem muitas evidências de que Jesus existiu. Eu sei que é comum pensarem na multidão ateísta que Jesus nunca existiu. Deixe-me dizer, assim que vocês saírem desses grupinhos, vocês vão ver que isso não é nem ao menos discutido entre estudiosos da antiguidade. Não existe nenhum estudioso em nenhuma universidade do mundo ocidental que ensine história antiga, Novo Testamento, Cristianismo primitivo ou qualquer área relacionada, que duvide que Jesus tenha existido. […] A razão para acreditar nisso é que ele é retratado abundantemente em fontes próximas aos eventos. Fontes antigas e independentes indicam que Jesus certamente existiu. Um dos autores que conhecemos conheceu o irmão de Jesus e também conhecia o discípulo mais próximo de Jesus, Pedro. Ele é uma testemunha ocular tanto dos discípulos mais próximos de Jesus quanto de seu irmão. Então, me desculpem, eu respeito a descrença de vocês, mas se quiser seguir a evidência onde ela leva, eu acho que os ateus causaram um prejuízo a si mesmos pulando no miticismo. Porque, francamente, faz vocês parecerem burros para o mundo de fora. Se você for crer que Jesus foi um mito, então você apenas vai parecer burro.” (Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=AeV9r-Ucut0)

“Trata-se, obviamente, do Jesus histórico porque o mítico — o que nasceu de uma mãe virgem e ressuscitou três dias depois de ter morrido, o que andou sobre as águas, etc. — é uma cópia tão descarada do deus Hórus, que só a mente embrutecida pela fé pode acreditar nisso.”
RESPOSTA:
Jesus é uma “cópia tão descarada do deus Hórus”? É claro que não.
Hórus
O filme Zeitgeist faz estas afirmações sobre o deus egípcio Hórus:
  • Ele nasceu em 25 de dezembro de uma virgem – Isis Maria;
  • Uma estrela no Oriente proclamou a sua chegada;
  • Três reis foram adorar o “salvador” recém-nascido;
  • Aos 12 anos de idade, quando ainda um menino, ele tornou-se um professor prodígio;
  • Aos 30 anos ele foi “batizado” e começou um “ministério”;
  • Hórus tinha doze “discípulos”;
  • Hórus foi traído;
  • Ele foi crucificado;
  • Ele foi sepultado por três dias;
  • Ele foi ressuscitado depois de três dias.
No entanto, quando os escritos atuais sobre Hórus são competentemente analisados, isto é o que encontramos:
  • Hórus nasceu a Ísis; não há qualquer menção na história de sua mãe sendo chamada de “Maria”. Além disso, Maria é a nossa forma latinizada de seu nome verdadeiro “Miryam” ou Miriam. “Maria” não foi nem usado nos textos originais das Escrituras.
  • Ísis não era virgem; ela era a viúva de Osíris, com quem concebeu Hórus;
  • Hórus nasceu durante o mês de Khoiak (outubro/novembro) e não no dia 25 de dezembro. Além disso, a Bíblia não menciona a data exata do nascimento de Cristo;
  • Não há qualquer registro de três reis visitando Hórus em seu nascimento. E mesmo que houvesse, isso nem se assemelha à narrativa bíblica, que afirma apenas que foram magos, e não reis que visitaram Jesus: “Depois que Jesus nasceu em Belém da Judéia, nos dias do rei Herodes, magos vindos do Oriente chegaram a Jerusalém.” (Mateus 2:1). A afirmação de que eram “três” também é falsa. Em lugar nenhum o relato diz que eram três; talvez alguns erroneamente deduziram do número de presentes: ouro, incenso e mirra. Ora, o número de presentes não determina o número de magos!
  • Hórus não é um “salvador” de qualquer forma e nunca morreu por ninguém.
  • Não há relatos de Hórus sendo um professor aos 12 anos de idade;
  • Hórus não foi “batizado”. O único relato de Hórus que envolve a água é uma história onde ele é despedaçado e Ísis pede ao deus crocodilo que o pesque da água onde havia sido colocado;
  • Hórus não tinha um “ministério”;
  • Hórus não tinha 12 discípulos. De acordo com as narrativas, Hórus tinha quatro semi-deuses que eram seguidores e algumas indicações de 16 seguidores humanos e um número desconhecido de ferreiros que entraram em batalha com ele;
  • Não existe nenhuma narrativa de Hórus sendo traído por um amigo;
  • Hórus não morreu por crucificação. Há vários relatos da morte de Hórus, mas nenhum deles envolve a crucificação;
  • Não existe nenhum relato de Hórus sendo sepultado por três dias;
  • Hórus não foi ressuscitado. Não existe nenhuma narrativa de Hórus saindo do túmulo com o mesmo corpo de quando entrou. Alguns relatos narram Hórus/Osíris sendo trazidos de volta à vida por Ísis e sendo o senhor do submundo.
Então, quando comparados lado a lado, Jesus e Hórus têm pouca, ou nenhuma, semelhança um com o outro. No final, o Jesus histórico, como retratado na Bíblia, é completamente original. As semelhanças reivindicadas são muito exageradas.
Referências:
Entrevista com o Dr. Chris Forbes, professor Sênior do Departamento de História Antiga da Universidade de Macquarie em Sidney, Austrália, especialista em história da religião. (Assista a entrevista AQUI.)
Programa “Evidências – Seria Jesus um Plágio?”, apresentado pelo Dr. Rodrigo Silva, Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Faculdade de Teologia N.S. Assunção (SP), Pós-doutor em Arqueologia Bíblica pela Andrews University (EUA). (Assista AQUI.)

“Os questionamentos sobre a existência de Jesus não são novos, mas agora eles voltam revigorados e atingem novas gerações e aquelas que antes só ficavam a mercê das pregações religiosas.
Tudo pode ser resumido nesta constatação: a existência de Jesus não é sustentada por nenhuma fonte primária. 
Não existe o testemunho histórico de uma única pessoa que viveu na época de Jesus que dê respaldo ao que está escrito no Novo Testamento.
Não há um único documento de alguém dizendo: “Eu vi Jesus”.
Não há registro de nascimento nem do atestado de óbito. Nunca foi localizado um fragmento das transcrições do julgamento de Jesus. 
O que é estranho, para dizer no mínimo, diante da importância e fama de Jesus, de acordo com a Bíblia.”
RESPOSTA:
Existem muitas fontes primária que atestam a existência de Jesus. O Novo Testamento detém, mais que qualquer outro documento escrito da história antiga, o maior número de manuscritos de antiguidade bem atestada, com cópias bem feitas, escritas por pessoas que cronologicamente se encontravam mais próximas dos eventos registrados. E a arqueologia continuamente confirma detalhes de suas obras. 1
O apóstolo Pedro diz:
“De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade.” (2 Pedro 1:16)
Deveras, mesmo se desconsiderarmos os escritos do NT, uma grande e surpreendente quantidade de informações sobre Jesus pode ser extraída de fontes históricas seculares. Algumas das mais importantes provas históricas de Jesus Cristo incluem:

Mara Bar-Serapião

Mara Bar-Serapião foi um filósofo estoico da província romana da Síria. Ele ficou amplamente conhecido por ter fornecido uma das maiores referências não judaica e não cristã sobre a existência de Jesus Cristo: uma carta onde encoraja seu filho a adquirir conhecimento. Esta carta, segundo Robert E. Voorstpor, foi escrita por volta do ano 73 d.C. 2 De acordo com F.F. Bruce (1910-1990), professor Catedrático de Crítica e Exegese da Bíblia, na Universidade de Manchester: “É uma carta enviada por um cidadão sírio, chamado Mara Bar-Serapião, ao filho de nome Serapião. Mara Bar-Serapião achava-se encarcerado por essa época, mas escrevia com o propósito de estimular ao filho na aquisição da sabedoria e ressaltava que aqueles que se davam à perseguição dos sábios eram fatalmente vítimas de infortúnios”. 3
Mara Bar-Serapião confirma que Jesus era conhecido como um homem sábio e virtuoso, considerado por muitos como rei de Israel, executado pelos judeus, e que continuou vivo nos ensinamentos de seus seguidores:
“Que proveito tiveram os atenienses ao tirar a vida de Sócrates? Fome e peste lhes sobrevieram como juízo pelo nefando crime que cometeram. Que lucro obtiveram os cidadãos de Samos ao lançar Pitágoras às chamas? Num instante seu território se viu coberto de areia. Que vantagem alcançaram os judeus com a execução de seu sábio Rei? Foi justamente em seguida a esse fato que o reino deles foi abolido. Deus, com justiça, vingou esses três sábios; os atenienses foram consumidos pela fome; os sâmios foram tragados pelo mar; os judeus foram arruinados e banidos da própria pátria, vivendo em completa dispersão. Entretanto, a morte não extinguiu a Sócrates, que continuou a viver no ensino de Platão. A morte não aniquilou Pitágoras, que continuou a viver na estátua de Hera. Nem o sábio Rei a morte destruiu, pois continuou a viver nos ensinos que transmitia.” 4

Luciano de Samosata (125 d.C. – 181 d.C.)

Luciano de Samosata (125 d.C. – 181 d.C.) foi um escritor satírico do segundo século, que zombou de Cristo e dos cristãos. Ele admitiu que Jesus foi adorado pelos cristãos, introduziu novos ensinamentos e foi crucificado. Ele disse que os ensinamentos de Jesus incluíam a fraternidade entre os crentes, a importância da conversão e de negar outros deuses. Os cristãos viviam de acordo com as leis de Jesus, criam que eram imortais, e se caracterizavam por desdenhar da morte, por devoção voluntária e renúncia a bens materiais. Luciano escreveu:
“Foi então que ele [Proteus] conheceu a maravilhosa doutrina dos cristãos, associando-se a seus sacerdotes e escribas na Palestina. (…) E o [Jesus] consideraram como protetor e o tiveram como legislador, logo abaixo do outro [legislador], aquele que eles ainda adoram, o homem que foi crucificado na Palestina por dar origem a este culto. (…) Os pobres infelizes estão totalmente convencidos que eles serão imortais e terão a vida eterna, desta forma eles desprezam a morte e voluntariamente se dão ao aprisionamento; a maior parte deles. Além disso, seu primeiro legislador os convenceu de que eram todos irmãos, uma que vez que eles haviam transgredido, negando os deuses gregos, e adoram o sofista crucificado vivendo sob suas leis.” 5
Luciano também mencionou várias vezes os cristãos em Alexandre, o Falso Profeta, nas seções 25 e 29.

Flávio Josefo (37 d.C. – 100 d.C.)

Flávio Josefo (37 d.C. – 100 d.C.) foi um fariseu de linhagem sacerdotal e historiador judeu. Ele começou a escrever documentos históricos em Roma, enquanto trabalhava como historiador do imperador romano Domiciano. Foi ali que Josefo escreveu sua autobiografia e duas obras históricas importantes: Guerras dos judeus (c.77-78) e Antiguidades dos judeus (c. 94). No livro 18, capítulo 3, seção 3 de Antiguidades dos judeus, Josefo, que não era cristão, escreveu estas palavras:
“Nessa época [época de Pilatos], havia um homem sábio chamado Jesus. Sua conduta era boa e [ele] era conhecido por ser virtuoso. Muitos judeus e de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o à crucificação e à morte. Mas aqueles que se tornaram seus discípulos não abandonaram seu discipulado, antes relataram que Jesus havia reaparecido três dias depois de sua crucificação e que estava vivo; por causa disso, ele talvez fosse o Messias, sobre quem os profetas contaram maravilhas.” 6
Em outra passagem das Antiguidades dos judeus, Josefo revelou de que maneira o novo sumo sacerdote dos judeus (Ananus, o jovem) valeu-se de um hiato no governo romano para matar Tiago, o irmão de Jesus. Isso aconteceu no ano 62, quando o imperador romano Festo morreu repentinamente durante seu ofício. Três meses se passaram até que seu sucessor, Albino, pudesse chegar à Judéia, abrindo um grande espaço de tempo para que Ananus realizasse seu trabalho sujo. Josefo descreve o incidente da seguinte maneira:
“Festo está morto, e Albino está a caminho. Assim, ele [Ananus, o sumo sacerdote] reuniu o Sinédrio dos juízes e trouxe diante deles o irmão de Jesus, que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago, e alguns outros [ou alguns de seus companheiros] e, quando havia formulado uma acusação contra eles como transgressores da lei, ele os entregou para que fossem apedrejados.” 7
Isso confirma os fatos do Novo Testamento de que havia um homem chamado Jesus, que era conhecido como “Cristo” e teve um irmão chamado Tiago.

Suetônio (70 d.C. – 130 d.C.)

Suetônio (70 d.C. – 130 d.C.) foi um um historiador romano. Gary Habermas, em seu livro The Historical Jesus, afirma que “pouco se sabe sobre ele, exceto que ele era o secretário chefe do Imperador Adriano (117-138 d.C.) e que tinha acesso aos registros imperiais” 8. Suetônio escreveu: “Como os judeus, por instigação de Chrestus [uma forma de escrever Christus], estivessem constantemente provocando distúrbios, ele os expulsou de Roma” 9. E também: “Nero infligiu castigo aos cristãos, um grupo de pessoas dadas a uma superstição nova e maléfica” 10.

Plínio, o Jovem (61 d.C. – 112 d.C.)

Plínio, o Jovem (61 d.C. – 112 d.C.) foi governador da Bitínia, na Ásia Menos, em 112 d.C. Quando confrontado com o “problema cristão”, escreveu ao Imperador Trajano, delineando os métodos que ele usava e pedindo conselhos:
“Tenho-lhes perguntado pessoalmente se são cristãos”, escreveu Plínio. Se admitiam sê-los, eram punidos. Todavia, outros “negaram que eram ou haviam sido cristãos”. Postos à prova, estes não somente ofereceram sacrifícios pagãos, mas até mesmo “injuriaram o nome de Cristo: nenhuma das coisas, segundo entendo, se consegue induzir o verdadeiro cristão a fazer”. Respondendo a esta carta, Trajano elogiou Plínio pelo modo em que cuidava do assunto: “Seguiste o proceder certo… no seu exame dos casos dos acusados de serem cristãos.” 11
Em resposta à carta de Plínio, o imperador Trajano também dá as seguintes instruções para punir os cristãos:
“Nenhuma busca para encontrar essas pessoas deve ser feita; quando eles forem denunciados e condenados, devem ser punidos; mas com a restrição de que, quando a pessoa negar ser um cristão, e provar que não é (ou seja, adorando nossos deuses), ela será perdoada por arrependimento, apesar de ter incorrido em suspeita anteriormente.” 12
Isso esclarece como o antigo governo romano via o cristianismo. Os cristãos deveriam ser punidos por não adorar os deuses romanos, mas a perseguição não era irrestrita.
Plínio descreveu também as práticas de adoração dos primeiros cristãos:
“[Eles tinham] o costume de se reunir antes do amanhecer num certo dia, quando então cantavam responsivamente os versos de um hino a Cristo, tratando-o como Deus, e prometiam solenemente uns aos outros a não cometer maldade alguma, não defraudar, não roubar, não adulterar, nunca mentir, e a não negar a fé quando fossem instados a fazê-lo; depois disso tinham o costume de separar-se e se reunir novamente para compartilhar a comida— comida do tipo comum e inocente.” 13
Essa passagem confirma várias referências do Novo Testamento. A mais notável é que os primeiros cristãos adoravam Jesus como Deus. Suas práticas também revelam uma ética forte, provavelmente a de Jesus. Também há uma referência à festa do amor e à Santa Ceia.

Públio Cornélio Tácito (55 d.C. – 120 d.C.)

Públio Cornélio Tácito (55 d.C. – 120 d.C.), romano do século I, foi governador da Ásia e um dos historiadores mais precisos do mundo antigo. Ele nos oferece o registro do grande incêndio de Roma, pelo qual alguns culparam o imperador Nero:
“Mas nem todo o socorro que uma pessoa poderia ter prestado, nem todas as recompensas que um príncipe poderia ter dado, nem todos os sacrifícios que puderam ser feitos aos deuses, permitiram que Nero se visse livre da infâmia da suspeita de ter ordenado o grande incêndio, o incêndio de Roma. De modo que, para acabar com os rumores, acusou falsamente as pessoas comumente chamadas cristãs, que eram odiadas por suas atrocidades, e as puniu com as mais temíveis torturas. Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judéia, onde o problema teve início, mas também em toda a cidade de Roma.” 14
Tácito registrou que Nero, para se livrar de suspeitas de ter iniciado o incêndio em Roma, culpou os cristãos, aplicando-lhes terríveis penas.  Ele mencionou também que Cristo foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério, confirmando, assim, o relato bíblico.

Talo

Talo escreveu por volta de 52 d.C.  Nenhuma de suas obras sobreviveu, mas algumas citações fragmentadas são preservadas por outros autores. Um desses autores é Júlio Africano, que, por volta de 221, cita Talo numa discussão sobre as trevas que sucederam a crucificação de Cristo:
“No mundo inteiro caiu uma escuridão tenebrosa; as rochas foram partidas por um terremoto, e muitos lugares na Judéia e outros distritos foram derrubados. Essa escuridão, Talo, no terceiro dos livros que escreveu sobre a história, explica como um eclipse do Sol — o que me parece ilógico.” 15
Assim, a partir dessa citação percebemos que o relato dos Evangelhos acerca das trevas que se abateram sobre a terra por ocasião da crucificação de Cristo (cf. Lucas 23:44-45) era bem conhecido, e exigia uma explicação naturalista por parte daqueles não-crentes que haviam testemunhado o acontecimento. 16
Paul Maier, em uma nota de rodapé em seu livro Pontius Pilate [Pôncio Pilatos], de 1968, diz:
“Esse fenômeno, evidentemente, foi visível em Roma, Atenas e outras cidades do mediterrâneo. Segundo Tertuliano […] foi um evento ‘cósmico’ ou ‘mundial’. Phlegon, um autor grego da Caria, escreveu uma cronologia pouco depois de 137 d.C. em que narra como no quarto ano das Olimpíadas de 202 (ou seja, 33 d.C), houve um grande ‘eclipse solar’, e que ‘anoiteceu na sexta hora do dia [isto é, ao meio-dia], de tal forma que até as estrelas apareceram no céu. Houve um grande terremoto na Bitínia, e muitas coisas saíram fora de lugar em Nicéia.’” 17

Flegon

Flegon (n. c. 80) foi escravo liberto do imperador Adriano. Nenhuma das obras de Flegon sobreviveu, mas ele é mencionado várias vezes por autores posteriores. Ele falou sobre a morte e ressurreição de Cristo em Crônicas, obra que não sobreviveu, dizendo: “Jesus, enquanto vivo, não se preservou, mas ressuscitou depois da morte e exibiu as marcas de seu castigo, e mostrou como suas mãos foram traspassadas pelos cravos” 18. Flegon também mencionou “o eclipse na época de Tibério César, em cujo reino Jesus parece ter sido crucificado, e o grande terremoto que aconteceu na época” 19. Júlio Africano confirma as mesmas citações 20.

Celso

Celso foi um filósofo grego do século II, lembrado como um opositor do Cristianismo por escrever The True Word (A Palavra Verdadeira), obra onde critica a Cristo e os Cristãos; mas em nenhum momento Celso contestou a historicidade de Jesus. Seu trabalho foi refutado por Orígenes, em Contra Celsum (Contra Celso), que é a única referência que temos sobre Celso. O que se depreende de sua obra é que foi um seguidor de Platão e tinha um bom conhecimento do Gnosticismo, da religião egípcia e da teologia judaica do Logos.
Robert Voorst, teólogo e professor norte-americano, mostra como Celso apresenta a Jesus Cristo:
“Celso monta um amplo ataque a Jesus como o fundador da fé. Ele ignora ou melhor, denigre os ancestrais de Cristo, sua concepção, nascimento, infância, ministério, morte, ressurreição e sua influência continuada. De acordo com Celso, os ancestrais de Jesus vinham de uma vila judaica (Against Celsos, 1.28), e sua mãe era uma pobre menina do campo que ganhava a vida como costureira (1.28). Ele realizou seus milagres por magia (1.28; 2.32; 2.49; 8.41). Ele era fisicamente feio e pequeno (6.75). Até onde tinha conhecimento, Jesus guardava todos os costumes judaicos, incluindo o sacrifício no tempo (2.6). Ele reuniu apenas dez seguidores e os ensinou seus terríveis hábitos, incluindo mendigar e roubar (1.62; 2.44). Esses seguidores, formados por dez marinheiros e coletores de impostos, foram os únicos que ele convenceu de sua divindade, mas agora seus seguidores convenceram multidões (2.46). A notícia de sua ressurreição veio de uma mulher histérica, e a crença na ressurreição de Cristo proveio da magia de Jesus, do pensamento positivo dos seus seguidores, ou alucinação em massa, tudo com o propósito de impressionar outros e aumentar a chance de que outros se tornem pedintes (2.55).” 21
O resumo apresentado por Voorst provém de diversas citações diretas de Celso preservadas por Orígenes.
Não é necessário reescrever uma crítica às proposições de Celso (Orígenes já fez isso), mas a partir dessas acusações de Celso percebe-se a historicidade de Cristo.
Sobre o nascimento, vida e milagres de Cristo:
“Ele [Celso] o [Jesus] acusa de ‘inventar seu nascimento de uma virgem’ e o censura como sendo ‘nascido em uma determinada vila judaica, de uma mulher pobre de seu país, que ganhava a vida como costureira, e que foi expulsa de casa por seu marido, um carpinteiro por profissão, por que ela fora condenada por adultério; após ter sido expulsa por seu marido, e vagueando por uns tempos, ela desgraçadamente deu a luz a Jesus, um filho ilegítimo, que fora empregado como serviçal no Egito em função de sua pobreza, e tendo aí adquirido alguns poderes mágicos, nos quais os egípcios tanto se orgulham, e [então] retornou ao seu país, sendo exaltado por conta deles, e por meio deles se proclamou como um deus.” 22
Por rejeitar o conceito do nascimento virginal, Celso apresenta sua própria versão sobre o nascimento de Cristo. Embora demonstre como O considerava desprezível, isso prova Sua existência como figura histórica, e não mitológica.
Sobre Cristo e seus discípulo:
“Jesus reuniu próximo a si mesmo dez ou onze pessoas de caráter notório, o mais doentio dos cobradores de impostos, marinheiros, e com eles fugiu de lugar em lugar, e obteve sua sobrevivência de um modo vergonhoso e inoportuno.” 23
Nessa declaração, Celso confirma o fato de que Cristo investiu no discipulado de cerca de onze homens, e também é preciso no que se refere a profissão que eles tinham. Além disso, ele destaca que eles viajavam constantemente. O desdém com que ele apresenta esse fato sugere que ele realmente acreditava no que conhecia sobre Cristo e os cristãos.
Em outra citação, Celso faz outras declarações sobre Cristo e Seus discípulos, que também confirmam detalhes interessantes apresentados pelas Escrituras:
“[Ele foi] abandonado e entregue por esses mesmos com quem tinha se associado, que o tinham como professor, e que acreditavam que ele era o salvador, o filho do Altíssimo Deus (…). Esses com quem se associou enquanto estava vivo, que ouviram sua voz, que apreciaram suas instruções como seu professor, ao O verem sujeito a punição e morte, nem mesmo morreram por ele (…), mas negaram que foram seus discípulos.” 24
Essa declaração, ainda que repleta de cinismo, confirma mais uma vez o fato apresentado pelas Escrituras: Jesus havia se dedicado como Professor aos seus discípulos e por eles era considerado o Salvador e Filho de Deus. Mas foi entregue à morte por um deles (Judas), abandonado por todos em sua morte, e um deles negou que fora seu discípulo (Pedro).
Celso cinicamente apresenta alguns detalhes sobre Cristo, que estão em conformidade com o que se conhece Dele nos evangelhos: Jesus nasceu de uma virgem que se casou com um carpinteiro; tinha ancestrais judaicos; esteve no Egito, mas depois retornou ao seu país (Israel); fazia milagres; proclamou-se Deus; cumpriu plenamente a Lei; tinha mais de dez discípulos, que eram pescadores (que Celso chama de marinheiros) e cobradores de impostos; eles acreditavam na Sua divindade; foi entregue à morte por um deles, abandonado por todos, e negado por um; mas ressuscitou (a notícia veio de uma mulher – Maria Madalena) e continuou a ter seguidores mesmo após a morte.
Diante disso, é evidente que Celso, com todo o seu fervor anticristão, ironicamente tornou-se boa fonte para demonstrar a historicidade de Cristo, afinal ele não escreveria um livro sobre alguém que não tivesse existido.

Talmude

As obras talmúdicas mais valiosas com relação ao Jesus histórico são aquelas compiladas entre 70 e 200 durante 0 denominado Período Tanaíta.
Segundo Edwin M. Yamauchi, “poucas passagens do Talmude falam de Jesus. Ele é considerado um falso messias que praticava artes mágicas e foi justamente condenado à morte. Repetem também os rumores de que Jesus era filho de um soldado romano e de Maria, insinuando com isso que havia algo de incomum em seu nascimento.”  25
O texto mais significativo é o tratado da Mishná:
“Na véspera da Páscoa eles penduraram Yeshu (de Nazaré) e antes disso, durante quarenta dias o arauto proclamou que [ele] seria apedrejado ‘por prática de magia e por enganar Israel e fazê-lo desviar-se. Quem quer que saiba algo em sua defesa venha e interceda por ele’. Mas ninguém veio em sua defesa e eles o penduraram na véspera da Páscoa.’” 26
Uma antiga Baraita, em que o rabino Eliezer é personagem central, menciona Jesus pelo nome. As palavras entre parênteses pertencem à citação. É Eliezer quem fala:
“Ele respondeu: Akiba, você me lembrou! Certa vez eu estava caminhando pelo mercado de cima (a Tosefta traz ‘rua’) de Sefôris e encontrei um (dos discípulos de Jesus de Nazaré); seu nome era Jacó, proveniente de Kefar Sekanya (a Tosefta traz ‘Sakkanin’). Ele me disse: Está escrito na tua Lei – ‘Não trarás a paga de uma prostituta, etc.’. O que se devia fazer com essa paga – uma latrina para o Sumo Sacerdote? Mas nada respondi. Ele me disse: Assim (Jesus de Nazaré) me ensinou (a Tosefta traz ‘Yeshu ben Pantere’): ‘Pela paga de uma prostituta ela os chama a si, e pela paga de uma prostituta eles voltarão’; do lugar de imundície eles vêm, e para o lugar de imundície eles irão. E essa frase me agradou, e, por causa disso, fui preso, acusado de Minuth. E eu transgredi o que está escrito na Lei; ‘mantém o teu caminho longe daqui’ – isto é de Minuth – ‘e não te aproximes da porta da residência dela’ – isto é, do governo civil”. 27/1
Esses parênteses encontram-se em Dikduke Sofrim para Abada Zara (manuscrito de munique, edição de Rabinovitz).
Sobre o texto acima, Klausner comenta: “Não resta dúvida de que as palavras ‘um dos discípulos de Jesus de Nazaré’ e ‘assim Jesus de Nazaré me ensinou’ são, nesta passagem, de uma data bem antiga e também são fundamentais no contexto da história relatada; e não se pode questionar a antiguidade dessas palavras por causa de ligeiras variações nas passagens paralelas; as variantes (‘Yeshu ben Pantere’ ou ‘Yeshu ben Pandera’, em vez de ‘Yeshu de Nazaré’) se devem simplesmente ao fato de que, desde uma data bem antiga, o nome ‘Pantere’ ou ‘Pandera’ se tornou largamente conhecido entre os judeus como sendo o nome do suposto pai de Jesus.” 27/2

Conclusão:

Podemos quase reconstruir o evangelho somente a partir de primitivas fontes não-cristãs: Jesus nasceu de uma virgem que se casou com um carpinteiro, tinha ancestrais judaicos e esteve no Egito, mas depois retornou ao seu país – Israel, onde proclamou-se Deus (Celso); Sua mãe se chamava Maria (Talmude); Cumpriu plenamente a Lei (Celso); Tinha mais de dez discípulos, que eram pescadores e cobradores de impostos, e que acreditavam na Sua divindade, vendo-O como Salvador e Filho de Deus (Celso); Ele era para eles um Professor e viajava constantemente com eles (Celso); Mas um deles O entregou à morte, todos O abandonaram, e um O negou (Celso); Foi morto e crucificado, mas seus discípulos estavam realmente certos de que Ele havia ressuscitado (Josefo); Tinha um irmão chamado Tiago (Josefo)É comparado a Sócrates e Pitágoras pela Sua sabedoria (Mara Bar-Serapião); Foi chamado de “Cristo” (Josefo); Fazia milagres (Celso; Talmude); Afirmou ser Deus e que retornaria (Eliezer); Foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério (Tácito); Foi crucificado na Palestina por introduzir uma nova seita no mundo (Luciano de Samosata); Isso ocorreu na véspera da páscoa (Talmude; Talo); E houve um eclipse do sol durante a lua cheia quando Ele morreu (Flegon; Talo); Trevas cobriram a terra e houve um terremoto nesse momento (Talo); Mas Ele ressuscitou (Josefo; Celso) – esta notícia veio de uma mulher (Celso); E continuou a ter discípulos mesmo após a morte (Celso); Os judeus foram expulsos de Roma por causa de Cristo (Suetônio); Seus discípulos continuaram a se reunir regularmente para Lhe prestar culto como Deus (Plínio, o Jovem) e ficaram conhecidos como cristãos por causa Dele (Tácito); Recusavam-se a prestar culto aos deuses romanos (Luciano de Samosata); E se recusavam a amaldiçoá-Lo, mesmo sob tortura (Plínio); Eram castigados em caso de não se arrependerem e começarem a adorar os deuses pagãos (Imperador Trajano) e estavam dispostos a morrer por sua crença (Plínio); Por fim, foram destinados ao suplício (Suetônio).
Asim, vemos que há provas devastadoras da existência de Jesus Cristo, tanto na história bíblica quanto secular. Além disso, os escritos Gnósticos (apócrifos) também mencionam Jesus (O Evangelho da Verdade, O Apócrifo de João, O Evangelho de Tomé, O Tratado da Ressurreição, etc.).
De acordo com Luke Johnson, estudioso neotestamentário da Universidade Emory:
“Até mesmo o historiador mais crítico pode confiantemente afirmar que um judeu chamado Jesus viveu como um mestre e operador de milagres na Palestina, durante o reinado de Tibério, foi executado por crucificação sob o prefeito Pôncio Pilatos e continuou a ter seguidores após sua morte.” 28
F. F. Bruce corretamente afirmou: “Alguns escritores podem brincar com a ideia fantasiosa de um ‘mito de Cristo’, mas não podem fazê-lo com base nos dados históricos. A historicidade de Cristo é tão axiomática para um historiador desprovido de preconceitos como é a historicidade de Júlio César. Não são os historiadores que propagam as teorias a respeito de um ‘mito de Cristo’”. 29
Otto Betz (1917-2005), teólogo alemão e estudioso do Novo Testamento, conclui que “nenhum pesquisador sério se aventurou a postular a não historicidade de Jesus”. 30

“Os evangelhos falam de Jesus, mas eles foram escritos e reescritos décadas depois da morte do filho de Maria por cristãos empenhados em fazer proselitismo.”
RESPOSTA:
O evangelho de Marcos é o mais antigo dos quatro evangelhos, tendo sido escrito apenas três décadas depois da morte de Jesus.
Dr. Craig Blomberg, considerado uma das autoridades mais importantes dos Estados Unidos nas biografias de Jesus (os quatro evangelhos), diz:
“O que importa é reconhecer que, rigorosamente falando, os evangelhos são anônimos. Mas o testemunho uniforme da igreja primitiva é que Mateus, também conhecido por Levi, o coletor de impostos, e um dos 12 discípulos, escreveu o primeiro evangelho do Novo Testamento; João Marcos, companheiro de Pedro, é autor do evangelho que chamamos de Marcos; Lucas, o ‘médico amado’ segundo Paulo, escreveu tanto o evangelho que leva seu nome quanto os Atos dos Apóstolos.
Não se sabe de ninguém mais que pudesse tê-los escrito. Pelo que tudo indica, a autoria desses três evangelhos não era motivo de disputa.”31/1
De acordo com o estudioso, ninguém teria motivo para mentir dizendo que aquelas pessoas escreveram os evangelhos, quando na verdade não o fizeram, pois:
“Marcos e Lucas nem sequer pertenciam ao grupo dos 12. Mateus sim, mas era odiado porque fora coletor de impostos; portanto, depois de Judas Iscariotes (que traiu Jesus!), seria ele a figura mais abominável. Compare isso com o que aconteceu quando os fantasiosos evangelhos apócrifos foram escritos muito depois. As pessoas atribuíram sua autoria a personagens conhecidos e exemplares: Filipe, Pedro, Maria, Tiago. Esses nomes tinham muito mais prestígio que os de Mateus, Marcos e Lucas… não haveria por que conferir a autoria a esses três indivíduos menos respeitáveis se não fossem de fato os verdadeiros autores.”31/2
O Evangelho de João, porém, é uma exceção, pois supostamente foi escrito por um dos apóstolos mais íntimo de Jesus.
Dr. Blomberg diz:
“Não há dúvida quanto ao nome do autor: era João mesmo. A questão é que não se sabe se foi João, o apóstolo, ou se foi outro. Segundo o testemunho de um escritor cristão chamado Papias, em aproximadamente 125 d.C., havia João, o apóstolo, e João, o ancião, mas o contexto não deixa claro se ele se referia a uma única pessoa de duas perspectivas distintas ou a pessoas diferentes. Fora essa exceção, todos os demais testemunhos afirmam unanimemente que foi João, o apóstolo, o filho de Zebedeu, quem escreveu o evangelho.” 31/3
Questionado se crê que foi mesmo João, o apóstolo, que escreveu o Evangelho de João, ele diz:
“Sim, creio que grande parte do material remonta ao apóstolo. Todavia, se você ler com bastante atenção o evangelho, observará nos últimos versículos indícios de que eles talvez tenham sido finalizados por um editor. Eu, pessoalmente, não vejo problema algum no fato de que alguém próximo a João tenha dado aos versículos finais uma formulação tal que fosse capaz de conferir ao documento inteiro uma uniformidade estilística. Seja como for, o evangelho de João baseou-se sem dúvida alguma no testemunho ocular, a exemplo dos outros três.” 31/4
Mas que provas específicas temos de que são eles os autores dos evangelhos?
O testemunho mais antigo e possivelmente mais significativo é o de Papias, que, por volta de 125 d.C., afirmou especificamente que Marcos havia registrado com muito cuidado e precisão o que Pedro testemunhara pessoalmente. Na verdade, ele disse que Marcos “não cometeu erro nenhum”, e não acrescentou “nenhuma falsa declaração”. Ele disse que Mateus preservara também os escritos sobre Jesus. Depois, Ireneu, escrevendo aproximadamente em 180 d.C., confirmou a autoria tradicional:
“… Mateus publicou entre os hebreus, na língua deles, o escrito dos Evangelhos, quando Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundaram a Igreja. Depois da morte deles, também Marcos, o discípulo e intérprete de Pedro, nos transmitiu por escrito o que Pedro anunciava. Por sua parte, Lucas, o companheiro de Paulo, punha num livro o evangelho pregado por ele. E depois, João, o discípulo do Senhor, aquele que tinha recostado a cabeça ao peito dele, também publicou o seu Evangelho, quando morava em Éfeso, na Ásia.”32
Então, sabendo-se com certeza que os evangelhos foram escritos pelos apóstolos Mateus e João, por Marcos, companheiro do apóstolo Pedro, e por Lucas, o historiador, companheiro de Paulo e um tipo de jornalista do século I, podemos afirmar que os acontecimentos por eles registrados baseiam-se em testemunhos diretos e indiretos.

“E quem foram essas escribas? Ninguém sabe. 
A credibilidade dos evangelhos como documento histórico é zero.”
RESPOSTA:
Isso não é verdade. Como vimos, somente com textos não-cristãos datando dos séculos I e II, podemos reescrever os evangelhos. O Dr. F. F. Bruce, professor, escritor, erudito da Bíblia e autor de “Merece confiança o Novo Testamento?”, diz: “No mundo não há qualquer corpo de literatura antiga que, à semelhança do Novo Testamento, desfrute uma tão grande riqueza de confirmação textual.” 33

“O único escriba que pode ser identificado com certeza na Bíblia é São Paulo, mas ele também nunca viu Jesus. 
Embora as epístolas de Paulo tenham sido escritas bem antes dos evangelhos, não há nelas nenhuma fonte humana de informação, só divinas e o Velho Testamento. Isso ocorre inclusive em relação à ressurreição e a última ceia.
São Paulo, além do mais, estava preocupado em impor a sua versão do cristianismo — e conseguiu.”
RESPOSTA:
Não é verdade que o único autor identificado no Novo Testamento é Paulo. Como vimos mais acima, a autoria dos evangelhos é, indiscutivelmente, dos apóstolos aos quais foram atribuídos.
Além disso, Paulo viu Jesus, sim (Atos 9). E, por mim, também não é verdade que Paulo estava preocupado em “impor a sua versão do Cristianismo”, visto que o evangelho que ele pregava já era conhecido antes de ele virar apóstolo (1 Co 15:3). Ele recebeu de testemunhas oculares o Evangelho que anunciava (1 Co 15:1-8). Ele inclusive desafia seus ouvintes a perguntarem às testemunhas oculares da ressurreição se Jesus apareceu vivo a elas ou não (1 Co 15:6), algo que jamais poderia ter feito se estive mentindo, pois cairia no descrédito diante desta igreja.

“Os historiadores romanos Josefo e Tácito fizeram algumas poucas referências (tendenciosas) a Jesus, mas isso um século depois da suposta crucificação do “filho de Deus”.
Também não tem validade nenhuma.
O fato incontestável é este: faltam provas sobre a existência do Jesus histórico, faltam evidências.”
RESPOSTA:
O ateu está literalmente dizendo que os escritos de Josefo e Tácito “não tem validade nenhuma”. Mas com base em que ele diz isso? Essa é, talvez, uma das piores alegações de todo o texto.
Acusar os escritos desses historiadores de “tendenciosos” por que falam de Jesus é simplesmente descabido, visto que os autores não eram cristãos e não tinham qualquer “tendência” a favorecer o Cristianismo.
O ateu descarta as evidências da existência de Jesus sem mais nem menos e depois diz que “faltam provas sobre a existência do Jesus histórico”. O que falta é ele criar vergonha na cara e parar de espalhar desinformação!

NOTAS
GEISLER, Norman L. Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé cristã. São Paulo: Vida, 2002, pp. 447-448.
VOORST, Robert E. Jesus outside the New Testament: An introduction to the ancient evidence. Eedermnans, 2000, p. 53.
BRUCE, F. F. Merece Confiança o Novo Testamento?, Vida Nova, 1965, p. 148.
BRUCE, F. F. Merece Confiança o Novo Testamento?, Vida Nova, 1965, p 148.
Luciano de Samosata, Passagem do Peregrino, 11 e 13.
Existe uma versão dessa citação na qual Josefo afirma que Jesus era o Messias, mas a maioria dos estudiosos acredita que os cristãos mudaram a citação para que fosse lida dessa maneira. De acordo com Orígenes, um dos pais da Igreja, nascido no século lI, Josefo não era cristão. Desse modo, é improvável que ele pudesse afirmar que Jesus era o Messias. A versão citada aqui encontra-se no manuscrito árabe “Kitab Al-Unwan Al-Mukallal Bi-Fadail Al-Hikma Al Mutawwaj Bi-Anwa Al Falsafa Al-Manduh Bi-Haqaq Al-Marifa” (Uma tradução aproximada desse título é: “Livro da História Dirigida por Todas as Virtudes. Coroada com Várias Filosofias e Bendita pela Verdade do Conhecimento”), que, acredita-se, não foi corrompida.
Flávio Josefo, Antiguidades, 20.9.1
HABERMAS, Gary. The Historical Jesus, College Press, 1996, p.190.
Vida de Cláudio, 25.4.
10 Vidas dos Césares, 26.2.
11 The Letters of Pliny (As Cartas de Plínio), X, XCVI, 3, 5; XCVII, 1.
12 Plínio, o Jovem, Epístolas, 10.97.
13 Plínio, o Jovem, Epístolas, 10.96.
14 TÁCITO, Anais 15.44.
15 GEISLER, Norman L. Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé cristã. São Paulo: Vida, 2002, p. 449.
16 BRUCE, F. F. The New Testament Documents: Are They Reliable? (Os Documentos do Novo Testamento São Confiáveis?). 5. ed. Downers Grove: Inter-Versity, 1972.
17 Paul L. MAIER, Pontius Pilate, p. 366, citando um texto de Flegão, Olympiades he chronika 13, org. Otto Keller, Rerum naturalium scriptores graeci minores, 1, Leipzig, Teurber, 1877, p. 101. Tradução de Maier.
18 Citado em Orígenes, 4.455; v. Habermas, 210; Anderson, p. 19.
19 Orígenes, p. 14.
20 Júlio Africano, p. 18.
21 VOORST, Robert E. Van. Jesus Outside the New Testament: An Introduction to the Ancient Evidence. Eerdmans, 2000, p. 66.
22 Origens, Contra Celsum, 1.28; IN: ROBERTS, Alexander; DONALDSON, James. Ante-Nicene Fathers, vol. 4, p. 408.
23 Origens, Contra Celsum, 1.62; IN: ROBERTS, Alexander; DONALDSON, James. Ante-Nicene Fathers, vol. 4, p. 423.
24 Origens, Contra Celsum, 1.62; IN: ROBERTS, Alexander; DONALDSON, James. Ante-Nicene Fathers, vol. 4, p. 423.
25 Citado por Lee Strobel, em Em defesa de Cristo: um jornalista ex-ateu investiga as provas da existência de Cristo. São Paulo, Editora Vida, 2001, cap. 4.
26 Talmude babilônico, Sanhedrin 43a.
27 KLAUSNER, Josep. Jesus of Nazareth (Jesus de Nazaré). Nova Iorque: The Macmillan Company, 1925.
28 JOHNSON, Luke Timothy. The Real Jesus (O Jesus Real). São Francisco: Harper San Francisco, 1996, p. 123.
29 BRUCE, F. F. The New Testament Documents: Are They Reliable? (Os Documentos do Novo Testamento São Confiáveis?). 5. ed. Downers Grove: Inter-Versity, 1972.
30 BETZ, Otto. What Do We Know About Jesus? (O que Sabemos a Respeito de Jesus?). Londres: SCM Press, 1968.
31 Citado por Lee Strobel em “Em defesa de Cristo: um jornalista ex-ateu investiga as provas da existência de Cristo”. São Paulo: Editora Vida, 2001, capítulo 1.
32 IRENEU, de Lião, III Livro, São Paulo, Paulus, 1995, p. 247, (Patrística.)

33 BRUCE, F. F. The books and the parchments, Old Tappan, Revell, 1963, p. 178

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