
TEXTO ÁUREO
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado [...]” (Mt 28.19,20)
VERDADE PRÁTICA
Evangelizar é a missão mais importante e urgente da Igreja
de Cristo; não podemos adiá-la nem substituí-la.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Marcos 16.9-20
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, trataremos do “desafio da evangelização”
num mundo em tremenda decadência moral e aversão a tudo o que se prega sobre
Deus. A evangelização não espera época específica para ser praticada, ela é
ultracircunstancial. Diz o apóstolo Paulo: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e
do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e
no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo...” (2Tm
4:1,2).
A evangelização é a tarefa mais urgente da Igreja de Cristo.
Além das criaturas humanas que estão bem longe de nossa pátria, aqui mesmo, bem
pertinho de nós, há alguém suspirando pelo evangelho que salva, transforma e
reconcilia o ser humano com o Deus Todo-Poderoso. Nenhum outro trabalho é tão
primordial e urgente quanto a evangelização. Quando os cristãos têm consciência
disso, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a
cada crente, que é membro do Corpo de Cristo em particular. Assim, tudo quanto
fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração,
em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33). Se crermos, de
fato, que Cristo morreu e ressuscitou para redimir-nos do inferno, não nos
calaremos acerca de tão grande salvação (Hb 2:3). A evangelização compreende,
também, o ensino, o batismo e a integração do novo convertido.
I. EVANGELISMO E EVANGELIZAÇÃO
“Evangelismo ou evangelização? Evangelização depende do
evangelismo. Se este é a teoria, aquela é a prática”.
1. Evangelismo. É a doutrina cujo objetivo é fundamentar
biblicamente o trabalho evangelístico da Igreja de Cristo (Mt 28:19,20; At
1:8). Segundo alguns estudiosos, o termo “evangelismo” tem sido usado na
maioria das vezes de maneira incorreta e inadequada, até mesmo em meio
acadêmico e em conferências missionárias, com o sentido igual ao do verbo
“evangelizar” ou do substantivo deste. Contudo, a palavra “evangelismo’, é
formada pelos termos gregos “euangelion”, que é “evangelho”, e “ismós”, que
denota “sistema”. Desta maneira, quando falamos de “evangelismo”, literalmente
não estamos nos referindo propriamente a ação de transmitir a Palavra, porém, a
um “sistema baseado em princípios, métodos, estratégias e técnicas da ação de
‘evangelizar’”. Então, o “evangelismo” é um sistema disciplinar que organiza a
operação da ação de evangelizar, suprindo-a de recursos. Como disse o pr.
Claudionor de Andrade, o evangelismo fornece também as bases metodológicas, a
fim de que os evangelizadores cumpram eficazmente a sua tarefa. Exorta Paulo:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15).
2. Evangelização. Evangelização é o anúncio do Evangelho, é
o anúncio de que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o
céu. Era esta a mensagem que era pregada pelos apóstolos, aqueles que receberam
diretamente a “Grande Comissão” (At 2:22-36; 3:13-26; 5:40-42; 6:14; 8:5,35;
9:20; 10:37,38; 11:20; 13:26-41).
O assunto primordial da Igreja é a salvação do homem na
pessoa de Jesus Cristo. É para isto que existe a Igreja. Não devemos nos perder
em discussões inúteis e que não trazem proveito algum (1Tm 1:4-7; 6:3,5). O
Senhor nos mandou pregar o Evangelho e não ficar discutindo filigranas(falácia, detalhe insignificante), inúteis
temas doutrinários-teológicos ou nos perdendo em interpretações de aspectos
absolutamente secundários das Escrituras, quando não de questões relacionadas
com a cultura e costumes. “Pregai o Evangelho”, diz o Senhor; esta é a função
da Igreja, nada mais, nada menos que isto.
Concordo com o Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, quando diz
que nos dias em que vivemos, até mesmo nos cultos das igrejas locais o
Evangelho não tem mais sido pregado! Perdem-se horas em eventos, em ensaios, em
apresentações, em efemérides sociais, em discussões relativas a usos e
costumes, e se esquece de dizer que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito
Santo e leva para o céu. Há, mesmo, milhares de cultos diariamente em que nem
sequer é feito o convite ao pecador para aceitar a Cristo! Como estamos
distantes do objetivo fixado pelo Senhor: a pregação do Evangelho.
Diz mais o Ev. Dr. Caramuru Afonso: “algumas igrejas
procuram se cercar de métodos e de estratégias para aumentar a eficiência e a
eficácia da evangelização. Nas últimas décadas, surgiram mais métodos de
evangelização e técnicas de crescimento de igrejas do que em toda a história da
Igreja. É o “crescimento por células”, “crescimento por grupos pequenos”,
“evangelismo explosivo”, “crescimento por propósitos”, enfim, um sem-número de
fórmulas e modelos que procuram recuperar o tempo perdido e fazer com que as
igrejas retomem a evangelização como prioridade. Muitos destes métodos foram
testados e, aqui ou ali, tiveram algum resultado (além de, vez por outra,
enriquecer os seus idealizadores…), mas nada, absolutamente coisa alguma pode
substituir o modelo bíblico, que é o do comprometimento de toda a igreja local,
o amor real de cada crente pelas almas perdidas. Sem este compromisso, que não
é gerado por método algum, mas tão somente pelo amor de Deus derramado pelo
Espírito Santo em cada coração (Rm 5:5), pode fazer com que cada crente na sua
igreja local se esforce para que as almas sejam salvas. Como diz o apóstolo
Judas, somente se nos conservarmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de
nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna, teremos piedade de alguns, que
estão duvidosos, como também nos empenharemos para salvar alguns arrebatando-os
do fogo (Jd.21-23)”.
II. POR QUE TEMOS DE EVANGELIZAR
“A evangelização é um mandamento de Jesus. É também a maior
expressão de amor, pois o mundo jaz no maligno e em breve Jesus voltará”.
1. É um mandamento de
Jesus. Está expresso em Mateus 28:19,20: “Portanto ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. O verbo “ide”,
tanto em Mateus como em Marcos, está no imperativo, ou seja, trata-se de uma
ordem, não de uma recomendação ou de um conselho que venha da parte do Senhor.
A ordem do Senhor é que devemos ir por todo o mundo. Ir ao
encontro dos pecadores, levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O
homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século
lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho
da glória de Cristo (2Co 4:4). Portanto, a ordem do Senhor é para que se pregue
a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de
proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da
sociedade e do mundo. Deve-se pregar a toda a criatura, mesmo que seja a pior
pessoa que exista sobre a face da Terra. Não cabe à Igreja julgar as pessoas e
dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra.
É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o
Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção
alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo
naquele tempo. Jonas teve de pregar para todos, sem exceção, ainda que muitos,
pela sua extrema crueldade e maldade, fossem, na verdade, verdadeiras
“bestas-feras”, verdadeiros “animais” (Jonas 3:8), que, mesmo sendo o que eram,
foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia
ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da
sociedade de seu tempo. E nós, o que estamos a fazer? Jesus valorizava a todos
indistintamente, até mesmo aquele considerado a pior escória da sociedade, como
era o endemoninhado gadareno (cf. Mc 5:1-20). Jesus, depois de um dia
fatigante, atravessou o mar da galileia, enfrentou uma tempestade impiedosa
para salvar um homem que todos tinham rejeitado e descartado, até mesmo pelos
de sua família. Qual o valor de uma vida? Para Jesus tem um valor imenso. E
nós, como avaliamos as pessoas?
2. É a maior expressão de amor da Igreja. A Igreja é chamada
de “coluna e firmeza da verdade” (1Tm 2:15), porque deve sustentar e ser a
legítima anunciadora da Palavra de Deus sobre a face da Terra. Num mundo onde a
iniquidade aumenta a cada dia (Mt 24:12), num mundo onde a corrupção geral do
gênero humano é cada vez maior (Rm 1:18-32), cabe à Igreja a difícil tarefa de
anunciar a Verdade, de mostrar ao mundo a Palavra de Deus, resplandecendo como
astro no meio de uma geração corrompida e perversa (Fp.2:15).
A igreja existe para evangelizar, assim como o hospital
existe para cuidar de doente e a escola, para que professores ensinem os
alunos. Sem a evangelização as igrejas não passarão de clubes sociais, e,
diremos, de qualidade muito inferior a muitos outros que, pelo menos, têm
alguma relevância social, o que, via de regra, não ocorre com as igrejas locais
que se esqueceram da evangelização.
No princípio, a igreja desempenhava a grande comissão com muita
dedicação e amor. Havia um espírito de união, unidade, comunhão, movido pelo
amor divino. Diz o texto sagado: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e
na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2:42). Estes princípios
eram tão intensos na vida daqueles irmãos que “... todos os dias acrescentava o
Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2:47). Urge voltamos a
estes princípios que caracterizavam a igreja primitiva.
A ressurreição de Cristo - esta foi a primeira grande
mensagem da Igreja. Todos em Jerusalém estavam cientes do que acontecera a
Jesus de Nazaré: a sua crucificação, a sua morte e o seu sepultamento. O que
eles desconheciam é que Ele se tinha levantado dentre os mortos e estava vivo.
Era uma mensagem difícil de ser entregue. Como convencer alguém de que um morto
estava vivo? Como persuadir à fé os judeus religiosos, os gregos racionalistas
e os poderosos romanos? Quando Paulo, em pleno Areópago de Atenas, mencionou a
ressurreição de Jesus, a reação dos atenienses foi esta: “E, como ouviram falar
da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te
ouviremos outra vez” (Atos 17:32). No entanto, Paulo não se deixou abater e
afirmou com convicção: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé…” (1Co
15:17). E a verdade é que muitos, perante os sinais que evidenciavam que Cristo
estava vivo no meio da Igreja, criam e a multidão dos crentes multiplicava-se,
a ponto de conquistar todo o império no espaço de uma geração (Cl 1:6).
3. O mundo jaz no maligno. O mundo arma um cenário
encantador para nos atrair. Contudo, o mundo jaz no maligno, como diz o
apóstolo João (1João 5:19).
Nós vivemos em uma época caracterizada por imundície moral.
O perigo da contaminação pelo mundo por meio de suas diversões, revistas,
livros, internet, comunicação social e a vida do dia-a-dia, é algo que nós
conhecemos muito bem. Quando o cristão e a igreja local apresentam-se como “luz
do mundo” e “sal da terra”, tendo uma vida diferente dos demais homens e
mulheres que os cercam, vivendo aquilo que pregam, “fazendo a diferença”, como
se costuma dizer hoje em dia, estamos a proclamar a Palavra de Deus, a cumprir
o encargo profético que nos foi dado pelo Senhor Jesus.
Como portadora da Verdade, a igreja deve se posicionar
sempre que uma decisão, uma ideia, uma afirmação vier a contrariar as
Escrituras. É dever indeclinável da Igreja alertar os descaminhos e os rumos
contrários à Palavra de Deus que têm sido cada vez mais intensamente adotados
pelo mundo. Esta atitude profética da Igreja encontra-se muito demonstrada nos
profetas do Antigo Testamento que, não poucas vezes, tiveram de se indispor com
a sociedade de seus dias, mui especialmente com os governantes e os integrantes
das classes sociais integrantes da elite. Quando vemos as mensagens
contundentes de Elias, Eliseu, Amós, Isaías, Jeremias, Ezequiel e de João
Batista, entre outros, percebemos que o exercício do encargo profético é
espinhoso, antipático e ensejador de perseguições, mas que não há outro caminho
a seguir senão falar a verdade, custe o que custar. Aliás, estes profetas
falaram sem ter noção exata do preço da salvação, ao contrário da Igreja, que
sabe que custou o precioso sangue de Jesus (1Pd 1:18,19), o que tornará o custo
da nossa denúncia sempre muito inferior ao preço do nosso resgate, como também
em comparação com a glória que está reservada para os fiéis (Rm 8:18).
4. Porque Jesus em breve virá. A igreja deve realizar com
presteza e urgência a pregação do evangelho da Salvação porque haverá um tempo,
quando a noite chegar, que não será mais possível trabalhar. Foi o próprio
Jesus quem advertiu: "Convém que eu faça as obras daquele que me enviou,
enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (João 9:4). O
termo “noite” neste versículo refere-se à morte. Passamos uma só vez por este
mundo; se não fizermos aqui o que devemos e podemos fazer para Deus e para o
próximo, não teremos outra oportunidade. A evangelização é o trabalho mais
sublime que a igreja deve fazer em prol das pessoas que ainda não aceitaram
Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador. Além disso, Jesus em
breve virá, no momento certo, que não sabemos nem temos condição de saber qual
é (Mt 24:36), e se a igreja não for mais ousada em sua principal obrigação aqui
na Terra, que é a pregação do Evangelho, então a maioria das pessoas do planeta
irão para o inferno onde padecerão eternamente. Não podemos comparecer de mãos
vazias perante o Senhor da Seara.
III. COMO EVANGELIZAR
“A missão de pregar a todos, em todos os lugares e em todo
tempo inclui a evangelização pessoal, coletiva, nacional e transcultural”.
1. Evangelização pessoal. Evangelização Pessoal é a obra de
falar de Cristo aos perdidos individualmente, é levá-los a Cristo, o Salvador
(João 1:41,42; At 8:30). Jesus foi um exímio praticante deste modelo de
evangelização. Certa feita, na calada da noite, recebeu Nicodemos, a quem falou
do milagre do novo nascimento (João 3:1-16) e, no ardor do dia, mostrou à
mulher samaritana a eficácia da água da vida (João 4:1-24).
Concordo com o pr. Antônio Gilberto quando diz que a
importância da Evangelização Pessoal vê-se no fato de que a evangelização dos
pecadores foi o último assunto de Jesus aos discípulos antes de ascender ao
céu. Nessa ocasião, Ele ordenou à Igreja o encargo da evangelização do mundo
(Mc 16:15). O Evangelismo Pessoal vai além do pecador perdido: ele alcança
também o desviado e o crente necessitado de conforto, direção, ânimo e auxílio.
Ele reaviva a fé e a esperança nas promessas das Santas Escrituras (GILBERTO,
Antônio - Pratica do Evangelismo Pessoal. 1ed. Rio de Janeiro. CPAD, 1983, p.
10).
O destino de muitas pessoas será o inferno. O Novo
Testamento revela o local dessas chamas eternas: o Lago de Fogo (Ap 19:20; Ap
20:10,14,15). Então, o que fazer quando você quiser dizer a alguém que ama como
evitar o castigo eterno? Você evangeliza, anuncia a Boa-Nova, ou seja, dá a boa
notícia, você apresenta o Evangelho.
Como deve ser feito a Evangelização Pessoal?
a) Com profundo amor;
b) Com paciência e
persistência;
c) Ouvindo a pessoa
evangelizada;
d) Usando linguagem
que as pessoas compreendam;
e) Fazendo perguntas
sábias sobre a salvação;
f) Não fugindo do
assunto da salvação.
g) Evitando assuntos
polêmicos e discussões;
h) Evitando ficar
irritado;
i) Mostrando o plano
da salvação de modo simples;
j) Procurando
responder todas as perguntas com apoio bíblico.
2. Evangelização coletiva ou em massa. Este método implica
em alcançar muitas pessoas ao mesmo tempo. Cristo e os Apóstolos sempre
gostaram desse método – Ex.: Jesus e o sermão do monte; Paulo no Areópago,
ensinando que filosofia não traz paz à alma e que só devemos adorar a um Deus.
Exemplos mais usuais atualmente: Cruzadas, Culto nos templos, Cultos nas praças,
dentre outros.
3. Evangelização urbana.
A vida urbana é uma realidade que desafia e exige da igreja uma pronta e
veemente atitude para alcançá-la. Tem havido um enorme êxodo rural de pessoas
em busca de melhores oportunidades, e isto tem inchado as grandes cidades de
favelas e de marginalização, causando um desarranjo social incontrolável. A
desorganização da vida urbana tem causado muitos problemas sociais, e a igreja
deve estar preparada para responder a esses dilemas. Estratégias adequadas
devem ser desenvolvidas para alcançar as pessoas. Os problemas típicos da vida
urbana, tais quais a diversidade cultural, a marginalização social, o
materialismo, a invasão das seitas e as tendências sociais, desafiam a igreja
no sentido de, sem afetar a essência da mensagem do evangelho, demonstrar o
poder da Palavra de Deus que transforma e dá esperança a todos (Rm 1:16).
“O Evangelho deve ser pregado aos pobres, aos ricos, aos
setores médios, a nossas autoridades – a todos os setores de nossa sociedade
urbana. Devemos evitar a tentação de limitar o Evangelho a nossos gostos,
juízos e versículos favoritos. Façamos o esforço de anunciar a mensagem,
fazendo discípulos e ensinando tudo o que Jesus nos ensinou. Não caiamos na
tentação de pregar uma mensagem parcializada e barata, à moda das liquidações e
ofertas do mercado, sem anunciar a renúncia e o sacrifício que implica o ser
cristão. Não façamos do Evangelho uma mercadoria barata, que Jesus expulsará
com açoites dos templos prostituídos de nossas vidas. Não esqueçamos de ensinar
todo o conselho de Deus a todo o povo de Deus, para que este seja uma fiel
testemunha do Evangelho ali onde o Senhor o tem enviado”(Tito Paredes - A
DIMENSÃO TRANSCULTURAL DO EVANGELHO).
4. Evangelização transcultural. O Evangelho da graça foi
dado a todo o mundo e não é monopólio de um só povo ou cultura. Se cremos que a
Bíblia é a Palavra de Deus devemos crer necessariamente que missões
transculturais é o programa de Deus, visto que de Gênesis ao Apocalipse ela nos
revela o amor de Deus pelas nações da Terra (Gn 12:3b; Is 49:6; Ap 5:9) .
A evangelização transcultural começa na vida urbana com as
diferentes culturas vividas pelos seus habitantes. Porém, ela avança quando
requer dos missionários uma capacitação especial para alcançar as pessoas. É
preciso que o missionário tenha uma visão nítida de que a mensagem do evangelho
é global, pois o cristianismo deve alcançar cada tribo, e língua, e povo, e
nação até as extremidades da terra – “... também te porei para luz das nações,
para seres a minha salvação até a extremidade da terra”(Is 49:6); “porque assim
nos ordenou o Senhor: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para
salvação até os confins da terra”(At 13.47).
CONCLUSÃO
A melhor e mais impressionante forma de pregarmos o
Evangelho é vivermos de acordo com o Evangelho, é termos uma vida sincera e
irrepreensível diante de Deus e dos homens. É necessário que cada um de nós,
com nossas vidas, pregue o Evangelho, que cada um de nós seja “… uma carta de
Cristo e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de
pedra, mas nas tábuas de carne do coração, conhecida e lida de todos os homens”
(cf. 2Co 3:2,3). Assim, ao contrário do que muitos pensam, ou seja, de que
evangelizar é entregar folhetos, bater de porta em porta, levar alguém até uma
igreja ou subir em um púlpito ou pregar ao ar livre, evangelizar é tudo isto e
muito mais: é viver de acordo com a Palavra de Deus, é desfrutar de uma
comunhão sincera e perfeita com o Senhor, a ponto de sermos vasos de honra em
todos os lugares em que estivermos ou vivermos (2Tm 2:20,21).
SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR
EVANGELISMO: RESPOSTA DE DEUS A UM MUNDO QUE SOFRE
QUE É A OBRA DE GANHAR ALMAS?
1. Não é profissão. Deus nunca quer que a obra mais elevada e santa, a de ganhar almas, se torne uma profissão. Mas o amor à fama, o amor ao salário e o amor de governar leva muitos a vestirem-se com trajes eclesiásticos e aceitar títulos de oficio. Na história da Igreja, as grandes colheitas de almas foram sempre fruto daqueles que trabalhavam sem ideia de profissionalismo, anunciando a Palavra por toda parte, à sua própria custa.
2. Não é dar esmola. Muitos crentes estão deixando mais e mais de anunciar a mensagem que dá vida à alma, para dar comida e roupa aos pobres. Que a Igreja, deve compadecer-se dos pobres e dar, é certo, mas não será o número total de Paes distribuídos que o Juiz quer ver no último dia, mas o número de almas salvas. Pães e roupas não podem estancar a sede da alma: “Todo o que bebe desta água, tornará a ter sede.”
3. Ganhar almas não é reformá-las. Não se deve pensar nem dar a entender ao perdido, que a salvação é adquirida pelo fato de alguém levantar a mão, deixar de fumar, recusar a bebida forte, e abandonar todos os vícios. Se o homem pudesse salvar-se, só exercer o poder da vontade, Deus não teria dado Seu Filho para sofrer a agonia do Getsêmani e do Calvário.
4. Ganhar almas não é magnetizá-las. A alma atraída pela personalidade ou eloqüência do pregador permanece fiel só durante o tempo que o pregador fica com ele. “Meu ensino e a minha pregação não foram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se baseie na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”. (1 Cor 2. 4-5).
O grande número de almas que Paulo ganhou para Cristo, não foi atraída pela personalidade de apóstolo. “Sua presença corporal é fraca” (2 Cor 10.10).
Diz-se Jônatas Edwards, poderoso em ganhar almas, em tempos passados, escrevia seus sermões por extenso; lia-os em voz monótona, página por página, segurando o manuscrito perto dos olhos porque era míope; e, apesar disto, algumas vezes os do auditório agarravam-se aos bancos com medo de cair no inferno dos pecadores, tão vividamente representadas em palavras de fogo, e de tal forma, que multidões foram conquistadas para Deus. Era a Palavra do Senhor que os atraía e não a personalidade do homem.
5. Ganhar almas é pescar. “Segui-me, e eu vos farei pescadores de homens” (Mat 4.19). “Eu vos farei!” Então, os pescadores de homens são feitos por Cristo. Todos os dons necessários, Ele lhes concede.
“Serás pescador de homens” (Luc 5.10). A palavra nesta passagem no original traduzida literalmente, quer dizer: “Apanhar homens vivos”, dando a idéei de salvá-los completamente do perigo mais horrível. Encontra-se esta palavra só uma vez nas Escrituras, em 2 Tim 2.26:
“E se livrem do loco do Diabo tendo sido feitos cativos, (apanhados vivos) por ele”. Satanás também apanha almas vivas! Que hoste grande de cativos ele está conduzindo para o inferno! Alguns dos nossos queridos estão na procissão, e nós permanecemos inativos?
6. Ganhar almas é ceifar. “Rogai pois, ao Senhor da seara, que envie trabalhadores para a Sua seara” (Mat 9.38). Não é o dinheiro, nem os crentes, que envia o ceifeiro para suportar o calor, e o labor do dia inteiro, mas, sim, “o Senhor da seara”. “Aqueles que semeiam em lágrimas, com júbilo ceifarão. Embora alguém saia chorando, levando a semente para semear, tornará a vir com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 126. 5-6)
7. Ganhar almas é procurar o que se havia perdido. Toda a circunvizinhança comove-se ao saber que uma criancinha se perdeu no deserto. O pastor fiel não pode descansar, nem provar comida, a noite inteira, se não achar a ovelha perdida. Leia o capítulo 15 de Lucas e peça a Cristo que lhe dê a Sua compaixão abrasadora para com um mundo pródigo, e lhe ensine a procurar almas perdidas.
8. Ganhar almas é privilégio supremo do crente. Nem a Gabriel, nem a Miguel, nem a qualquer dos anjos dos céus, é permitido participar desse gozo de ganhar almas.
Um dos mais conhecidos missionários na Turquia foi convidado a assumir o cargo de cônsul, numa das maiores cidades daquele país, com salário de príncipe, mas não aceitou. “Por que não aceitou? Perguntou-lhe um moço, admirado. “Porque recuso rebaixar-me a ser embaixador ou cônsul”, foi a resposta calma.
“Os que forem sábios, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que converterem a muitos para a justiça, como as estrelas para todo o sempre” (Dan 12.3).
9. Ganhar almas é levá-las a ter contato com Cristo. Diz-se Jônatas Goforth: “O alvo da sua vida foi levar homens a Cristo até à hora da sua morte”.
Quantas vezes estamos satisfeitos quando o perdido vem somente para orar. O nosso dever é levá-lo a ter contato com o Cristo vivo.
Não devemos abandoná-lo depois de salvo, mas levá-lo a continuar perante o Senhor. Saulo, salvo no caminho de Damasco, estava pronto a começar a trabalhar para Cristo. Mas foi enviado à cidade, esperando, nas trevas, durante três dias, que Cristo fosse formado nele (compare Gal 4.19).
Não há história mais gloriosa, entre todos os missionários, do que a de Carlos de Foucald. Nasceu-se e criou-se no seio de uma família nobre, com toda pompa e luxo. Não zombava da religião, mas o seu único interesse era divertir-se. Ocupava um lugar de honra no exército, quando, na casa de parentes, em Paris, encontrou Ruvelin. Quis entrar em polêmica com o pregador, mas este, depois de olhar para ele por alguns momentos, pediu-lhe que se ajoelhasse e orasse, confessando seus pecados. O moço não o quis fazer, dizendo que não viera pra confessar seus pecados. Contudo, o homem de Deus insistiu em que se ajoelhasse. Admirado, de Foucauld obedeceu e foi compungido em sua alma, a confessar a Deus, as faltas de uma vida desperdiçada, da qual antes não fora despertado.
Não houve qualquer argumento entre os dois, nem troca de idéias, mas o contrito, Carlos de Foucauld, desde aquele dia não olhou para trás. Nunca houve alguém que abandonasse a velha vida mais sinceramente do que ele.
Renunciou a todas as riquezas materiais e confortos da vida, para levar os silvícolas ao Salvador. No lugar onde o Senhor o colocou, foi fiel até a morte, morte de mártir.
O segredo da vida vitoriosa deste missionário estava em ter contato com o Salvador vivo, contato que nunca perdeu.
Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”
LIVRO 'ESFORÇA-TEPARA GAANHAR ALMAS' = Orlando Boyer = Editora Vida
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