Texto Áureo
“Porque eis que eu crio céus novos e nova
terra; e não haverá Lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão.” (Is
65.17)
Verdade Prática
Os crentes viverão eternamente com Jesus
Cristo na cidade santa, a Nova Jerusalém
Leitura Bíblica
Apocalipse 21: 1-5, 24-27
INTRODUÇÃO
1. Um Novo Céu e uma Nova Terra (21.1-8)
Uma mudança surpreendente de tópico ocorre nesse momento.
Começando com a abertura dos sete selos (cap. 6), vimos quase que
exclusivamente apenas desordem e tribulação, julgamento e morte. Agora, um novo
e eterno estado é apresentado; o velho passou para sempre.
a) As coisas antigas já passaram (21.1-4). João viu um novo
céu e uma nova terra (1). Já lemos que “fugiu a terra e o céu, e não se achou
lugar para eles” (20.11). Isso é reiterado aqui: Porque já o primeiro céu e a
primeira terra passaram. Céu aqui não significa o lugar eterno de Deus, mas o
espaço astronômico que o homem está agora preocupado em explorar com
telescópios e naves espaciais.
O conceito de um novo céu e uma nova terra é encontrado no
Antigo Testamento.
Isaías profetizou em nome do Senhor: “Porque eis que eu crio
céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais
se recordarão” (Is 65.17). Pedro também faz referência a isso (2 Pe 3.13).
A palavra para novo não é neos, que descreve algo “que veio
a existir recentemente”, mas kainos, que ressalta “qualidade, o novo, como
contrastando com o que é desfigurado pelo tempo”. Tudo precisava ser
completamente novo. Pode parecer estranho o acréscimo da seguinte frase: e o
mar já não existe. Mas para os antigos, sem bússolas ou outros instrumentos
modernos de navegação, o oceano causava grande terror. Para muitos, o mar era
um lugar de morte (cf. 20.13). Especialmente para João ele significava separação
de casa e dos seus companheiros cristãos da Asia Menor. Na nova ordem, não
haverá nem morte nem separação.
O relato continua: E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova
Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como iima esposa ataviada para
o seu marido (2). A nova Jerusalém toma o lugar da antiga “Babilônia” (caps.
17—18) como a grande metrópole. Jerusalém já tinha sido mencionada como uma
cidade “que desce do céu, do meu Deus” (3.12).
Para o povo antigo do Oriente, não havia nada mais bonito do
que uma esposa ataviada para o seu marido. Anteriormente, João tinha escrito
que a esposa do Cordeiro havia se aprontado (19.7).
Agora, ele vai vê-la em toda a sua glória. A descrição das
suas vestes ornamentais já começa em 19.8. Uma das características do livro de
Apocalipse é a menção por antecipação daquilo que mais tarde é descrito em
detalhes.
João ouviu um anúncio importante: "Eis aqui o tabernáculo de
Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo
Deus estará com eles e será o seu Deus" (3). Esse é um claro paralelo com
Levítico 26. 11,12; Jeremias 31.33; Ezequiel 37.27; Zacarias 8.8. Há, no
entanto, uma mudança significativa. Na Septuaginta, em cada uma dessas
passagens do Antigo Testamento encontramos a palavra laos, “povo”. Mas aqui em
Apocalipse, o povo é chamado de laoi (plural). O povo de Deus não era formado
apenas por Israel, mas pelos povos redimidos de todas as nações.
Tabernáculo é skene. Habitará é skenosei — literalmente,
“habitará no tabernáculo”. No deserto, o Tabernáculo sempre era montado no
centro do acampamento de Israel. A Shekinah no Santo dos Santos do Tabernáculo
era o símbolo da presença de Deus no meio do seu povo. Agora Cristo é o
“verdadeiro tabernáculo” (Hb 8.2), ou o “maior e mais perfeito tabernáculo” (Hb
9.11).
Ele é Emanuel, “Deus conosco” (Mt 1.23). A figura que João
vê aqui é a obra completa da redenção comprada por Cristo por um preço tão
elevado, O propósito final disso tudo era que homens redimidos pudessem viver
para sempre na presença do seu Criador.
Ele é “o Deus de toda consolação” (2 Co 1.3). Assim é dito
nessa passagem: E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais
morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são
passadas (4). Muitas vezes tem sido ressaltado que muitas coisas que têm o seu
início nos três primeiros capítulos de Gênesis têm o seu fim nos últimos dois
capítulos de Apocalipse. Um exercício muito produtivo é fazer uma lista de
todas as coisas que não haverá mais, e então ver quantas dessas coisas podem
ser encontradas em Gênesis 1—3.
b) Todas as coisas novas (21.5-8). A declaração veio daquele
que estava assentado sobre o trono: Eis que faço novas todas as coisas (5).
Swete observa: “O Narrador é agora, provavelmente pela primeira vez em
Apocalipse, o próprio Deus”.213 Ele já tinha dito por intermédio de Isaías:
“Eis que farei uma coisa nova” (Is 43.19). Mas isso se aplicava somente à
nação, agora inclui todo o universo.
João recebe a ordem para escrever: porque estas palavras são
verdadeiras e fiéis. Isso é repetido em 22.6. Essa frase é parecida com o que
João escreve no seu Evangelho: “Na verdade, na verdade”. Está cumprido (6) é
literalmente: “Elas se cumpriram”. A mesma expressão ocorre em 16.17, mas lá o
verbo está no singular, “Está cumprido”. Pelo que tudo indica aqui o sujeito é
“todas as coisas” feitas novas. Nos dois casos, a ênfase está nas profecias
cumpridas.
O Alfa e o Omega é repetição de 1.8 (veja comentários lá). O
significado disso é expresso como: o Princípio e o Fim (telos, alvo). Deus é o
Criador e o Alvo da vida. Paulo expressou a mesma idéia em Romanos 11.36:
“Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas”. Uma promessa
maravilhosa é oferecida: A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da
fonte da água da vida. Swete observa: “A Fonte e o Fim de toda vida é o
generoso Doador da vida em sua mais completa perfeição”. Quando Deus dá — e Ele
está sempre dando — Ele o faz generosa e gratuitamente.
Quem vencer (7) nos lembra da promessa feita ao vencedor em
cada uma das cartas às sete igrejas (2.7, 11, 17, 26; 3.5, 12, 21). Aqui a
promessa inclui todas as outras: herdará todas as coisas. O melhor texto grego
traz: “essas coisas”; isto é, as coisas da nova criação que João tem
considerado. Todas as bênçãos do novo céu e da nova terra pertencem ao que vence.
A salvação inicial não é suficiente. Aquele que perseverar até o fim será salvo
e desfrutará das bênçãos eternas que a salvação traz (Mt 10.22).
O verbo herdará ocorre somente aqui em Apocalipse. Dalman
insiste que uma tradução melhor é “tomará posse de”, e observa que “possuir o
próprio eu da era futura” era uma expressão judaica popular. 215 Mas a ênfase
de Paulo de que o cristão, como filho, é um “herdeiro de Deus” (Rm 8.17;
014.7), favorece a tradução costumeira aqui. Porque a voz continua: "e eu serei
seu Deus, e ele será meu filho".
Segue então uma lista considerável daqueles que terão a sua
parte [...] no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte (8;
cf. 20.14). Devemos destacar que a lista é encabeçada pelos tímidos. A palavra
grega (deiloi) significa (covardes). Swete diz que eles são “membros da Igreja
que, como soldados que voltam as suas costas para o inimigo, fracassam diante
da prova [...] os covardes [.. .] no exército de Cristo”. O segundo da lista
são os incrédulos, que também podem ser interpretados como os “infiéis”. Esses
dois estão arrolados com os mais vis pecadores — uma advertência muito séria.
2. A Nova Jerusalém (21.9—22.5)
A descrição da nova Jerusalém estende-se pelo restante desse
capítulo até o início do seguinte. Ela é um quadro pintado com cores vivas e
tem despertado a imaginação de muitos.
a) A noiva gloriosa (21.9-14). E veio um dos sete anjos que
tinham as sete taças cheias [...] e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei
(9). Tudo isso é repetição textual (no grego) de 17.1. Lá era a grande
prostituta que o anjo mostrou a João; aqui é a noiva pura do Cordeiro. A
semelhança da fórmula introdutória somente serve para ressaltar o contraste
impressionante entre as duas visões.
João foi levado em espírito (cf. 1.10; 4.2; 17.3), — não no
corpo — a um grande e alto monte (10); isto é: ele foi elevado em espírito para
que pudesse observar em detalhes essa visão maravilhosa. Lá ele viu a grande
cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu (cf. v. 2). O fato de essa
Jerusalém ser identificada como a esposa (noiva), a mulher do Cordeiro (9), não
nos deixa interpretá-la literalmente. O que segue é uma representação simbólica
da beleza e glória da noiva de Cristo refletida na imagem do seu lar — a cidade
eterna de Deus.
A esposa(noiva), é descrita como tendo a glória de Deus
(11). Isso nos lembra as palavras de Paulo em Efésios 5.27: “para a apresentar
a si mesmo igreja gloriosa”. Assim será a noiva de Cristo nas bodas do Cordeiro
(cf. 19.7, 9). A glória de Deus é sua presença Shekinah no meio do seu povo.
Toda verdadeira glória que temos é derivada Dele.
Agora é feita uma
tentativa de descrever, em termos materiais, algo da beleza espiritual da
noiva. João diz que a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a
pedra de jaspe, como o cristal resplandecente.
A combinação das duas últimas frases tem causado alguma
dificuldade aos comentaristas porque a pedra de jaspe moderna não é
transparente. Simcox escreve: “Embora a pedra de jaspe seja a mesma palavra no
hebraico, grego, latim e outras línguas modernas, parece que ela mudou sua
aparência. A mais preciosa pedra de jaspe era uma calcedônia verde escura
bastante transparente. Nossa pedra de jaspe fosca, a vermelha pura, a verde e
negra pura, eram todas usadas na gravação”. Tudo que podemos dizer é que essa
pedra de jaspe era de grande valor e brilhante.
A cidade tinha um grande e alto muro com doze portas (12),
guardadas por doze anjos, e nomes escritos sobre elas (i.e., nas portas), que
são os nomes das doze tribos de Israel. Havia três portas (13) em cada um dos
quatro lados da cidade.
Grande parte dessa descrição é bastante parecida com o que
lemos em Ezequiel acerca da nova Jerusalém (Ez 48.31-34). Em relação às doze
tribos, Swete diz: “O objetivo do vidente em relação às tribos é simplesmente
defender a continuidade entre a Igreja cristã e a Igreja do AT”.
O muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes
dos doze apóstolos do Cordeiro (14). Jesus disse aos seus apóstolos: “também
vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mt
19.28). Paulo escreveu que a Igreja é edificada “sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas” (Ef 2.20). O simbolismo das doze tribos de Israel
(12) e dos doze apóstolos do Cordeiro (14) aponta para a nova Jerusalém.
b) As dimensões da cidade (21.15-21). O homem que falou com
João tinha uma cana (vara) de ouro para medir a cidade, e as suas portas, e o
seu muro (15). A cidade estava situada em quadrado; na verdade, o seu
comprimento, largura e altura eram iguais (16). Essa cidade estava no formato
de um cubo perfeito, como era o Santo dos Santos no antigo Tabernáculo. Isso
talvez sugira a perfeição e santidade da Igreja. A medida era de doze mil
estádios (stadia), que equivale a aproximadamente 2.260 km. Alguns acreditam
que esse número representa a circunferência da cidade. Mas a maneira mais
natural seria aplicar esse número a cada medição.
O muro media cento e quarenta e quatro côvados, conforme a
medida de homem, que é a de um anjo (17; “segundo a medida humana que o anjo
estava usando”, NVI). Um côvado representava meio braço, cerca de 45
centímetros. Assim, essa medida seria de cerca de 65 metros. Uma vez que a
altura da cidade já foi apresentada, é possível que essa medida se refira à
espessura do muro. De acordo com o historiador grego Heródoto (i. 178), a
antiga cidade da Babilônia tinha muros de 90 metros de altura e 23 metros de
espessura.
E a fábrica do seu muro era de jaspe (18). O grego para
fábrica é uma palavra rara, endomesis, encontrada somente aqui (no NT). Uma vez
que o verbo endomeo significa “construir para dentro”, parece que o sentido
aqui é que o muro tinha jaspe “embutida” nele. Lenski traduz essa frase da
seguinte forma: “A introdução do jaspe tornou o muro mais brilhante como uma
pulseira adornada com diamantes”.
Também lemos que a cidade era de ouro puro, semelhante a
vidro puro — “i.e., ouro que resplandecia com um brilho semelhante a um vidro
altamente polido”. João pode ter pensado
na abóbada de ouro do Templo, como a havia visto brilhando à luz do sol. Josefo
escreveu: “A parte exterior na fachada do templo [...] era toda coberta com
lâminas de ouro de grande valor, e, ao nascer do sol, refletia um brilho
impressionante”.
Em seguida, temos uma
descrição dos fundamentos do muro da cidade (19). Eles estavam adornados
(cosmeo, de onde vem a palavra “cosmético”) de toda pedra preciosa. Segue então
uma lista das doze pedras que descreviam os doze fundamentos (v-v. 19-20). Oito
dessas pedras constavam entre as doze pedras do peitoral do sumo sacerdote que
ministrava no Tabernáculo (Ex 28.17-20).
R. II. Charles ressalta o fato de essas doze pedras no livro
de Apocalipse serem exatamente as mesmas que eram encontradas nos monumentos
egípcios e árabes e que estão conectadas aos doze sinais do zodíaco — mas em
ordem reversa.
Ele sugere que João entende que “a Cidade Santa que ele
descreve não tem nada que ver com as especulações pagãs da sua época e de
épocas passadas referentes à cidade dos deuses”. Isto é, a nova Jerusalém é a
verdadeira Cidade de Deus.
Um outro aspecto impressionante da cidade era que suas doze
portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma pérola (21). Assim, o
escritor busca descrever, em linguagem humana, a beleza magnífica da Igreja
glorificada. A praça (lit.: caminho largo) da cidade também era de ouro puro,
como vidro transparente. João está estendendo a capacidade da linguagem finita
para descrever o indescritível. Mas ele não se delonga com esse pensamento; ele
então descreve a maravilha da contínua presença de Deus na cidade. Demorar-se
demais na idéia de caminhar em ruas de ouro na vida futura é malograr a
verdadeira glória de viver na presença de Deus. Essa atitude mostra uma mente
materialista, não espiritual.
c) A luz da cidade (21.22-27). João não viu um templo (22)
na nova Jerusalém. Ela não precisa, porque o seu templo é o Senhor, Deus
Todo-Poderoso, e o Cordeiro. O Templo era um lugar de encontro entre Deus e o
homem. Mas na nova Jerusalém, Deus sempre está presente para aqueles que estão
lá, e assim nenhum templo é necessário. Sua presença eterna torna toda a cidade
um santuário.
Além disso, a cidade não necessita de sol nem de lua, para
que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a
sua lâmpada (23). Exceto a última frase, esse versículo é um reflexo de Isaías
60.19: “Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a
lua te alumiará; mas o SENHOR será a tua luz perpétua, e o teu Deus, a tua
glória”. No Novo Testamento, não temos apenas a afirmação “Deus é luz” (1 Jo
1.5), mas também as próprias palavras de Jesus: “Eu sou a luz do mundo”.
Essa luz brilhante irradia por toda parte. Lemos: E as
nações224 andarão à sua luz (24). Isso se cumpriu parcialmente ao longo da era
cristã, tal como a Igreja tem sido uma luz para as nações. Infelizmente, na
história da Igreja na terra houve algumas épocas sombrias. O mesmo não se pode
dizer da Igreja glorificada, a nova Jerusalém. Lá tudo é luz. E os reis da terra
trarão para ela a sua glória e honra. O versículo 26 é praticamente uma
repetição do versículo 24b. Essa predição foi parcial- mente cumprida na era da
Igreja.
As portas dessa cidade não se fecharão de dia (25; cf. Is
60.11). Uma vez que ali não haverá noite, isso significa que as portas da nova
Jerusalém sempre estarão abertas. Da mesma forma, as portas do Reino estão
totalmente abertas hoje para aqueles que querem entrar por elas.
Mas, embora as portas estejam sempre abertas, não entrará nela
coisa alguma que contamine e cometa abominação e mentira, mas só os que estão
inscritos no livro da vida do Cordeiro (27). Na Septuaginta, as palavras gregas
para abominação e mentira são usadas para ídolos. Não haverá idolatria,
material ou imaterial, no céu. Somente Deus será amado e adorado. Somente
aqueles cujos nomes estão no livro da vida podem entrar na nova Jerusalém.
d) O rio da vida (22.1-5). João viu o rio puro225 da água da
vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro (1). A
figura é tirada de Ezequiel 47.1- 12. Ali as águas corriam do Templo. Aqui elas
vêm do trono.
De uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida (2).
Na visão de Ezequiel, “à margem do ribeiro havia uma grande abundância de
árvores, de uma e de outra banda” (Ez 47.7). Mas aqui é a árvore da vida. Essa
frase nos leva de volta ao jardim do Eden (Gn 2.9). Ali o ser humano pecou e
foi expulso do paraíso, para que não tivesse mais acesso à árvore da vida (Gn
3.24). Mas na nova Jerusalém, os redimidos a encontram crescendo em abundância.
Essa árvore produzia doze frutos, dando seu fruto de mês em
mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações. Ezequiel escreveu
acerca de toda sorte de árvore à beira do rio que “nos seus meses produzirá
novos frutos [...] e a sua folha, de remédio” (Ez 47.12).
Na nova Jerusalém nunca mais haverá maldição (3). A palavra
grega não é a habitual anathema, encontrada diversas vezes no Novo Testamento,
mas katathema, que ocorre somente aqui. Behm diz que essa é “provavelmente uma
forma mais severa de anathema”. Ela significa uma “coisa amaldiçoada”. Glasson diz:
“Esse aspecto talvez lembre Gênesis 3.17-18. Depois da Queda [...] uma maldição
foi imposta; espinhos e cardos começaram a crescer [...] Agora a maldição é
afastada. Assim, os últimos capítulos da Bíblia equilibram os primeiros, e o
Paraíso Perdido dá lugar ao Paraíso Recuperado”.
Nenhuma coisa má pode
entrar na nova Jerusalém, porque o trono de Deus e do Cordeiro está ali. E os
seus servos o servirão (ou adorarão) sugere que a vida futura não será um tempo
de ócio ou inatividade (cf. 7.15). Além do mais, eles verão o seu rosto em
perfeita comunhão; e na sua testa estará o seu nome (4). Esse é um sinal de
completa consagração a Deus e absoluto domínio da sua parte.
Novamente(cf.21.25), lemos que ali não haverá mais noite
(5). Conseqüentemente, não necessitarão de lâmpada, nem mesmo da luz do sol
(cf. 21.23); porque o Senhor Deus os alumia — toda luz que temos vem dele — e
reinarão para todo o sempre. Isso não é apenas para os mil anos do Reino do
milênio (20.5). Ao passarmos para o capítulo 21, mudamos do tempo finito para a
eternidade. Aqui todas as coisas duram para sempre.
3. Epílogo (22.6-21)
Essa seção final nos traz as últimas palavras do anjo (vv.
6-11), de Jesus (v 12-16), do Espírito e da noiva (v. 17) e de João (vv.
18,19); a última promessa e oração (v. 20) e a última bênção (v. 21).
a) As últimas palavras do anjo (22.6-11). Antes de sair de
cena, o anjo dá o seu endosso acerca do que tinha mostrado e contado a João:
Estas palavras são fiéis e verdadeiras (6). Isso repete o que lemos em 21.5.
Estas palavras provavelmente referem-se a todo livro de Apocalipse. Elas são
fiéis e verdadeiras porque o Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu
anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer. A
última parte dessa afirmação é tomada literalmente (no grego) de 1.1. O epílogo
rememora o prólogo.
Eis que presto venho é a palavra de Cristo por intermédio do
anjo. Uma bênção especial é pronunciada sobre aquele que guarda as palavras da
profecia deste livro (cf. 1.3). Swete entende que deste livro “aponta para o
rolo quase concluído no joelho do vidente; ao longo do livro de Apocalipse ele
se apresentou como aquele que escreve as suas impressões na época (cf. 10.4)
[..J e a sua tarefa agora quase chegou ao fim”.
João não só viu, mas ouviu estas coisas (8). Ele estava tão
dominado pela visão da nova Jerusalém que novamente caiu aos pés do anjo para o
adorar, talvez pensando que fosse Cristo (cf. 19.10). Mas, como antes, ele foi
admoestado a não fazê-lo (v. 9).
Então o anjo ordenou-lhe: Não seles (não ocultes ou
detenhas) as palavras da profecia deste livro, porque próximo está o tempo
(10). Uma ordem exatamente oposta foi dada a Daniel. Foi-lhe dito: “tu, porém,
cerra a visão, porque só daqui a muitos dias se cumprirá” (Dn 8.26).
Mas aqui o caso é diferente: porque próximo está o tempo.
Uma exegese honesta parece requerer uma interpretação que permita uma aplicação
ao período da Igreja Primitiva. E por isso que este comentário entende que a
predição em Apocalipse 4—20 teve um cumprimento parcial no tempo do Império
Romano, que tem tido um cumprimento contínuo ao longo da era da Igreja e que
terá um cumprimento completo no futuro. Esse é o único ponto de vista que
parece fazer justiça a todos os fatores envolvidos.
O período da provação acabou. Assim a voz diz: Quem é
injusto (lit., aquele que erra) faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se
ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda
(11).
Notamos que essas frases são equilibradas, o justo contra o
injusto e o santo e o sujo. Cada um dos quatro verbos que começa com quem está
no imperativo aoristo. Isso indica um caráter permanente (estabelecido), em vez
de um processo contínuo. Swete apresenta uma boa interpretação desse versículo.
Ele diz: “Não é apenas verdade que as dificuldades nos
últimos dias tenderão a estabelecer o caráter de cada indivíduo de acordo com
os hábitos que ele já formou, mas haverá um tempo quando será impossível mudar
— quando não haverá mais oportunidade para arrependimento por um lado ou para
apostasia do outro”.
b) As últimas palavras de Jesus (22.12-16). E eis que cedo
venho (12; cf. v. 7). A essa promessa da sua vinda, Cristo acrescenta: e o meu
galardão (misthos, recompensa ou salário) está comigo para dar a cada um
segundo a sua obra. Cada pessoa receberá uma recompensa de acordo com o que
fez.
O versículo 13 é uma combinação das palavras encontradas em
21.6 e 1.17; também 2.8. A mesma honra que é conferida a Deus é reivindicada
por Cristo (veja os comentários em 1.17). Em várias versões bíblicas, os
versículos 14 e 15 não estão entre aspas indicando ser palavras de Jesus. Mas
elas são incluídas por Phillips. Por conveniência, nós as colocamos dessa
maneira em nosso esboço.
Essas palavras declaram uma bênção para aqueles que cumprem
os seus mandamentos (v. 14, de acordo com a KJV) — o melhor texto grego diz:
que lavam as suas vestiduras — porque dessa forma terão direito à árvore da
vida e poderão entrar na cidade pelas portas.
Do lado de fora ficarão os cães (15). Esse é um termo usado
para pessoas impuras, tanto no Antigo (Sl 22.16) quanto no Novo Testamento (Mt
7.6; Mc 7.27). Swete diz que nesse caso, cães significam “aqueles que foram
pervertidos por vícios repugnantes que corrompiam a sociedade pagã”. O século
XX tem visto uma recorrência alarmante do tipo de viver pagão que caracterizava
o primeiro século, de tal forma que essas palavras recebem novo sentido.
Junto com os feiticeiros, e os que se prostituem (gr.,
fornicadores), e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a
mentira — que é melhor traduzido por “pratica a mentira” (NASB, cf. NVI). Isso
mostra a seriedade do engano aos olhos de Deus. Obviamente é Cristo que fala
agora, ao dizer: Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas
nas igrejas (16). Ao longo do livro, desde o capítulo 3, são os anjos que
pronunciaram quase todas as falas. Agora Jesus coloca seu endosso pessoal nas
palavras que eles pronunciaram. Foi Ele que os enviou com as mensagens e visões
para as igrejas — primeiro, para as sete igrejas da Asia, e agora para todas as
igrejas em toda parte.
Jesus declara em seguida: Eu sou a Raiz (cf. 5.5) e a
Geração de Davi — a Raiz e o Rebento (Renovo) da família de Davi —, a
resplandecente Estrela da manhã. Essa é uma figura bonita e um aspecto familiar
para aqueles que levantam antes do amanhecer e observam esse anunciador
impressionante de um novo dia. Cristo é a Estrela do Alvorecer, o que James
Stewart chamou em uma assembléia em Edimburgo de “a Estrela Escatológica”. Para
cada cristão, Cristo é a Promessa de um novo dia. Swete escreve: “A Estrela da
manhã da Igreja brilha hoje com a mesma intensidade que nos dias de João; Ela
não cai ou se põe”.
c) As últimas palavras do Espírito e da esposa (22.17). E o
Espírito e a esposa dizem: Vem. A maioria dos comentaristas toma isso como o
Espírito profético na Igreja reagindo à promessa (v. 12) com um clamor: Vem.
Todos os que ouvem devem se unir a esse chamado para a sua vinda. Fausset
escreve: “Vem’ é a oração do Espírito na Igreja e nos crentes, em resposta ao
chamado de Cristo: ‘Eis que cedo venho’, clamando: Mesmo assim, ‘Vem’ (vv. 7,
12); o versículo 20 confirma isso”. Por causa da referência no versículo
anterior à “estrela da manhã”, provavelmente essa é a interpretação que deveria
ser adotada.
Isso requer uma
transição abrupta no meio do versículo. Porque o convite: E quem tem sede
venha, é claramente uni convite evangelístico para vir a Cristo. Isso fica
ainda mais evidente na frase seguinte: e quem quiser tome de graça da água da
vida. Somente ao fazermos isso estamos prontos para a vinda de Cristo.
d) As últimas palavras de João (22.18-19). Swete diz o
seguinte acerca desses dois versículos: “Certamente é Jesus quem continua
falando, e não João, como muitos comentaristas têm presumido”. Mas Plummer
escreve: “Aqui está o apêndice solene ou o selo da veracidade do livro,
semelhante às palavras introdutórias em 1.1-3. Esse é o cumprimento do dever
designado a São João em 1.1, não um anúncio do próprio Senhor (cf. as palavras
em 1.3). Pelo que tudo indica, a última idéia é a preferível.
De qualquer forma, uma advertência séria é anunciada aqui
contra todo aquele que ousar adulterar o ensinamento desse livro. Ninguém deve
acrescentar ou tirar quaisquer palavras dele, sob pena de sofrer castigo muito
sério. Essas palavras, é claro, se aplicam ao escrito original como divinamente
inspirado.
Essa regra de procedimento não limita o trabalho paciente de
estudiosos da Bíblia na composição dos manuscritos existentes e no estudo de
palavra por palavra, para chegar ao texto mais correto possível. Essa ordem
proíbe uma atitude que despreza a autoridade da Palavra de Deus e acrescenta ou
tira quaisquer palavras do seu ensinamento.
e) A última promessa e oração (22.20). Aquele que testifica
estas coisas é Jesus (cf. v. 16). Ele diz: Certamente, cedo venho — a última
promessa da Bíblia. A última oração é: Amém. Vem, Senhor Jesus. Em nossos dias,
essa deveria ser cada vez mais a nossa oração.
f) A última bênção (22.21). Ela é breve, mas adequada: A
graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Isso é suficiente para
toda alma confiante.
SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR
Os capítulos 21 e 22 de Apocalipse transportam-nos ao fim do
ciclo da história humana e ao começo da eternidade. Começo para o homem, pois
Deus é eterno.
Satanás e seus cúmplices já estarão no lago de fogo, e a sua
influência mal4fica, totalmente anulada. Deus então nos introduzirá numa nova
terra e novo céu. onde não haverá qualquer vestígio de pecado ou mal, e onde
estaremos para sempre com o Senhor.
NOVO CÉU E NOVA
TERRA
Em suas visões, João viu que este céu e esta terra passarão,
e haverá novos céus e nova terra (Ap 21.1). Você pode ler isto noutras
passagens bíblicas (Is 34.4; 51.6; 65.17: 66.22: 2 Pe 3.10-12).
NOVO OU RECICLADO
Alguns acreditam que Deus destruirá completamente a terra e
o céu existentes, e criará outros totalmente novos. Outros pensam que Ele
reaproveitará o que já existe, fazendo apenas uma transformação. Nada podemos
afirmar com certeza, pois a Bíblia não entra em detalhes. O que nos interessa é
saber que habitaremos uma Nova Terra plena de justiça, paz, e perene comunhão
com Deus. Será a nossa morada eterna, preparada por Deus para os seus filhos
(João 14.2).
INTERLIGADOS
A nova Jerusalém, que hoje está no céu, é a cidade que
almejamos. Todos os fiéis, desde Abrão, esperam entrar nesta cidade (Fp 3.20;
Hb 11.8-16). Ela foi vista descendo do céu (V.) Isto da a entender que nova terra estarão formando um
todo, e a nova Jerusalém será a capital eterno de Deus.
FELIZES PARA
SEMPRE
Desde o Éden, satanás vem tentando separar o homem de Deus
(Gn 3). Mas como estudamos na semana passada, Ele não triunfará. Será lançado
para sempre no lago de fogo, e nós estaremos com o Senhor para todo o sempre!
João ouviu uma voz anunciar: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois
com eles habitará” (vv.1,2).
O próprio Deus estará para sempre com os seres humanos, que
então possuiremos corpos como os dos anjos (1 Co 15.35- 44). Jamais seremos
separados de Deus outra vez. Tudo o que Deus idealizou para nós será realizado
todas as suas promessas, cumpridas. Desfrutaremos plena e eternamente de toda a
alegria e amor que Ele nos reservou!
LAGRIMAS NUNCA
MAIS
No céu, você não mais terá motivos para chorar. As lágrimas espelham dodas as fraquezas
humanas, tristeza, maldade. Mas lã no
céu, nada disto haverá. O próprio Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima
(v4). Você não apenas deixará de ter motivos paro chorar, como também não se
lembrará das coisas que aqui o fizeram sofrer (Is 65.17).
A HERANÇA DO VENCEDOR
Você se lembra de todos os prêmios prometidos aos
vencedores, nas cartas às igrejas da Ásia? (Ap 2.1-3.22). Agora a promessa é
repetida: “Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus, e ele será
meu filho” (v.7). Herdará todos aqueles prêmios: herdará todas as bênçãos e
alegrias da vida eterna a que tem direito como filho de Deus. Vaie a pena
conservar-se fiel a Jesus, a despeito do mundo em que vivemos.
A CONDENAÇÃO DO
PERDEDOR
Contrastando com a bem-aventurança dos vencedores está a
condenação dos perdedores. O verso 8 apresenta oito classes de pessoas que
merecerão o lago de fogo e enxofre a segunda morte. Encabeçando a lista estão
os tímidos, também chamados de covardes e medrosos, que, perseguição,
abandonaram a Cristo. Infelizmente, há há pessoas que nem precisam enfrentar
perseguições para negar a Jesus. Basta a desaprovação dos colegas descrentes
para que desistam de seguir ao Senhor. Estão mais preocupados com relacionamentos
terrenos que com a sua lealdade ao Salvador. Importam-se mais com a opinião
humana que com a aprovação divina.
A NOVA JERUSALÉM
Um anjo convidou João
a conhecer a noiva, a esposa do Cordeiro, e então lhe mostrou a nova Jerusalém
(vv.9,10). Esta bela cidade foi comparada a uma noiva adornada paro o esposo
(vi), e Agora é identificada como a esposa do Cordeiro, porque a Igreja
habitará nela. É chamada de “nova” porque jamais foi utilizado. Desde a
princípio Deus a vem preparando para ser a morada do seu povo (Jo 14.2,3).
Quando tudo estiver consumado, ela descerá dos céus,
resplandecente como uma jóia preciosa, e pousará sobre a nova terra Seus
portões se abrirão, e alvos de todas as épocas ENTRAREMOS nela.
DOZE PORTAS E DOZE
FUNDAMENTOS
Conta-nos João que a cidade a alta muralha de jaspe, portões
- cada um, robre os quais estão das doze tribos de Israel. O muro é edificado sobre doze fundamentos, com
os nomes dos doze apóstolos (vv.12-21).
O brilho e a pureza das gemas que compõem a cidade dão uma ideia dá glória de Deus que a encherá. A muralha falo da segurança que ali
desfrutaremos, e indica a separação de um povo santo. Mal algum transporá
aqueles muros. Pecado nenhum atravessará aqueles portões guardados por anjos. Mas
nós, os remidos, poderemos entrar e sair livremente por eles, a fim de explorar
a nova terra em toda a sua extensão.
A menção das doze tribos israelitas e dos doze apóstolos
significa que Israel e os gentios estão unidos num só corpo - a Igreja de
Cristo.
A MEDIDA DA CIDADE
João observou o anjo medir a cidade santa (vv. 15-17).
Considerando que um estádio equivale cerca de 185 metros, concluímos que a nova
Jerusalém tem forma cúbica, e mede aproximadamente dois mil e duzentos
quilometros. Ah, mas o que importa mesmo é que nela haverá espaço suficiente
para todos os salvos.
COISAS QUE NÃO HÁ
João não viu templo na nova cidade, pois estaremos
diretamente na presença de Deus. A cidade não precisa de sol nem de luo, porque
a glória de Deus e do Cordeiro a iluminará, O dia será eterno: jamais haverá
noite (21.22,23; 22,5). Pecado e maldição não chegarão lá, tampouco entrará
qualquer pessoa que não tenho seu nome escrito no livro da vida do Cordeiro
(21.27; 22.3 ).
COISAS QUE LÁ
EXISTEM
João viu na NOVA
Jerusalém o rio da vida, cristalino fluindo do trono de Deus. No meio dela da
praça viu a árvore da vida simbolizando que lá
não haverá sofrimento ou qualquer desconforto (22.1,2).
Lá também está o trono de Deus e do Cordeiro, e, o que é
melhor, nós veremos o rosto do Senhor, e a serviremos J (v.3.4). Quem disse que
o vida no céu é “parada”?
QUEM ESTRA QUE
FICA DE DORA
Entrarão pelos portas da nova Cidade aqueles que lavaram os
suas vestiduras no sangue do Cordeiro, isto é, que receberam o Cristo como
Salvador, e tiveram os seus pecados apagados por seu sangue (v.14). De fora
ficarão os cães, isto é, aqueles que são considerados imundos por não fazerem
parte do povo de Deus; os feiticeiros os adúlteros, os homicidas, os idólatras
e os mentirosos (v 15).
JESUS ESTÁ VINDO
“Eis que cedo venho,
e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo o sua obra” (v.12).
Seis vezes, no livro de Apocalipse, Jesus repete a promessa de que virá sem
demoro (2,5,16; 3.11; 22.7,12,20). Você está pronto paro subir com Ele?
Prezado irmão, a Nova Jerusalém é uma realidade...
Não se descuide, senão, a perderá.
Viva vencendo, crendo no retorno do amado Mestre e na nossa nova morada!!!
Abraços.
Seu irmão menor.
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